Orgânicos se reúnem com diretores da Cohidro e Prefeito de Lagarto

Os 11 produtores do Piauí seguem métodos agroecológicos de produção

Manhã desta terça-feira, 21, ocorreu uma reunião solicitada pelo grupo de 11 produtores orgânicos com áreas localizadas no Perímetro Irrigado Piauí, administrado pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) em Lagarto, local onde ocorreu o encontro. Em pauta, as solicitações dos agricultores ao Presidente da Empresa, Mardoqueu Bodano e ao prefeito municipal, Lila Fraga.

À Cohidro, os irrigantes fizeram a solicitação da perfuração de 11 poços artesianos nos seus lotes, como forma de reforçar a oferta de água nos períodos de paralisação no fornecimento de água, principalmente no período chuvoso quando as Estações de Bombeamento são desligadas no Perímetro Piauí. Da Prefeitura, os agricultores solicitaram a criação de um espaço reservado só para a oferta de produtos orgânicos no novo Mercado Municipal que está sendo construído na cidade. Devido à legislação específica e baseada em preceitos de fitossanitários, orgânico só pode ser comercializado há 50 metros dos outros produtos similares e cultivados no modo convencional.

Segundo a gerente do Perímetro Piauí, Gilvanete Teixeira, estes produtores irrigantes possuem características específicas que os diferem dos demais alocados no Piauí. Por um lado, são nove deles que fazem parte da Organização de Controle Social do Centro-Sul Sergipano (OCS-CSS), entidade que, por ser inscrita no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), tem autorização para a venda direta ao consumidor de produtos orgânicos.Os outros dois, presentes na reunião de terça, seguem também os preceitos agroecológicos de cultivo e pleiteiam fazer parte do mesmo grupo.

“Deste modo, eles precisam deste espaço de escoamento da produção no mesmo Município, sem precisar ter que sempre ir à Capital para poder encontrar pontos apropriados para a venda de produtos agroecológicos. Por isso eles estão solicitando um setor exclusivo no novo mercado. Da mesma forma que por ser uma produção mais relacionada à cultura de verduras e legumes, eles precisam contar com mais oferta de água do que os demais produtores, que cultivam outras espécies vegetais. Por isso a solicitação de poços”, colocou Gilvanete, aproveitando o pleito para solicitar, ao prefeito Lila, a recuperação da estrada para a barragem, melhorando o acesso à Estação de Bombeamento (EB) 01 no Rio Piauí, que abastece e dá nome ao Perímetro.

Poços

José Edmilson dos Santos, presidente da Associação de Produtores Orgânicos de Lagarto, por motivos de saúde se ausentou da reunião e foi representado pelo seu antecessor, Genivaldo de Azevedo Jesus. Levando à reunião os ofícios aos respectivos órgãos, ele explicou o motivo para solicitar a perfuração dos poços. “Mesmo no inverno, período que chove bem, é cada vez mais comum ter intervalos entre os dias de chuva. Para quem cultiva hortaliças, dois dias sem água e sol forte, já é o suficiente para o produto perder qualidade. A necessidade dessa fonte extra de água, além da fornecida pelo Perímetro, se deve ao fato de no mesmo período a irrigação ser desligada”, informa.

Diretor de Irrigação da Cohidro, João Quintiliano da Fonseca Neto esteve também na reunião. Ele justifica o período em que a água é desligada, mas compreende a demanda dos produtores. “Quando chove, não é necessário irrigar, as tubulações ficam vazias e as bombas são desligadas, visando economizar água e energia. Como o sistema é grande e também não pode ser ligado e desligado a qualquer momento somente para atender poucos produtores, principalmente os que trabalham com folhosas. O pleito vai ser analisado e se possível, tecnicamente atendido. Vale salientar que no inverno os nossos técnicos também fazem a manutenção preventiva desse sistema, mais um motivo para a parada”, comentou.

Mardoqueu Bodano, acolheu a reivindicação dos irrigantes e garantiu dar bastante atenção ao pleito. “Nossa prioridade é atender bem estes produtores que trabalham de forma sustentável, que é o caso desse grupo bastante conhecido por nós que são os orgânicos. Reconhecemos tanto que exigem uma demanda maior e mais frequente de água, quanto também têm importância fundamental para a produção de alimentos no Município. Estão o ano todo, plantando e colhendo comida saudável, livre de agrotóxicos e isso tem que ser valorizado”, exaltou o presidente da Cohidro, prometendo encaminhar à Diretoria de Infraestrutura (Dinfra) a demanda dos poços.

