[vídeo] Uva irrigada pela Cohidro em Canindé é matéria na TV Alese

Os parreirais de Canindé de São Francisco, no Perímetro Irrigado Califórnia da Cohidro, já passaram por quatro colheitas comerciais e os produtores agora partem, organizados em cooperativa, para o beneficiamento, produzindo vinho e suco a partir da uva sergipana.

A reportagem do programa Cultivos e Criações, da TV Alese, mostrou que as videiras foram introduzidas em convênio de transferência de tecnologia entre a Embrapa Semiárido e a Cohidro há três anos e hoje os técnicos agrícolas da empresa estadual prestam assistência para que a cultura tenha continuidade e seja replicada para outros lotes irrigados do Califórnia.

Na matéria gravada no lote do irrigante Levi Ribeiro apareceram alguns dos agentes que serão fundamentais para essa proliferação da viticultura nos perímetros irrigados do Alto Sertão. São os estudantes do curso em Técnico Agrícola do Centro Estadual de Educação Profissional Dom José Brandão de Castro, de Poço Redondo. Muitas turmas de formandos fazem o estágio curricular no escritório da Cohidro em Canindé e, sob a supervisão dos técnicos da empresa, têm aprendido todos os detalhes da cultura da uva.

Coordenador do Ministério da Agricultura apresenta à Cohidro projetos de irrigação para o Nordeste

Fotos: Fernando Augusto

Na última quinta-feira (05), o coordenador Nacional de Irrigação no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento – MAPA, Michel Ferraz, foi recebido pela diretoria executiva da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe – Cohidro, em agenda voltada para o estreitamento de laços institucionais voltados para a execução de programas de distribuição de kits de irrigação com capacitação de pequenos agricultores, bem como da linha de financiamento que pretende, inicialmente, expandir a área irrigada na região Nordeste em mais 120 mil hectares e fazer a reconversão de sistemas em outros 20 mil ha. Propensa parceira nesses projetos, a Cohidro expôs demandas relativas à recuperação dos perímetros irrigados Califórnia e Piauí e à implantação de 200 sistemas de abastecimento de água para comunidades rurais.

Segundo Michel Ferraz, o programa é voltado para o fortalecimento do pequeno irrigante. “Além da entrega de kits de irrigação, ocorrem ações de capacitação e – principalmente – motivação, para acabar com esse êxodo rural, trazer de volta o produtor com uma maneira nova de produzir, com inovação. Em especial, viemos falar sobre o programa de fortalecimento da irrigação no Nordeste – Profinor, que vai ser lançado esse mês pela ministra Tereza Cristina. São investimentos e custeios relacionados à perfuração de poços, energia fotovoltaica, sistemas de irrigação, correção de sistema de irrigação com um atrativo muito grande, que é a baixa taxa de juros de 5,28% para o pequeno produtor, 5,58% para o médio, e 5,78, para o grande. Conseguimos baixar mais de 3% dessa taxa”, adiantou o coordenador Nacional de Irrigação do MAPA.

Ainda de acordo com Ferraz, a linha de crédito especial já tem aprovação do Banco do Nordeste e do MAPA, e objetiva promover o desenvolvimento da agricultura irrigada para produção direta de alimentos e de material forrageiro para os rebanhos. “A Cohidro vai ser uma parceira fundamental junto com a superintendência e com o Senar [Serviço Nacional de Aprendizagem Rural], que vai entrar com a parte de capacitação dos agricultores. Essa é a linha que o Governo Federal está traçando para o Nordeste Brasileiro, em especial, para o Semiárido”, explicou.

O superintendente do Ministério em Sergipe, Haroldo Araújo, reforça que, através da visita, foi possível promover uma aproximação entre os programas do MAPA e o Estado. “Nesta vertente, [o MAPA] entende que não se faz nada sozinho. Então, parcerias com outras instituições são de essencial importância para se implementar as políticas públicas, com especial atenção aos programas de irrigação para o Nordeste. E considerando a expertise que a Cohidro possui na área, a gente não poderia deixar de fazer essa visita para estreitar esses laços institucionais, com o objetivo de beneficiar o produtor irrigante”, afirmou.

