Governo auxilia irrigantes a manterem competitividade na produção de quiabo

Cultivo ocupa cerca de 45 hectares em perímetro irrigado de Itabaiana

Agricultor do Perímetro Irrigado Jacarecica I, Diones Passos [Foto: Gabriel Freitas]
O quiabo é o cultivo preferido de muitos agricultores que têm acesso à irrigação por levar entre 60 e 80 dias para começar a produzir e permitir coletas semanais por até três meses. Nos perímetros de irrigação pública do Governo do Estado com vocação à produção agrícola, como o Jacarecica I [Itabaiana], a colheita do quiabo se mantém estável ano a ano. Em 2020, ainda em outubro, a produção já havia superado o resultado do exercício anterior. Segundo a Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), administradora do perímetro, até o décimo mês já se contabilizava 658 toneladas. Tanto a variação da oferta do produto na lavoura, que pode mais do que dobrar o preço de venda; quanto a boa aceitação do quiabo sergipano na Bahia contribuem para que os irrigantes invistam no cultivo. Para aprimorar a qualidade e o custo-benefício do quiabo, eles vêm adotando novas técnicas, com o apoio da Cohidro, reduzindo o uso de agrotóxicos.

É nessa tarefa de otimizar plantações que entra em cena o profissional técnico agrícola disponibilizado pela Cohidro. “A assistência técnica que prestamos aos irrigantes do perímetro irrigado acontece de forma coletiva e individual. No lote, nós fazemos orientações sobre preparo do solo, adubação, espaçamento entre plantas, as lâminas de água aplicadas no solo, aplicação de defensivos e (também em cursos e palestras) orientamos de que forma devem proceder a irrigação no novo sistema”, destacou o técnico do Jacaracica I, Simeão Santana. Desde 2019, os irrigantes contam com um novo sistema implantado pelo Programa Águas de Sergipe (PAS). A irrigação agora é fixa, sem a necessidade de trocar de lugar, e econômica, feita por microaspersores.

Superior a R$ 14 milhões, o investimento público para modernizar a irrigação foi feito pelo Banco Mundial e pelo Governo do Estado, executor do PAS. Isso diminuiu o consumo de energia elétrica em mais 50% nos perímetros Jacarecica I e Poção da Ribeira, ambos em Itabaiana. Como os irrigantes contribuem com o custeio das tarifas de eletricidade nos perímetros, a mudança do sistema diminuiu os custos de produção nos lotes. A novidade também reduziu a necessidade de mão-de-obra para tocar as plantações de quiabo, em comparação ao tempo dos antigos aspersores, que precisavam ser trocados de lugar para irrigar todo lote; e da adubação manual – quiabeiro por quiabeiro. “Também estamos ajudando-os a fazer a fertirrigação, já que o sistema de irrigação provê equipamentos que dão essa praticidade aos irrigantes, de fazer aplicação de adubação via lâmina de água”, completa o técnico agrícola Simeão.

Agricultor do Perímetro Irrigado Jacarecica I, Diones Passos sempre produz o quiabo em seu lote, mas também tem roças de batata-doce e pimenta malagueta. Para manter a sanidade destes cultivos principais, ele ainda adota outras plantas, como amendoim e feijão de corda, fazendo rotação de culturas. Segundo ele, a rotação contribui para manter “a agricultura viva”, aproveitando melhor a terra, evitando o uso constante de agrotóxicos. “O quiabo aqui não é cultivado no ‘veneno’, mas se plantar duas vezes no mesmo lugar começa a dar fungo, daí vem as pragas, o bolor e as folhas começam a cachear”, adverte o irrigante. Em novembro, o produtor escoava seu quiabo a R$ 1,75 por quilo, mas em setembro, no perímetro, já era possível vender a R$ 2,50, ou em março de 2019, a R$ 3,50. “Planto quiabo nesse lote há mais de 15 anos. Hoje, o saco de 40kg, consigo vender a R$60,00 ou R$70,00, a depender da demanda”.

A influência do mercado na tarefa do agricultor irrigante, que precisa conseguir a renda necessária para honrar seus compromissos e o sustento familiar, também é uma preocupação da assistência técnica oferecida pela Cohidro – seja indicando alternativas aos cultivos de maior frequência nos perímetros, para os agricultores terem mais demanda, ou na organização para que promovam venda coletiva. “Incentivamos a prática de associativismo porque entendemos que é a forma mais adequada deles surgirem como produtores empreendedores dos seus lotes, uma vez que vai dificultando a prática do atravessador, que muitas vezes fica com os lucros de suas atividades. Com isso, aqueles produtores que melhor assimilam essa orientação, a gente tem mostrado caminhos para que tenham melhor ganho”, finaliza Simeão Santana.

PAA: Irrigação pública estadual gera renda no campo e segurança alimentar em Itabaiana e Pedra Mole

Mais da metade do grupo do projeto dos irrigantes itabaianenses é formado por mulheres, critério classificatório ao programa

Conab fez reunião com os agricultores proponentes na semana passada [Foto: Fernando Augusto]
De Itabaiana a Pedra Mole, no Agreste Sergipano, são enviados alimentos produzidos pela Associação dos Produtores Rurais da comunidade Lagoa do Forno, adquiridos pelo Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) na modalidade ‘Compra com Doação Simultânea’. Os 11 agricultores familiares produzem no Perímetro Irrigado Poção da Ribeira, gerenciado pela a Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), e são remunerados a preço justo, escoando sua produção agrícola pelo período de 9 meses. Ao mesmo tempo, cerca de 2 mil pessoas em situação de vulnerabilidade social e insegurança alimentar atendidas pelo Fundo Municipal de Assistência Social de Pedra Mole passam a ter acesso a esse alimento fresco, numa dieta saudável e balanceada. Até o momento, cerca de 7 toneladas de alimentos já chegaram em Pedra Mole, em entregas realizadas desde agosto, seguindo as recomendações preventivas demandadas pela pandemia.

