Cohidro estima que produção de milho verde pode superar 2,4 milhões de espigas em perímetros no período junino

Com procura reduzida durante pandemia, agricultores destacam outras finalidades para o produto

[foto: Fernando Augusto]
No São João de 2020, é esperada a colheita de 2.440.000 espigas de milho verde, nos perímetros irrigados do governo estadual, gerenciados pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro). Iniciada em maio, a colheita dos lotes que recebem abastecimento de água pela companhia irá até o final de junho. A expectativa de colheita se equipara a do ano anterior, que contabilizou a produção de 2.480.000 espigas de milho, em meio ao prolongado período de estiagem que comprometeu a capacidade hídrica de barragens e a irrigação dos lotes. Neste ano, a grande produção de milho contrasta com a redução da procura pelo produto, em razão do isolamento social para enfrentamento à pandemia de Covid-19. Mas isso não desanima os irrigantes.

O produtor rural Ozeias Beserra, por exemplo, possui lote no Perímetro Irrigado Califórnia, em Canindé de São Francisco. Ele tem 0,5 hectares plantados em duas áreas, de onde poderão ser colhidas, na semana de São João, cerca de 10 mil espigas. “Tem muito milho plantado e, pelo que estou vendo, será difícil para vender. Mas, não tomo prejuízo, porque aqui o milho que plantamos fica também para os animais, serve de ração. Uma parte que seca vai para as galinhas, e das palhas do milho a gente faz o ‘rolão’. Da palhagem mais verdosa, faz silagem. Este ano, ainda quero plantar umas quatro roças de milho, porque participo do projeto do PAA (Programa Aquisição de Alimentos)”, disse o produtor rural. No Califórnia, em todos os lotes, é aguardada a colheita de 960.000 espigas.

A Cohidro administra os perímetros estaduais, fornecendo aos produtores irrigação, assistência técnica rural e assessoria em agronegócio. O diretor-presidente da companhia, Paulo Sobral, destaca que os projetos das associações de produtores junto ao Programa Aquisição de Alimentos (PAA), aprovados em 2019, começaram a ser pagos e, no período de um ano, movimentarão cerca de meio milhão de reais nos perímetros. “Vem em boa hora a notícia de que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que administra o PAA, está liberando os pagamentos para a compra da produção dos 59 irrigantes cadastrados. Essa venda pública ajuda o produtor rural, com dificuldade de vender em meio à pandemia. Como é na modalidade ‘doação simultânea’, mais de 150 toneladas de alimentos serão doadas para entidades que atendem cerca de 6,6 mil pessoas em vulnerabilidade social, situação também agravada pelo isolamento social provocado pelo coronavírus”, explica o diretor.

A produção de milho gera outros benefícios ao agricultor por ser um alimento com múltiplos usos, reforça o diretor de Irrigação e Desenvolvimento Rural da Cohidro, João Fonseca. “O milho verde é tradicional no período junino e quase a totalidade dos lotes dos perímetros irrigados aumentam suas áreas visando à comercialização da espiga neste período. O excedente é comercializado para produção de silagem, principalmente para o rebanho leiteiro, e também vira milho em grão, que gera maior integração irrigado-sequeiro”. O perímetro irrigado que menos sentiu a situação de emergência da pandemia foi o Piauí, em Lagarto. Lá, são esperadas 840 mil espigas colhidas no período junino. “Neste perímetro, muitos que não viram futuro no milho verde para o São João, por causa do isolamento social, estão migrando para produção do milho em grão, que está com preço bom, em média R$ 50 a saca”, acrescenta o diretor.

O produtor rural Genivaldo de Azevedo é irrigante no perímetro Piauí, em Lagarto, e afirma que o milho verde tem procura o ano todo. “Está sendo o ponto forte aqui. O coronavírus, infelizmente, está judiando a gente. Nós até pensávamos que não iria vender, por conta dessa doença triste, mas a procura até que está boa”, considerou o agricultor, que tem vendido a unidade da espiga entre R$0,40 e R$0,50. “A Cohidro nos dá assistência aqui o ano inteiro, com abastecimento de água e com os técnicos, que acompanham a gente. Temos um gerente do perímetro (Gildo Almeida) que dá todo o suporte aos agricultores, incentivando, correndo atrás de projetos, dando assistência técnica. Graças a Deus, só temos a agradecer”, pontua o agricultor.

Agricultores irrigantes de Lagarto recebem tratores e kits de irrigação que consomem menos água

Equipamentos foram adquiridos através de emenda parlamentar de Fábio Reis executada pela Codevasf, e chegam ao perímetro irrigado gerenciado pela Cohidro
Foto: arquivo pessoal

A chegada de dois tratores com arado, grade niveladora e carreta agrícola no Perímetro Irrigado Piauí, em Lagarto, tornou a produção de alimentos mais proveitosa para os agricultores da região. Juntamente com 15 kits de irrigação por gotejo, que possuem tecnologia que economiza água, a entrega dos tratores aconteceu na sexta-feira (15) e beneficia duas associações, que somam cerca de 320 produtores atendidos pela irrigação e assistência técnica da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe – Cohidro. Com investimento total de R$ 397 mil, provenientes de emenda parlamentar do deputado federal Fábio Reis, a aquisição foi feita através da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba – Codevasf.

Os tratores e os equipamentos auxiliares, que cada associação recebeu, eliminam o custo que os agricultores familiares tinham com a locação deste tipo de máquina de terceiros, conforme reforça o presidente da Associação de Produtores do Perímetro Irrigado Piauí – APPIP, Antônio Cirilo. “Esse trator turbinado e ‘cabinado’ é de grande importância para nós agricultores, é um sonho de muitos anos e que hoje está sendo realizado. Será um diferencial para que os agricultores possam produzir com um custo bem mais barato. É um momento de muita alegria e satisfação, para que possamos atender a toda nossa população da agricultura. Fico muito feliz nesse momento, só temos que agradecer”.

Para o gerente do perímetro Piauí, Gildo Almeida, os equipamentos adquiridos trazem um incentivo à produção agrícola em momento em que o escoamento está prejudicado pela pandemia do coronavírus. “Esses implementos são necessários ao preparo da terra e servem no plantio e na colheita. É mais um motivo para os produtores plantarem. Eles já recebem água diariamente em seus lotes (fornecida pela rede de tubulações e estações de bombeamento da Cohidro) e têm a assistência feita pelos nossos técnicos agrícolas. Um detalhe importante é que esses kits de irrigação doados usam a tecnologia das mangueiras de gotejamento que, comparadas com os aspersores convencionais, consomem menos água para irrigar a mesma área. Isso elimina desperdícios e preserva a nossa barragem, que é compartilhada com a distribuição de água potável da Deso”, destacou.

