Governo discute plano de Segurança e de Emergência para barragens

José Carlos Felizola reuniu gestores e técnicos da Superintendência de Recursos Hídricos e Meio Ambiente, Deso, Cohidro e Adema para reforçar as medidas preventivas nas barragens em Sergipe

O governo de Sergipe está atento às questões de prevenção nas barragens do Estado, e por conta disso, o secretário Geral de Governo, José Carlos Felizola, realizou nesta terça-feira, (05), uma reunião com os órgãos competentes para discutir as medidas preventivas que garantam a segurança estrutural das barragens que são de responsabilidade do estado – Foto: Marcos Rodrigues/ASN

O governo de Sergipe está atento às questões de prevenção nas barragens do estado e, por conta disso, o secretário Geral de Governo, José Carlos Felizola, realizou reunião, nesta terça-feira (05), com os órgãos competentes para discutir as medidas preventivas que garantam a segurança estrutural das barragens que são de responsabilidade do Estado. Na ocasião, foi debatida a implantação de Plano de Segurança de Barragem e Plano de Ação Emergencial.

Segundo José Carlos Felizola, o estado possui Sergipe possui 13 barragens. Entre elas, oito são administradas pela Agência Nacional de Águas (ANA) e cinco sãos geridas pelo estado, por meio da Deso e da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro). O plano de Segurança pretende identificar as situações de emergência que coloquem em risco a integridade e a segurança da barragem, estabelecendo as ações necessárias para esses casos. Dessa forma, é possível evitar ou minimizar danos com perdas de vida e de propriedades.

“O importante é ressaltar que nossas barragens não têm problemas estruturais e que todas as medidas de segurança vêm sendo tomadas pelo governo, mesmo anteriormente aos desastres acontecidos em Brumadinho e em Mariana”, explica Felizola, ressaltando que as barragens localizadas em Sergipe possuem características diferentes, já que armazenam somente água para consumo humano, animal e irrigação.

Nessas barragens atuam, desde 2014, os especialistas que formam o Painel de Segurança de Barragens contratados pelo ‘Programa Águas de Sergipe’ (PAS), encaminhando ações preventivas que afastam o temor criado pelos casos de Mariana e Brumadinho.

O Painel de Segurança de Barragens do PAS, financiado com recursos do Banco Mundial, é constituído por quatro consultores nas especialidades Hidrologia, Geotécnica, Hidráulica e Concreto. Os trabalhos do corpo técnico tiveram início em 10 de novembro de 2014, data da chegada dos especialistas a Sergipe, e corresponde a um investimento contabilizado em R$ 1.132.000,00.

“Desde 2014, o governo de Sergipe, por meio do programa Águas de Sergipe, contratou especialistas que elaboraram um painel de segurança nas barragens. Eles vistoriaram todas as barragens de Sergipe, elencaram uma matriz de riscos e ações de curto, médio e longo prazo”, pontua o diretor-presidente da Cohidro, Carlos Melo.

O secretário executivo da Defesa Civil, Major Queiroz, reforçou que nenhuma das barragens sergipanas está irregular. “Estamos aqui para tranquilizar a população sobre as barragens. A barragem do Poxim foi a única que despertou certo receio da população.  No entanto, analisamos que o risco existente é baixo e, mesmo assim, ela está sendo monitorada pela Deso. Estamos em fase de discussão do Plano de Segurança de Barragem e Plano de Ação Emergencial, que garantirão ainda mais a segurança das barragens”, explicou.

Já o superintendente de Recursos Hídricos e Meio Ambiente, Olivier Chagas, destacou que os planos são preventivos. “O estado de Sergipe está se antecipando, para evitar, no futuro, algum problema”, completou.

 

Fonte: Agência Sergipe de Notícias

Barragens estaduais permanecem seguras e sob monitoramento em Sergipe

Nessas barragens públicas atuam, desde 2014, os especialistas que formam o Painel de Segurança de Barragens contratados pelo ‘Programa Águas de Sergipe’ (PAS), encaminhando ações preventivas que afastam o temor criado pelos casos de Mariana e Brumadinho
Nessas barragens públicas atuam, desde 2014, os especialistas que formam o Painel de Segurança de Barragens contratados pelo ‘Programa Águas de Sergipe’ (PAS), encaminhando ações preventivas que afastam o temor criado pelos casos de Mariana e Brumadinho (Foto: Arquivo Cohidro)

Em Sergipe, nas seis barragens geridas pelo Governo do Estado destinadas à irrigação e ao consumo humano, a preocupação com os quesitos de segurança das reservas hídricas e das populações adjacentes vem de muito antes de o assunto tomar o noticiário, com as tragédias ocorridas em Minas Gerais. Nessas barragens públicas atuam, desde 2014, os especialistas que formam o Painel de Segurança de Barragens contratados pelo ‘Programa Águas de Sergipe’ (PAS), encaminhando ações preventivas que afastam o temor criado pelos casos de Mariana e Brumadinho.

A Cohidro possui reservatórios próprios, que represam a água dos rios em seus perímetros irrigados da Ribeira e Jacarecica I, em Itabaiana; Jacarecica II, situado entre os municípios de Malhador, Riachuelo e Areia Branca; Piauí, em Lagarto; e Jabiberi, em Tobias Barreto. Destes, somente no Jacarecica I, a água represada é exclusiva para a irrigação, não tendo destinação compartilhada com o abastecimento humano, a partir da captação e tratamento realizado pela Companhia de Saneamento de Sergipe. À Deso pertence a barragem Jaime Umbelino Souza, instalada no Rio Poxim, no município de São Cristóvão, onde faz uso exclusivo da água captada. Todas essas seis represas foram foco de atuação do Painel de Segurança do PAS.

Antes de 2014, quando teve início o Painel de Segurança, já atuava a Comissão Estadual de Monitoramento de Barragens que, assim como o PAS, é coordenada pela Superintendência de Recursos Hídricos (SRH), hoje alocada na Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Sustentabilidade (Sedurbs). Também integram a Comissão representantes das companhias de desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf), de Saneamento de Sergipe (Deso), do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS) e da Defesa Civil Estadual.