As entregas seguirão quinzenalmente até os agricultores completarem o fornecimento das 22,1 toneladas de alimentos propostas no projeto, aceito pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Na última quinta-feira (19), os técnicos da empresa federal fizeram uma reunião de orientação com esses produtores, em Itabaiana. A Conab dispõe de quase R$ 4,5 milhões para remunerar 30 projetos do PAA em 28 municípios do estado. Ao todo, R$ 11 milhões foram liberados pelo Ministério da Cidadania ao Programa de Aquisição de Alimentos em Sergipe – distribuídos entre frentes de trabalho nas secretarias de Estado da Inclusão e Assistência Social (SEIAS) e da Agricultura (Seagri). Vinculada a esta última, a Cohidro exerce o papel de facilitador do PAA em seus perímetros irrigados, como é o caso do Poção da Ribeira, fornecendo água para irrigação, assistência técnica agrícola e assessoria na elaboração dos projetos e no planejamento das plantações, para atender os compromissos das entregas.

“Nosso papel é bastante importante, não só na elaboração do projeto, mas também no planejamento da produção por produtor. São elaborados, através da assistência técnica, cálculos para o ciclo de cada cultura. Tudo dentro do que foi estipulado no projeto. Além de tudo, damos o apoio no recolhimento das folhosas através do nosso transporte, no dia da entrega. Então, sem o apoio da Cohidro, o PAA aqui não funcionaria. A aceitação tem sido positiva dentre os agricultores”, avalia César Rocha, gerente do perímetro da Ribeira. Nos perímetros da Cohidro em Lagarto, Canindé de São Francisco e Itabaiana, 55 produtores têm participações confirmadas no programa, sendo três propostas formalizadas em grupo [PAA Conab] e 14 individuais [PAA SEIAS]. A expectativa é que, até o ano que vem, esses irrigantes sejam remunerados em cerca de R$ 550 mil, se somadas as entregas periódicas previstas.

Antônio Almeida é presidente da associação da Lagoa do Forno e fará a entrega, durante nove meses, de tomate, pimentão e couve ao PAA. “Para nós, agricultores, está sendo ótimo, por conta do preço, que está bem melhor. Às vezes, a depender do tempo, o preço está bem baixo e assim não tem como melhorar nossa renda. No projeto há esta mudança. É muito melhor a venda pelo PAA do que nas feiras”, destaca o agricultor irrigante, que considera importante também o cunho assistencial do programa. “Ajudar o próximo é sempre bom, principalmente os mais necessitados”, afirma. Também na avaliação de Edjane do Nascimento, irrigante da Ribeira, o programa incrementa a renda do agricultor.

“É ótimo e super importante, pois da mesma forma que ajudamos as pessoas que precisam, o projeto também nos ajuda, com uma renda extra. Participo do projeto há muito tempo, sempre entregando cebolinha. Temos a segurança de entregar os produtos com um bom preço, melhor do que nas feiras”, pontua Edjane. A sua colega Elineuza Ribeiro, que entrega coentro ao PAA, cita a relevância do serviço prestado pela Cohidro tanto para o participar do programa, quanto para a irrigação. “Se não fosse a Cohidro não estaríamos fazendo isso. Eles sempre ajudam a gente aqui, sem falar da irrigação. Nós vivemos da roça e ter essas entregas ajuda muito. Vendemos para a feira e para o projeto. Acho melhor vender para o PAA, porque já entrega em casa, e na feira já tem o transporte, barraca, etc. com um custo maior. E o valor está ótimo. Já participei outras vezes do projeto e espero que não termine, porque é muito bom para todo mundo, tanto para o agricultor quanto para quem recebe”, conclui a irrigante.

 

Case de sucesso na manutenção em bomba de irrigação da Cohidro vira artigo em Congresso Internacional

  • Procedimento técnico devolveu capacidade total de irrigação ao perímetro de Canindé e servirá de base para manutenção de outros perímetros

 

[foto: arquivo pessoal]
A experiência profissional adquirida durante a manutenção concluída no fim de outubro, em uma das bombas da Estação de Bombeamento (EB) 100 do Perímetro Irrigado Califórnia, em Canindé de São Francisco, rendeu a produção de um artigo científico elaborado por quatro engenheiros mecânicos sergipanos, dois deles do quadro funcional da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e irrigação de Sergipe (Cohidro) – administradora do perímetro estadual. O trabalho foi aprovado no XX Congresso Internacional de Engenharia Mecânica e Industrial – Conemi, realizado anualmente pela Federação Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial (FENEMI), neste ano todo feito em ambiente virtual, de 11 a 13 de novembro. Projeto do grupo para novo artigo vai avaliar desempenho da bomba recuperada para repetir procedimento na manutenção preventiva nas demais.

O foco principal do trabalho consistiu em analisar informações relacionadas à falha da bomba centrífuga em serviço na EB-100, durante o procedimento de inspeção e manutenção corretiva, em que foram adotadas medidas com o objetivo de evitar danos à máquina, com a finalidade de aumentar a sua disponibilidade para o perímetro de irrigação. A partir da técnica não destrutiva de inspeção visual, foi levantado um checklist das não conformidades da bomba e a elaboração de um plano de ação corretivo, que incluiu aplicação de uma resina epóxi na ‘voluta’ e no rotor da bomba, para reconstituir as superfícies metálicas internas desgastadas. Para o diretor-presidente da Cohidro, Paulo Sobral, a produção do artigo científico demonstrou iniciativa, dedicação e capacidade dos funcionários das empresas.