Paulo Sobral, diretor-presidente da Cohidro, avalia positivamente a visita, agradecendo a atenção dada à empresa que, segundo ele, tem grande potencial para integrar a linha de frente dos programas de expansão e modernização da irrigação em Sergipe. “Nós já temos inscritos no SICONV [Sistema de Convênios da União] projetos para a recuperação das estações de bombeamento e a implantação de hidrômetros nos lotes irrigados, visando ao controle do uso excessivo de água e a cobrança de taxas de manutenção dos sistemas, nos perímetros Piauí [Lagarto] e Califórnia [Canindé de São Francisco]. Também buscamos recursos federais para a implantação de 200 sistemas de abastecimento de água no campo, em poços perfurados também pela empresa. São demandas que aproveitamos a presença do coordenador do MAPA para reforçar”.

Também participaram do encontro o chefe da Divisão de Política e Desenvolvimento Agropecuário na Superintendência Federal, André Barretto; os diretores da Cohidro, João Fonseca [Irrigação e Desenvolvimento Agrícola] e Jean Nascimento [Administrativo e Financeiro]; e o engenheiro agrônomo Paulo Feitosa. A agenda do coordenador em Sergipe ainda incluiu visita à Federação de Agricultura e Pecuária de Sergipe (Faese) e uma visita ao Platô de Neópolis, distrito de irrigação também pertencente ao governo de Sergipe.

Produção de perímetros irrigados contribui para Aracaju ter cesta básica mais barata

Grande oferta de itens como tomate, mandioca, leite e banana mantém cesta aracajuana como a mais acessível do país desde junho

Banana produzida no perímetro Jacarecica II [Foto: Ascom/Cohidro]
Desde janeiro de 2018, Aracaju se mantinha como a capital brasileira com o segundo menor valor da cesta básica de alimentos, entre as 20 cidades pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), ficando atrás somente de Salvador. Mas o resultado obtido pela Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos (PNCBA) no último mês de junho colocou a capital sergipana em primeiro lugar, com uma queda de -6,14% em relação a maio, quando o preço médio da cesta básica foi praticado em R$ 383,09. Em julho, a primeira colocação foi mantida com mais uma queda de 6,04% nos preços: R$ 359,95. Entre os 12 itens pesquisados em Sergipe, metade tem produção originada, direta ou indiretamente, nos perímetros irrigados do governo do Estado.

Os perímetros são administrados pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe – Cohidro. Pelo segundo mês, em Aracaju foi destaque a redução no preço da banana (-14,86% em julho), com produção encontrada nos perímetros irrigados Califórnia [Canindé de São Francisco], Jacarecica II [entre os municípios de Areia Branca, Riachuelo e Malhador] e Piauí [Lagarto]. Outro preço que caiu foi o do tomate, produzido nos perímetros Piauí, da Ribeira [Itabaiana] e Califórnia. Integram, ainda, a cesta básica nordestina a farinha de mandioca, produzida no perímetro Piauí; o leite, nos perímetros irrigado Jabiberi [Tobias Barreto] e Califórnia; e a partir dele, a manteiga.

Para o diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrícola da Cohidro, João Fonseca, a garantia de fornecimento de água para irrigação favorece a produção nos perímetros. “É possível produzir o ano inteiro, pois o sistema de irrigação só é desligado em dias de chuva. Dessa forma, os produtores podem assumir compromissos de fornecimento em qualquer época”, explica João, que também destaca a contribuição dos perímetros para um sexto item da cesta básica: a carne de primeira. “Todos os perímetros irrigados produzem algum material para consumo animal, como os ramos da batata-doce e da mandioca, a manipueira [líquido excedente do beneficiamento da mandioca] e o milho verde, que se usa o pé inteiro com as espigas ou a só a palhada. Tudo isso serve para a alimentação do gado de leite – e também de corte”, pontua.