Nessa Comissão, o grupo de servidores públicos especialistas debruça atenção tanto às condições de segurança de todos os barramentos do estado, quanto ao monitoramento das crises hídricas, estabelecendo metas e restrições emergenciais ao uso dessas reservas de água em Sergipe. Diante dos recentes acontecimentos, o governador Belivaldo Chagas determinou que os órgãos integrantes da Comissão emitam um novo relatório após visita técnica às barragens de administração estadual. “Já temos esse acompanhamento sendo realizado de maneira contínua, e diante da tragédia de Brumadinho, estamos mobilizando nossas equipes em uma força-tarefa para tranquilizar a população sergipana, em especial as comunidades próximas às barragens, sobre a segurança delas”, pontuou o governador.

Por sua vez, o Painel de Segurança de Barragens do PAS, financiado com recursos do Banco Mundial, é constituído por quatro consultores nas especialidades Hidrologia, Geotécnica, Hidráulica e Concreto. Os trabalhos do corpo técnico tiveram início em 10 de novembro de 2014, data da chegada dos especialistas a Sergipe, e corresponde a um investimento contabilizado em R$ 1.132.000,00 até 30 de abril de 2019. Segundo o diretor-presidente da Cohidro, Carlos Melo, os relatórios técnicos dos integrantes do Painel de Segurança atestaram a segurança nas barragens que o Governo de Sergipe faz uso.

“Antes do fatídico desastre de Mariana, em março de 2015, já tínhamos pareceres técnicos da garantia da segurança das barragens que compõem a bacia do Rio Sergipe [Ribeira, Poxim, Jacarecica I e II]. Em agosto do ano seguinte, a mesma equipe, independente de engenheiros, concluía que também as barragens que atendem aos perímetros Piauí e Jabiberi têm bom estado de conservação. Em todas, foram demandadas ações de curto e médio prazo em que o PAS está demandando recursos na ordem de R$ 8 milhões. Projetos e obras que atualmente estão em execução”, detalhou.

Segundo o diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrícola da Cohidro, João Quintiliano, um caso a parte ocorreu na barragem do Perímetro Irrigado Jacarecica I, em Itabaiana. “Diante do fato histórico ocorrido no verão de 2017, que resultou no esvaziamento da barragem do Jacarecica I e que deu acesso às partes dela que estavam encobertas pela água desde a sua construção, pôde ser realizada a obra de implantação da comporta de segurança e a descarga ecológica, com recursos de aproximadamente R$ 100 mil investidos (do tesouro do Estado). Esta intervenção corresponde a duas ações indicadas no Relatório do Painel de Inspeção e Segurança de Barragens, nos quesitos de segurança de controle da vazão, limpeza dos detritos sedimentados no fundo da barragem e a paralisação segura da captação de água, a fim de fazer manutenções”, afirma.

Outra ação de extrema importância indicada pelos especialistas, segundo o presidente Carlos Melo, é o Plano de Segurança das Barragens, que envolverá o planejamento de rotinas técnicas, leituras e estudos da situação das barragens de forma sistemática e contínua. “Estão dotados R$ 1,6 milhões, em recursos do PAS, para a licitação que está em andamento, e que irá contratar empresa de engenharia especializada para este fim. Dessa forma, as barragens do Estado ganharão um componente a mais de garantia de segurança estrutural”, complementa o presidente da Cohidro. Ainda de acordo com ele, outros estudos, obras e instalação de equipamentos de mensuração da situação física das barragens, que estão sendo executados nas ações de curto e médio prazo, vão amparar a aplicação do Plano de forma permanente.

Águas de Sergipe
Tendo como finalidade a melhoria da qualidade da água na bacia hidrográfica do rio Sergipe, o Programa resulta de contrato firmado entre o Governo de Sergipe e o Banco Mundial no valor de US$ 117.125.000,00, sendo de US$ 46.850.000,00 a contrapartida do Estado. Desse montante, US$ 8 milhões estão sendo destinados à Cohidro para ações de modernização da infraestrutura dos perímetros irrigados e segurança de barragens.

Estudantes de rede estadual visitam uva e produção de leite no perímetro da Cohidro

Visitas do Centro Dom José Brandão são constantes e alguns estudantes também fazem estágio no Califórnia (Foto: Arquivo Pessoal)

Sexta-feira (11), o Perímetro Irrigado Califórnia, em Canindé de São Francisco, recebeu estudantes dos 2º e 3º anos do curso Técnico em Agropecuária do Centro Estadual de Educação Profissional Dom José Brandão de Castro, do município vizinho de Poço Redondo. Os alunos dos professores João Paulo e Anelise conheceram uma unidade experimental de produção de uva e o projeto piloto do Balde Cheio de produção de leite, irrigados e atendidos pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro).

O Balde Cheio é no lote do irrigante Everaldo Mariano. Uma transferência de tecnologia feita dentro da Cohidro: do perímetro Jabiberi, em Tobias Barreto, para o Califórnia. Os estudantes ficaram sabendo como funciona o sistema de pastagem onde o gado muda de piquete todo dia, para voltar quando a irrigação tiver recuperado o mesmo capim.

Os alunos do José Brandão ficaram sabendo da importância da transferência de tecnologia da Embrapa Semiárido, de Petrolina (PE), para o perímetro da Cohidro. Permitindo que no lote de José Leidison dos Santos os parreirais produzam, há mais de 2 anos, as variedades BRS Isabel Precoce e a BRS Violeta. A assistência das duas empresas públicas agora trabalha com esses produtores para introduzir a uva BRS Vitória em Canindé. Quem acompanhou a introdução destes campos experimentais desde o começo e tutorou a visita dos estudantes é o técnico agrícola Antônio Roberto Ramos (Beto) da Cohidro, auxiliado pelo estagiário Manuel Messias. Beto ficará responsável por prestar toda a assistência técnica aos produtores quando o convênio com a empresa de pesquisa federal acabar, inclusive no outro campo experimental de peras, que acaba de dar seus primeiros frutos depois de 13 meses de plantados.