“Satisfação em tê-los na nossa equipe e na de parceiros da Cohidro. Atitude que prioriza a qualidade dos equipamentos que fornecem água para os agricultores irrigantes produzirem o alimento que vai para a mesa dos sergipanos. Para o Estado, essa dedicação extra corresponde a economia, diminuindo quebras e ampliando a vida útil dessas bombas. Além do mais, o trabalho realizado na EB-100 de Canindé foi bastante complexo. Para ser bem sucedido, exigiu muito profissionalismo nosso e contou com o apoio essencial do pessoal da Chesf (Companhia Hidro Elétrica do São Francisco), que atua na Hidrelétrica de Xingó, para acionar as comportas na barragem do Rio São Francisco. Um procedimento delicado e que exigia celeridade, para não deixar sem água os irrigantes dos perímetros irrigados Califórnia [Cohidro], Jacaré-Curituba [Codevasf] e a população da área urbana”, analisou Paulo Sobral.

O grupo é formado pelos engenheiros Caio Santana e Lucas Azevedo, ambos da Divisão de Manutenção de Perímetros da Cohidro (Dimap); Carlos Bizerra, da Gerência de Educação Profissional do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) de Sergipe; e Fernanda Andrade, da empresa de engenharia industrial licitada para a execução de serviços de metalurgia e mecânica de máquinas para Cohidro. A equipe do estudo, realizado durante todo procedimento de manutenção, seguido de pesquisa bibliográfica, constatou que a ação executada no perímetro de Canindé mostrou-se satisfatória, garantindo o melhor custo-benefício no processo de manutenção e retorno em resultados de confiabilidade e disponibilidade do equipamento.

“A experiência agregou muito valor, dentro de nossa área profissional, devido à importância do perímetro e do desafio de recuperar esse equipamento, o que nos rendeu o artigo apresentado e aprovado em um congresso de nível internacional”, destacou Caio Santana. “Estamos com o intuito de fazer um segundo trabalho, vislumbrando a manutenção nas outras três unidades. Vamos fazer um estudo de caso do retorno, devido ao ganho de vazão e menor consumo de energia elétrica. Queremos ver em quanto tempo vai ser o retorno do investimento e o quanto se ganhou em confiabilidade do equipamento, bem como quanto tempo ele vai levar para apresentar outro defeito. E com esse estudo, justificar a manutenção nos outros três conjuntos de bomba, que vão precisar de manutenção”, conclui o engenheiro mecânico da Cohidro.

Produtor dá exemplo de manejo eficiente e lucrativo da terra na irrigação pública

Em perímetro irrigado de Itabaiana, Antônio de Juvenal aposta na rotação de culturas para atender encomendas

 

Antônio de Juvenal [Foto: Gabriel Freitas]
Se há um ensinamento útil para quem está começando uma pequena produção agrícola familiar, é o de que nunca se deve repetir uma cultura na mesma parcela do lote plantado. Segundo o agricultor Antônio de Juvenal, irrigante no Perímetro Irrigado Jacarecica I, em Itabaiana, sempre é importante fazer a rotação de culturas para equilibrar os níveis de nutrientes do solo e evitar a ocorrência de pragas e doenças que podem passar de uma plantação para a outra, se ela for igual à anterior, racionando ainda o uso de agrotóxicos. Seguindo esse mandamento à risca, em sua área irrigada de 2,3 hectares, o produtor consegue fazer o aproveitamento completo do lote, colhendo uma grande variedade de hortaliças, que comercializa sob encomenda dos feirantes de Itabaiana, Simão Dias e São Domingos; de indústrias de beneficiamento com quem tem contrato; da cooperativa de onde é sócio, e ainda para os atravessadores.

O lote de seu Antônio recebe água do perímetro irrigado do Governo do Estado, administrado pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), que também lhe fornece assistência técnica rural. Ele planta e colhe, consecutivamente, diversos tipos de pimenta, fava, alface, coentro, cebolinha, amendoim, abóbora, macaxeira e, dentro de alguns dias, vai plantar hortelã miúda. Mas a batata-doce parece ser o cultivo de maior assiduidade em seu lote. “Planto quatro variedades: duas roxas e duas brancas. Tem batata mais rápida, de dois meses, de dois meses e meio, de três meses, mas a de quatro é a mais saborosa, a roxa italiana, que pode ser vendida por até R$ 40, o saco”, conta Antônio de Juvenal, explicando que a decisão de qual batata vai plantar depende da pressa do cliente e do quanto se dispõe a pagar pela qualidade do produto.

No perímetro Jacarecica I, a raiz tuberosa corresponde a mais da metade do tudo o que é colhido anualmente, o que contribui para que o município de Itabaiana seja o maior produtor de batata-doce de Sergipe, estado que mais produz no Nordeste, segundo recente levantamento feito pela Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro). “Em nossos perímetros situados em Itabaiana, Malhador, Riachuelo, Areia Branca e Lagarto, tem produção da batata-doce. O produto está na moda do consumo ‘fitness’, por ser um alimento muito saudável. Por conta do bom preço de venda e da facilidade de plantio – as ramas, que formam a parte aérea da planta, são replantadas para formar um novo pé – ela tem ocupado parte considerável dos lotes irrigados”, conta o diretor de Irrigação da Cohidro, João Fonseca.