A associação de agricultores do povoado Mariquita, também em Lagarto, recebeu os mesmos implementos agrícolas, na sexta-feira. Em suas redes sociais, o deputado Fábio Reis afirmou que as máquinas chegaram em momento propício para o plantio e que já estão trabalhando no campo. “Mais um dia de muita conquista, de muito trabalho. Os equipamentos chegam em uma boa hora, quando o nosso inverno está próximo, pois este é o momento de agricultores prepararem sua terra, fazer o seu plantio para no futuro colherem a sua produção, sustento de sua família. Hoje, estamos entregando para a APPIP e associação do povoado Mariquita, e na semana que vem entregaremos para o do povoado Brejo, também em Lagarto”, informou o parlamentar. Também é prevista a entrega desses equipamentos para associações de agricultores de outros municípios.

Nesta semana, será a vez do Movimento Associativista do Brejo, em Lagarto, receber o trator e implementos. A associação APPIP e o Movimento Associativista do Brejo são entidades ativas, formadas por irrigantes do perímetro Piauí e que participam, desde 2010, do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), na modalidade ‘doação simultânea’. Nesse sistema de compra da produção rural, a companhia federal remunera os agricultores familiares à cada entrega quinzenal de alimentos, que são convertidos em doações para entidades beneficentes ou de serviço social, como asilos, creches, hospitais e Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) dos municípios. A Cohidro, através de sua Gerência de Agronegócios, auxilia a montagem dos projetos-proposta das associações e ajuda os produtores na prestação de contas ao programa, complementando a irrigação pública e a assistência técnica agrícola prestadas.

 

 

[perfil] Agricultor irrigante Nilson dá lição de alta produtividade em pequeno espaço

Dos restos e perdas da horta, produtor do Perímetro Irrigado Piauí, em Lagarto, ainda mantém criação de 100 galinhas em parceria com o sogro

Nilson Araújo [Foto: Gabriel Freitas]
Agricultor do Perímetro Irrigado Piauí, Nilson Araújo trabalha há 22 anos no seu próprio lote, completamente cultivado com verduras, legumes e frutas mantidas com a água de irrigação pública e sob a orientação técnica da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe – Cohidro. Pelo aproveitamento de 100% de sua área e utilizando técnicas como a fertirrigação e o sistema de gotejamento, o produtor consegue o sustento de sua família – ele, esposa e dois filhos – com a comercialização destes produtos. Todos eles residem junto ao lote, no povoado Limoeiro, município de Lagarto, a 76 km da capital sergipana.

A rotina intensa de trabalho de Nilson vai de domingo a domingo: plantando, cultivando, colhendo e fazendo a entrega, ou recebendo os próprios compradores para colher os frutos na sua propriedade. “Hoje o que eu produzo, vendo direto para o comprador”, conta. A freguesia ele viu crescer após a inauguração do Mercado Municipal José Correa Sobrinho, entregue pelo governo do Estado à população de Lagarto em 2016. Hoje, a comercialização da sua produção é exclusiva para os varejistas do setor de hortifruti do mercado público. Tudo que não se tem aproveitamento na venda [cascas, folhas, caules, ramas e perdas da horta], o agricultor destina integralmente à criação de cerca de 100 galinhas caipiras, mantidas no lote do sogro.

Nilson possui 0,66 hectares de terra irrigada que, segundo ele, “tem de tudo um pouco: tomate, brócolis, berinjela, abobrinha, jiló, quiabo, pepino, mamão e macaxeira”. Para o agricultor, essa plantação variada foi uma aposta proveitosa, quando comparada aos investimentos que ele havia feito anteriormente. “Eu deixei de plantar o fumo porque não era rentável, então achei melhor plantar de tudo um pouquinho para aproveitar mais. Se eu fosse produzir só um plantio poderia tomar mais prejuízo”, justifica. Tirando a macaxeira, o produtor escolheu espécies vegetais que permitem o aproveitamento de uma mesma planta para executar diversas colheitas semanais e por um período contínuo, que pode chegar a três meses. Isso lhe garante uma propriedade onde praticamente todo dia tem algum produto para colher.

José Américo é o técnico agrícola da Cohidro que dá orientação no cultivo do lote de seu Nilson. “Eu acompanho Nilson há mais de 15 anos. Acompanho com recomendações técnicas e, quando ele precisa de mais alguma coisa, como um receituário agronômico para uso de defensivos agrícolas ou documentação relacionada ao perímetro irrigado”. O técnico conta que Nilson também já atuou como produtor fornecedor no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), na modalidade ‘Doação Simultânea’. O agricultor e os demais sócios da Associação de Produtores Irrigantes do Perímetro Irrigado Piauí – Appip recebem da Conab pelos alimentos entregues para instituições como asilos, creches, hospitais ou que atendem pessoas em situação de insegurança alimentar.

“A Cohidro está de parabéns, pela orientação e ajuda. Sempre que a gente precisa eles (os técnicos) estão junto, auxiliando”, disse o agricultor, que passou a pagar a tarifa através da qual a Cohidro partilha com os irrigantes o custo com a energia elétrica usada no bombeamento. Nilson também não descuida e sempre busca se adaptar às novas tecnologias utilizadas no campo. Há quatro anos, a irrigação do seu lote é feita por sistema de mangueiras de gotejamento e, de acordo com ele, ficou ainda mais fácil e melhor para o cultivo das suas produções. “Já utilizei a irrigação de outras formas, mas a irrigação feita por cima, com aspersores, dá mais trabalho. Tenho ainda a fertirrigação, mas ela só é usada no quiabo”, concluiu.

Projetos de irrigantes lideram ranking estadual e aguardam recurso do Programa de Aquisição de Alimentos

Quatro projetos de perímetros da Cohidro devem receber quase R$ 500 mil do governo Federal, através da Conab

Quatro projetos de perímetros da Cohidro devem receber quase R$ 500 mil do governo Federal, através da Conab [Foto: Ariel Carmo]
Dois projetos de agricultores irrigantes dos perímetros irrigados estaduais, apresentados ao Programa de Aquisição de Alimentos – PAA da Conab na modalidade ‘doação simultânea’, lideram o ranqueamento do programa federal em Sergipe. Ao todo, quatro propostas apresentadas pelos produtores assessorados pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e irrigação de Sergipe (Cohidro) estão entre os 13 melhores colocados, do total de 20 classificados em todo o estado. A partir da liberação do recurso pelo Governo Federal [na ordem de R$ 471.881,60], os 59 irrigantes desses quatro projetos, assistidos pela Cohidro, terão o compromisso de fazer a entrega, ao longo de um ano, de cerca de 150 toneladas de alimentos a entidades sergipanas que assistem a 6.590 pessoas em situação de insegurança alimentar.