Curso sobre qualidade do leite encerram os 2 anos do Sertão Empreendedor no Jabiberi

Capacitação tratou da qualidade do leite que os produtores vão ofertar ao laticínio – foto Ascom Cohidro

De 26 a 28 setembro ocorreu uma capacitação extra aos dois anos em que 16 microprodutores de leite do Perímetro Irrigado Jabiberi tiveram o acompanhamento e orientação técnica do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Sergipe (Senar-SE). Em parceria com a Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), que administra este polo leiteiro em Tobias Barreto (SE), o Senar-SE atuou via Programa Sertão Empreendedor, que incluem cursos de formação profissional rural (FPR) como este – sobre a qualidade do leite para à venda – e visitas periódicas e individuais aos lotes irrigados.

Aplicada pela zootecnista Annelise Aragão Correa do Senar-SE, a FPR foi sugerida e requisitada pelos próprios pecuaristas. “Aqui teve a atuação do Sertão Empreendedor, é um programa que atuou em sete municípios e Tobias Barreto foi contemplado. Foram atendidos 20 produtores de Tobias Barreto e o programa já acabou, só que eles pediram que fosse fornecido esse curso porque o laticínio aqui agora vai começar a comprar por qualidade. É para poder saber tirar o leite sem tanta bactéria e fazer o teste do alizarol (que é o teste de acidez do leite). Como eles vão começar a fazer, várias coisas causam acidez. Então, é para o leite deles não ser perdido financeiramente e ser descartado”, explicou.

Eles produzem leite com vacas acomodadas em unidades de produção criadas a partir de outro programa, o ’Balde Cheio’. Inserido no perímetro em 2010, consiste na divisão dos pastos irrigados em 24 piquetes menores. Os animais se alimentam cada dia em uma desses cercados, tendo aquela parcela de capim 24 dias para se recuperar, com boa irrigação e adubação, e servir novamente rebanho depois desse período. “Após os dois anos introdutórios do programa, o resultado foi de 40 criadores que aderiram ao sistema e hoje produzem juntos uma média diária de 3,7 mil litros de leite, 73% a mais do que era gerado no início do programa”, salienta José Reis Coelho, técnico agrícola da Cohidro em Tobias Barreto.

Desde 2016 os produtores do Jabiberi estavam inseridos em um programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) promovido pelo Senar-SE, que incluem os cursos e as visitas periódicas ao produtor. “Os cursos, eles são pedidos ou via CNPJ Rural ou se todos tivessem DAP (Declaração de Aptidão ao Pronaf), mas precisa um mobilizador ter esse CNPJ Rural. E como eles são antigos produtores do programa e têm associação, eles pedem via associação”, acrescentou Annelise Aragão.

Um desses produtores de leite no Jabiberi é Antônio Meneses de Almeida. Criador de gado de leite (20 vacas) há cerca de 10 anos, ele acredita no benefício da capacitação, que vai influenciar diretamente na renda obtida na venda do produto. “Vendo para o laticínio aqui. É bom, porque quem não sabe, aprende, (entender) o que fazer para render o leite. Se trabalhar certinho muda sim, para (o laticínio) pagar o leite pela qualidade dele”, relatou ele, que participou da capacitação do Senar-SE que finaliza o Sertão Empreendedor no Jabiberi.

Transferência de tecnologia
Presidente da Cohidro, Carlos Fernandes de Melo Neto conhece tanto a produção de leite no perímetro de Tobias Barreto, como também foi conferir a sua ‘replicação’, feita pela transferência de tecnologia para o perímetro de Canindé de São Francisco, também administrado pela empresa. “O Balde Cheio é um sistema que deu certo no Jabiberi, que é um projeto de irrigação pequeno, de 75 lotes irrigados atendidos pelo Governo do Estado. No Califórnia, temos bem mais lotes atendidos (333) e se alguns aderirem à pecuária, vão diversificar os tipos de produtos (leite e derivados), que saem de lá e com isso haverá menos concorrência, esta que só favorece aos compradores”. O gestor expõe que no momento, existem dois processos licitatórios em curso para investir em melhorias nos dois polos irrigados.

“São recursos do Proinveste. Quase R$ 550 mil para recuperar e ampliar os reservatórios que têm cada lote do perímetro Jabiberi, aumentando a autonomia do produtor para resistir aos períodos de estiagem”, explica Carlos Melo. Em Tobias Barreto, a água para irrigação da Cohidro é distribuída por gravidade, em canais, e que chega nestes depósitos para então ser bombeada pelo produtor para irrigar os campos. “No Califórnia é bem diferente, são sete estações que fazem a água do São Francisco chegar com pressão suficiente para irrigar os lotes. Para lá, temos a outra licitação (prevista em R$ 3.368.539,34) para recuperação da estrutura, reposição de peças e montagem de equipamentos acoplados às 37 novas bombas, também adquiridas pelo mesmo financiamento, outro investimento de R$ 318 mil”, finalizou.

Melhoramento do rebanho
Segundo o diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrícola da Cohidro, João Quintiliano da Fonseca Neto, com a irrigação fornecendo alimento para o gado de leite, a tendência é dos produtores investirem mais nas criações. “Mesmo eles contando com pouco espaço, em lotes com tamanho médio de um hectare, eles conseguem manter muito mais animais, com a irrigação e capim separado por piquetes (Balde Cheio), do que se eles estivessem criando em sistemas de sequeiro. Esse incentivo da irrigação favorece a eles investirem em melhoramento do rebanho e inseminação artificial para a renovação dos plantéis. Isso já se tornou realidade no Jabiberi e agora avançam mais um passo, aprendendo a trabalhar com a qualidade final do leite, para vender dentro das normas sanitárias e com valor agregado, traduzindo em mais renda por litro de leite entregue”, argumenta.