Já Paulo Henrique Machado Sobral, Diretor do Dinfra, advertiu que é grande a demanda por perfuração de novos poços no Estado. “Assim como João Quintiliano e o presidente Mardoqueu, considero válida a solicitação dos agricultores, mas esta nova requisição terá que ser inserida em nosso planejamento e a partir dai ser feito um atendimento gradativo”, considerou.

Ele ainda considerou incluir à lista um 12º poço, este no Povoado Colônia Treze, também em Lagarto. Lá é onde produz Josevan Lisboa Batista, outro produtor orgânico da OCS-CSS. “Foram 95 poços perfurados pela Cohidro em 2014, somando às obras de instalação de outros poços já perfurados anteriormente e os serviços que também realizamos de manutenção e recuperação de poços, foram ao todo mais de 75 mil pessoas atendidas só por nosso Departamento. Números que temos a expectativa de ampliar neste ano”, acrescentou o Diretor Paulo Sobral.

Mercado municipal

O prefeito Lila Fraga está ciente da contribuição dos orgânicos e garantiu dar atenção ao pedido dos agricultores. ”O mercado será inaugurado acredito que no fim de dezembro para o inicio de janeiro. Eu recebi aqui uma solicitação dos agricultores e vou levar ao conhecimento da Secretaria da Agricultura Municipal e tenho certeza que vamos ter condições de dar um lugar de destaque a eles, porque queira ou não, são verduras sem agrotóxicos e isso traz um grande benefício para a população”, comentou, acrescentando ter a preocupação com saúde da população, a partir da contaminação por defensivos nos alimentos.

Mardoqueu Bodano aproveitou a presença de Lila Fraga, na sede da Cohidro em Lagarto, para apresentar a obra realizada – com recursos do Proinveste – na EB-02 que fica anexo à sede do Perímetro. “R$ 570 mil estão sendo investidos na recuperação do Perímetro Piauí. Por mais de 25 anos ou seja, desde a fundação, nunca houve outro investimento desse porte nesse pólo de irrigação, que só em 2014 produziu mais de 7,8 mil toneladas de alimentos”, Declarou o presidente da Cohidro, que no retorno, pode visitar com o Prefeito a estação experimental de produção de ervas medicinais, convênio entre Cohidro e Universidade Federal de Sergipe (UFS).

O prefeito ainda citou o exemplo do Colônia Treze, onde foi criada uma feira específica, toda quarta-feira, só para os agricultores que plantam seguindo os preceitos da agroecologia, para não compartilhar o mesmo espaço dos feirantes convencionais, no sábado. “Pediram um espaço na praça, nos reunirmos e está na faixa já de uns 90, 120 dias que eles estão lá e se dando bem e é isso que nós precisamos, o que vier em benefício da população a prefeitura está às ordens para ajudar”, complementou Lila Fraga, que foi ao evento acompanhado do diretor de Desenvolvimento Rural, Adelino Barbosa, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural de Lagarto.

 

Cohidro promove intercâmbio entre orgânicos de Lagarto

Na propriedade de Tal as bananeiras produzem o fruto e servem de barreira de produção natural

Produtores orgânicos assistidos pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) no Perímetro Irrigado

Piauí, escolheram as terças-feiras para promoverem visitas nos lotes um dos outros, de forma a atender as recomendações dos órgãos reguladores das Organizações de Controle Social (OCS) e fazer um intercâmbio de conhecimento entre eles. No último dia 19, os agricultores percorreram, em grupo, os plantios de cinco deles, por intermédio da Gerência da Empresa em Lagarto.

Foi uma oportunidade para os irrigantes aprenderem novas técnicas e também ficarem sabendo o que de diferente tem para mostrar cada um dos parceiros que compõe a OCS. Cada agricultor integrante, deste grupo, é responsável pela qualidade do seu lote mas também pela fiscalização do trabalho feito nas plantações dos demais parceiros, conforme explicou diretor de Irrigação da Cohidro, João Quintiliano da Fonseca Neto.

