Jardim de Infância aprende em horta orgânica cedida pela Cohidro de Canindé

Tito Reis recebeu pequenos alunos e educadoras pra mostrar o trabalho de produção orgânica que faz com agricultores – foto acervo Tito Reis

A fim de aprender como nascem, crescem e para que servem as plantas, alunos da Educação Infantil do Colégio Ágape, em Canindé de São Francisco, na última sexta-feira, 04, estiveram na Horta Coletiva da Associação Sergipana de Orgânicos (Bio5). Local cedido à Entidade pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), na área do Perímetro Irrigado Califórnia, também neste município do Alto Sertão.

Trata-se de um espaço seguro para receber as crianças, pois lá os técnicos agrícolas da Cohidro ensinam práticas de agricultura livre do uso de agrotóxicos, para os produtores orgânicos e àqueles em processo de conversão ao método produtivo. A Bio5, além do treinamento, utiliza dos produtos que são colhidos na horta para comercialização nas feiras da região ou no próprio local, onde o cliente tem a possibilidade de escolher o alimento no pé ou até colher ele mesmo.

Quem recebeu os alunos do Jardim de Infância foi o Técnico Agrícola Tito Reis, servidor da Cohidro em Canindé. Para atender os pequenos visitantes, ele contou com o auxílio dos colegas, também técnicos da Empresa, Joaquim Ribeiro e Roberto Ramos, que atuam no Califórnia.

“Mostramos para as crianças os tipos e as utilidades das plantas. Apresentei para os pequenos alunos como se faz um plantio orgânico. Foi uma aula prática para que eles tivessem uma ideia de como é e de onde vêm as hortaliças que eles comem em casa”, ressaltou Tito. Na horta ele cultiva, com os agricultores, desde hortaliças comuns como alface, couve, coentro, rúcula, cebolinha, berinjela, pimenta de cheiro e mostarda, todas em plena produção; até experiências com alimentos exóticos ao clima Seminário do local, a exemplo do morango, do melão e do gengibre.

A horta fica situada ao lado do escritório da Companhia em Canindé e às margens da rodovia SE-230, que liga a cidade aos outros municípios do Estado. Foi essa visibilidade que fez despertar o interesse das educadoras do Colégio, conforme contou a diretora Ana Paula Cabral. “Foi a escola que procurou. A professora (Geovana Moreira) da educação infantil está dando o conteúdo da ‘utilidade das plantas’. Passando, a gente viu a horta e entramos em contato com a Cohidro. Nos informaram que a pessoa responsável era o Senhor Tito e que trabalhava sem agrotóxico, que é orgânico e achamos bem interessante a proposta”, considerou.

Presidente Felizola – Foto Ascom Cohidro

Segundo o diretor-presidente da Cohidro, José Carlos Felizola Filho, a atividade orgânica neste e em outros perímetros sempre atrai o interesse acadêmico. “Geralmente recebemos visitas de turmas de universitários e de estudantes técnicos, focando nas práticas agrícolas. Mas não é incomum essa versatilidade, que estes espaços oferecem para professores poderem falar da importância do trabalho do homem do Campo e da preservação do Meio Ambiente, principalmente da água, razão da nossa Empresa existir”, reconhece.

Procurando a Cohidro, o Colégio marcou a visita, sob o compromisso do técnico Tito Reis em fazer uma demonstração aos pequenos. “Os alunos ficaram bem interessados. Nosso objetivo foi mostrar na prática aos alunos o que estão aprendendo em sala na teoria. Mostrar o lado prático da questão o que se trabalha de conteúdo em sala, porque a vivência com certeza vai marcar mais do que só falando né? Na sala é só de uma forma mais imaginaria e na prática eles viram, plantaram, pegaram, foi bem legal! As pessoas podem pensar: é educação infantil, eles não vão entender… Muito pelo contrário, eles interagiram muito bem, gostaram”, avaliou Ana Paula, que passou a conhecer o espaço junto dos alunos.

Diretor de Irrigação e Desenvolvimento Rural da Cohidro, João Quintiliano da Fonseca Neto, explica que a transição à agricultura orgânica vem sendo incentivada nos perímetros administrados pela empresa pública, ligada à Secretária de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri). “Sem usar o agrotóxico, o consumo dos alimentos se torna mais seguro e a convivência das famílias de agricultores e trabalhadores rurais com a lavoura, fica sem os riscos da exposição aos pesticidas. Também são preservados de contaminação os animais e a vegetação nativa, solo e água”, defende, contabilizando 24 agricultores convertidos e registrados nos seis polos irrigados.

Bio5
Formada por agricultores do Perímetro Irrigado Califórnia, o grupo tem duas produtoras integrantes de uma Organização de Controle Social (OCS), entidade registrada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para venda direta ao consumidor de produtos orgânicos, e outros seis agricultores interessados à conversão agroecológica, para assim terem também a autorização à comercialização desse tipo de alimento. Além de possuírem o espaço cedido pela Cohidro, para produzir e aprender, os agricultores irrigantes cooperam entre si, inclusive na realização de mutirões uns nos lotes dos outros. Na horta coletiva eles ainda geram três empregos, para trabalhadores rurais cuidarem das plantações.

Espaço cedido pela Cohidro usa novo modo de comercialização de hortaliças

Consumidor pode colher seu próprio alimento – Foto: acervo Tito Reis

Na conversão à Agricultura Orgânica, muito daquilo que o agrotóxico fazia antes agora vai ser substituído pela mão de obra mais incisiva nos cultivos. Esse aumento da permanência na plantação, de cara, pode parecer que prejudique e diminua o tempo que o produtor tem para ir vender o que colhe. Mas por outro lado, possibilita novas formas de fornecer o alimento para aquele cliente fiel ao consumo de agroecológicos. A área da plantação, antes restrita ao agricultor, implementos e insumos, agora virou local de visitação daqueles que só acreditam vendo e, porque não, de quem quer ter o prazer de arrancar a própria comida da terra, pagar só pelo trabalho de quem plantou e cuidou, para preparar o almoço de logo mais.

Isso já está acontecendo na área coletiva utilizada pelos integrantes da Associação dos Produtores Orgânicos de Sergipe (Bio5), instalados no Perímetro Irrigado Califórnia, em Canindé de São Francisco. Eles investiram em um espaço cedido pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), administradora do polo irrigado, onde esses agricultores são acompanhados pelos técnicos da Empresa e aprendem como trabalhar a terra sem usar agroquímicos na prática, utilizando métodos alternativos de controle de pragas, doenças e adubação natural. O excedente do que produzem no treinamento e não é levado para casa, eles mesmos vendem no local.

Elisângela Santos Barros, uma ou duas vezes por semana tem ido até a horta comprar. “Estou fazendo isso já há uns quatro meses. É um produto fresquinho, sem agrotóxico, sem veneno. É bom demais. Só compro aqui mesmo, depois que eles começaram”. A dona de casa tem uma família grande e se preocupa com a qualidade do alimento que põe na mesa, tanto que a mudança de hábito de compra tem chamado a atenção. “O pessoal nota e diz: seu coentro não apodrece, eu digo: é dos meninos ali da Cohidro”, disse ela quando veio à horta da Bio5 levar 15 molhos de coentro, 10 pés de alface, mais pimenta-de-cheiro e cebolinha, cinco molhos de cada.