Pedro Vidal é um dos pequenos criadores do Jabiberi que mais bem se adaptou à melhoria que a irrigação e o sistema de rotação de pastagens do Balde Cheio trouxeram à produção de leite. Participante do curso que finalizou o Sertão Empreendedor, ele acredita que a capacitação vai trazer mais benefícios ao seu negócio. “Sempre traz, quanto mais conhecimento melhor, para a produção do leite e a qualidade. E o preço vai melhorar, pois terá qualidade e irá aumentar no mínimo uns 15 a 25 centavos por litro. Durante dois anos eu tive um assistente para direcionar (ATeG), mas já terminou, daí teve esse curso aqui e com certeza vai ajudar mais ainda”, concluiu.

Presidente da Cohidro se reúne com equipe de Canindé e conhece novos plantios

Diretores Carlos Melo (presidente), João Fonseca (Irrigação) e a gerente do Califórnia Eliane Moraes – Foto Fernando Augusto (Ascom-Cohidro)

Em uma primeira reunião técnica no maior perímetro irrigado administrado pela Cohidro, o diretor-presidente Carlos Melo ficou a par dos detalhes do funcionamento do Califórnia, em Canindé de São Francisco, na última quinta-feira, 26. Após encontro com a gerência local, corpo de técnicos agrícolas, setor administrativo e operacional do bombeamento, o presidente percorreu os lotes dos agricultores irrigantes atendidos pela empresa, acompanhado do diretor João Fonseca. O gestor já se reuniu com a equipe do Perímetro Irrigado Jabiberi, unidade congênere da empresa em Tobias Barreto e será agendado para ocorrer essa atividade nos demais perímetros.

 

Além de produtos tradicionalmente cultivados no perímetro da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) em Canindé, como o quiabo, a goiaba e o milho, Carlos Melo viu de perto os novos plantios de uva e o projeto piloto do programa Balde Cheio, instalados por meio da transferência de tecnologia. No primeiro caso, fruto do convênio com a Embrapa Semiárido de Petrolina-PE, já no segundo, um intercâmbio interno de saberes com o perímetro Jabiberi, onde o sistema de pastagem irrigada com rotação de piquetes foi implantado em 2010.

 

Na reunião, o presidente conheceu o cronograma de funcionamento do sistema de bombas do Califórnia e as complexidades que permeiam sua operação. “Fiquei sabendo que o bombeamento começa de madrugada, lingando a EB (estação de bombeamento) 100, levando 3 horas para encher o canal principal e o reservatório da EB-02 que, por sua vez, redistribui a água para outras cinco subestações antes de chegar à lavoura do agricultor. Isso já é bom, levando em conta que a tarifação de energia elétrica é menor durante a madrugada, mais queremos que o maior número de bombas possível passe a funcionar justamente nesse horário e então seja implantada a irrigação noturna, mais barata. O sistema estará disponível para irrigação durante o dia, mas quem optar pelo consumo extra de energia nesses horários, deverá arcar também com uma tarifação extra”, justifica Carlos Fernandes de Melo Neto.

 

João Quintiliano da Fonseca Neto, diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrícola da Cohidro, explica que a irrigação durante o dia pode ser substituída pela noturna, com um custo de energia elétrica cerca de 80% mais barata. “É muito mais uma questão cultural e de adequar a infraestrutura existente para atender os lotes irrigados de maneira que supra as necessidades hídricas dos cultivos. Para isso será necessário a mudança do sistema de irrigação de aspersão para microaspersão ou gotejamento, além de introduzir cultivos que se adequem aos novos sistemas de irrigação. Esses sistemas seriam automatizados para poder funcionar a noite, sem precisar da intervenção humana. Estamos implantando nos nossos perímetros irrigados em Itabaiana, onde a irrigação automatizada e noturna já vai ser adotada”, afirmou.

 

Na microaspersão ou no gotejamento, que são sistemas de irrigação localizada e fixa, a economia ocorre em diversos aspectos, pois o troca-troca dos sistemas móveis exige mão de obra extra e são perdidos 15% da água depositada nos tubos a todo o momento desencaixados, sem falar que a água lançada longe pelos grandes aspersores convencionais é perdida com a ação do vento, evaporação ou molhando áreas fora do plantio. Outra economia no sistema localizado está na possibilidade de usar a fertirrigação, em que os nutrientes necessários à planta seguem diluídos na água, diminuindo mão de obra e tempo extra para aplicar o adubo manualmente. Segundo as informações dos técnicos agrícolas da Cohidro alocados no perímetro de Canindé, o quiabo e a goiaba são as culturas mais presentes no perímetro e aceitam bem a técnica de adubação.

 

Balde Cheio 2.0

Grupo da Cohidro visitando o projeto piloto do Balde Cheio implantado por Everaldo Mariano – Foto Fernando Augusto (Ascom-Cohidro)

No Jabiberi – perímetro da Cohidro onde primeiro foi implantado o sistema de produção de leite, na época espelhando no projeto da Embrapa de São Carlos-SP – a irrigação ainda ocorre com aspersores convencionais e fixos, com as tubulações enterradas sob o pasto para o gado poder circular sem danificar a rede. Já o Balde Cheio implantado no perímetro Califórnia é mais moderno e econômico. O produtor Everaldo Mariano de Souza instalou microaspersores em toda área de pastagem dos 24 piquetes. Para evitar que as vacas danifiquem os pequenos dispositivos, ele montou toda uma estrutura de suporte em madeira e tubulações, que passa por sobre os campos e em altura suficiente para a livre circulação e o pastejo dos animais.