Além de fornecer irrigação e assistência técnica rural, desde 2008 a Cohidro presta assessoramento às associações e cooperativas que reúnem centenas de agricultores dos perímetros. Em valores atualizados, cerca de R$ 13 milhões já foram pagos pelo PAA à produção agrícola dos irrigantes, que forneceram quase 4 mil toneladas de alimentos a 143.811 beneficiários. Segundo o gerente de Agronegócios da Cohidro, Sandro Prata, após serem cadastrados, os quatro novos projetos ficaram aptos a participar da presente edição programa e, agora, aguardam a liberação dos recursos federais para que seja feita a primeira entrega.

“Uma vez liberado pela Conab, o recurso fica em uma conta bancária da associação ou cooperativa e é desbloqueado assim que a entidade receptora informa a entrega, na quantidade e qualidade aprovadas no projeto. A expectativa é que sejam liberados ainda este ano, os recursos das propostas de Sergipe classificadas no ranqueamento”, explicou Sandro Prata. O técnico da Cohidro orientou as associações e cooperativas dos perímetros a montar projetos que atendessem o maior número de critérios possíveis e em seus percentuais máximos.

“Entre os critérios do ranqueamento, estão a participação de mulheres produtoras rurais, de assentados de projetos de reforma agrária e de comunidades tradicionais; o nível de vulnerabilidade do município receptor dos alimentos no Mapa de Insegurança Alimentar e Nutricional; e o valor da proposta de entrega de alimentos. Como os projetos inferiores a R$ 80 mil obtêm 10 pontos no ranking, os nossos projetos tiveram nota máxima”, acrescenta Sandro. Ainda segundo o técnico da Cohidro, são critérios de desempate o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), o menor valor per capita dos fornecedores e o envio das propostas de participação no sistema online do PAA.

Na avaliação do presidente da Cohidro, Paulo Sobral, as propostas dos irrigantes têm, ainda, a vantagem estratégica de contar com a irrigação pública, que compensa os períodos de estiagem. “Esses agricultores podem produzir e colher alimentos o ano todo e, assim, conseguem atender o perfeitamente à obrigação de fornecer os alimentos em regime de ‘doação simultânea’ no período. É um projeto exemplar. Comemoramos muito o Governo Federal ter dado continuidade, porque beneficia o pequeno agricultor – que tem a garantia de compra de sua produção a preços justos e tabelados, sem interferência dos preços de mercado. Ao mesmo tempo, ajuda pessoas carentes e instituições beneficentes”, destacou.

Projetos
São de Canindé de São Francisco os dois projetos que lideram o ranqueamento do PAA/2019 em Sergipe. Pela proposta dos 16 agricultores que fazem parte Cooperativa de Fomento Rural e Comercialização do Perímetro Irrigado Califórnia – Coofrucal, o programa pagará R$ 127.988,90 pelo fornecimento de 44.190 kg de alimentos, que irão beneficiar 1.580 pessoas atendidas pelo Centro de Referência de Assistência Social – CRAS do município. Levi Ribeiro, presidente da Cofrucal, afirma que a cooperativa está a postos, aguardando apenas a liberação dos recursos. “Estamos preparados. Já participamos do PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) por três anos consecutivos e temos produção suficiente de macaxeira e inhame, por exemplo, que já poderíamos entregar hoje mesmo ao PAA. Os agricultores do projeto estão todos inscritos, com as certidões em dia, só esperando começar”.

Também do Perímetro Irrigado Califórnia, a Associação dos Agricultores de Canindé de São Francisco – ASSAI vai beneficiar 1.580 pessoas com a entrega de alimentos ao Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS de Canindé. No perímetro da Ribeira, em Itabaiana, a Associação dos Produtores Rurais da Comunidade Lagoa do Forno vai entregar alimentos para o consumo de 1.900 pessoas assistidas pelo Fundo Municipal de Assistência Social de Pedra Mole. Já no Perímetro Piauí, em Lagarto, o Movimento Associativista do Brejo entregará alimentos ao Centro Comunitário Sociocultural de Barra dos Coqueiros, que assiste a 1.530 pessoas.

PAA – Doação Simultânea
Na modalidade Compra com Doação Simultânea, o Programa de Aquisição de Alimentos promove a articulação entre a produção da agricultura familiar e as demandas locais de suplementação alimentar, além do desenvolvimento da economia local. Os produtos adquiridos dos agricultores familiares são doados às pessoas em insegurança alimentar, por meio da rede socioassistencial ou de equipamentos públicos de segurança alimentar, bem como da rede pública e filantrópica de ensino. O programa permite a aquisição de alimentos in natura ou processados e o fornecimento de produtos orgânicos é privilegiado, sendo possível incluir até 30% a mais do que o valor pago para o alimento convencional. Para participar da modalidade, os agricultores devem estar organizados em associações ou cooperativas, e possuir a Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP).

Em visita a perímetros irrigados no Alto Sertão, ministra Tereza Cristina recebe demandas dos agricultores

Acompanhada do secretário André Bomfim, ministra garantiu a retomada da liberação de recursos do PAA para Sergipe e a reestruturação de perímetros federais

Além de participar da ExpoRingo 2019, a ministra da Agricultura Tereza Cristina aproveitou a passagem por Sergipe para ir aos municípios de Canindé de São Francisco e Poço Redondo, no Alto Sertão Sergipano, onde visitou o perímetro irrigado mantido pelo Incra e pela Codevasf, Jacaré-Curituba – que também é o maior assentamento de reforma agrária em perímetro irrigado da América Latina. Acompanhada pelo secretário de Estado da Agricultura, André Bomfim, ela conheceu a cooperativa do projeto, bem como a do Perímetro Irrigado Califórnia, administrado pelo Governo do Estado; além de uma Unidade de Recuperação de Áreas Degradadas (Urad).

A visita técnica da Ministra teve o intuito de apurar se as políticas públicas pensadas pelo governo Federal para o Nordeste atendem às necessidades dos produtores. O secretário André Bonfim avaliou positivamente a iniciativa, sobretudo porque ela indicou prioridade para a agricultura familiar, no sentido do incremento à assistência técnica rural e à desburocratização do acesso ao crédito. “A ministra também mencionou a importância do crédito fundiário, enquanto via de acesso à terra, e da regularização fundiária, para dar segurança jurídica aos agricultores e a possibilidade de acesso aos créditos rurais”, analisou André Bonfim.