“Durante visita da Divisão de Política e Desenvolvimento Agropecuário do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), realizada no ano passado, foi dada a recomendação de que produtores orgânicos do Perímetro Irrigado precisavam trabalhar de forma mais organizada e coletiva, como tem que acontecer em uma OCS. Indo até a área dos seus parceiros para fiscalizar, trocam conhecimentos e juntos crescerem, com produtos de mais qualidade e de maior valor de mercado”, colocou João Quintiliano.

Agora o resultado do posicionamento do Ministério da Agricultura está aparecendo e outras terças-feiras já foram marcadas para novas visitas, conforme conta a Gerente do Piauí, Gilvanete Teixeira. “Estamos incentivando os produtores orgânicos a fazerem este intercâmbio, primeiramente todos estes cinco visitando juntos os lotes de cada um deles, para tanto fazerem observações sobre o método de trabalho dos colegas, quanto para também aprenderem, com os outros, algo que ainda não tenha aplicado em seu lote”, explicou.

Presidente da Cohidro, Mardoqueu Bodano parabenizou os irrigantes orgânicos pela iniciativa, deixando claro que a Empresa sempre incentivou a motivação pela união dos agricultores. “Por mais que o atendimento dos nossos técnicos agrícolas seja individualizado, de lote em lote, de plantação em plantação, é sempre bom poder contar com este tipo de grupo forte e unido, disposto a aprender junto e em conjunto tanto assimilar as novidades das ciências agrárias, como também para correr atrás de benefícios em bloco”, enfatizou.

O primeiro agricultor a ser visitado foi José Edmilson dos Santos, o Tal. Produtor orgânico já há 15 anos, ele relata que tanto tem coisas novas para mostrar em seu lote, como também pode aprender muito com os outros. “Notei que ninguém tem, como eu, a bananeira plantada com barreira de vento, que também produz a fruta natural, mas vi os amigos plantando maracujá orgânico. Vou então plantar umas cinco carreiras, encostadas na bananeira”, contou Tal.

Produtor Orgânico veterano, João Pacheco tanto considera importante essa troca de experiências, como também garante a procedência dos seus produtos. “É importante essa união. Eles iam sempre me visitar, mas tinham deixado de ir e agora estão voltando. Tem que se verem mais vezes, um ajudar o outro, trocado o que sabe, porque quem trabalha errado, não fica no mercado. Quem oferece na feira um produto orgânico sem ser, logo é descoberto. Eu não vejo problema em vir visitar minha horta, porque sei que estou trabalhando correto”, destacou.

Raimundo Batista do Nascimento é outro experiente produtor orgânico do Perímetro Piauí que tem como carro-chefe a produção de Bata-doce, maracujá, mandioca, macaxeira e coentro. Sobre a iniciativa de visitar os outros produtores, Raimundinho ficou animado. “Vai indo um na roça do outro, aprendendo, isso é importante. Vamos agora também planejar pra trabalhar na roça um do outro, toda terça-feira. Eu mesmo, por exemplo, achei mais bonito foi o ‘tratorzinho’ que faz as leiras, os canteiros. que Tal está usando no lote dele. Deu vontade de comprar um também” relatou.

Meteorologia da Cohidro em Lagarto será referência para estudantes de Aracaju?

Estudantes secundaristas de Aracaju foram até o Perímetro Irrigado Piauí, administrado pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) no município de Lagarto, para conhecer e recolher informações geradas pela estação de meteorológica do pólo de irrigação. A visita da segunda-feira, 4, foi a primeira dos alunos que vão usar os dados climáticos como a pluviosidade, nível de insolação, direção e velocidade do vento e temperatura, para alimentar um aplicativo (APP) para telefone celular que eles ainda irão criar em sala de aula.

A estação do Perímetro Piauí auxilia os técnicos da Empresa numa melhor orientação aos agricultores, instalados nos lotes atendidos, quando ao uso racional da água de irrigação, a partir das informações coletadas. Para os alunos do 1º e 2º anos do Colégio Coesi, serão dados relevantes ao APP que, em outra etapa, vão ser gerados por uma unidade climatológica construída pelos próprios estudantes, conforme explica a professora da Instituição e coordenadora dos dois projetos Izabella Matos.