 

“A vocação do homem do campo sertanejo, desde muito tempo atrás, é a da pecuária de leite. Ele pode até aderir à agricultura modernizada pela irrigação, mas têm preferência por guardar um pedaço do lote para o seu gado de leite e assim complementar a sua renda e a subsistência da família com o leite e derivados. Sabendo que em Tobias Barreto a Cohidro já tinha um programa instalado e bem-sucedido, fomos lá conhecer e fizemos o acordo para trazer o técnico agrícola que participou de todo processo de implantação do Balde Cheio lá, o José Reis Coelho. Com isso, mensalmente ele está vindo a Canindé para fazer cursos com os nossos técnicos daqui e os agricultores, mostrando na prática como se monta e como funciona o sistema. Tudo aqui nesse lote de Everaldo”, contou Eliane de Moura Moraes, gerente do perímetro Califórnia.

 

Na época da implantação dos perímetros em Sergipe, 30 anos atrás, a concessão da irrigação aos lotes sempre foi condicionada à produção direta de alimentos, mas a pecuária extensiva, sempre ocupando grandes parcelas de terra, era proibida. Isso antes de aparecer sistemas intensivos como o Balde Cheio, onde 1 hectare de capim abriga 10 animais e pode atingir produtividade acima de 150 litros de leite diários. O campo é subdividido em 24 piquetes em que as vacas pastam a cada dia em um. Ao final do ciclo, o primeiro capinzal está recuperado pela irrigação diária e adubação, pronto para receber novamente os animais.

 

“A Cohidro autorizou a gente plantar esta área de capim. Eu fiz e graças a Deus melhorou minha renda, melhorou minha dificuldade de trabalhar com os bichinhos, que eu sempre gostei de ter uma vaca, mas não tinha onde botar. E hoje, a produção aumentou 100% e o meu trabalho diminuiu 50%. Vai dar certo, apostei e apostei numa coisa certa. Quem quiser investir numa coisa certa, pode investir no Balde Cheio?, garantiu o agricultor irrigante Everaldo Mariano.

 

Transferência de tecnologia

Os parreirais de uva que o presidente Carlos Melo pôde conhecer na quinta-feira também são novidade, já que foram implantados no Califórnia há um ano e meio. Ao completar 1 ano de plantio das mudas de uva, houve a primeira colheita e no final de abril, a segunda. A Embrapa forneceu todas as mudas de variedades precoces, equipamentos de irrigação, madeiramento, insumos usados na fertirrigação e treinamento, que segue até o final do ano pela assistência técnica garantida no convênio de transferência de tecnologia da empresa de pesquisa com a Cohidro. Em Canindé são três campos experimentais com uva e um quarto e mais recente com pera, onde a colheita deve ocorrer daqui dentre 12 a 18 meses.

 

“Fiquei muito satisfeito com o que vi hoje, da modernização dos sistemas visando a economia de água e de energia, e a busca pela introdução de culturas agrícolas que possam dar maior retorno financeiro ao agricultor e assim poder arcar, coletivamente, com o custeio da irrigação em seu lote. Do mesmo modo, foi interessante ver os irrigantes de Canindé, com auxílio dos nossos técnicos, participando de programas federais de aquisição de alimentos da Conab (doação simultânea) e do FNDE (alimentação escolar), com a garantia de preço e compra durante a vigência das chamadas públicas”, avaliou Carlos Melo.

 

Aula prática do Balde Cheio no perímetro Califórnia

O técnico em Agropecuária do Perímetro Irrigado Jabiberi (Tobias Barreto), José Reis Coelho, executou dois dias de treinamento que voltado aos agricultores irrigantes do Perímetro Irrigado Califórnia (Canindé de São Francisco) que estão aderindo ao programa Balde Cheio de produção de leite.

O tema do treinamento oferecido por Coelho é ‘Determinação de Matéria Seca em Pastagem’ e ‘Utilização de Fita de Pesagem em Bovinos Leiteiros’. As atividades fazem parte do processo de transferência de tecnologia entre os dois perímetros irrigados da Cohidro, que teve início a quase um ano.

Da capacitação também participam os colegas de Coelho, técnicos no perímetro Califórnia que vão acompanhar o dia a dia destes produtores de leite. Na quarta-feira (2) foi a parte teórica e quinta (3) eles viram a prática, que ocorreu no projeto piloto do ‘Balde Cheio’ já instalado no lote irrigado do pequeno agropecuarista Everaldo Mariano.

O ‘Balde Cheio’ foi originado na Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos-SP) e em Sergipe foi implementado, pela primeira vez, no Perímetro Irrigado Jabiberi, em Tobias Barreto, a partir da parceria entre a Cohidro e Sebrae Sergipe. Já no ano em que iniciou sua operação, 2010, aumentou a produção de leite dos pecuaristas de 1.080 litros para cerca de 2,5 mil por dia.

 

 

Irrigação pública contribui com a cesta básica mais barata em Aracaju

Tomate, mandioca, leite, banana, cana de açúcar e material forrageiro influi no preço dos itens da cesta básica 
Caixa do tomate foi vendia por até R$ 100, em janeiro – foto Fernando Augusto (Ascom Cohidro)

Aracaju desde janeiro é a capital brasileira com o segundo menor valor da cesta básica de alimentos, dentre as 20 cidades pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em março calculada em R$ 339,77, acumulando queda de 3,42% nos últimos 12 meses. Dos 12 itens pesquisados, metade tem como uma das origens de produção direta, ou de suas matérias primas, os perímetros irrigados do Governo do Estado: o tomate, mais barato para o consumidor 6,74% em fevereiro e depois 8,98% em março; a banana, que caiu de valor 10,03% de janeiro para cá; a farinha de mandioca, este ano custando 19,27% menos; o leite, menos 11,38% e o açúcar, que caiu de preço 31,02%, segundo a variação anual identificada pela entidade. Derivada do leite, somente a manteiga mantém alta de 3,53% no ano.

O aumento da oferta destes e de inúmeros outros produtos sergipanos que não fazem parte da pesquisa, interfere na diminuição do valor de custo de vida do aracajuano e também de quem vive em Salvador, desde agosto (2017), a cesta mais barata do Brasil, cotada em março no valor de R$ 322,88. Ocorre que só do Perímetro Irrigado da Ribeira, administrado pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) em Itabaiana (54 km de Aracaju), diariamente saem para a capital baiana, cinco caminhões carregados de alimentos como alface, couve, coentro, cebolinha e rúcula; além de uma grande quantidade de micro-caminhões, conhecidos por ‘mercedinhas’, que abastecem às feiras de Aracaju e de todo o estado. Foram 11,5 mil toneladas destes folhosos, produzidos em 2017, neste polo agrícola.