Banana
A bananeira requer, segundo o técnico agrícola da Cohidro em Lagarto, Marcos Emílio Almeida, uma média pluviométrica anual de 1.600mm, índice de precipitação que a maioria dos municípios sergipanos não possui. “São basicamente 5mm ao dia e, então, a irrigação vem a suprir esse déficit hídrico. Dessa forma, a produção plena da banana no estado só é possível com o uso de água de irrigação”, aponta. O mesmo técnico acompanhou a introdução de um campo piloto da variedade ‘prata anã’ no perímetro Piauí.

“Rendeu bem a primeira colheita, mas tivemos que aumentar o número de microaspersores”, relatou o agricultor irrigante Rosendo dos Santos, assistido no perímetro irrigado de Lagarto, constatando a necessidade de boa irrigação para produzir banana no município. Orientado pela Cohidro quanto à escolha de mudas certificadas, correção do solo, método de irrigação e manejo da cultura; o sucesso do bananicultor influenciou outros produtores a investir na variedade prata anã. Hoje são quatro, só no perímetro irrigado Piauí.

Perímetros irrigados produziram mais de dois milhões de espigas de milho verde no período junino

Ozéias Beserra e espigas para uso do milho em grão [foto: arquivo pessoal]
Cozido, assado, na canjica, na pamonha, no bolo ou no cuscuz, o milho verde é bastante requisitado nas noites festivas para comemorar os santos católicos do mês de junho. Mas as mudanças climáticas que afetam o globo influenciam cada vez mais no planejamento do plantio no mês de abril, dependendo da chuva para a boa colheita no período junino. Assim, com o uso de irrigação é possível garantir a colheita e os lucros da época de consumo maior. Nos perímetros irrigados em que o governo do Estado fornece água para agricultores, a produção ocupou 124 hectares [ha] e gerou uma média de 2.480.000 espigas.

A versatilidade do milho oferece a possibilidade do seu aproveitamento para a ração animal; em forma de forragem, o pé inteiro e as espigas verdes, ou o grão seco. “Eu vendo a espiga, e o que eu não consigo vender, deixo na secagem e tiro para alimentar as galinhas e algumas ovelhas que eu tenho. A outra parte eu faço silagem, para três vacas que temos aqui”, explicou Ozéias Bezerra, irrigante do Setor 05 do Perímetro Irrigado Califórnia, administrado pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e irrigação de Sergipe (Cohidro) em Canindé de São Francisco.

Neste ano, Ozeias plantou em torno de 0,75ha em três datas diferentes, para colher dia 17 e 28 junho e neste dia 5 julho que passou. “Eu planto todo ano no ‘período da fogueira’ e a irrigação é fundamental, porque quando a gente faz o plantio não está chovendo aqui ainda, ai nós irrigamos praticamente o ciclo todo do milho. Eu mesmo só fui parar de irrigar o milho de umas três semanas para cá. Do plantio até 60 dias, a irrigação no milho é primordial. E isso varia muito, tem vezes que a chuva vem mais cedo e outras que é mais tarde”, acrescentou.

A gerente do perímetro Califórnia, Eliane Moraes, identifica que a demanda por milho é constante e garante a viabilidade dos plantios. Fator que, segundo ela, só é possível pela oferta de água distribuída pela companhia nos 333 lotes dos irrigantes. “Aqui se colhe milho todos os meses do ano.Mas geralmente uma média de 15ha são plantados ao todo, ao mesmo tempo em que se colhe outros 15ha plantados anteriormente. Já no plantio feito em abril, com previsão de colheita no período junino, foram 46ha”, informou.