PAA
Gerido pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) não liberou recursos, em 2018, para as propostas de agricultores de todo estado, já aceitas na modalidade Doação Simultânea. Esse foi o assunto de outra parada na visita ministerial ao Alto Sertão. De volta a Canindé, Tereza Cristina ouviu as considerações de Levi Alves Ribeiro, presidente da Cooperativa de Fomento e Comercialização do Perímetro Irrigado Califórnia (Coofrucal), no pólo de irrigação do governo de Sergipe, administrado pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro).

“Temos, hoje, um quadro social de 57 produtores da agricultura familiar, temos duas associações agregadas à nossa cooperativa, que têm apresentado produtos diferenciados: o pão de mel, o bolo bacia e o mel; mas até agora, nós só conseguimos atender 36 agricultores, participando em um projeto do PAA de 2017, no valor de R$ 192 mil. No ano passado, fizemos dois projetos que foram aceitos, de R$ 127 mil e R$ 220 mil, no entanto, ficaram parados por falta de recursos. Portanto, reivindicamos a liberação, para que possamos retomar esses projetos”, pediu Levi Alves à ministra.

Na modalidade Doação Simultânea, o PAA compra a produção do agricultor familiar durante um período, com entregas regulares de alimentos aos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), para distribuição in natura às famílias em situação de insegurança alimentar, ou instituições como creches, orfanatos, asilos e hospitais, para o preparo das refeições. “Esse programa não acabou e nem vai acabar. Nós temos menos de 90 dias de governo, estamos ajustando, mas os bons programas vão continuar. Se ele é bom, traz renda, é prioridade. Fiquem com seus documentos, com as suas associações em ordem, que vocês voltarão a participar dos projetos”, garantiu Tereza Cristina.

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Fonte: Agência Sergipe de Notícias

Agricultores reorganizam cooperativa do perímetro da Cohidro em Canindé

Cooperados já fornecem alimento à doação simultânea e para a merenda escolar do município. Eles agora despertam o interesse da indústria de beneficiamento.

                                                                                                                                                     

Sidrack e seus colegas cooperados promovem a divulgação dos produtos que eles colhem nos lotes irrigados no perímetro da Cohidro em Canindé – foto arquivo pessoal

Cooperativismo ressurge no Perímetro Irrigado Califórnia, em Canindé de São Francisco (SE) e se torna corriqueiro dos produtores venderem a produção e comprar insumos em conjunto. O incentivo da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), para que o grupo participasse de programas públicos de aquisição de alimentos da Agricultura Familiar e de contratos com grandes indústrias compradoras, promoveu a organização e reestruturação da Cooperativa de Fomento Rural e Comercialização do Perímetro Irrigado Califórnia Ltda. (Coofrucal).

A Coofrucal surgiu em 1999 e como sua razão social diz, é formada por produtores irrigantes atendidos pela irrigação pública fornecida pelo Governo do Estado, através da Cohidro e tem sua sede social construída em área cedida pela estatal. Depois de passar um extenso período de inatividade, por conta da desmotivação dos agricultores, há cerca de 2 anos e depois que Levi Alves Ribeiro (Sidrack) se tornou presidente, a cooperativa teve suas atividades retomadas. Reformou a sede e seus membros voltaram a comercializar de forma coletiva

“Temos hoje 57 Cooperados, mas que estão produzindo e vendendo são aproximadamente 30 produtores. Pretendemos beneficiar uma maior quantidade de produtores rurais da nossa Cooperativa”, explicou Sidrack. Essa produção dos cooperados será parte destinada à entrega para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), mantido e financiado nacionalmente pela Conab, e outra para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação do Ministério da Educação (FNDE-MEC).

Desde 2008 a Cohidro disponibiliza seus técnicos e infraestrutura para auxiliar as associações e cooperativas fundadas em seus perímetros irrigados, no que tange a formalização dessas entidades e no ato de elaborar os projetos para participar do PAA. Sandro Luiz Prata, gerente de Agronegócios da companhia, está à frente deste trabalho e expõem que em 10 anos foram 1.461 participações destes irrigantes em 40 projetos, da mesma forma que totalizam 131.731 pessoas listadas como beneficiadas com alimentos, que somaram 3.636.832 quilos plantados e colhidos em quatro dos seis polos de irrigação pública do Estado e que gerou de renda bruta ao produtor R$ 10.880.003,47, em valores corrigidos pelo IGP-M.

Diretor-presidente da Cohidro, Carlos Fernandes de Melo Neto considera fundamental o associativismo e o cooperativismo para que os agricultores irrigantes progridam em suas áreas agrícolas. “Nesses 30 anos recebendo o benefício da água de irrigação fornecida pelo Governo do Estado, o natural é encontrarmos a organização estabelecida de grupos como a Coofrucal, colaborando entre si para que todos possam ganhar mais e ter menos custos para a produção. A nossa empresa, ao sugerir a participação em projetos como o PAA e PNAE, está incentivando eles a se organizarem e fortalecerem esses grupos. Quando não for possível a cooperativa, as associações de produtores. Isso os torna mais independentes dos órgãos estaduais e preparados para desafios maiores”, analisa.

“A Cohidro ao longo dos anos tem dado a maior contribuição para o fortalecimento do Cooperativismo aqui em Canindé. Inclusive, à sede da cooperativa foi cedida pela empresa. Dá apoio técnico e até transporte, quando solicitado”, assinalou Levi Alves. Hoje, seu grupo aguarda liberação da Conab para que eles façam a entrega de 67.432 quilos de alimentos ao PAA, para beneficiar 1.500 pessoas em situação de insegurança alimentar, beneficiando também 25 cooperados, remunerados de R$ 200 mil. Para Sidrack, a cooperação da companhia com a Coofrucal é essencial para dar continuidade a esses projetos atuais e os futuros.

Industrialização

Levi Alves é presidente da Coofrucal, viticultor e produtor irrigante que sempre recebe turmas de estudantes em seu lote – Foto Andrea Santtos (Cohidro-Califórnia)

“Precisamos sempre dessa parceria com a empresa Cohidro, para que possamos em um futuro próximo ter a capacidade de produzirmos nossa poupa de frutas, sucos, etc. Objetivando maior valor à produção do produtor rural”, avalia Levi Alves. Ele é um dos dois produtores irrigantes que abrigam campos experimentais de uva em seus lotes, no convênio entre Cohidro e Embrapa no perímetro Califórnia. Já partindo para a terceira colheita comercial do fruto, Sidrack acredita que em breve outros produtores devam aderir ao plantio e haverá muita produção para a cooperativa beneficiar. Sem falar da produção de outros frutos como a acerola, a manga, a goiaba e o maracujá, que também é forte e pode entrar na linha de produtos oferecidos pela Coofrucal.