Edmilson Cordeiro, gerente do Perímetro Califórnia conta que inicialmente eram os servidores da Cohidro, os interessados em comprar os produtos da horta da Bio5. “Agora é frequente o acesso de outras pessoas, de crianças, de famílias que vêm ter a experiência de comprar direto no pé, colher ou escolher o alimento que vai adquirir. Quando o espaço foi cedido à Bio5, sabíamos que era para também uma exploração comercial, já que são 2,2 hectares de terra irrigada. Talvez a característica única do Projeto Califórnia, de ser próximo da cidade e a poucos metros do centro, tenha facilitado a ideia desses produtores”, avaliou ele.

O que os produtores como Gercino Teles de Andrade aprendem na área coletiva, eles querem aplicar em suas próprias hortas, com a intenção de em breve serem registrados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e fazer parte da Organização de Controle Social (OCS) que funciona paralelo e é composta por membros da Bio5. “Queremos tão logo fazer parte da OCS. A partir do documento de inscrição que nos é dado, podemos vender direto ao cliente, produtos com o nome de orgânicos. Por agora, só podemos vender aquilo que estamos mostrando fazer aqui no lote comunitário, onde a gente, nossas famílias trabalham e andam sem se preocupar com nenhum risco de ficar exposto a veneno, porque não usamos nada disso”, garantiu.

Presidente da Cohidro, José Carlos Felizola Filho, observa que a iniciativa desses produtores supera ao menos três dificuldades enfrentadas por todo agricultor orgânico. “Primeiro é a questão de encontrar espaço nas feiras para comercializar esses alimentos, já que a concorrência com os produzidos de forma convencional dificulta muito a venda, porque são quase sempre mais baratos. O outro problema está em ir para as feiras, muitas vezes em outras cidades, gastando muito do tempo em que poderiam cuidar das plantações. Mas o melhor desta ideia está em mostrar para o cliente como é feita a produção, de forma que o convencimento, do não-uso de agrotóxicos, fica bem mais fácil do que com o produto já colhido e exposto em uma banca de feira”, analisa.

Na horta coletiva dos produtores da Bio5, o consumidor pode acompanhar e até participar do processo de plantio. Antônio Dantas Costa Junior ficou sabendo do espaço pelo amigo, que trabalha na Cohidro. “Quando eu morava no interior, eu tive a curiosidade de fazer um canteiro de coentro e hoje eu estou tendo aquela mesma sensação, de trinta anos atrás, de você sentir realmente o que é uma cultura orgânica, a natureza próxima a você, que isso aqui vai trazer saúde para a sua família, considerou. Para ele, existe “um apelo comercial muito grande, de produzir em larga escala, sem estar preocupado com o benefício à saúde humana, né? Quando você consegue ter um equilíbrio tudo fica legal, tudo fica saudável, tanto para a natureza como para o ser humano”.

Quem toma conta destes iniciantes na produção orgânica é o Técnico em Agropecuária Tito Reis, da Cohidro. Ele explica que no local repassa as técnicas de plantio das hortaliças, mas também fabrica com os produtores os insumos. “Desenvolvemos um biofertilizante a base de esterco bovino, tronco de bananeira e a nova torta de mamona artesanal. Plantamos aqui também a pimenta ‘dorset naga’, a mais ardida que existe. Com o extrato dela e de uma planta chamada melão de São Caetano, além do sabão de coco derretido, controlamos as pragas. Tratamento que fizemos de pulverização e vacinação. A berinjela, por exemplo, saiu limpa assim, sem manchas no fruto e nas folhas”, informou.

Na horta ainda são cultivados quatro tipos de alface, rúcula, couve, pimentão, quiabo, coentro, cebolinha, salsa, repolho, pimenta-de-cheiro e a pimenta malagueta. “Medindo o pH, os níveis de fertilidade e os índices de condutividade elétrica do solo e da água, fica fácil identificar prováveis situações de falta de nutrientes e aí vamos lá e corrigimos. O resultado pode ser visto aqui, tipo os pés de alface, grandes e limpos, sem pragas e doenças”, reforçou o servidor responsável por acompanhar todos os agricultores orgânicos do Perímetro. Ele acredita que o potencial da horta coletiva ainda pode ser maior. ”Com o tempo, esse espaço poderá ser até uma atração turística, sendo Poço Redondo, Canindé e Piranhas-AL, polos de turismo ecológico”, antevê Tito Reis.

Visitação

João Quintiliano da Fonseca Neto, diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrário da Cohidro, considera que a área que a Empresa cedeu aos agricultores contribui também nas atividades da Companhia. “No Califórnia é frequente a visitação de estudantes do ensino regular, de cursos técnicos em agropecuária e até universitários da área agrícola. Um espaço plantado e bem cuidado, anexo à nossa sede local, ajuda muito. Depois de uma apresentação ou palestra no escritório o local de visitação está ao lado, sem que seja preciso deslocar um veículo e técnico para o campo”, concluiu ele, lembrando da recente ida, ao Perímetro, da turma de alunos agrotécnicos do Centro Estadual de Educação Profissional Dom José Brandão de Castro, de Poço Redondo, quando fizeram aula prática na horta.

Estudantes agrotécnicos fazem aula prática em perímetro da Cohidro no Sertão

Grupo de estudantes aprendem com explicações e nas práticas – Fotos: Ascom/Cohidro

Desafio de fazer horticultura orgânica no semiárido sergipano, abraçado pelos agricultores da Associação Sergipana de Orgânicos (Bio5), chamou atenção de alunos e professores do Curso Técnico em Agropecuária do Centro Estadual de Educação Profissional Dom José Brandão de Castro, de Poço Redondo. Segunda e terça-feira, 16 e 17, respectivamente o primeiro e o segundo anos do curso visitaram o Perímetro Irrigado Califórnia, administrado pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) em Canindé de São Francisco e onde a irrigação pública estadual dá suporte ao projeto agroecológico.

Atualmente os irrigantes associados à Bio5 cultivam, de forma coletiva, um espaço cedido pela Cohidro anexo ao escritório do Perímetro Califórnia. Nessa área de terra estão sendo desenvolvidas atividades que vão desde a experimentação de métodos alternativos de controle de pragas e produção biofertilizantes, até a aplicação de cursos. Os alimentos resultantes deste campo estão sendo comercializados por esses agricultores na feira de Canindé e no próprio local, onde o freguês pode colher o próprio alimento, tudo livre de qualquer agrotóxico.

Foi nessa área que o Técnico em Agropecuária da Cohidro Tito Reis, recebeu as duas turmas de estudantes. “No primeiro dia foi mais uma explicação, para o primeiro ano, do que acontece aqui. Já o segundo ano teve que praticar na horta, com a colaboração dos técnicos colegas, dividi a turma de 28 alunos em atividades diferentes. Com Beto (Roberto Ramos) construíram um sistema de irrigação por microaspersão, Joaquim (Ribeiro) coordenou o transplante de mudas de alface e coentro para os canteiros. Já meu grupo confeccionou bioinseticida que foi aplicado nas culturas”, relatou o servidor que assiste todos os orgânicos do Califórnia.

Os estudantes agrotécnicos puderam conhecer quais os insumos usados para garantir que a produção seja orgânica, a forma de trabalho e as dificuldades que eles vão encontrar para garantir que a planta produza. Emerson Matos Santos, 16, do primeiro ano do curso, foi um deles. “Legal conhecer de perto, foi boa a atividade. O bom é que aqui tudo é orgânico”. Com a explicação dada, o aluno do curso técnico logo pode perceber qual é a maior dificuldade existente no cultivo sem o uso agrotóxico. “Só é ruim as doenças, que no modo convencional podem ser combatidas facilmente, no orgânico é bem mais difícil”, concluiu.