Outros perímetros
No Perímetro Irrigado Piauí, outra unidade da Cohidro que leva irrigação para 421 lotes agrícolas familiares em Lagarto, o milho verde para colher no São João ocupou 38ha e, levando em conta a média de produtividade de 20 mil espigas por hectare, chegou a cerca de 760 mil unidades. Na região Agreste, os perímetros irrigados Jacarecica I e II tiveram, respectivamente, 25 e 15ha ocupados com o milho verde para colher em junho, com a produção de 500 mil e 300 mil espigas vendidas em Itabaiana, Malhador, Riachuelo e Areia Branca.

O diretor de Irrigação e Desenvolvimento agrícola da Cohidro, João Fonseca, explica como é realizado o processo de adubação desses locais. “Em todos os perímetros, mas principalmente em Lagarto, os agricultores estão buscando maiores produtividades para o milho utilizando a fertirrigação, que é o uso de fertilizantes diluídos na água de irrigação que leva esses nutrientes até a planta, rapidamente absorvidos pela raiz e dispensando a mão de obra da adubação manual”, detalha, acrescentando que essa mudança está sendo facilitada pela troca dos sistemas para os modelos de irrigação localizada, que consomem menos água que os aspersores convencionais.

Segundo o diretor-presidente da Cohidro, Paulo Sobral, a troca dos aspersores e tubulações, válvulas de controle de vazão e implantação de novo sistema de controle automatizado, está sendo subsidiada pelo governo do Estado, nos perímetros de Itabaiana. “Nos perímetros da Ribeira e Jacarecica I, via Programa Águas de Sergipe, investimos mais de R$ 14 milhões nessa substituição de tecnologia, que deve gerar uma economia de 50% aos cofres públicos, em comparação ao consumo em energia elétrica para bombear a água até os lotes, e deixou de consumir 60% da água que antes era empregada nesta mesma irrigação”, finaliza.

Agricultores de perímetro irrigado da Cohidro fazem mutirão de limpeza

O objetivo é melhorar a qualidade da água e diminuir riscos de quebras e danos nas bombas, crivos, tubulações e nos equipamentos de irrigação dos próprios produtores rurais.
Foto: Arquivo Pessoal

Em regime de mutirão, agricultores irrigantes do Perímetro Irrigado Califórnia, as equipes da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) e da Prefeitura Municipal de Canindé de São Francisco se reuniram para mais uma grande limpeza nos reservatórios de água que abastecem as estações de bombeamento (EBs) dos setores 02, 05, 06 e 07 do pólo irrigado. A Cohidro e o município cooperaram com máquinas e funcionários para a mobilização, com o objetivo de melhorar a qualidade da água e diminuir riscos de quebras e danos nas bombas, crivos, tubulações e nos equipamentos de irrigação dos próprios produtores rurais.

O perímetro Califórnia utiliza a água do Rio São Francisco para distribuir em seus 333 lotes, por meio de uma rede de canais e adutoras, estações de bombeamento e reservatórios, promovendo a agricultura no Semiárido e gerando renda para a agricultura familiar, com a produção média anual de 28 mil toneladas de alimentos. Para o irrigante Geraldo Lima, que planta quiabo e macaxeira irrigados com a água do Setor 07, o benefício da limpeza é repercutido na qualidade do serviço oferecido aos agricultores. “Participo porque a gente é agricultor e quer melhorias. Gosto de colaborar e faço minha parte. Se você limpa um reservatório daquele, a água vem com mais qualidade, pega mais pressão, as bombas trabalham com mais folga, e isso é melhor para todo mundo”, disse.