Nos dias 18 e 19 de setembro o Califórnia recebeu visita da Indústria Duas Rodas, multinacional brasileira que tem uma unidade fabril em Estância (SE) e produz ingredientes empregados na produção de diversos alimentos, como sorvetes, biscoitos e doces. “Foi a nossa sucessiva produção de frutíferas a partir da irrigação fornecida pelo Governo do Estado, que despertou o interesse da indústria, que tem intenção de comprar a produção local de acerola”, explica a gerente do perímetro, Eliane Moraes.

Para que o negócio dê certo, os produtores terão que adotar o não-uso de defensivos químicos  nas plantas e a colheita será feita com os frutos ainda verdes. Vai intermediar todo o processo, além da assistência da Cohidro, a Coofrucal. “No primeiro dia tivemos reuniões com o representante da indústria, o Emerson, com os agricultores irrigantes da cooperativa e os técnicos da Cohidro, para explicar o projeto. Já no segundo, teve a visitação aos pomares”, relata Eliane.

Alimentação escolar

Esses cooperados já fazem o beneficiamento artesanal de alguns artigos para a comercialização coletiva, como a fabricação de bolos, pão de mel e o próprio mel líquido, extraído de colmeias instaladas também no perímetro Califórnia. Isso porque em maio, a Coofrucal disputou e foi selecionada na chamada pública para a aquisição de gêneros alimentícios da Agricultura Familiar do PNAE, para fornecer à rede pública municipal de educação de Canindé durante o ano letivo de 2018. Segundo Sidrack, o valor estipulado pelo processo licitatório é de R$ 567.849,83, disponível para remunerar os produtores pelo fornecimento desses produtos processados e alimentos in natura, como melancia (60.750 quilos), batata-doce (10.990), tomate (4.380) e cenoura (2.730).

João Quintiliano da Fonseca Neto, diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrícola da Cohidro, condiciona a valorização dos produtos dos perímetros irrigados à organização dos seus agricultores. “Participando de chamadas públicas e de projetos da Conab, eles conseguem preços de venda superiores aos que eles recebem de oferta nos lotes, vendendo para os intermediários. Com o tempo, uma cooperativa ou associação forte, vai poder negociar os produtos diretamente com o comércio varejista, agregando mais valor ao produto quando entregue direto no ponto de venda ou revenda”, sugere.

 

Assistidos pela Cohidro propõem mais 354,2 ton. de alimentos à ‘Doação Simultânea’

Propostas de 2018 sendo aceitas pela Conab, PAA via Cohidro superará os R$ 11 milhões pagos aos irrigantes e doará quase 4 mil toneladas de alimentos à mais de 144 mil pessoas.

 

Doação de alimentos in natura é feita às famílias cadastradas pelo Cras municipal – Foto Fernando Augusto (Ascom Cohidro)

Modalidade do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) que faz a remuneração justa e garantida da produção rural e destina estes alimentos à famílias em situação de insegurança alimentar e instituições beneficentes; a Compra com Doação Simultânea encontra terreno fértil nos perímetros irrigados da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), pela disponibilidade de água para produzir e fazer entregas de alimentos durante todo ano. Três projetos de 2017 ainda estão em execução, concluindo a entrega de 387,5 toneladas de alimentos para 14.950 pessoas, mas com a ajuda dos técnicos da empresa os agricultores irrigantes já propuseram a entrega de mais 354,2 mil quilos este ano, contemplando mais 12.730 beneficiados.

Segundo dados contabilizados Sandro Luiz Prata, gerente de Agronegócios da Cohidro, que se dedica ao PAA desde 2008, ocorrendo a aceitação das sete propostas que auxiliou os agricultores a fazer em 2018, serão 1.599 participações destes irrigantes em 47 projetos encaminhados à Conab nos últimos 10 anos, da mesma forma que totalizam 144.461 pessoas estarão listadas nestes projetos como beneficiadas com alimentos. Estes que somariam 3.991.027 quilos plantados e colhidos nos polos de irrigação pública do Estado e que geram, de renda bruta ao produtor, R$ 11.983.910,64, em valores corrigidos pelo IGP-M.

Sandro Prata auxilia diretamente os agricultores na organização documental e na formulação das propostas de fornecimento de alimentos ao PAA – Foto Fernando Augusto (Ascom Cohidro)

“Nosso trabalho é de primeiro mobilizar os produtores interessados em fazer entregas ao PAA a se organizarem em associações ou cooperativas, e isso inclui a orientação quanto à regularização de toda documentação necessária, como a DAP (Declaração de Aptidão ao Pronaf) física e a jurídica. Após isso, tem a parte de montar a proposta que inclui a quantidade de produtores, que baseado nos itens que eles podem oferecer, vai determinar a quantidade de alimentos que, por sua vez, vai também indicar quantas pessoas serão assistidas pelas doações. O valor do projeto vai ser baseado na tabela da Conab sobre a quantidade de alimentos. Sendo que em 2018, propostas acima de R$ 80 mil têm menos chance de serem aceitas. Por este motivo é que orientamos os produtores para que fossem feitos sete projetos menores dessa vez”, relata Sandro Prata.

Para o presidente da Cohidro, Carlos Melo, o apoio na organização do PAA, dado aos produtores que a empresa assiste, é um investimento que até agora sempre surtiu bons resultados. “São dez anos em que a irrigação que a empresa fornece já abonou mais de R$ 10 milhões que foi para o bolso do agricultor familiar que participa desses projetos. Dinheiro a mais, pois no contrato com a Conab é estabelecida uma garantia de escoamento da produção, de que aquilo que plantar vai ter destino certo e preço justo, sem contar com a sorte na especulação dos atravessadores. O melhor é que ajuda famílias sem condições de comprar alimento e instituições filantrópicas, como hospitais, asilos e creches. Até hoje, só com o alimento adquirido pela Conab nos perímetros do Governo do Estado, foram mais 130 mil pessoas que já receberam esta assistência”, informa.

As propostas enviadas à Conab passam por um ‘ranqueamento’ para determinar quais projetos terão sua parte no orçamento determinado em cada estado. Pontuam mais os projetos com os valores mais baixos; os que possuírem maior número de proponentes mulheres, assentados da reforma agrária, povos e comunidades tradicionais, a oferta de produtos orgânicos e ainda o grau de vulnerabilidade à insegurança alimentar do município beneficiado com a ‘doação simultânea’. Também servem de critério de desempate o índice de desenvolvimento humano municipal (IDHM), renda per capta do fornecedor e se a proposta foi enviada pelo sistema online do PAA. Em sergipe, associações de dentro e fora dos perímetros disputam os recursos na ordem de R$ 453.200,00, para 2018, valor bem abaixo dos R$ 625 mil que só os agricultores assistidos pela Cohidro receberam nos projetos do ano passado.