José Carlos Felizola Filho, presidente na Cohidro, argumenta que quanto mais cresce a experiência dos orgânicos, nos perímetros irrigados, menor é a dificuldade de superar as pragas que atrapalham os cultivos. “Sei que, testando e experimentando as receitas difundidas pelos nossos técnicos, é que eles vão encontrar a melhor forma de superar essa falta que faz os inseticidas industrializados. Resultados que vêm a médio e longo prazo, mas o benefício é imediato: agricultores e famílias mais saudáveis, meio ambiente protegido e alimentos que só nos fazem bem. Por isso, prefira os orgânicos! Valorize o trabalho dessa gente dedicada em melhorar a qualidade de nossa comida”, conclamou.

Antes de ir ao campo, os quatro técnicos agrícolas do Califórnia fizeram breve relato de como é a profissão que os estudantes escolheram seguir. “O grande gargalo da produção agrícola hoje é a comercialização, mas semana passada nós entregamos na Conab o primeiro projeto ao PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) do grupo de 24 produtores que vão fornecer 16 tipos de alimentos por um ano, à preço fixo e tabelado, tudo repassando ao Cras de Canindé. Resultado do trabalho iniciado pelos técnicos há um ano, na seleção e preparação desses agricultores”, demonstrou Edmilson Cordeiro, Gerente do perímetro irrigado.

O Dom José Brandão de Castro
Localizado no Assentamento Queimada Grande, em Poço Redondo, o Centro Estadual de Educação seleciona, todo ano, 175 novos educandos entre as turmas de Agropecuária e Agroindústria. 90% das vagas são destinadas para os filhos de assentados, acampados, agricultores familiares, posseiros, indígenas, quilombolas e ribeirinhos do território do Alto Sertão. As aulas são em período integral e o curso profissionalizante tem duração de três anos, provendo ainda a graduação no Ensino Médio, ao final.

Edson Ferreira é Engenheiro Agrônomo e professor de Olericultura e Agricultura Geral na Instituição e acompanhou os seus alunos nos dois dias de visita. “É importante a vinda deles aqui para vivenciarem a prática fora da sala de aula. Escolhemos o Perímetro primeiramente pela estrutura que é disposta pela Cohidro aos agricultores irrigantes, depois pela proximidade”, justificou o docente da Escola que fica no município vizinho e distante 27 km do Califórnia.

Surge produção de carne e ovos caipiras na Irrigação Pública de Canindé

No encontro produtores, representantes e técnicos da Cohidro puderam tirar dúvidas sobre o Agromaigo

Criação de frango e ovinos para abate e produção de ovos, em instalações sustentáveis, já é realidade no Perímetro Irrigado Califórnia, unidade da Cohidro (Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe) em Canindé de São Francisco. A intenção é a de ter um ciclo produtivo totalmente orgânico, via a adoção de métodos alternativos para prevenção de doenças. Com a ajuda da irrigação, serão geradas as plantas para alimentação que, por sua vez, receberão a adubação pelo esterco destes animais.

Até cerca de um ano atrás, o produtor irrigante Gercino Teles de Andrade era dedicado à fruticultura no Perímetro Califórnia, sem se preocupar muito com os efeitos causados pelos defensivos químicos que são usados no cultivo tradicional. Mas a vida do agricultor começou a mudar quando a Cohidro começou a promover à criação da Associação Sergipana de Orgânicos (Bio5). Segundo ele, a força de vontade e a confiança do grupo lhe deu suporte para participar dos projetos da entidade, que é formada em sua totalidade por agricultores familiares inseridos no Califórnia e que recebem assistência técnica da Cohidro.

Agora Gercino já tem lotes de frangos caipiras machos, da raça americana “Rhode Vermelha”,com 57 dias, preparados para o abate que será realizado aos 100 dias. Já as fêmeas ocupam outro viveiro e serão usadas para a produção de ovos, quando atingirem os 4,5 meses de vida. Em ambos os casos, as aves estão dispostas em instalações cobertas e com telas de proteção, nas três repartições. Mas o aviário se entende para uma área externa bem maior, os “quintais ecológicos”, cercados por “palets” reaproveitados, doados pelo comercio varejista de Aracaju.

Ele também tem investido na inserção de outras raças, como o “Gigante Negro”, e o “Caipira Francês”, este que tem a peculiar característica do “pescoço pelado”. Além de promover uma diversidade maior de aves para oferecer no mercado de “frango vivo”, Gercino quer avaliar qual destas raças destinadas à produção de carne e ovos caipiras, se adapta melhor ao clima do Alto Sertão, em ambiente semi-intensivo. “Também quero usar a ‘cama de frango’ para adubar as plantações, inclusive o capim irrigado que vai tomar toda parte externa do galinheiro, o quintal delas”, colocou.

De acordo com o agricultor, a Bio5 proporcionou uma melhora visível aos seus produtos, como é o caso das goiabas e da acerola, que se encaminham para se tornarem orgânicas. Hoje Gercino diz que as frutas são bem mais saborosas se comparadas às de outros lugares e os alimentos não apresentam mais lagartas como antes. “Nós também fazemos polpa das nossas acerolas, mais ideias estão surgindo para aumentar nossa diversidade com os alimentos”,revela o produtor que investiu R$ 4 mil nos seus galpões para as aves, fora os palets que ganhou da Associação.

Tito Reis, Técnico Agrícola que atende os produtores da Bio5 pela Cohidro, incentiva a criação destas alternativas produtivas para esses agricultores e tem inserido ideias e novos métodos. Além de usar o palet, que se mostrou um excelente material para construção de aviários e cercados, ele criou um sistema no telhado arrefece com água o calor dentro do aviário. Também tem motivado o reaproveitamento de restos culturais e outros tipos de alimentação como complemento à ração, além da adoção de métodos alternativos para prevenir doenças.

“Promovendo o acesso das aves ao pé dos pomares, cercados pelos palets, elas podem aproveitar as frutas que caem, por exemplo. Estamos ministrando aos frangos alguns tipos de capim, como o Amargoso, que na ‘cultura do campo’ é tido como erva daninha, mas as aves adoram, principalmente as sementes. O Capim alimentar e ainda traz o benefício dos frangos se esticarem ou pularem para ter acesso, assim se exercitam e tornam a carne mais rija. Outro material que temos usado com freqüência é a folha de bananeira, que além de ser bem apreciado pelos frangos, é constatado ser um vermífugo de origem natural”, listou Tito Reis.

Instalações sustentáveis

A produção de frangos do casal Quitéria e José Gonçalves de Araújo tem como particularidade o uso de palets para a construção de praticamente a totalidade da estrutura que abriga as aves, desde os abrigos fechados para a proteção ao frio e de predadores à noite, até o cercado que não deixa os animais fugirem ou terem acesso às hortas orgânicas que cultivam também. “Foram usados 300 palets, para construir o quintal e os três galpões: berçário, intermediário e para engorda”, revelou o agricultor que já tem dois anos na Bio5.

Os palets que a BIo 5 tem usado são fruto de doação, angariada pelo grupo em lojas de materiais de construção. Até o momento eles arrecadaram 10 caminhões cheios dessas peças. São estrados madeira que servem de base para cargas pesadas ou fardos, adaptados para o uso de empilhadeiras quando as mercadorias vêm da indústria. Um dos empresários que doou seis dessas cargas é Francisco Sales Barbosa. Segundo o empreendedor, esse material não retorna às fábricas devido ao alto custo do frete. Assim, fica a critério do comprador dar uma finalidade a eles.