Mas o produtor insiste na importância de alternar o cultivo. “Planto um pouco de cada coisa para variar as plantas, melhorar a qualidade da terra e evitar mais uso de agrotóxicos”. Segundo o produtor, por trabalhar entregando produtos a clientes fixos, costuma obedecer a prazos e alcança eficiência com o sistema de rotação. “Planto pimenta ‘dedo de moça’ no final do verão, pra quando chegar o inverno colher, que é quando ela está com melhor preço”, completa ele que, atento à sazonalidade, conta com as oportunidades que a irrigação disponível o ano todo oferece, ofertando os produtos em suas entressafras.

“Se não fosse a irrigação da Cohidro, não teríamos nada, pois ela ajuda 100%. Caso contrário, estaríamos ainda cavando poços ou buscando água nos açudes, o que não compensa porque fica caro. E aqui a gente usa o sistema automático, muito melhor e mais rápido”, diz Antônio de Juvenal. Para o presidente da Cohidro, Paulo Sobral, irrigantes que seguem o exemplo do senhor Antônio orgulham a Cohidro, dão satisfação aos servidores que os atendem e justificam todo investimento público empregado nos perímetros. “O perímetros irrigados Jacarecica I e Poção da Ribeira receberam no ano passado o investimento de mais de R$ 14 milhões do Governo do Estado, via Programa Águas de Sergipe, só para a modernização do sistema de irrigação, que agora é mais eficiente, racionando a captação nas reservas hídricas e gerando economia aos cofres públicos, ao consumir menos energia elétrica para bombear água. Ver esses investimentos dando resultado para os agricultores é realmente gratificante”, finaliza Paulo.

 

Águas de Sergipe: Em 5 anos, investimentos tornam serviço de irrigação mais eficiente, econômico e seguro

Cohidro afirma que Programa se encerra com a elaboração dos planos de Segurança de Barragens e de Ação Emergencial
Dione Passos, irrigante do Perímetro Irrigado Jacarecica I, onde cultiva quiabo, batata doce e pimenta malagueta
(Fotos – Gabriel Freitas)

Beneficiando cerca de 8.500 produtores rurais dos municípios de Itabaiana, Areia Branca, Malhador e Riachuelo, os perímetros de irrigação pública Poção da Ribeira, Jacarecica I e Jacarecica II estão sendo revitalizados, através de ações de modernização da irrigação; reparo e segurança de barragens; conservação ambiental da água, do solo e dos biomas da bacia hidrográfica do Rio Sergipe (BHRS). De 2015 a 2020, cerca de R$ 45,5 milhões foram aplicados pelo Governo do Estado no Programa ‘Águas de Sergipe’ (PAS), com cofinanciamento do Banco Mundial, em ações da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), administradora dos perímetros na região.

Entre essas ações, um Painel de Inspeção e Segurança de Barragens foi formado, composto por quatro especialistas independentes nas áreas de Hidrologia, Hidráulica, Maciço de Concreto e Geotecnia. Diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrícola da Cohidro, João Fonseca avalia que, apesar de todas as ações serem fundamentais, a mais importante é o Plano de Segurança das Barragens. “Foram contratados especialistas para fazer uma vistoria nas barragens estaduais, onde fizeram um levantamento e apontaram ações a serem executadas em médio, curto e longo prazo. A última destas ações previstas pelo PAS está em campo, sendo executada, com a previsão de finalizar até o final do ano, tanto nas nossas três barragens [perímetros irrigados da Ribeira, Jacarecica I e II], quanto na Jaime Umbelino, da Deso”, afirma.

Segundo o diretor-presidente da Cohidro, Paulo Sobral, as outras ações do programa já foram desenvolvidas, como a recuperação da estrutura física das três barragens da Cohidro, envolvendo a limpeza, recuperação e pintura do concreto, remoção de arbustos nos taludes das barragens, limpeza e recuperação dos drenos, a recomposição do rip-rap, plantio de grama e recuperação das galerias com iluminação. “Também foram promovidas ações de conservação de água e solo, com a contratação de serviços especializados para capacitação no uso adequado de agrotóxicos para os irrigantes agricultores familiares, técnicos e colaboradores dos perímetros irrigados; a contratação dos serviços de cercamento, reflorestamento e revegetação para atender aos projetos de preservação, conservação e recuperação de mananciais na região da BHRS e a execução do georreferenciamento das bacias hidráulicas, permitindo identificar as ocupações irregulares”, complementa o presidente.

Diones Passos é irrigante no perímetro Jacarecica I, onde cultiva quiabo, batata-doce e pimenta malagueta. No seu lote de 2,3 hectares, a irrigação é toda feita com o sistema de irrigação localizada fornecido pelo PAS. O produtor conta que pretende realizar algumas adaptações, mas já aprovou a melhoria em sua área. “A gente foi beneficiado com microaspersores e foi muito bom, porque com os canos de alumínio, a gente desligava a irrigação e às vezes chegava a queimar as mãos para mudar de um canto para outro”, relembra. Diones se refere a um sistema de irrigação móvel que, depois de aguar cada parcela, precisava ser transferido manualmente para outro setor do lote. Hoje, essa mudança é feita ao girar de um registro e pode até ser programada no controlador eletrônico do sistema. Essas facilidades, somadas ao fato de o produtor ter integrado, ao novo sistema, um dosador para fertirrigação, fez com que economizasse nos custos com mão de obra para adubar e manusear os antigos aspersores.

O PAS também previu intervenções que resultassem em maior economia de água, em função do aumento da eficiência de irrigação e redução dos desperdícios dentro dos lotes irrigados. Isso se deu com a completa troca dos sistemas de irrigação adotados nos perímetros da Ribeira e Jacarecica I, implantando a microaspersão, fixa e automatizada. Isso promoveu também a redução da mão de obra na operação e manutenção do equipamento, influindo nos custos do produtor irrigante. Ainda, segundo o diretor de Irrigação da Cohidro, a modernização dos perímetros permitiu a diminuição dos custos com energia elétrica. “Antes da implantação do projeto, eram irrigados 639 hectares com o consumo de 901 cavalos no eixo da bomba, perfazendo um consumo unitário de 6,51 cv/ha. Depois, se irriga 869ha com o consumo de 705cv, perfazendo um consumo unitário de 3,77 cv/ha”, detalha João Fonseca.