João Quintiliano da Fonseca Neto, diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrícola da Cohidro, lista os grupos de produtores que, com ajuda daCohidro, propuseram projetos à Conab este ano. “Só de Lagarto são três, a Appip (Associação de Produtores do Perímetro Irrigado Piauí), o Movimento Associativista do Brejo e a Cooperappip (Cooperativa dos Produtores do Perímetro Irrigado Piauí), onde participam 66 produtores que propõem fornecer alimentos para 6 mil pessoas. De Itabaiana, no perímetro da Ribeira, temos as associações dos povoados Lagoa do Forno e São José, juntas têm 31 produtores e mais 3.650 beneficiados. Já de Canindé de São Francisco temos a Cofrucal (Cooperativa de Fomento e Comercialização do Perímetro Irrigado Califórnia) e a Assai (Associação dos Agricultores de Canindé de São Francisco), formalizando mais 41 produtores com projetos para atender outras 3.660 pessoas”.

Receptoras

Atualmente, toda ‘doação simultânea’ que sai dos perímetros irrigados tem como destino os centros de referência da assistência social (Cras). Nos novos projetos, serão atendidos os municípios aonde ocorrem às coletas, ou seja, em que os agricultores dos perímetros plantam e propõem projetos ao PAA, além da cidade de Simão Dias. Nesta, hoje ainda ocorrem entregas da Appip de Lagarto no projeto iniciado em 2017, que 18 produtores irrigantes se propuseram à doação de 37.647 quilos de alimentos, que está sendo concluída agora. No Cras simão-diense, uma parte dos alimentos é distribuída às famílias carentes cadastradas na instituição, a outra é destinada ao preparo de refeições aos internos do Asilo São Francisco de Assis, da casa de acolhimento para menores e dos pacientes da Unidade de Pronto-Atendimento de Saúde (UPA), todos administrados pela prefeitura.

 

Segunda colheita de uva amplia tempo e quantidade de produção

Convênio entre Embrapa e Cohidro possibilitou a introdução de dois campos experimentais de uva no perímetro irrigado de Canindé.

Iniciada no dia 27 de abril e tendo continuidade pelas 6 semanas seguintes, a segunda colheita comercial de uva nos campos experimentais do Perímetro Irrigado Califórnia, em Canindé de São Francisco, foi mais longa do que a primeira. A duração estendida se deu pela poda escalonada, 100 dias antes, de forma a fazer o parreiral amadurecer em seis parcelas diferentes, favorecendo atender o mercado, ainda em formação de consumidores, em pequenas quantidades e por mais tempo. Alcançando os 6.622,5 Kg desta vez, a safra dos dois produtores irrigantes que possuem as videiras conseguiu aumentar a produção obtida na primeira, que foi de 5,2 toneladas.

Estas duas áreas, de meio hectare cada, foram introduzidas no perímetro há 1 ano e meio, em convênio entre a Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), administradora do Califórnia, e a Embrapa Semiárido de Petrolina-PE. A tecnologia já consolidada – na produção de uva de mesa, sucos e vinhos – no vale do Rio São Francisco e a partir da irrigação feita pela água da represa de Sobradinho, foi trazida para Sergipe, se valendo das águas do mesmo rio, mas captadas na represa de Xingó. Ainda um terceiro campo foi implantado em Canindé no perímetro Jacaré-Curituba, este administrado pela Codevasf.

Presidente da Cohidro, Carlos Melo explica que a empresa dá todo suporte necessário para que os perímetros abriguem esses experimentos. “A Embrapa, que tem seus próprios campos experimentais em Pernambuco, tem enxergado nos perímetros irrigados da nossa companhia, ambientes propícios para investir recursos federais e sua tecnologia e ampliar as áreas dos cultivos já testados por lá. Isso muito nos orgulha, acreditamos e incentivamos a viabilização deste projeto e não é só com a água da irrigação. É disponibilizada nossa estrutura e pessoal de assistência técnica para dar suporte quando os técnicos da Embrapa não estão presentes, cuidando para que o agricultor não fique desamparado”, reafirma. Ele lembra que o mesmo convênio foi viabilizado no Perímetro Irrigado Piauí em Lagarto, testando o caqui, a maçã e a pera e que agora, um novo campo de peras foi implantado no Califórnia também.

Segundo o diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrícola da Cohidro, João Quintiliano da Fonseca Neto, o convênio traz todo aparato necessário para a introdução da cultura nos lotes dos irrigantes. “O produtor só entra com a terra, que ainda pode ser usada para plantar outras culturas consorciadas entre os parreirais, e a mão de obra. A matriz genética, que são as mudas de uva das variedades Isabel e Violeta, o sistema de irrigação por gotejamento, o madeiramento e o arame para construção das espaldeiras, foram fornecidos pela Embrapa. Ainda, pelos 2 anos de duração do convênio, o agricultor tem o fornecimento dos nutrientes que são ministrados às plantas diluídos na água de irrigação (fertirrigação) e a assistência técnica dos engenheiros agrônomos e técnicos da empresa federal”, lista.

Todo esse atendimento dado aos novos viticultores pela Embrapa é acompanhado de perto pelos técnicos agrícolas da Cohidro, a fim de poderem assimilar na prática as técnicas de manejo da uva. Desta forma, dão assistência ao irrigante nos intervalos das visitas dos colegas de Petrolina e também estão se preparando para quando o convênio terminar. “Aprendemos junto do produtor tudo que a Embrapa passa para eles, mas também fazemos nossos próprios questionamentos, nossas pesquisas, para poder dar este suporte depois que eles deixarem de vir aqui, daqui 6 meses. A partir daí, será por nossa conta toda assistência técnica”, estabelece Antônio Roberto Ramos, técnico do perímetro Califórnia.

Expansão
José Leidison dos Santos é um dos agricultores irrigantes do Califórnia que abrigou um dos campos experimentais. Ele, que convive com outros produtores do perímetro, considera ainda tímido o interesse dos demais em replicar o experimento feito em seu lote, mas o próprio está convencido da rentabilidade e pretende aumentar. “Eles ainda não acreditam que a produção de uva possa estar dando certo, mesmo eu, o Sidrack (Levi Alves Ribeiro) e o Vardo (Jacaré-Curituba) tendo bons resultados nestas duas colheitas. Eu quero expandir a produção, inclusive o pessoal da Embrapa disse que eu posso usar o espaço entre as parreiras já produzindo. Se der, quero pôr uvas diferentes, de mesa e até sem sementes”, planeja.