“São duas turmas, dois grupos: um ficou responsável pela montagem de uma estação meteorológica em uma área particular cedida ao Colégio, usando a estação do Perímetro Piauí como modelo. Os outros alunos vão usar os dados gerados pela estação para elaborar o aplicativo, primeiro as medições aqui de Lagarto, depois da estação criada por eles mesmos”, considerou Izabella, formada em Matemática e mestranda em Recursos Hídricos, pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Ela coordena o projeto do colégio particular junto do professor Henrique Silva e tem, como colaborador, o Engenheiro Agrícola Ricardo Castillo.

A escolha pela estação meteorológica do Piauí se deve aos resultados mensurados, pelos técnicos da Cohidro, serem os mais precisos no Estado, revelou a professora Izabella Matos. “A intenção do projeto é de utilizar os recursos hídricos de maneira sustentável e descobrimos que o melhor método, para determinar a quantidade de água para irrigar uma cultura, é pela medição da radiação solar. E esta estação é a mais completa quanto a este quesito, é nela que menos ocorrem falhas nesse tipo de leitura, segundo os estudos. Por isso ela vai nos servir de referência, para fornecer dados e para construir a nossa própria estação”, completou.

Hoje responsável pela aferição dos instrumentos da estação meteorológica, o técnico em agropecuária da Cohidro, Willian Domingos Silva, guiou a visita dos estudantes, explicando a finalidade de cada equipamento. “Aqui podemos medir a quantidade de chuva que caiu e determinar quando vai voltar a ser necessário irrigar as lavouras. Medindo a insolação, a radiação solar, podemos determinar a quantidade de água e o tempo em que ela deverá ser irrigada nas plantas. Assim como é medida também a taxa de evaporação, para determinar o quanto que será evaporado dessa água aplicada e vai precisar ser compensada, com mais tempo de irrigação ligada”, detalhou.

O presidente da Cohidro, Mardoqueu Bodano, classificou como benéfica esta utilização, da estrutura dos perímetros irrigados, para auxiliar os estudos acadêmicos. “São os cientistas de amanhã, que vão desenvolver as futuras técnicas aplicáveis ao cultivo da terra. Eles estão partindo do princípio da utilização sustentável da água, ou seja, usa-la para irrigar só o quanto e quando for necessária para a plantação, muito necessário nesses tempos de racionalização no uso. Se eles procuram as nossas unidades para fazer essas pesquisas e propor novos projetos, significa dizer que estamos então indo no caminho certo”, comentou.

Gilvanete Teixeira, gerente do Perímetro Piauí, foi quem recebeu a solicitação do Colégio para a visita. Para ela, está será mais uma das instituições que utilizam o pólo de irrigação para suas atividades. “Universidades, escolas, empresas de pesquisa e planejamento tem no Piauí um campo vasto para sua atuação. Até para imprensa, vira notícia tanto o que os técnicos da Cohidro aplicam de novo, quanto as iniciativas dos produtores”, revelou a diretora que lembra das obras que estão sendo feitas nas estações de bombeamento, por meio do Proinveste que, quando concluídas, vão ampliar a capacidade hídrica da unidade da Empresa em Lagarto.

Grupo do aplicativo
Rodrigo Campos Ferreira e Daniel Mateus Campos, ambos de 16 anos, fazem parte do grupo formado por alunos do 2º ano do Coesi e são eles que, a partir dos dados coletados nas estações meteorológicas, vão criar o AAP. “A gente veio conferir a estação da Cohidro, colhendo informações, tirando fotos, filmando, requisitando os relatórios da Cohidro e vamos aplicar ao aplicativo”, relatou Rodrigo, explicando que sua turma escolheu a tarefa, na área de programação em aplicativos móveis, por ter no grupo o colega Daniel, com conhecimento do assunto.

“Inicialmente, no projeto piloto, as características de cada tipo de cultura serão relacionadas com o atual nível insolação e daí será determinado a quantidade de água necessária para a irrigação de uma determinada área a ser estudada. Geralmente o APP é feito em linguagem Java”, elucidou Daniel Mateus, responsável por auxiliar os colegas menos experientes em programação. Vale ressaltar que o Colégio já tem tradição em participar de competições escolares envolvendo a robótica. Na semana da visita, outros alunos participaram de um campeonato internacional, na África do Sul.