Canindé passa a produzir uva e pera a partir de parceria entre Embrapa e Cohidro

Após inverno chuvoso e mercado desaquecido na pandemia, produtores reiniciam produção com poda dos pomares

[Foto: Fernando Augusto]
Após três anos seguidos do cultivo de uva e dois de pera em Canindé, produtores fazem balanço positivo. A produção abriu novos mercados, como o fornecimento do produto para a produção de vinho e suco. A tendência é, hoje, de aumento das áreas cultivadas. A implantação das duas culturas agrícolas foi possível através da parceria firmada entre a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Semiárido), de Petrolina-PE, e os perímetros irrigados Jacaré-Curituba (Codevasf) e Califórnia (Cohidro), em Sergipe. De acordo com a Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe, inicialmente, quatro produtores irrigantes foram selecionados, sendo três no Califórnia, que reservaram meio hectare em seus lotes para receber campos experimentais.

O projeto teve início em 2016, através de uma proposta da Embrapa de introdução dessas duas novas culturas, que já possuíam um resultado positivo em Pernambuco. Clima e baixa demanda por produtos agrícolas, provocada pelo isolamento social na pandemia, desaceleraram produção no último inverno. “Eu fui um dos produtores escolhidos para plantar uva. A produção ainda é um pouco baixa, estamos no terceiro ano de produção. Paramos por um período grande de chuva, com muito frio, mas estamos dando a retomada com a poda de produção. Temos uma média de 7,5 a 8 toneladas por hectare e a tendência é aumentar a produção, até porque há uma boa aceitação nos mercados locais”, destacou o irrigante do Califórnia, Levi Ribeiro. Ele explica que o convênio com a Embrapa era de dois anos, mas após este período continuou a receber a assistência da Cohidro.

“Durante o convênio, nós tivemos acompanhamento feito pela própria Embrapa. Eles Fizeram toda a instrução e acompanhamento junto com os técnicos da Cohidro e, assim que se encerrou o convênio, os técnicos da Cohidro passaram a nos acompanhar e instruir. É importante a produção de uva, porque estamos com mais uma alternativa, além da goiaba e acerola, que também produzo”, acrescentou Levi. Os três irrigantes do perímetro Califórnia, além dessa orientação, receberam da Embrapa mudas frutíferas, todo material para montar os campos e os nutrientes utilizados na adubação durante a vigência do convênio. A Cohidro, subsidiária da Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri), vem contribuindo com o fornecimento de água para irrigação, distribuída a Levi e outros 272 lotes como o dele.

Diretor de Irrigação de Desenvolvimento Agrícola da Cohidro, João Fonseca reforça que a uva e a pera oferecem valor agregado, dando maior compensação financeira no investimento de tempo, recursos e na ocupação do lote que recebe irrigação subsidiada pelo Governo do Estado. “A vantagem da introdução dessas culturas é que elas são novas no Califórnia, e entendemos que estamos dando mais opções de renda e de produção aos agricultores, não só com a venda do cultivo do produto in natura, mas também do produto processado, a exemplo da uva, que já vem sendo utilizada para a produção de vinhos aqui em Sergipe. E a Cohidro, como parceira desse projeto junto com a Embrapa, desde o início, selecionou seus técnicos para acompanhar os técnicos da Embrapa na implantação e orientação que estavam sendo dadas aos agricultores”, completou o diretor.

Ozeias Bezerra é o produtor do perímetro Califórnia selecionado para produzir a pera. Ele conta que o fato de ser um produto inédito na região o ajudou a aceitar o desafio. “Eu aceitei cultivar a pereira porque é uma cultura viável e é rara por aqui. Também, por ser numa área experimental, vou poder aprender como se trabalha com a pera, a fim de, no futuro, ampliar essa área. É um fruto muito bom, o mercado aceita muito bem e o preço é praticamente estável, quando aumenta ou diminui, a diferença é pouca. Requer um certo cuidado na sua formação, foram dois anos conduzindo a planta para que ela ficasse com o porte ideal para a produção, e isso não foi desvantagem, visto que toda planta requer cuidados. Para mim, só tem vantagens trabalhar com a pereira”, concluiu.

CANINDÉ | Agricultores irrigantes escoam produção a preço fixo para o Programa de Aquisição de Alimentos

Cohidro acompanha entregas em três perímetros, que devem ultrapassar 100 T até 2021

Ozeias Beserra recebe Cohidro e CREAS em sua associação [Foto: Fernando Augusto]
Para o agricultor familiar, que produz em pequena escala e não tem facilidade logística para chegar aos mercados consumidores, o grande gargalo é escoar a produção e, com isso, gerar renda para a família. Com o uso de irrigação, que demanda maior investimento para produzir, o retorno financeiro costuma ser menor, se depender somente dos preços ofertados pelos atravessadores. Para 14 membros da Associação dos Agricultores de Canindé de São Francisco (ASSAI), irrigantes do Perímetro Irrigado Califórnia, desde julho essa dificuldade vem sendo superada. Eles passaram a entregar alimentos através do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), na modalidade ‘compra com doação simultânea’, por um preço fixo e considerado justo, sem a variação de mercado. O projeto-proposta do grupo foi escolhido depois de disputar, em um sistema ranqueamento feito pela Conab [Companhia Nacional de Abastecimento], com propostas de todo o estado.