O presidente da Cohidro, Paulo Sobral, explica que a empresa converte esforços para a realização de limpezas periódicas nos perímetros irrigados que possuem reservatórios secundários – em Lagarto e Canindé –, mas acredita que a participação ativa dos irrigantes é um modo deles compartilharem a responsabilidade pela conservação do bem público que os serve. “Disponibilizamos nosso pessoal e enviamos nossa retroescavadeira para que a retirada do material raspado do fundo dos reservatórios fosse feita de modo mais eficiente. Geralmente, nossos técnicos também aproveitam esses períodos, em que as bombas param, para realizar manutenção nos equipamentos e tubulação, principalmente a limpeza dos crivos (que são peneiras no tubo de captação de água)”, acrescenta.

Segundo o diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrícola da Cohidro, João Fonseca, a limpeza é realizada periodicamente devido ao acúmulo de plantas subaquáticas no fundo dos reservatórios. “Esse material cresce muito rápido. Chega uma hora em que ele se solta e vai parar nas tubulações. Grandes pedaços entopem os crivos, prejudicando a entrada da água e as partes menores podem danificar a bomba, entupir as adutoras e até danificar os aspersores nas lavouras”, explica. A gerente do Califórnia, Eliane Moraes, parabenizou os irrigantes, pelo poder de mobilização que viabilizou a realização da grande limpeza. “Eles mostraram que é real o seu interesse em manter o perímetro irrigado em bom funcionamento”, pontua.

O agricultor Galileu Fernandes também produz na região, plantando quiabo, feijão e macaxeira no Setor 3. De acordo com ele, o reservatório havia sido limpo há pouco tempo. Mesmo assim, participou do mutirão que fez a limpeza do reservatório da EB-02, que é o maior de todos. “A gente é o mais beneficiado pelo perímetro irrigado, então é mais que um dever, já que utilizamos a água para irrigação. Temos que contribuir o máximo que pudermos no mutirão, e vamos limpar novamente depois. Com certeza melhora bastante a qualidade da água. Fica melhor. Com menos sujeira, pára de entupir as peneiras e as bombas da Cohidro, os aspersores e os filtros que a gente tem nos canos de irrigação”, conclui.

Novidades na produção de uvas no perímetro irrigado de Canindé

Reportagem do periódico digital Web TV Velho Chico, foi até o Perímetro Irrigado Califórnia da Cohidro, em Canindé de São Francisco, mostrar a produção de uva que é fruto do termo de cooperação entre a Embrapa Semiárido [Petrolina-PE] e a empresa sergipana.

A matéria mostra que passados os três anos desde que as primeiras mudas de videiras foram plantadas e em plena quarta colheita comercial nos dois lotes irrigados pela Cohidro, a produção ainda trás novidades: enviou carregamento de frutos para a indústria de vinhos e sucos e em breve haverá no mercado unidades desses produtos originários dos parreirais de Canindé.

Quarta colheita de uvas em perímetro irrigado consolida cultura no Sertão

Cohidro e Embrapa promoverão Dia de Campo para disseminar técnicas e vantagens do cultivo da uva na região
Foto: Arquivo Pessoal

Mais uma colheita de uva teve início no Perímetro Irrigado Califórnia, nos campos experimentais implantados pelo convênio de transferência de tecnologia entre a Empresa Brasileira de Pesquisa Agrícola (Embrapa) e a Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro). Até o final de abril, de Canindé de São Francisco partem as doces e enrubrescidas uvas para as feiras e mercados localizados na extensão que vai do Alto Sertão ao Agreste Sergipano. A cooperativa de produtores busca o aumento do número de viticultores, tornando viável a produção de polpas e sucos.

Para disseminar técnicas e vantagens do cultivo da uva na região, a gerente do perímetro Califórnia, Eliane Moraes conta que realizará um Dia de Campo com Embrapa Semiárido, de Petrolina (PE), para definir a data. “Para os produtores, a cultura traz a possibilidade de industrializarem os frutos; para a economia do perímetro irrigado e da cidade, a possibilidade de ter uma produção agrícola especializada, de alto valor agregado e que foge dos produtos de ciclos curtos e de baixa rentabilidade, como o quiabo. Além da uva, queremos que o dia de campo trate da produção de pera, que temos aqui em outro campo experimental da Embrapa, já produzindo”, explica.