Cerca de 90% do quiabo produzido no perímetro Califórnia, administrado pela Cohidro em Canindé de São Francisco (a 213 Km de Aracaju), tem como destino as feiras da região metropolitana de Salvador e de Feira de Santana-BA. Nesta unidade da empresa, foram contabilizadas 11 mil toneladas do fruto colhidas no ano passado. De lá e também do perímetro Piauí, em Lagarto (75km de Aracaju), ainda seguem para a Bahia cargas de milho verde no período junino. Nos cinco perímetros do Governo do Estado onde se pratica a agricultura irrigada, 11,5 mil toneladas de milho em espiga foram produzidas em 2017.

Para o diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrícola da Cohidro, João Quintiliano da Fonseca Neto, a garantia de fornecimento de água para irrigação favorece a produção. “É possível produzir o ano inteiro nos perímetros irrigados, pois o sistema de irrigação só é desligado em dias de chuva ou no Dia do Rio, no caso do perímetro Califórnia, que é uma determinação da ANA (Agência Nacional de Águas) para a captação de água do Rio São Francisco, que deve ser interrompida toda quarta-feira. Dessa forma, os produtores podem assumir compromissos de fornecimento em qualquer época. Alguns fazem investimentos nos tratos culturais para obter boa produtividade e outros chegam a adquirir veículos, para eles mesmos transportarem sua produção até o mercado consumidor. Geralmente, Aracaju ou Salvador”.

Tomate
Foi notícia em janeiro, quando preço do tomate em Aracaju disparou alta de 39,16% na pesquisa do Dieese, que os agricultores irrigantes assistidos pela Cohidro estavam optando pelo cultivo do fruto, animados pela valorização que chegou a cotar a caixa de 30kg em R$ 100. No Perímetro Irrigado Piauí, 2017 fechou com a produção de 1,8 mil toneladas e entre janeiro e março deste ano, foram mais 56 toneladas. Tal aumento da oferta do produto no mercado sergipano, resultou em uma redução acumulada de 15,72% nos últimos dois meses.

Segundo gerente do Piauí, Gildo Almeida Lima, a produção tem se modernizando para atender a demanda e suplantar o inverno chuvoso, quando optam por não plantar tomate, devido a incidência de pragas. “O tomate tem dado mais certo aqui utilizando a irrigação por gotejo, só molhando a raiz da planta. Usando a fertirrigação, onde o adubo vai diluído na água e é quase totalmente absorvido pelo tomateiro. E ainda tem o uso de lona ‘mulching’, que retêm a evaporação da água e separa a planta e frutos do solo, evitando a incidência de moléstias e fungos”, relatou.

Jorge kleber Soares Lima, presidente em exercício da Cohidro, considera que a oferta regular de produtos dos perímetros irrigados administrados pela empresa, funciona como um agente regulador de preços. “Não só com o tomate, mas todo produto com viabilidade técnica para produzir nos lotes dos nossos irrigantes, vai sofrer a interferência no valor de mercado quando houver um aumento da produção. Se o preço de venda está alto, eles produzem mais, diminui o preço gradativamente e o custo final para o consumidor também cai”, argumentou. Para o diretor, essa relação só não vai ocorrem nos momentos em que os agricultores são afetados pelas grandes crises hídricas.

“A partir do resultado de Aracaju ter a segunda cesta básica mais barata do país, a tendência é de voltarmos a ter a cesta mais barata entre todas as capitais, como já ocorreu por cinco anos (2010-2015). Ciclo virtuoso somente interrompido pela grande seca de 2016 para 2017”, justificou Jorge Kleber. Segundo o presidente, embora a irrigação seja para manter a agricultura em atividade durante os períodos de estiagem, ela ainda vai depender das chuvas para a reposição dos reservatórios. “Se tivermos um período chuvoso com médias abaixo do normal, como ocorreu há dois anos, resultará em nossas barragens com pouca ou nenhuma água para irrigação, a exemplo do (Perímetro Irrigado) Jacarecica I (em Itabaiana), que parou por quase quatro meses no ano passado”.

Mandioca
Lagarto, onde está localizado o perímetro Piauí, já foi considerado pelo IBGE o município com a sétima maior produção de mandioca do Brasil. Dentro do polo irrigado essa grandiosidade se repete, com cerca de 20 casas de farinha em funcionamento para absorver a produção das nove localidades rurais abrangidas pela rede de distribuição de água da Cohidro. Favoreceu a queda de 19,27% no preço da farinha encontrada na capital sergipana, as 215 toneladas já produzidas neste ano só nesta área de atuação da companhia. Além da irrigação, o Governo do Estado fornece assistência técnica agrícola a estes produtores irrigantes.

Balde Cheio
Programa criado pela Embrapa de São Carlos-SP, consiste em um sistema de pastagens rotativas que depende inteiramente da irrigação por ter que, a cada 24 dias, repor o capim plantado no piquete irrigado e receber novamente o gado de leite, em um ciclo contínuo. A Cohidro implantou o Balde Cheio em todos os lotes irrigados em seu Perímetro Irrigado Jabiberi, em Tobias Barreto (123 km de Aracaju), em 2010. Lá, 45 pequenos pecuaristas produzem juntos uma média diária de 3,7 mil litros de leite, 73% a mais do que era gerado no início do projeto.