“Nós estamos na quarta entrega e o pessoal está satisfeito, porque entregamos os produtos por um preço justo. A outra linha que temos de vendas (as feiras livres) parou um pouco por conta da pandemia e alguns produtores estavam perdendo seus cultivos”, conta o presidente da ASSAI, Ozeias Beserra. Nesta quinta-feira (15), foram entregues mais 2.246 quilos de alimentos pelos produtores do perímetro irrigado administrado pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro). Ao longo de nove meses, as entregas somarão 39.429 kg, posteriormente doados a 1.580 pessoas em situação de vulnerabilidade social e risco alimentar cadastradas pelo Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) de Canindé. “O CREAS tem recebido bem os alimentos, por estarem atendendo um público que realmente precisa. Muitos perderam o emprego ou não conseguem trabalhar, e o alimento chega em uma boa hora”, considera Ozeias. Os agricultores da ASSAI serão remunerados, até o final do projeto, em R$ 111.997,60.

A Cohidro, vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri), fornece a irrigação para estes produtores, ao mesmo tempo em que presta assistência técnica agrícola e assessoramento para participação nos programas de compra da produção rural, como o PAA. Segundo o diretor-presidente da empresa pública, Paulo Sobral, esse incentivo a mais, dado pelo Governo do Estado, está disponível para todo grupo de irrigante disposto a organizar a sua produção para uma entrega contínua de alimentos. “Contamos com um especialista na área de Agronegócios, o Sandro Prata, que desde 2008, acompanha esses irrigantes que conseguem se mobilizar, organizar suas documentações e participar destes projetos. Esses agroempreendedores já produziram e comercializaram, em nossos perímetros irrigados, 4 mil toneladas de alimentos doados, sendo remunerados em mais de R$ 13 milhões e beneficiando mais de 145 mil pessoas”, informou.

Diretor de Irrigação da Cohidro, João Fonseca revela que, na edição 2020 do PAA, três perímetros administrados pela Companhia fornecem alimentos para doação. “Além da ASSAI de Canindé, temos o Movimento Associativista (do Povoado Brejo) no perímetro Piauí, em Lagarto; e a Associação (dos Produtores Rurais da Comunidade) Lagoa do Forno, no perímetro da Ribeira, em Itabaiana. Até 2021, mais de 100 toneladas de alimentos serão entregues por 41 irrigantes, remunerados em quase R$ 330 mil, para mais de 5 mil beneficiários”, listou o diretor. Pedro Feitosa produz há 12 anos no perímetro irrigado, e entrega pela primeira vez abóbora, acerola e pimentão para o PAA. Ele considera o programa de fundamental importância, por fomentar a geração de renda do agricultor familiar e ajudar as pessoas em situação de vulnerabilidade.

“O produtor consegue agregar um preço melhor à sua mercadoria, em virtude do valor ser mais acessível comparado ao que repassamos aos atravessadores. Por outro lado, vejo também o grande alcance social em relação às pessoas que estão recebendo esses produtos a custo zero, através do poder público, programas e associações”, analisa o agricultor Pedro Feitosa. O também irrigante do Califórnia, João Aureliano, hoje participa como fornecedor do PAA e afirma que o projeto beneficia a todos da região. “Estávamos precisando. Ficamos um tempo parados por conta da pandemia e, agora, começou para ajudar tanto o pessoal mais necessitado da cidade, quanto o produtor. Hoje foi só acerola, mas vou fornecer também macaxeira, abobrinha e abóbora”, explica. Irrigantes também vinculados à Cooperativa de Fomento e Comercialização do Perímetro Irrigado Califórnia (Coofrucal) têm fornecido alimentos ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), em Canindé.

Agricultores de Lagarto esperam boas vendas de amendoim no verão pós-isolamento

Cohidro identifica cerca de dez novas plantações do cultivo no Perímetro Irrigado Piauí

[Foto: Fernando Augusto]
No município de Lagarto, a perspectiva do verão pós-isolamento social deu ao plantio do amendoim novos adeptos. No Perímetro Irrigado Piauí, a Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) contabilizou, ao menos, 10 novas plantações de amendoim, que de tão popular, virou Patrimônio Imaterial Sergipano, e cuja colheita acontece após 80 dias de plantio. Produtores beneficiados com irrigação e assistência técnica rural da Companhia apostam no aumento do preço, em relação ao verão passado – o que vem para compensar o último inverno, quando a pandemia frustrou os tradicionais festejos juninos, em que o amendoim cozido é petisco de presença obrigatória.

Jackson Simões é produtor irrigante há 20 anos e cultiva o amendoim há oito no perímetro irrigado da Cohidro, vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri). Ele repassa o produto in natura para os beneficiadores do amendoim cozido, que o revendem nas feiras. Para o agricultor, é bastante compensatório produzir no período de férias e de presença de turistas nas praias sergipanas. “Na época do verão, costumo plantar três roças e colher 250 ‘terças’, 250 baldes [de 12 litros] bem cheios, em cada uma”, afirma. A primeira roça de amendoim de Jackson foi plantada há quase 60 dias e ele vai aguardar mais 20 para colher, no início de novembro. Até lá, ele pretende plantar as outras duas roças, na perspectiva de escoar o produto em três datas diferentes, facilitando a venda e o atendimento à demanda.