“Aqui na nossa Empresa, tanto este como centenas de outros projetos nós sempre damos apoio na doação deste material, o porta-palet. É muito gratificante, pra mim, fazer essa doação de um material que até casa faz. Faz mesa, faz cercado, faz de tudo, seja no campo ou na cidade, mas tem pessoas que não veem o tanto de proveito que tem”, justificou Sales Barbosa, que avaliou positivamente os resultados de Canindé. “Estão aproveitando muito bem os palets nesse projeto, que já to vendo aqui ser maravilhoso, lindo e que vai pra frente. Quero doar muito mais e ajudar este povo muito sofrido do Sertão”, completou.

Além de Quitéria e José, serão outros quatro associados da Bio5 que terão galpões para criação de frangos para engorda e postura, baseado no mesmo sistema com o uso de palets. “Nosso projeto é um modelo, o piloto. Cada galpão comporta cerca de 100 frangos, que vamos vender vivo por R$ 30 cada, de três a quatro quilos de peso, aos 100 dias. É mais fácil vender assim vivo, só mesmo quem conhece nosso trabalho é capaz de comprar abatido, fica desconfiado”, relatou Seu José, que cria as raças “Rhode Vermelha” e “gigante negro”. Por possuir horta orgânica, tem atenção especial com a cama de frango, que serve de adubo.

Mardoqueu Bodano, Presidente da Cohidro, se diz entusiasmado com o desenvolvimento desses novos arranjos produtivos no Perímetro Califórnia. “Toda vida essas famílias de agricultores somente usaram a plantação como fonte de renda, a partir da irrigação pública. As criações eram sempre para subsistência. Enquanto isso, existe um vasto mercado para compra de produtos de origem animal, que são criados em métodos rústicos, os chamados caipiras. Isso sem falar na oferta de carne e ovos orgânicos, que é praticamente inexistente em nosso Estado. É Mercado garantido”, afirmou.

Ovinocultura

Rafael Oliveira Andrade é filho de Seu Gercino e está investindo na criação de ovelhas para engorda, onde os palets também estão sendo usados para fazer o cercado dos animais pastarem. Ele alimenta os animais no aprisco com uma mistura de Capim Elefante e o pé inteiro do milho verde que ele mesmo produz no Perímetro Irrigado. Tudo picado para o animal aproveitar totalmente os vegetais. Dessa mistura, são gastos 120 quilos por dia para seus 35 carneiros do primeiro lote. Assim como nos frangos do pai, o jovem empreendedor quer aproveitar o esterco para adubar as hortas que pretende criar.

João Quintiliano da Fonseca Neto, Diretor de irrigação e Desenvolvimento Agrícola da Cohidro, lembra dos benefícios do esterco dos ovinos e caprinos para a adubação de hortas orgânicas, com a grande diferença de ser natural. “É um adubo bastante completo, superior, por exemplo, ao dos bovinos. Tem grande quantidade de matéria orgânica e equilíbrio nos níveis de Nitrogênio, Fósforo e Potássio (NPK). É bastante aconselhável o uso na horticultura, pois favorece o crescimento de folhas”, informou.

Jovens do Perímetro Califórnia são certificados em empreendedorismo e comunicação

Autoridades, agricultores, técnicos da Cohidro e os jovens da B5. Fotos: B5-Jovem

Tendo a assistência técnica da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) como o pilar inicial para a sua fundação, há dois anos, a Associação Sergipana de Orgânicos – Bio5 é formada por produtores agroecológicos do Perímetro Irrigado Califórnia, pólo agrícola administrado pela Empresa Pública em Canindé de São Francisco. O grupo estabeleceu, como regra fundamental, que os associados seriam agricultores familiares e todos os integrantes, de cada um desses lares, iriam participar das ações. Assim, não demorou em surgir uma ala jovem dentro desta entidade, a B5-Jovem.

Nesta quinta-feira, 4, no Salão nobre do Hotel Águas do Velho Chico, 30 desses jovens receberam certificados de conclusão do “Curso Empreender no Campo”, oferecido pelo Serviço Nacional de Aprendizado Rural (Senar-SE) e outros 30 do “Curso de Comunicação, Oratória e Radialismo”, oferecido pela própria Bio5. As duas capacitações têm, respectivamente, a intenção de inserir esses adolescentes no processo da produção rural das famílias, focando na comercialização dos alimentos e também criar um subgrupo responsável pela divulgação externa das ações da Associação, agregando a função de ser um veículo de conscientização à comunidade rural.

Esses jovens que participaram dos cursos já têm campo de atuação garantido. Por um lado, a Bio5 acabara de ganhar 10 barracas padronizadas da Feira da Agricultura familiar da Seidh (Secretaria de Estado da Mulher, Inclusão, Assistência Social, do Trabalho e dos Direitos Humanos), para atuar na feira livre de da Cidade, em espaço cedido pela Prefeitura Municipal de Canindé. Além disso, os jovens da outra frente de trabalho, a da comunicação, vão ter um horário semanal na rádio local Xingó FM e na rádio comunitária canindeense Amanhecer FM, todos os dias.

Camila Xavier Costa, Engenheira Agrônoma e instrutora do Senar-SE, explica que o curso de 40 horas, que ela aplicou em Canindé, teve a intenção de levar ideias para incrementar o negócio agrícola existente ou para motivar a criação de novos empreendimentos. “O curso busca capacitar os jovens que estão sem uma atividade. Pudemos observar que lá os lotes são pequenos, não há muito que fazer para os jovens, mas eles podem trabalhar em atividades que agreguem valor à produção, como no beneficiamento e na comercialização destes produtos,” informou.

Emprego e renda

O técnico Agrícola Tito Reis da Cohidro, que também Técnico em Radialíssimo, é o representante da Empresa Pública que motivou criação da entidade e desenvolve, junto das famílias de produtores, todas essas atividades. “Com essas mobilizações, eles estão diminuindo custos de produção e aumentando a renda familiar. Esses jovens estão agora mais preparados para oferecer os produtos gerados pelas famílias e também estão ‘afiados’ para divulgar as realizações a toda sociedade e levar a informação, o conhecimento agroecológico para a sua comunidade, através do rádio”, destacou ele, que foi o instrutor do curso de comunicação.

O presidente da Cohidro, Mardoqueu Bodano, também reforça a questão da geração de empregos. “O jovem, nas pequenas propriedades rurais vira mão de obra excedente, pois não vai adquirir uma renda significativa só como ajudante dos pais. Assim, o caminho natural deles acaba sendo a cidade, o êxodo rural e como consequência, aquela unidade agrícola não vai ter um herdeiro para tocar a plantação. Se um projeto exemplar como este, dá chance do jovem se desenvolver em outras áreas sem abandonar o campo, garante renda para ele ajudar a família e para ele se estabelecer”, comenta, parabenizando os servidores de Canindé por este trabalho.

Edmilson Cordeiro, gerente do Perímetro Califórnia, apoia a iniciativa da Bio5 e espera que essa semente plantada por eles instigue, nos demais produtores do pólo de irrigação, este espírito de mobilização. “Gostaríamos de ver todo setor produtivo que se desenvolve dentro do Perímetro e que subdivide os 333 lotes de produtores, ativo dessa forma, se organizando em associações que os ajudem a prosperar da mesma forma que a Bio5. A Cohidro aqui em Canindé estará sempre disposta ajudar, como faz no caso dessa associação de orgânicos”, reforçou.