O irrigante Levi Alves Ribeiro, mais conhecido como Sidrack, é um dos produtores que abrigam em seu lote as videiras experimentais do convênio com a Embrapa, partindo para a sua quarta colheita comercial. Para ter o produto disponível à venda por mais tempo, ele adota o manejo da poda escalonada. É a poda da planta, seguido do uso de insumos adequados para aumentar a sua vitalidade, impulsionando a produção dos cachos. Se esse processo for feito em uma parte do parreiral por semana, de maneira escalonada, a colheita seguirá o mesmo cronograma, oferecendo frutos que amadurecem em períodos diferentes.

Ele se empolga com a possibilidade de o dia de campo angariar mais produtores dispostos a investir na uva. “Precisamos sempre dessa parceria com a Cohidro, para que possamos, em um futuro próximo, ter a capacidade de produzir nossas polpas de frutas, sucos, etc, agregando maior valor à produção”, disse Levi. Atualmente ele também é presidente da Cooperativa de Fomento e Comercialização do Perímetro Irrigado Califórnia (Coofrucal), por onde seria beneficiada e escoada a produção.

Sidrack e José Leidison dos Santos, outro produtor com campo experimental de uva no Califórnia, têm plantadas as variedades Isabel e BRS Violeta, próprias para sucos e vinhos. Mas em outubro de 2018, eles participaram de uma prática de campo da Embrapa sobre enxertia e produziram mudas da uva de mesa BRS Vitória, para ampliar a multiplicidade de frutas no parreiral. Além deles, o produtor Ozeias Beserra adotou um campo de peras no perímetro da Cohidro; e há mais um registro no perímetro irrigado federal Jacaré-Curituba.

Eles receberam todo o material para a construção dos campos, os sistemas de irrigação por gotejamento, as mudas, os insumos apropriados para o desenvolvimento das plantas e a assistência técnica da Embrapa durante dois anos – tempo de duração do convênio. A partir disso, a orientação aos agricultores está sendo dada pelos técnicos da Cohidro, que acompanharam todas as práticas e visitas ao pólo da Embrapa em Petrolina.

Califórnia: como funciona um perímetro irrigado?

O programa Sergipe Rural, da Aperipê TV, esteve em Canindé de São Francisco para mostrar como funciona o principal perímetro irrigado da Cohidro, o Califórnia. Lá são integralmente irrigados 1.360 ha e outros 1.830 ha, da área de sequeiro, tem um ponto de água para a atividade pecuária. Ao todo, 1.360 pessoas são atendidas diretamente e são produzidas, em média, 29.000 ton. de alimentos anualmente. O perímetro recebe obras de melhoria na infraestrutura, como a troca e reforma de bombas, conserto de canais. Sendo que o principal deles, o C-01, terá seus 1,8km de cobertos de concreto para garantir integridade da água, contra a captação irregular e contaminação.

Março chuvoso e recarga hídrica de barragens aliviam serviço de irrigação pública

Barragem do Jabiberi – arquivo pessoal
Em Canindé, foram registrados 68,6 mm a mais de chuva que em março do ano anterior, tornando dispensável o uso da irrigação por alguns dias

As chuvas registradas em março tiveram efeito positivo em metade dos perímetros irrigados da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), e mantiveram estável o nível da água nas demais barragens. Em Lagarto e Tobias Barreto, ficaram completamente cheios os reservatórios que abastecem os perímetros Piauí e Jabiberi; e em Canindé de São Francisco, o levantamento pluviométrico na estação meteorológica do Califórnia mostrou um acumulado do mês 96% superior ao mesmo período do ano passado, registrando 71,40 mm e reduzindo a necessidade de uso da irrigação pelos agricultores.