De acordo com o gerente do Perímetro Irrigado Piauí, Gildo Almeida, o aumento da produção para atender o verão está sendo significativo. “Os produtores costumam aumentar a produção no verão. Algumas áreas da região já estão plantadas, outras estão começando agora. No ano passado, alguns produtores chegaram a vender por R$ 30,00 a ‘terça’; no inverno geralmente esse valor cai para R$ 20,00. Esperamos que esse ano haja uma melhora no preço, puxado pela alta nos preços dos alimentos e também pela expectativa de verão mais movimentado que o inverno”, aponta o gerente. Em 2018, só no perímetro de Lagarto, a produção anual de amendoim registrada foi de 173 toneladas. Em todos os quatro perímetros públicos de irrigação do Governo do Estado, a safra foi superior aos 900 mil quilos.

Diretor de irrigação e Desenvolvimento Agrícola da Cohidro, João Fonseca avalia que o plantio do amendoim já era bastante vantajoso nos perímetros irrigados, antes de se tornar, em 2013, Patrimônio Imaterial de Sergipe. Além da demanda ser grande – seja no São João, São Pedro ou nas praias – na agricultura, o amendoim é uma planta com finalidades que vão além da produção de para a venda, sendo muito empregada na rotatividade de cultivos. “É uma cultura pouco exigente. Atua na fixação biológica do nitrogênio ao solo [favorecendo os plantios de outras espécies no futuro] e fornece uma grande quantidade de restos culturais, ajudando o agricultor a economizar em adubação. Por essas vantagens, em nossos perímetros, ele acaba por substituir outros cultivos mais duradouros ou exigentes durante as entressafras, como a batata-doce e o coentro”, revelou.

Isidoro dos Santos, mais conhecido como Araponga, é proprietário de lote irrigado no perímetro Piauí há oito anos. Ele, que planta amendoim e outros cultivos, como inhame, macaxeira e batata, é um dos produtores que conseguiram vendas no período de inverno, mesmo com a pandemia, mas que guardam grandes expectativas para o verão. “O amendoim sempre dá lucro; vendo bem. No ano, planto uma tarefa, duas vezes amendoim e duas vezes rama (batata-doce) e assim vou levando. Espero que essa safra seja ainda melhor”, afirma Isidoro.

Presidente da Cohidro participa de Sessão da Alese com secretário de Estado da Agricultura

Sessão extraordinária remota foi transmitida ao vivo pela TV Alese
Foto: Jadilson Simões

Nesta quinta-feira, 1º de outubro, o presidente da Cohidro, Paulo Sobral, participou, juntamente com o presidente da Emdagro, Jefferson Feitoza de Carvalho, da sessão extraordinária remota da Assembleia Legislativa de Sergipe, presidida pelo deputado estadual Zezinho Sobral, em que o secretário de Estado da Agricultura, André Luiz Bomfim, apresentou um panorama da conjuntura agropecuária de Sergipe, dos impactos da pandemia no setor e das políticas públicas desenvolvidas pelo Governo de Sergipe em apoio aos produtores rurais. Em sua fala, o secretário destacou três ações principais de cada uma das suas empresas vinculadas, destacando como incentivos realizados através da Cohidro, o Programa Água para Todos; a revitalização das Estações de Bombeamento com a reversão da tarifa de água paga pelos irrigantes dos perímetros; e a instalação e recuperação de sistemas de abastecimento comunitários em povoados rurais.

 

“Só do Água para Todos, foram cerca de R$ 6 milhões aplicados em sistemas simplificados de água. E conseguimos em Brasília mais R$ 2,5 milhões em rendimentos, beneficiando cerca de 6 mil pessoas no campo. A água é fundamental e básico para qualquer população, especialmente na zona rural. Também destacamos a inovação da Cohidro na revitalização das estações de bombeamento dos perímetros irrigados. Aproveitamos para agradecer a todos os parlamentares pelos mais de R$ 500 mil destinados, através de emendas, para a perfuração de poços ou instalação de sistemas simplificados”, pontuou o secretário André Bomfim.

 

Após a explanação do Secretário, os deputados Georgeo Passos e Zezinho Guimarães, autor da propositura, fizeram perguntas, sendo algumas delas relacionadas ao trabalho desenvolvido pela Cohidro. Respondendo o deputado Zezinho Guimarães sobre o andamento da execução das emendas parlamentares destinadas à empresa, o presidente da Cohidro, Paulo Sobral, afirmou que o projeto está pronto na Cohidro, apto a fazer a execução, aguardando o sinal verde da Sefaz. O presidente também aprofundou o tema da mudança de cultura que está acontecendo nos perímetros irrigados gerenciados pela Cohidro.

 

Paulo Sobral [Foto: Jadilson Simões]
“Por atender um público de mais de 90% de pequenos agricultores, a Cohidro, atua em parceria com a Emdagro, nessa perspectiva de que o agricultor tem que ter a condição de produzir e sobreviver. E quero destacar que vivemos uma mudança de cultura nos nossos perímetros irrigados. Tínhamos anos e anos com altos índices de inadimplência na tarifa de água. Mas com essa visão do Governo de buscar trazer o produtor para essa parceria e mostrar a importância e a necessidade do pagamento dessa tarifa, temos conseguido mudar isso. Tínhamos perímetro com 80% de inadimplência, mas em 2019, fechamos com quase 90% de adimplência. Com a Covid, tivemos uma perda, estamos em quase 70%. Mas é um grande avanço. São etapas a serem superadas gradativamente, até para que o produtor tenha condição de pagar. Conseguimos isso mostrando pra eles que estamos fazendo investimentos nos perímetros para melhoras sua condição de trabalho. Havia estações de bombeamento há 30 anos sem recuperação. Estamos na quarta recuperação de Estações de Bombeamento de Canindé, por exemplo, envolvendo as partes civil, mecânica e elétrica. Já fizemos o mesmo em Lagarto e em Itabaiana, sempre revertendo os valores da tarifa de água paga pelos agricultores, em melhorias para a infraestrutura que os serve”, disse.