Presidente da Bio5, Rosângela Oliveira Andrade estabelece que objetivo principal dos cursos era o de capacitar os jovens ao mercado de trabalho. “E o intuito maior deste espaço no radio é de divulgar o trabalho, os produtos que já estamos comercializando e produzindo e dar dicas, para tentar conscientizar sobre o uso dos defensivos. Usando uma linguagem jovem no rádio, vamos atingir os filhos e eles terão uma persuasão maior, uma forma de fazer chegar essa informação em cada casa”, advertiu ela, acreditando que essa divulgação também vá atrair mais famílias de agricultores interessadas em aderir à Associação, como consequência, não sendo esse o objetivo do grupo.

O Promotor Público de Canindé, Dr. Emerson Oliveira, presente ao evento destacou a importância destas capacitações para a juventude Canindeense. A mesa foi também composta pelo Radialista Arnoud Andrade (Xingó FM), Franklin Roosevelt (Supervisor da Senar), Jornalista Bruno Balbino (Amanhacer FM), Secretário Municipal de Agricultura Carlos Fonseca, Secretária Municipal de Bem Estar Social e do Trabalho Leila Santos, Coordenadora do CRAS Angela Lima, Vereador Rildo Andrade e Rita Selene, Coordenadora da Emdagro.

 

Feira do Produtor Rural leva à Capital a agricultura irrigada pela Cohidro

30 produtores expuseram e venderam na Feira do Sebrae – apoio da Seidh que forneceu as bancas

Segunda-feira, 5, foi comemorado o Dia da Micro e Pequena Empresa. O Sebrae Sergipe, findando as atividades do Movimento Compre do Pequeno Empreendedor, realizou a Feira do Produtor Rural em Aracaju, na Praça Fausto Cardoso. Das 30 barracas que vendiam produtos agrícolas e seus derivados, três eram mantidas por agricultores irrigantes atendidos pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação (Cohidro). O evento reforçou a função de pequeno negócio que desempenha a agricultura familiar.

Dois agricultores são irrigantes do Perímetro Irrigado Piauí da Cohidro em Lagarto, trazendo à Feira hortaliças orgânicas e derivados de mandioca produzidos em seus lotes no pólo de irrigação. Uma terceira banca era compartilhada por agricultores que constituem a Associação Sergipana de Orgânicos (Bio5), formada por produtores orgânicos ou que têm produções com aptidão agroecológica, instalados no Perímetro Irrigado Califórnia, em Canindé de São Francisco. De lá vieram hortaliças, frango e ovos caipiras, além de doces caseiros.

Segundo Luciana Oliveira Gonçalves do Sebrae, uma das coordenadoras do Evento, são todos produtores já assistidos pela Instituição e justifica a atenção dada aos agricultores. “Os pequenos produtores também estão inclusos nos parâmetros de pequenos empresários. O Sebrae além organizar a estrutura, forneceu transporte para aquele que não tinham veículo próprio, disponibilizando três rotas de escoamento da produção: Alto Sertão, Sul e Agreste Sergipano”, informou, acrescentando que a Secretaria de Estado da Mulher, Inclusão, Assistência Social, do Trabalho e dos Direitos Humanos (Seidh) emprestou as bancas da Feira da Agricultura Familiar para o evento.

O presidente da Cohidro, Mardoqueu Bodano, parabeniza o Sebrae pela iniciativa e fica feliz com o resultado da Cohidro ao atender esses irrigantes, fornecendo água e assistência técnica para a produção. “Eles precisam de acesso ao consumidor final, pois alimentos de qualidade eles têm para fornecer. Faltam-lhes tanto meios para trazer do campo para cidade esses produtos, quanto também locais apropriados para expor essa produção diferenciada e que não se encontra nos supermercados, por se tratar de alimento saudável e de procedência confiável, natural e sem agrotóxicos”, confirmou.

Lagarto

Joselita Maria da Silva garante que sua produção agrícola, no lote que mantêm com a família no perímetro Piauí, é livre do uso de agrotóxicos. Depois de participar da Semana de Capacitação Empresarial – Sebrae No Campo, que ocorreu de 21 a 26 em várias cidades do Estado, ela foi convidada pela Instituição à expor para venda a sua fabricação artesanal de derivados da mandioca. Foram 100 quilos de tapioca, 50 de farinha de puba, 30 de farinha e 20 quilos de tapioca seca, tudo feito no mesmo lote de onde é colhida a matéria prima.

“É a primeira vez que venho em uma feira pública na Capital. Hoje participo da feirinha da Praça Filomeno Hora, formada só por agricultores atendidos pela Cohidro todo sábado, pela manhã. Para lá não levo só tapioca e farinha como hoje aqui, também vendo verduras que produzo no meu lote no Perímetro. Viemos num carro fretado por nós e que o Sebrae vai custear o gasto com combustível”, contou Joselita. Antes, ela foi um dos 99 beneficiados por kits do PAIS (Produção Agroecológica Integrada e Sustentável), fornecidos pelo convênio entre a Companhia e novamente o Sebrae, em todo Estado.

Também convidado pelo Sebrae durante a Semana de Capacitação Empresarial, foi o irrigante Raimundo Carlos de Almeida. Ele trouxe 30 molhos de rúcula, 150 dos cinco tipos de alface que produz, 100 de pepino e cebolinha, 200 de couve e muito brócolis, salsa, coentro, repolho, chuchu, vagem, limão, coco e tomate cereja. Além da grande quantidade e variedade de itens que Raimundinho dispôs à venda na feira, sua produção é reconhecida como legitimamente orgânica, por ser registrada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), como um dos 10 integrantes do Organismo de Controle Social (OCS) que atua em Lagarto.

“Só tinha vindo aqui em Aracaju vender milho orgânico certa vez. A feira está boa, graças a Deus ta vendendo razoavelmente bem. Garanto que é tudo orgânico e tenho a certidão de registro para mostrar ao cliente, por isso tenho o retorno do comprador que pode confiar no produto sem agrotóxico que vendo”, analisou Raimundinho, que vendeu todo o enorme estoque de hortaliças que levou à Feira do Produtor Rural do Sebrae.

Maria Terezinha Albuquerque, Técnica Agrícola da Gerência de Desenvolvimento Agrícola (Gedea) da Cohidro, avaliou ter sido bastante compensatória a participação dos irrigantes pela Cohidro na Feira. “Fiquei muito contente em saber que eles puderam vender tudo que levaram. Essas poucas vezes que eles podem vir trazer à Aracaju a sua produção orgânica ou natural, eles têm alcançado o sucesso esperado para uma produção assistida pelo Governo do Estado, num evento organizado pelo Sebrae”, comentou, considerando ser a união de esforços destes agricultores irrigantes, a única forma de conquistarem os mercados além de seus municípios.

Bio5

União é o que acontece na Bio5 de Canindé, onde 10 agricultores irrigantes cooperam entre si, inclusive na realização de mutirões uns nos lotes dos outros. Seis deles constituíram um OCS reconhecida pelo MAPA e cada vez mais produtos são elencados à lista de itens produzidos sob a aptidão agroecológica. Na Feira do Sebrae, eles trouxeram vegetais como coentro, quatro tipos de alface, fava verde, couve, cebolinha e rúcula, tudo embalado para durar mais e garantir maior higiene. Além disso, teve frango e ovos caipira e doces caseiros, produzidos com as frutas colhidas no Perímetro Califórnia.