“Agora, estamos fazendo a transferência de tecnologia do Balde Cheio para o perímetro Califórnia, em Canindé. Lá, os irrigantes poderão optar por dedicar todo ou parte dos seus lotes irrigados para a produção de gado de leite. Além disso, todos os perímetros irrigados produzem algum material forrageiro, como os ramos da batata-doce, da mandioca, a manipueira (líquido excedente do beneficiamento da mandioca, na produção farinha ou fécula) e o milho verde, onde se usa o pé inteiro com as espigas ou a só a sua palhada. Tudo isso vai servir para a alimentação do gado de leite e, porque não, o de corte”, complementou o diretor João Fonseca. Para ele, a irrigação pública também vem por influir, indiretamente, na produção de carne vermelha, outro item da cesta básica pesquisada pelo Dieese, além do leite e da manteiga.

Banana
A bananeira requer, segundo o técnico agrícola da Cohidro em Lagarto, Marcos Emílio Almeida, uma média pluviométrica anual de 1.600mm, índice de precipitação que a maioria dos municípios sergipanos não possui. “São basicamente 5mm ao dia e então a irrigação vai suprir este déficit hídrico que a planta requer. Dessa forma, a produção plena da banana no estado requer água de irrigação”. O mesmo técnico acompanhou, ano passado, a introdução de um campo piloto da variedade ‘prata anã’ no perímetro Piauí. Hoje, o produtor tem dois mil pés em um hectare plantado e pretende agora ampliar o bananal em 30%, plantando a variedade ‘pacovan’.

“Rendeu bem a primeira colheita, mas tive que aumentar o número de microaspersores”, relatou o agricultor irrigante Rosendo José dos Santos, assistido no perímetro irrigado de Lagarto, constatando a necessidade de boa irrigação para produzir banana no município. “Se cuidar certinho, dura muito tempo. Adubou, tirou os (brotos) filhos, dura por tempo indeterminado”, conta ele sobre a sua experiência que já dura um ano e quatro meses. O sucesso do novo ‘bananicultor’, orientado pela Cohidro quanto à escolha de mudas certificadas, correção do solo, método de irrigação e manejo da cultura, vai influenciar os produtores vizinhos e bem logo, mais do fruto irrigado chegará ao mercado consumidor. Ficando assim, o produto, cada dia mais ‘a preço de banana’.

 

Balde Cheio é levado a Canindé pela Cohidro

Programa produz leite em sistema de rotação de pastagens irrigadas
Produção de leite é principal atividade rural do Alto Sertão Sergipano – Foto Fernando Augusto (Ascom Cohidro)

Era junho de 2017, quando a gerência, técnicos agrícolas e agricultores irrigantes do Perímetro Irrigado Califórnia, em Canindé de São Francisco, foram até a unidade congênere do Jabiberi, em Tobias Barreto, conhecer o programa ‘Balde Cheio’ de produção de leite introduzido lá pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), empresa que administra ambos polos irrigados. Depois disso, vários passos foram dados para que a transferência de tecnologia do sistema se tornasse realidade. No Alto Sertão foi criado um projeto piloto para os 13 novos micro-pecuaristas repliquem e organizem seus próprios piquetes, pasto e melhorem seus rebanhos.

Idas periódicas do técnico agrícola da Cohidro, José Reis Coelho, para Canindé (Alto Sertão Sergipano, há 213 Km da Capital) têm promovido a inserção do programa no perímetro Califórnia. Ele trabalhou na implantação do ‘Balde cheio’ no perímetro de Tobias Barreto (Centro Sul Sergipano, 123 km de Aracaju) em 2010 e acompanhou todo seu desenvolvimento até hoje, quando os 45 pequenos pecuaristas do Jabiberi produzem juntos uma média diária de 3,7 mil litros de leite, 73% a mais do que era gerado no início do programa.

“Tenho ministrado aulas, com teoria e prática, para os técnicos, estagiários e produtores do perímetro Califórnia. A parte mais teórica com os técnicos e a prática, como instalar uma cerca elétrica, com os produtores e técnicos. Que fazem parte da metodologia do ‘Balde Cheio’”, revelou Coelho. O técnico também expõe que a Cohidro está custeando a unidade piloto e elaborando os projetos de irrigação para os demais irrigantes interessados. “Os agricultores participantes, inicialmente visitados, são 13. Com estes, ficou certo de iniciar a elaboração de projetos para os interessados e a implantação de nova área para um produtor com recursos próprios”.

O ‘Balde Cheio’ consiste na criação de gado de leite em pequenos piquetes, onde estão plantados uma área de capim suficiente para que aquele rebanho se alimente durante um dia. No dia seguinte, os animais deixam aquele setor já ‘pastado’ e seguem para o seguinte. Em um ciclo que dura, a depender do projeto, cerca de 24 dias, a pastagem recebe irrigação contínua e adubação para rebrotar e estar pronta para novamente receber as vacas após elas terem percorrido todas estas divisórias, geralmente divididas por cercas de somente um fio de arame eletrificado.

Diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrícola da Cohidro, João Quintiliano da Fonseca Neto também acompanha o ‘Balde Cheio’ desde o começo no perímetro de Tobias Barreto. “É um programa criado pela Embrapa Pecuária Sudeste. Fomos lá em São Carlos (SP) ver de perto como ele era feito, a forma de manejo, a melhor escolha para os rebanhos e de que forma poderíamos adaptá-lo à realidade do clima do Centro Sul Sergipano, onde fica o Jabiberi. Agora é um novo desafio que a gerência do Califórnia e a empresa, por solicitação dos pecuaristas, abraçou. Se trata de um clima mais quente, seco, com excelente luminosidade e aliados a irrigação o que favorecem ao projeto. A ideia também é de aproveitar a vocação desses produtores e melhorar sua condição de produzir em pequenas áreas, além de diversificar a produção no perímetro irrigado”, considerou.

Diversificação
Eliane de Moura Moraes é gerente do Califórnia é uma das incentivadoras para que o ‘Balde Cheio’ tenha chegado em Canindé. Segundo ela, a motivação é criar mais uma alternativa de renda a partir do uso da irrigação. “Há um ano abrigamos um projeto de transferência de tecnologia da Embrapa Semiárido (Pretrolina-PE), criando dois campos experimentais de uva que produziram comercialmente bem em dezembro e o mesmo está acontecendo com a pera agora. Com o ‘Balde Cheio’, o produtor vai diversificar, vai ter a parte agrícola e a parte pecuária. Assim, eles dispõem de oferta de produtos diferentes do quiabo e da goiaba, cultivos mais explorados aqui, ganhando outros espaços no mercado e de menos concorrência”, acredita.