Opinião semelhante tem o produtor irrigante Levi Alves Ribeiro, do outro campo experimental. Enquanto Leidison reservou toda sua colheita para um só comprador, Sidrack vende ele próprio na Feira da Agricultura Familiar, que ocorre na sede do perímetro Califórnia e fornece à diferentes feirantes e comerciantes locais. “Estamos satisfeitos com a segunda colheita de uva variedade Isabel e Violeta. As videiras com aspecto vegetativo excelente, justificando o aumento na produção”, confia o agricultor que também é presidente da Cooperativa de Fomento e Comercialização do Perímetro Irrigado Califórnia (Coofrucal).

Novos mercados
Gerente do Califórnia, Eliane de Moura Moraes vislumbra nos campos experimentais, uma forma de diversificar a produção do perímetro. “O produtor não pode ficar preso em uma monocultura, que aqui se dá principalmente com o quiabo. Quase todos os irrigantes plantam quiabo que, mesmo sendo fácil de plantar e de colheita que dura um período de até 3 meses, a superprodução põe o preço lá embaixo e o retorno financeiro pelo uso da terra e irrigação é bem pouco. A uva, a pera que também foi introduzida pela Embrapa e agora o ‘Balde Cheio’, que estamos trazendo do perímetro da Cohidro em Tobias Barreto (Jabiberi), tem essa função de aumentar a gama de produtos que o perímetro tem a oferecer, ao conquistar novos mercados”.

Programa de Aquisição de Alimentos (PAA)
Na posição de presidente da Coofrucal, Levi Alves propôs fornecer uvas no próximo projeto-proposta que a cooperativa fez para participar do PAA. Nele, agricultores organizados em entidades representativas assumem o compromisso de fazer entregas periódicas de alimentos, que serão doados a instituições beneficentes ou diretamente para famílias em situação de insegurança alimentar, sendo o produtor remunerado após a cada entrega pela Conab. A companhia federal é responsável pela execução do programa e atualmente avalia o projeto de ‘doação simultânea’ enviado pela entidade canindeense, conforme os critérios estipulados pelo Grupo Gestor do PAA.

Sandro Luiz Prata, gerente de Agronegócios da Cohidro, é quem organiza os produtores dessas associações e cooperativas formadas por irrigantes dos seis perímetros estaduais, e ainda os auxilia na formulação das propostas que serão enviadas à Conab. Para ele, a uva será um grande ganho ao projeto do PAA. “É um alimento de grande aceitação por parte dos nutricionistas. Pode ser inserido na dieta de pacientes hospitalares, de asilos e ainda é bem quisto pelas crianças, assistidas pelo programa em creches e abrigos. No caso do tipo de uva plantado em Canindé, própria também para sucos, isso permite que as instituições façam o beneficiamento transformando em polpa, que congelada dura por bem mais tempo que a fruta in natura”, conclui.

Técnico da Cohidro atua em projeto de capacitação em conjuntos habitacionais populares de Lagarto

Perímetro Irrigado Piauí desenvolve trabalho de incentivo à Agricultura Orgânica entre os agricultores irrigantes
O técnico agrícola Marcos Emílio disse que nas palestras encontrou pessoas interessadas em fazer hortas – foto Fernando Augusto (Ascom-Cohidro)

Os conjuntos de habitação popular do Minha Casa Minha Vida (PMCMV), após concluídos e entregues, recebem investimentos do Fundo de Desenvolvimento Social (FDS) da Caixa Econômica Federal, para os moradores terem acesso, dentre outras atividades socioassistenciais, à cursos e capacitações em atividades laborais, criando meios de subsistência nessas famílias. Dias 15 e 16, o técnico agrícola da Cohidro em Lagarto, Marcos Emílio Almeida, palestrou sobre a criação de Hortas Comunitárias Orgânicas e Meio Ambiente nos residenciais Antônio Martins de Menezes e Júlia Nogueira, que somam 416 casas na sede do mesmo município.

Serve de bagagem para o técnico agrícola os 30 anos de atuação no Perímetro Irrigado Piauí, também em Lagarto ( há 75km da capital). Polo agrícola em que a Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) assiste 421 lotes da Agricultura Familiar com irrigação e assistência técnica rural. Marcos Emílio foi um dos responsáveis, por exemplo, pela implementação de unidades produtivas orgânicas, onde não há uso de agrotóxicos no cultivo de alimentos. Nesse processo de conversão, o produtor ganha espaço em novos mercados e faz o ambiente de trabalho e moradia mais seguro quanto aos riscos de contaminação.

Hoje são 11 agricultores inscritos e autorizados, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a comercializarem seus produtos diretamente ao consumidor, como integrantes da Organização de Controle Social (OCS). Segundo Marcos, o ambiente encontrado nos conjuntos residenciais em pouco se assemelha ao visto no perímetro irrigado há cerca de 20 anos atrás, quando muito pouco se fala em agricultura orgânica e os técnicos da Cohidro começavam introduzir a ideia no Piauí. “Vi que houve mais interesse das pessoas. Algumas já tiveram horta em casa, mas desistiram porque não conseguiam produzir. Mas dei algumas orientações iniciais para implantação das hortas. Tinham pessoas mais empolgadas, querendo um curso completo”, destaca. Havendo interesse dos moradores, o projeto prevê que ocorram capacitações práticas para a montagem das hortas.

Silvano Campos de Jesus é presidente do Centro Comunitário Antônio Martins, no residencial do mesmo nome e reconhece a importância do trabalho realizado no conjunto habitacional. “Olha, muito interessante esta inciativa, de estarem vindo aqui, trazer este benefício para a gente. Explicar como cuidar do meio ambiente e de saber que a gente tem que saber administrar o que Deus nos deu, no caso da terra”. Ele revela que já era uma ideia discutida, no grupo que lidera, trazer à comunidade algum tipo de incentivo à Horticultura. ”A gente sempre faz reunião aqui e as pessoas já citaram de fazer uma horta comunitária. Graças a Deus, chegaram na hora certa”.

As 180 moradias do Antônio Martins foram um investimento federal de R$ 10.260.000, destinadas à Faixa 1 do PMCMV e sorteadas entre famílias com renda de até R$ 1.600 do município. A entrega foi realizada em 29 de agosto de 2016, cerimônia em que participaram o presidente da Caixa, Gilberto Occhi e o vice-governador do estado, Belivaldo Chagas.

Trabalho Técnico Social
Maria Auxiliadora de Souza Carvalho é a assistente social contratada, via FDS, para coordenar um Trabalho Técnico Social (TTS) nestes conjuntos. São 18 anos trabalhando no acompanhamento de projetos habitacionais, populares ou comerciais, financiados pelo ‘Minha Casa Minha Vida’. Ela conta que o convite feito a Marcos Almeida contempla mais uma das atividades educativas aplicadas aos moradores, tendo antes ocorrido palestras de prevenção de acidentes domésticos e violência contra a mulher, cursos de design de unhas e depilação. E ainda iriam acontecer capacitações sobre doces caseiros, salgados, artesanato em chinelos e massagem corporal.