Quitéria da Silva Araújo é uma das agricultoras integrantes do OCS que esteve na Feira do Produtor Rural expondo seus produtos. “Estou achando muito boa, é primeira vez que venho vender em Aracaju, se tiver outra vez eu venho de novo”, avisou. Igualmente da OCS e integrante da Bio5 é Maria Aparecida Nascimento Santana. “Viemos com o carro fretado pelo Sebrae e ainda terá para nós a alimentação garantida. Muito bom poder contar com este apoio para vir vender”, comentou Cida. Os filhos das duas e de outros integrantes da Associação compõem outro grupo, o B5-Jovem.

Recentemente estes jovens participaram de um curso de 40 horas,oferecido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), sobre empreendedorismo. Conforme explicou Tito Reis, técnico agrícola da Cohidro que acompanha o desenvolvimento destes dois grupos. A intenção é repassar aos filhos, a incumbência da comercialização dos produtos orgânicos gerados nas propriedades das famílias.“Inovar é preciso. Seja na capacitação, adoção de conceitos de higiene com os alimentos e no aumento da variedade de produtos a serem oferecidos. Esses produtores estão sempre abertos às novidades que diferenciem seus produtos dos demais”, completou.

Seidh doa 10 barracas para feira de irrigantes orgânicos pela Cohidro

Barracas matálicas servirão para a venda de produtos orgânicos no Mercado Municipal de Canindé

Quinta-feira, 20, os agricultores irrigantes da Associação Sergipana de Orgânicos (Bio5), receberam 10 barracas padronizadas, enviadas pela Secretaria de Estado da Mulher, Inclusão, Assistência Social, do Trabalho e dos Direitos Humanos (Seidh). Constituem a da Bio5, agricultores orgânicos instalados no Perímetro Irrigado Califórnia, administrado pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), sendo que a entrega se deu na sede da unidade da Empresa, em Canindé de São Francisco.

Desta forma, serão mais 10 agricultores orgânicos participando de uma Feira da Agricultura Familiar (FAF), desta vez em Canindé. Estes eventos são organizados pela Seidh em diversas cidades do interior de Sergipe, mas até o momento, as únicas com base agroecológica, eram as realizadas quinzenalmente, na capital Aracaju. Mas a partir de agora e devido ao nível organizacional que se encontra a Bio5, a turística cidade do Alto Sertão também vai contar com um ponto de venda, que privilegie a comercialização de alimentos produzidos livre do uso de agrotóxicos.

Tal benefício concedido a estes agricultores se fez possível depois deles receberem uma visita da Secretária de Estado Marta Leão, no último dia 11. A titular da Seidh fez questão de ver de perto o trabalho que estava sendo feito pela Bio5 de Canindé. Para ela, é um compromisso do Governo do Estado, promover ações que privilegiem a produção orgânica, que exige do agricultor mais dedicação do que nos cultivos tradicionalmente feitos com defensivos industriais.

“Esses agricultores enfrentam muitas dificuldades na concorrência com os alimentos produzidos de forma tradicional. Então, o Governo de Sergipe estende as duas mãos a estes produtores, oferecendo capacitações, orientações técnicas e abrindo editais, como o que possibilitou a aquisição de um caminhão baú refrigerado pela Associação de Agricultores Orgânicos do Agreste (Aspoagre)”, colocou a secretária Marta Leão, em referência ao veículo adquirido com recursos Estaduais e do BNDES.

Já o Presidente da Cohidro, Mardoqueu Bodano, agradeceu a ajuda bem-vinda à agricultura orgânica de Canindé, em nome dos irrigantes beneficiados. “A Seidh é parceira nossa de longa data, seja através do espaço que oferece aos nossos agricultores, nas FAFs em todo Estado. Ou através de outras iniciativas, como o Programa de Recuperação de Pequenas Barragens, onde juntas, Seidh e Seagri (Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca), através de nossa Companhia, já reformaram 1.865 aguadas destinadas à dessedentação dos rebanhos, sendo 15 delas comunitárias e de médio porte”, confirmou.

A Bio5

Fundada há cerca de dois anos, sob tutela da Cohidro e acompanhada de perto pelo Técnico Agrícola da Empresa, Tito Reis, a Bio5 integra 20 agrofamílias, sendo que seis delas formam uma Organização de Controle Social (OCS), que depois de ser registrada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), teve a autorização federal para a venda direta de produtos agrícolas sob a titulação de orgânicos.

“Assim, com estas novas barracas e agora integrando uma nova FAF, estes agricultores pleiteiam aumentar o número de produtores agroecológicos e querem ocupar um espaço no Mercado Municipal de Canindé, que a Prefeitura acenou estar disposta a conceder”, informou o Técnico Tito.

Segundo a presidente da Bio5, Rosângela Oliveira Andrade, existem poucas restrições para que os agricultores, irrigantes no Perímetro Califórnia, possa fazer parte da Associação, mas elas precisam ser levadas à risca. “Hoje a única restrição que fazemos é de que não aceitamos o trabalho individual, pois o grupo trabalha com a Agricultura Familiar, então é necessário que esta família esteja interessada em praticar a agricultura orgânica”, expôs.

Edmilson Cordeiro, Gerente do Califórnia, apóia as iniciativas dos agricultores em se organizar dentro do pólo de irrigação da Cohidro. “Se há disposição dos membros do grupo em trabalharem juntos, contem com nosso apoio para se organizarem. Hoje temos o trabalho desses produtores que souberam se organizar e estão de parabéns, mas quero deixar claro que isso não é algo exclusivo para eles e estamos aqui, de portas abertas, para todas as entidades que existem dentro do Perímetro ou que venham a ser formadas.”, informou.

Palestra aos irrigantes da Cohidro visa conversão à agroecologia em Canindé

Parte teórica da palestra técnica. Foto: Ariel Carmo

“O papel da agroecologia no atual cenário de aquecimento global e desertificação no Seminário Sergipano” foi o tema da palestra do Professor Doutor Diego Campana Loureiro e seus bolsistas da Universidade Federal de Sergipe (UFS), proferida na manhã da última quinta-feira, 16, no escritório da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) em Canindé de São Francisco. Como público, os irrigantes do Perímetro Irrigado Califórnia, além dos técnicos da Empresa e outros agricultores do município. Pela tarde o evento teve continuidade com práticas de campo.

Doutorado em Fitotecnia com área de concentração em Agroecologia, o Professor e Engenheiro Agrônomo Diego Campana está lotado no Departamento de Engenharia Agrícola da UFS. A palestra dada é uma das atividades do projeto “Emissões de CO², N²O e CH4 no Cenário de Mudanças Climáticas em Solos sob Agricultura e Floresta da Caatinga no Perímetro Irrigado Califórnia, Semiárido de Sergipe”, que tem os acadêmicos Elton Silva e Andressa Aiala, do curso de Engenharia Florestal da Universidade, como bolsistas.

Segundo o Professor, essa palestra tem por objetivo explicar os efeitos das mudanças climáticas e o processo de transição agroecológica, que seria uma solução imediata para o aumento da incidência de carbono no solo, em contrapartida à diminuição do lançamento dele na atmosfera, em forma de gases. “O aquecimento global é um processo natural, mas não nessa magnitude que está ocorrendo agora, pelo aumento de gases poluentes como o CO², que é liberado inclusive no uso de adubos químicos, como a ureia”, alertou Diego Campana.