 

Sobre o questionamento acerca do Ceasa de Aracaju, o presidente da Cohidro mencionou ações que estão sendo adotadas no sentido de possibilitar a contribuição dos usuários. “Temos que ter o entendimento de que o sistema do Ceasa de Aracaju é um sistema diferente do de Itabaiana, que está sendo implantado agora, do zero. O Ceasa de Aracaju tem mais de 30 anos e pessoas que já estão naqueles boxes. Estamos, junto com a PGE e o MPE, discutindo um mecanismo de fazer e estamos trabalhando pra buscar uma contrapartida para o estado pelo uso do espaço. Buscando caminhos para isso. Tivemos, inclusive, uma reunião semana passada com a PGE discutindo ações efetivas com relação à Ceasa”, pontuou.

 

Paulo Sobral ainda reafirmou o trabalho árduo das equipes da Cohidro, mesmo com o advento da Covid-19. “Nessa pandemia, a Cohidro não parou um dia sequer, por entender a essencialidade das suas ações, tanto no abastecimento de água quanto no que se refere à irrigação para a produção de alimentos. Enfrentamos as mesmas dificuldades da Emdagro em relação ao envelhecimento do corpo técnico, mas estamos empenhados e vendo avanços contínuos, buscando evoluir cada vez mais. A Cohidro está à disposição dos parlamentares para qualquer dúvida e qualquer ação que venha a ser proposta”, concluiu Paulo Sobral.

Fotos: Jadilson Simões

LAGARTO | Assentamentos Roseli Nunes e Saboeiro recebem novos reservatórios de água

Cohidro forneceu equipamentos e comunidade providenciou infraestrutura para instalação

Sistema do Saboeiro [Foto Arquivo Pessoal]
No caminho para a turística cachoeira do Saboeiro, em Lagarto, ficam os assentamentos de reforma agrária Roseli Nunes e Saboeiro, a 10 e 17km da sede municipal. As comunidades rurais foram beneficiadas com a instalação de dois novos reservatórios de 5.000 litros em seus sistemas de abastecimento, para que a água bombeada a partir de poços seja armazenada e possa, assim, atender às mais de 120 famílias dos povoados. A ação do Governo de Sergipe é fruto da parceria entre a Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e irrigação de Sergipe (Cohidro) e a Secretaria de Estado da inclusão e Assistência Social (Seias), que tem promovido a implantação e revitalização de sistemas de abastecimento de água em comunidades rurais de todo o Estado.

As duas caixas foram adquiridas por R$ 3 mil pela Cohidro – empresa pública vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri) – via convênio com a Seias. A mão de obra, a base em alvenaria para os reservatórios, os tubos e conexões para distribuir a água ficaram por conta dos assentados, que também contribuíram para que sua demanda fosse atendida pela a companhia. “Venho agradecer pelo benefício de uma caixa d’água para o Roseli Nunes”, disse o professor André Medeiros, em nome de sua comunidade. “Aqui, serão 61 famílias sendo beneficiadas com água. O custeio da operação da bomba vai ser rateado entre os assentados, quando o sistema estiver funcionando para o coletivo”, detalhou.

Diretor de Infraestrutura e Mecanização Agrícola da Cohidro, Carlos Alberto, explica que o poço do assentamento Roseli Nunes vai poder ser compartilhado com toda comunidade depois de implantado o reservatório coletivo. “Só o assentado no lote onde fica o poço tinha a possibilidade de consumir a água. Como o sistema que ajudamos a construir, em parceria com a população, vai ser possível da água ser armazenada em grande quantidade e disponibilizada para todos, através de chafarizes. Ação muito parecida concluímos em agosto passado no bairro Ademar de Carvalho, também em Lagarto, onde a Cohidro criou um sistema de abastecimento compartilhando a água do poço (perfurado pela Cohidro) no 7º Batalhão de Polícia Militar, com a população”, recorda.

No Saboeiro, segundo o diretor-presidente da Cohidro, Paulo Sobral, já existia um sistema de abastecimento levando água até a casa dos assentados. “Pela ação do tempo, chuva e sol, a antiga caixa do sistema estourou. Sem a água armazenada no reservatório, ela não tem força para chegar em todas as casas, deixando parte da população desabastecida. Por isso atendemos, com a maior brevidade possível, a comunidade. E foi graças a esse convênio com a Seias, que disponibilizou à Cohidro R$ 1 milhão do Funcep (Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza) para a aquisição desses equipamentos, pudemos satisfazer essa demanda de maneira eficiente”, revelou o presidente. Ainda de acordo com Paulo Sobral, neste ano, mais de R$ 50 mil foram investidos pelo governo estadual em Lagarto, em ações de infraestrutura hídrica a partir de poços.

Josefa Andrade é moradora no Saboeiro. Há 10 anos, ela veio de São Domingos para morar e montar um bar e restaurante (famoso pela sua galinha caipira com pirão) que atende ao movimento dos visitantes atraídos pelas trilhas ecológicas e as águas da conhecida cachoeira, pontos turísticos distantes cerca de 3 km do povoado. Ela vive na comunidade com o esposo e filho, e expõe que o sistema de abastecimento tem muita importância para a sobrevivência da comunidade, sendo usado inclusive para a irrigação. “O poço atende lavoura e atende a necessidade de dentro de casa. Quando quebrou a caixa aqui não demorou muito para trazerem outra, nem quinze dias. Estava fazendo falta essa caixa, porque a bomba enche de manhã e o resto do dia as casas ficam com água. Aqui são 60 famílias, a água ajuda muito!” concluiu.

Última atualização: 19 de outubro de 2020 15:40.

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