O presidente em exercício da Cohidro, Jorge Kleber Soares Lima lembra que a produção de leite já é a principal atividade rural do Alto Sertão Sergipano. “Onde não há irrigação e todos os pecuaristas dependem só da chuva para plantar o alimento do gado, eles já despontam com alta produtividade, atendendo laticínios e pequenas fábricas de queijo na região. Contando com a irrigação que a empresa fornece e com o programa ‘Balde Cheio’, a chance desses produtores terem sucesso é muito maior. Principalmente porque vão criar gado de leite em áreas muito menores e com grande produção de forragens. O que na pecuária extensiva fica mais difícil, principalmente naquela região”, avaliou.

Geraldo Mariano de Souza é produtor irrigante no Califórnia e já criava gado de leite de forma extensiva, em área de sequeiro. Com poucos dias já vê diferença na produção de leite na unidade piloto do Balde Cheio implantada em parte de seu lote, utilizando 1 hectare do total de 4. “Sim, está aumentando, porque apartou duas vacas e as que ficaram está mantendo mais leite que as seis. Era 40 litros, hoje tiro 80 ao dia”. Ele agora está procurando financiamento para aumentar o rebanho que hoje é de 10 animais: cinco vacas dando leite, quatro “solteiras” e um boi. “Vou fazer um empréstimo, vou trazer umas melhores, que deem mais leite. Quero ver se fico com 15, porque se ficar com 10, quando tiver apartada, eu não vou ter nada. Quero comprar outras vacas e descartar essas, fazer um negócio direito e organizado”.

Projeto
A Cohidro já levou às reuniões com os produtores, agentes de crédito do Banco do Nordeste (BNB) para tratar do financiamento das novas unidades do ‘Balde Cheio’. Em 2010, no Jabiberi, o Banco do Brasil com intermediação do Sebrae, financiou o investimento em equipamentos de irrigação e formação dos rebanhos, naquele polo irrigado onde só era praticada a agricultura usando irrigação por inundação. Mas para captar os empréstimos, cada produtor vai ter de contar com um plano de ação que enumere em que e quanto irá gastar. O engenheiro agrônomo e mestre em Irrigação da Cohidro, Luiz Gonzaga Luna Reis, também tem ido periodicamente à Canindé fazer projetos para as novas unidades do programa e ensinar os colegas locais à fazê-los também.

“A minha intenção é deixá-los prontos, inclusive com auxílio de um GPS, para levantar as áreas de campo, determinar a vazão do manancial a ser usado para irrigação e em cima disso, fazer um projeto completo de irrigação. Além das capacitações aos técnicos e estagiários em Agropecuária, o engenheiro agrônomo vai à campo fazer testes com a vazão que a água da irrigação chega em cada lote e então planejar os sistemas. “Para fazer uma coisa coerente com o que está acontecendo em campo. Diante disso aí, eu faço o projeto com mais segurança, coerente com o que está acontecendo na prática, me baseando na especificação do fabricante do aspersor”, completou.

Aprendizado
Turmas de estudantes do curso técnico em Agropecuária do Centro Estadual de Educação Profissional (CEEP) ‘Dom José Brandão de Castro’, situado no município vizinho de Poço Redondo, tem feito seus estágios curriculares no perímetro Califórnia. A cada visita do agrônomo Luiz Gonzaga, ou do técnico José Coelho, é uma nova lição de aprendizagem. Geovani Santana e seus colegas se preparam para logo entrarem no mercado do trabalho levando na bagagem o conhecimento com o ‘Balde Cheio’ para aplicar tanto no polo irrigado quanto em outras fazendas com acesso à água para irrigação.

“Para nosso conhecimento aqui em nossa região é de grande importância, porque nós trabalhamos em uma área de irrigação e nós, como estagiários, podemos nos inserir de acordo com o que nós aprendemos na nossa escola, no nosso curso, através dos técnicos da Cohidro. Nos adaptar melhor, conhecer os cálculos, formar um conhecimento maior em relação a implantação do processo de produção e de manejo de animais. Porque aqui faz parte do manejo, vai trabalhar com piquetes e esses piquetes, a gente vai fazer uma rotação de pastejo. E dentro dessa rotação é necessário que nós tenhamos um nível de irrigação melhor, que ele tenha uma vazão melhor para que os piquetes possam dar dentro do período de rotação e chegar ao seu nível de tamanho do capim”, explicou o agrotecnolando Geovani Santana.

 

Reunião e prática de campo aceleram implantação do Balde Cheio em Canindé

Quarta-feira, 21, em reunião no Perímetro Irrigado Califórnia agricultores irritantes, gerência do perímetro, técnicos da Cohidro e estagiários, debateram os passos seguintes para a implementação do programa Balde Cheio de produção de leite em Canindé de São Francisco.

Representou o Perímetro Irrigado Jabiberi, em Tobias Barreto, o técnico agrícola da Cohidro José Reis Coelho. Lá o Balde Cheio foi implantado com sucesso em 2010 e agora ocorre um processo de transferência de tecnologia para o Califórnia, a fim de propor mais um meio de geração de renda aos agricultores assistidos pela irrigação da Cohidro.

Na quinta-feira, os técnicos agrícolas da em Canindé, Antônio Roberto Ramos, José Coelho e Edmilson, realizaram atividades de campo desenvolvidas no lote  4SO, do Setor 06, do agricultor Everaldo Mariano. A intenção era a adaptação da pastagem iniciada pelo produtor, ao sistema de piquetes do Balde Cheio, com a instalação de cerca de arame eletrificada.

Última atualização: 6 de maio de 2021 19:03.

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