O especialista reforça a importância do ciclo do carbono para a planta, que no exemplo de Canindé, tem que ser aditivado por meio de tratos culturais específicos. “A matéria orgânica adicionada ao solo é rapidamente queimada no calor do Sertão, onde se usa da irrigação. Por isso é preciso usar sempre mais para ser incorporado no solo. A ideia é aumentar o uso do que tem dentro da propriedade, trazer a absorção do carbono para os mesmos níveis da vegetação natural”, acrescentou o Professor sobre o reaproveitamento de restos culturais e outras biomassas nas áreas de plantio.

Sistema Agroflorestal
Pela tarde, o grupo de especialistas, técnicos e agricultores foi até o lote da agricultora Quitéria da Silva Araújo, dentro do Califórnia. É lá que o Projeto de Extensão dos alunos e Professor da UFS pretende auxiliar a família de produtores a implantar um Sistema Agroflorestal (SAF), que une a lavoura e a criação de animais com práticas de conservação e extrativismo em florestas, onde os rejeitos desses três sistemas são compartilhados em forma de insumos.

A família de Quitéria já faz parte de Organização de Controle Social (OCS) reconhecida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento (Mapa) e tem a autorização para venda direta, ao consumidor, de alimentos com a titulação de orgânicos. A propriedade da agricultora está alocada na parte da agricultura de sequeiro do Califórnia, a qual tem um ponto de água para o consumo doméstico, irrigação para cultivos de subsistência e pequenas criações.

“É maravilhoso, porque a gente preserva a natureza. Enquanto o povo só está desmatando, a gente vai plantar árvores. Vai ser bom se der jeito de produzir. No verão aqui é muito seco, não há como plantar. Tendo plantado no SAF plantas como o umbuzeiro e a umbara, para produzir frutos e o pau ferro, a umburana e a aroeira, para dar madeira, a gente tem mais essa fonte de renda”, contou Quitéria. Na atividade pratica feita em seu lote, na quinta-feira, o Professor Diogo ensinou a fazer a preparação de um composto orgânico, pra adubar canteiros e o grupo montou minhocário, outro método de produção de adubo natural.

O técnico agrícola da Cohidro, Tito Reis, trabalha prestando assistência dentro do Perímetro Califórnia e é quem atende a família de Quitéria. “Vamos criar um SAF no lote de Quitéria, vai proteger a produção orgânica, formando uma barreira viva e vai também proteger o solo da ação do sol, que descoberto faz evaporar mais rápido a água posta na irrigação”, acrescentou.

Agroecologia no Califórnia
Administrado pela Cohidro, o Perímetro Califórnia desenvolve um trabalho de assistência técnica agrícola em que sempre é oferecido, ao agricultor convencional, a opção da conversão ao cultivo usando métodos agroecológicos, o que resulta em mais produtores de alimentos orgânicos e livres do uso de agrotóxicos. Atividades como esta do dia 16, são uma das ações voltadas a esta troca de modelo produtivo.

Dez produtores, incluindo Quitéria Araújo, já aderiram a agroecologia e hoje formam a Associação Sergipana de Orgânicos (Bio5). Seis deles possuem inscrição na OCS reconhecida pelo Mapa. Isso faz com que outros agricultores do Perímetro fiquem curiosos por saber mais da novidade e cinco já demonstram bastante entusiasmo em participar da Bio5, conforme disse a presidente Rosângela Oliveira Andrade.

“Para estas pessoas interessadas em atuar também na Bio5, hoje a única restrição que fazemos é de que não aceitamos o trabalho individual, pois o grupo trabalha com a Agricultura Familiar, então é necessário que esta família esteja interessada em praticar a agricultura orgânica”, expôs Rosângela. Ela ainda comentou sobre a palestra que “é preciso uma reciclagem. Não se começa um projeto sem esta base, sem se capacitar não adianta. Já temos os recursos – terra é água – e a mão de obra, agora precisamos nos preparar, buscar formas de saber aproveitar isso que temos para adequar ao cultivo orgânico”, concluiu a presidente.

Edmilson Cordeiro, Gerente do Perímetro Califórnia, considera fundamental o apoio que a Cohidro vem dando para o desenvolvimento da Bio5. “Hoje temos o trabalho desses produtores que souberam se organizar e estão de parabéns, mas quero deixar claro que isso não é algo exclusivo para eles e estamos aqui, de portas abertas, para todas as entidades que existem dentro do Perímetro ou que venham a ser formadas. Não há oposição da direção da Companhia, da gerência de Canindé ou dos técnicos pelo associativismo, pelo contrario. Se há disposição dos membros do grupo em trabalharem juntos, contem com nosso apoio para se organizarem”, informou.

Sobre esta abordagem feita aos produtores comentou, durante a palestra, o produtor Gercino Teles. “É bom e é importante que o trabalho de assistência ao agricultor seja assim, como está sendo feito pela Cohidro, em que ao invés de multar quem usa agrotóxico de forma errada, faz é chamar para trabalhar junto, trazendo novos projetos e estas alternativas de produção”, desabafou ele que faz parte da Bio5, pleiteia a entrada na OCS e participa do projeto de produção de frango caipira com aptidão agroecológica, que a Associação e Cohidro estão oferecendo suporte para implantação.

Mardoqueu Bodano, presidente da Cohidro, elogia o trabalho feito pelos técnicos e agrônomos da Empresa, tanto a parte que tenta converter à agroecologia quanto ao associativismo. “Se juntos eles podem se ajudar a produzir, a comprar insumos em melhores condições de preços, ou escoar a produção de modo mais eficiente, isso é bom. Mas melhor ainda quando o agricultor familiar aprende a lidar com a terra sem lançar mão a pesticidas. Assim deixa de por em risco sua saúde e da sua família, que trabalha com ele e mora junto da lavoura, além da nossa, que nos orgânicos temos certeza de estar consumindo alimentos verdadeiramente naturais”.

CONVITE: Cohidro promove palestras agroecológicas em Canindé

Agricutura orgânica e familiar no Califórnia

Amanhã, 16, no escritório da Cohidro em Canindé de São Francisco, sede do Perímetro Irrigado Califórnia, ocorrerá um ciclo de palestras direcionadas à comunidade de agricultores e com foco na agricultura orgânica. Um dos palestrantes será o Diego Campana Loureiro, do curso de Engenharia Agronômica da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Complementando, palestra o Técnico Agrícola da Companha de Irrigação, Tito Reis. O evento começa a partir das 9h da manhã.

O professor da UFS vai desenvolver o tema “O papel da agroecologia no atual cenário de aquecimento global e desertificação no Seminário Sergipano” em sua palestra. Diego Loureiro vai abordar às técnicas de compostagem e vermicompostagem para produção de adubos orgânicos e sobre como proceder para a criação de um Sistema Agroflorestal Agropecuário (SAP).

Já o Técnico da Cohidro vai abordar a “Agroecologia no contexto Cohidro”. Tito Reis é o técnico da Empresa que incentivou a criação da Associação Sergipana de Orgânicos (Bio5) e tem acompanhado de perto o desenvolvimento da nova Entidade, onde está acontecendo um processo de conversão de métodos de produção e seus membros têm abandonado as formas convencionais de cultivo – usando agroquímicos – para a adoção da agricultura orgânica, alguns deles já cadastrados no Ministério da Agricultura e autorizados à venda direta desses produtos com esta definição.

Serviço
O que: Palestra sobre a agroecologia no Sertão Sergipano
Onde: Escritório da Cohidro em Canindé – Sede do Perímetro Califórnia
Quando: quinta-feira, 16, a partir das 9h.