Durante seis dias do mês, as bombas não precisaram ser ligadas para tocar a irrigação no Perímetro Irrigado Califórnia, localizado no Alto Sertão sergipano, onde o clima semiárido normalmente torna a irrigação indispensável para o plantio. Com isso, a Cohidro calcula uma economia de aproximadamente R$ 40 mil nos custos com energia elétrica no perímetro. “Esse avanço pluviométrico significou uma grande redução da necessidade de irrigação. Parece pouco, mas é muita coisa nesse período, pois no mesmo mês do ano passado, a gente não parou em dia nenhum”, conta a gerente local da Cohidro, Eliane Moraes.

O perímetro de Canindé não possui barragem própria, faz captação na represa da Hidrelétrica de Xingó e segue as orientações da Agência Nacional de Águas [ANA], que desde julho de 2018, não impõe restrição ao uso da água. Já em Lagarto, o perímetro irrigado da Cohidro possui barragem própria no rio Piauí, que é interestadual e sofre a influência das chuvas do Centro-Sul Sergipano e da Bahia. Segundo o diretor-presidente da companhia, Paulo Henrique Machado Sobral, talvez por isso, não tenha havido maiores preocupações com o nível da barragem durante o período de estiagem no Verão.

“Não houve risco de desabastecimento para a irrigação fornecida pela Cohidro ou para a captação da Deso [Companhia de Saneamento de Sergipe]. O Piauí foi um dos perímetros em que não precisamos fazer qualquer racionamento na distribuição de água ou suspensão, para priorizar o abastecimento de água humano, como ocorreu nos perímetros da Ribeira e no Jabiberi (Itabaiana e Tobias Barreto). No Perímetro Irrigado Jacarecica II [entre Malhador, Riachuelo e Areia Branca], também não houve prejuízos para a irrigação ou o fornecimento de água potável”, pontuou Paulo Sobral.

Na barragem do perímetro Jabiberi, a água armazenada não era suficiente para fazer verter desde setembro de 2017, até que no último domingo, 31 de março, ela voltou a ‘sangrar’. Tanto tempo sem recarga hídrica, fez com que a irrigação fornecida aos lotes fosse suspensa ainda em 2018, para priorizar a captação para consumo humano feita pela Deso. Até a distribuição de água nas zonas urbanas ficou comprometida, no início deste ano, levando o Governo do Estado e Prefeitura Municipal a buscar alternativas emergenciais de fornecimento de água para a população.

“Por enquanto não é preciso irrigar, devido à chuva que ainda tem caído na região. Assim que estiar, a gente retoma a normalidade do fornecimento de água no perímetro Jabiberi, em paralelo ao abastecimento de água potável para a cidade, agora regularizado com a barragem totalmente cheia”, afirmou o diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrícola da Cohidro, João Quintiliano. Ainda segundo ele, as barragens da Ribeira, Jacarecica I e I, que integram a Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe, tiveram as reservas hídricas prejudicas pela pouca pluviosidade registrada em 2018. Foram 659,6mm registrados na estação do perímetro da Ribeira, contra a média anual de 1.143 mm.

Para evitar que situações como essa voltem a acontecer, o diretor afirma que o governo do Estado vem fazendo investimentos em ambas as regiões. “Nos perímetros da Ribeira e Jacarecica I, em setembro de 2018, o Programa Águas de Sergipe começou a trocar todo o sistema para a irrigação localizada – modelo que economiza 60% da água [e 50% da energia elétrica]. Isso vai influenciar, a partir desse ano, na redução do consumo das reservas dessas barragens, deixando de comprometer a irrigação, como aconteceu no início de 2019. O mesmo programa também projeta a automatização das nossas estações de bombeamento, com economia de água e energia; e está reflorestando as matas ciliares da bacia hidrográfica, preservando nascentes e diminuindo o nível de assoreamento nos rios e barragens”, concluiu João Quintiliano.

Última atualização: 6 de maio de 2021 19:06.

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