“A importância do TTS, é que desde o começo a gente já começa a interagir com as famílias. As famílias vão se conhecendo, e a gente vai percebendo as necessidades. Dentro do processo social a gente traz o que é necessidade para eles, para que eles tenham sustentabilidade e entendimento. Para que as pessoas possam caminhar com as suas próprias pernas”, expôs Maria Auxiliadora. Ela destaca que após a aplicação das palestras e capacitações, o planejamento do projeto de TTS que ela está coordenando prevê o convite a ser feito ao Sebrae, para então trabalhar, nos moradores, as noções de empreendedorismo.

Referência
Presidente interino da Cohidro, Jorge Kleber Soares Lima orienta que embora a atuação de assistência técnica rural da empresa seja limitada aos perímetros, sempre ocorrem ações de extensão rural fora desses limites. “Cabe-nos ter técnicos atuando aonde nossas adutoras põe água nos lotes irrigados. É um acompanhamento específico para quem irriga, diferenciado do feito pela Emdagro (Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe), órgão do Governo de Sergipe responsável por atender o estado por completo. Talvez por isso, de poder trabalhar em um grupo menor e mais específico de agricultores, tenhamos alguns trabalhos técnicos que se destaquem e resultem em convites em projetos externos”, considera.

O diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrícola da empresa, João Quintiliano da Fonseca Neto, complementa especificando que o trabalho de incentivo a Agricultura Orgânica e de acompanhamento dos projetos ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) da Cohidro, são referência no estado. “Temos uma cartilha educativa chamada ‘Produtos Alternativos para o Controle de Pragas e Doenças’, elaborada em 2011 e reeditada em 2016, que é o principal manual de consulta para muitos projetos que estejam iniciando no ramo da Agroecologia. Também serve de parâmetro, para todo estado, a orientação que damos aos nossos produtores irrigantes ao participarem dos projetos do PAA, gerido pela Conab. Há alguns anos são eles que têm a maior fatia da participação de Sergipe no Programa, tendo sido ultrapassados os R$ 7 milhões negociados somente dentro dos perímetros irrigados estaduais”.

Terapia
“O melhor disso é levar informações sobre o cultivo de várias hortaliças onde cada uma tem um aspecto produtivo diferente, uma necessidade nutricional de diferente adaptação. Tem um período produtivo diferente aonde o morador pode, a qualquer momento, colher sem necessidade de deslocar pra o centro da cidade e saber que o alimento é isento de agrotóxico. Outro fator é o plantar e colher, ver o desenvolvimento da cultura é uma terapia. Esse processo de plantar a semente ver a planta desenvolver cuidar e colher demora alguns meses e às vezes nos faz esquecer os problemas pessoais e nos traz uma espécie de alegria em ver o desenvolvimento da planta”, discorre Marcos Emílio.

A ‘Agroterapia‘ sugerida pelo técnico da Cohidro já encontrou uma adepta na moradora do Antônio Martins Meneses, Jailta dos Santos Vasconcelos. “O meu maior sonho é ter minha hortazinha. É o que eu sempre tenho mais vontade. Pelo menos é um divertimento para a gente estar ali mexendo na terra. A gente está trabalhando, despreocupado e os problemas vão saindo ali, no meio da terra”. Ela conta que só existe um entrave para que a sua horta vire realidade e embora seja um desejo pessoal, a plantação teria uma utilidade ainda maior para o marido, Luiz dos Santos Vasconcelos. Ele sofre com a insuficiência renal que lhe obriga fazer três sessões semanais de hemodiálise, condição de saúde que requer uma dieta alimentar especial.

“Não tenho, mas tenho vontade de fazer, mas só quando eu tiver o meu muro na minha casa. Por enquanto eu não quis, porque meu quintal ia estar aberto e eu tenho medo dos cachorros. Ele faz hemodiálise, o meu esposo, então tem que ter uma coisa para ele tudo limpinho, sem veneno. O alimento dele tem que escaldar, o feijão, tudo. Ai fazer uma horta para deixar lá aberto, é bem melhor comprar na feira e fazer todo o processo que eu faço em casa. Pelo que ele (Marcos Emílio) falou, se eu fizer meu muro, pode ser que dê”, considerou Jailta.

 

Cohidro e irrigantes participam do Fórum Estadual de Implementação de Políticas Públicas para a Agricultura Familiar

No Fórum Estadual de Implementação de Políticas Públicas para a Agricultura Familiar, realizado ontem pelo Circuito Integrado de Cooperação e Economia Solidária na Secretaria de Estado da Mulher, da Inclusão e da Assistência Social, do Trabalho e dos Direitos Humanos (Seidh), a Cohidro foi representada pelo seu gerente de Agronegócios Sandro Luiz Prata e o técnico agrícola Edimilson Cordeiro, do Perímetro Irrigado Califórnia. Acompanhado dos produtores irrigantes, também do polo irrigado, Levi Alves Ribeiro e João Aureliano da Silva, respectivamente presidentes da Coofrucal e da Assai, de Canindé de São Francisco. Também presentes Antônio Gedeão José de Santana e Cirilo Amorim, presidentes das associações Movimento Associativista do Brejo e de Produtores do Perímetro Irrigado Piauí (Appip), de Lagarto.

A Seidh realiza o evento, com a participação de representantes de 50 associações e cooperativas de todo estado, buscando o fortalecimento das políticas públicas de Segurança Alimentar e Nutricional. Devido ao corte orçamentário de 2018 em programas sociais federais, o foco principal das discussões foi o Programa De Aquisição De Alimentos (PAA) da Conab, na modalidade ‘Doação Simultânea’.

No PAA, a Cohidro atua fornecendo irrigação e assistência técnica, tanto rual como escritural, para a o produtor irrigante ter garantias de produção agrícola e participar com seus projetos. Atualmente, dois contratos no Perímetro Irrigado Piauí, em Lagarto, estão em vigência, através da Appip e Movimento Associativista do Brejo, para fornecer 68 toneladas de alimentos em entidades sócioassistências, para o preparo de refeições em asilos, hospital e abrigo de menores, além de cestas in naturas para famílias em situação de insegurança alimentar. Até o fim de 2017, só nos projetos de ‘doação simultânea’ originados nos perímetros da Cohidro, foram produzidos 3.232.280 quilos de alimentos.

Na ocasião, a Seidh entregou dois caminhões-baús refrigerados para incrementar o atendimento à comunidade nos municípios, através das cooperativas, objetivando a prestação gratuita de serviços sociais no âmbito do PAA.

 

Última atualização: 24 de novembro de 2019 11:58.

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