Filhos de irrigantes pela Cohidro buscam qualificação em Canindé

Evento reuniu gente de todas as idades na Secretaria de Agricultura

Driblando a realidade econômica, que na maioria das vezes faz com que os jovens deixem o campo em busca de melhores oportunidades, a B5-Jovem procura a especialização em novas áreas, a fim de diversificar a produção agrícola de suas famílias. Grupo composto pelos filhos dos agricultores da Associação Sergipana de Orgânicos (Bio5), esta sendo outra entidade assistida pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) e formada dentro do Perímetro Irrigado Califórnia, em Canindé de São Francisco. Reunidos na última terça-feira, 7, escolheram as presidentes de ambas organizações.

Com a intenção de ser em breve uma cooperativa, a B5-Jovem foi oficialmente criada no último dia 2, quando recebeu o apoio da Cohidro, Prefeitura e Câmara de Vereadores de Canindé, além do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-SE). De início, será ministrado um curso de Empreendedorismo Rural oferecido a uma turma de 20 jovens, na intenção de qualificá-los para a tarefa de comercializar a produção orgânica cultivada pelos pais, para daí oferecer alimentos livres de agrotóxicos em feiras livres e agroecológicas. Aprenderão técnicas de venda, conservação, normas de higiene e exposição dos produtos.

Camila Xavier Costa, Engenheira Agrônoma e instrutora do Senar-SE, explica que o curso tem a intenção de levar ideias para implementar o negócio agrícola existente ou para motivar a criação de novos empreendimentos. “O curso é intitulado ‘Empreender no Campo’ e busca capacitar os jovens que estão sem uma atividade. Pudemos observar que lá os lotes são pequenos, não há muito que fazer para os jovens, mas eles podem trabalhar em atividades que agreguem valor à produção, como no beneficiamento e na comercialização destes produtos.”

A Agrônoma informa que houve uma procura grande logo de início, com 52 inscritos, que vão formar duas turmas e ficarão 12 aguardando compor a terceira, também de 20 pessoas. “Queremos iniciar a primeira turma, com os jovens, no início de agosto. O curso é de 40 horas, com periodicidade semanal, e vai durar quatro semanas. Terminada esta, iniciaremos com os pais, os agricultores, mas para eles temos um segundo curso programado: o NCR (Negócio Certo Rural), voltado só para produtores”, relacionou Camila Xavier, explicando que o Senar-SE já estuda como suprir a demanda da B5-Jovem, que solicitou mais capacitações para eles.

Bastante animada, Márcia da Silva Araújo, 23, foi eleita, na terça-feira, a presidente da B5-Jovem. Ela já ajuda na venda dos produtos orgânicos produzidos pelos pais – Quitéria Silva e José Gonçalves – na Feira Livre de Canindé, aos sábados. Ela não vê a hora de começar o Curso, na intenção de se capacitar ao participar do projeto motivado pela Cohidro e promovido pela Senar-SE. Para ela, a iniciativa vem para combater a falta de trabalho para os filhos dos agricultores, que quase sempre tem que deixar a família na zona rural e procurar oportunidades na cidade.

“É muito importante, porque os jovens estão tendo que se deslocar para outros lugares para trabalhar e com esta atividade fica mais fácil, existindo uma oportunidade a mais para nós”, contou Márcia, que além do interesse por se qualificar, se despontou dentre os líderes do grupo de jovens. A presidente da B5-Jovem também anunciou, na terça-feira, que novas reuniões serão feitas na intenção de mobilizar outras iniciativas que beneficiem o grupo, além dos cursos programados.

Para o Gerente do Perímetro Califórnia, Edmilson Cordeiro, a criação da oferta de cursos para os jovens é parte da assistência que a Cohidro disponibiliza a agricultura familiar. “Esses jovens fazem parte do grupo familiar, logo, são o foco de nosso trabalho também. Precisam ser lembrados quando planejamos as ações de levar as políticas públicas do Governo do Estado aos nossos irrigantes. Não queremos que o esforço em produzir alimentos orgânicos, empregado pelos seus pais, deixe de ser herdado por eles no futuro, caso forem embora do campo”.

Mardoqueu Bodano, presidente da Cohidro, lembra que os jovens tem a tendência de serem mais ávidos por novidades que os de mais idade. “Isso casa perfeitamente com o que se está oferecendo a eles. Se o cultivo da terra, agora, não os apetece com o mesmo entusiasmo que o de seus pais, aproveitemos mais deste dinamismo, desta inquietação para atividades extras, que são tanto quanto necessárias para o bom rendimento da plantação, como é o caso de comercializar nas feiras. Levar o produto agrícola direto ao cliente renderá mais do que vender ao atravessador. Minhas congratulações aos técnicos e diretores da Empresa, envolvidos nesse processo”.

Bio5

Técnico agrícola da Cohidro, Tito Reis apoiou a criação da Bio5 e agora ajuda a B5-Jovem a se constituir. Para ele, esses jovens precisam apenas de incentivos para progredir. “Incentivei a Márcia para ajudar a mãe na feira, onde existe um espaço para a produção orgânica, outra conquista nossa. Seus pais já fazem parte da OCS (Organização de Controle Social), com autorização do Ministério da Agricultura para fazer a venda direta desses alimentos. Mas a agroecologia toma muito tempo, é dedicação exclusiva para quem cuida da plantação. Então, quaisquer das etapas que vêm depois da colheita, podem ser assumidas por estes jovens”, concluiu ele, que além de buscar melhorias para os agricultores, está conquistando espaço também para os mais novos.

A nova presidente da Associação de Orgânicos, Rosângela Oliveira Andrade, está considerando muito positiva a iniciativa dos técnicos da Cohidro e Senar-SE, comentando que o encontro do dia 2 também serviu para que a prefeitura entregasse, à Entidade, uma área anexa ao antigo Centro de Desenvolvimento Tecnológico (CDT). “A área tem 22 mil metros quadrados e lá, Bio5 e B5-Jovem, vão fazer o plantio de leguminosas para a adubação orgânica e recuperação de solos degradados. Também queremos nesta área plantar mamona para preparar a torta, sem precisar mais comprar este produto muito usado na preparação de mudas de hortaliças”.

Inspeção Municipal

No evento do dia 2 também participou, representando o prefeito Heleno Silva, o Secretário Municipal de Gestão Governamental, Heráclito Oliveira Azevedo e representando a Câmara de Vereadores, o vereador Rildo Joaquim Carvalho da Silva. Recentemente as duas casas municipais promulgaram lei reconhecendo a Bio5 como de Utilidade Pública Municipal, o que vai facilitar a obtenção do Serviço de Inspeção Municipal (SIM) por parte da Associação, permitindo que os agricultores orgânicos possam beneficiar produtos alimentícios de origem vegetal e animal.

Com seus 29 anos, Rosângela Oliveira também faz parte do grupo que originou a B5-Jovem. Ela pretende atuar nesse beneficiamento dos alimentos orgânicos, a partir da produção de frangos caipiras do pai, Gercino Teles de Andrade, e pretende também processar as frutas que produzem no lote, em forma de polpas. “Já temos a matéria prima, queremos nos organizar para termos mais qualidade e, obviamente, visando ter mais lucro. Esse curso que vamos receber é excelente para abrir a nossa visão de trabalho, que quando é feito de forma organizada, elimina os erros, o que vai ser melhor para todos”, finalizou.

Última atualização: 24 de outubro de 2017 11:36.

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