Grupo da estação meteorológica
Com tamanha desenvoltura no campo tecnológico, ninguém duvida que estes alunos consigam montar uma estação meteorológica. Dentre os estudantes do 1º ano, responsáveis por esta missão, está Carol Esposito de Lima, 15. Ela revela que a estrutura será primeiramente instalada no sítio de um professor e com recursos do Colégio. Mas depois o projeto prevê a instalação da unidade em uma comunidade rural. “A intenção é de montar baseado no que a gente está vendo que foi feito aqui e no que a gente já pesquisou. Eu penso que será importante poder oferecer, nas comunidades que precisam, um programa deste tipo funcionando e dando apoio para suas plantações”, revela.

Perímetro da Cohidro recebe estudantes no aniversário de Lagarto

Estudantes percorrem a sede do Perímetro Piaui

O Perímetro Irrigado Piauí, administrado pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) em Lagarto, no último dia 14, recebeu a visita de estudantes da Escola Paulo Rodrigues do Nascimento, da rede de ensino do mesmo Município. A atividade extraclasse, dos alunos do 8º e 9º anos, era a de descobrirem qual é o papel da Empresa no desenvolvimento socioeconômico local, em alusão às comemorações dos 135 anos da Cidade, completados dia 20.

Guiados pelo Professor Jairo Rocha – que leciona aos cerca de 30 alunos a disciplina de Ciências – os jovens puderam conhecer a estrutura da sede local da Cohidro em Lagarto, onde está localizada estação de bombeamento dois (EB-02) do Perímetro e também a estação meteorológica, outro foco de caráter científico da visita. Para o educador, ele e os estudantes constataram que o trabalho da Companhia melhora a renda das famílias assistidas pelo projeto de irrigação e gera a produção de alimentos que atende a região.

“Os meus alunos viram a captação de água da Cohidro e pela explicação dos técnicos, puderam entender a importância disso. Visitaram a estação meteorológica, que é outro assunto trabalhado em sala de aula, quanto aos métodos de avaliação e controle meteorológico. A partir da visita, eles elaboraram um trabalho, onde as observações levantadas do que tinham visto, foram colocadas em forma de perguntas e respostas, a partir da interpretação de cada um deles”, contou o Professor Jairo.

A chuva atrapalhou a possibilidade dos estudantes visitarem as lavouras assistidas pela irrigação fornecida pela Cohidro, mas isso não impediu que o técnico em agropecuária Willian Domingos Silva, alocado no Perímetro Piauí, explicasse qual é a atuação da Companhia para a produção rural do município, dando ênfase também a este objetivo da pesquisa dos alunos.

“Depois deles fazerem a visita guiada por mim, na EB-02 e na estação meteorológica, fui sabatinado pelos alunos. Eles Fizeram muitas perguntas, tanto baseadas nas explicações que dei sobre estas duas instalações, quanto sobre a forma como produzem nos lotes rurais em que damos assistência e fornecemos irrigação dentro do Perímetro Piauí”, explicou o técnico Willian, sobre o sistema que fornece água capitada na represa da Cohidro, construída próxima à sede do Município e que é abastecida pelos rios Piauí, Jacaré e Caiçara.

É o conhecimento que vai garantir a continuidade do trabalho no meio rural, segundo a visão do presidente da Cohidro, Mardoqueu Bodano. “As futuras gerações dependem de nosso estímulo, de nosso incentivo para que os jovens descubram o quanto é importante a produção agrícola de alimentos e que se trata de uma atividade essencial para a vida em sociedade. Só assim eles sentirão gosto de se aprimorarem e participarem também deste processo, da mesma forma que saberão cobrar dos próximos governantes, políticas públicas voltadas ao meio rural, da forma como fazemos no Perímetro de Lagarto”, comentou.

Gilvanete Teixeira, gerente do Perímetro Piauí, comenta que são várias as solicitações de professores e instituições de ensino, para visitações à unidade da Cohidro em Lagarto. Para ela, o volume da produção agrícola, que aumenta a cada ano, e a grande variedade de culturas agrícolas que são inseridas nas lavouras dos irrigantes, tem chamado a atenção da mídia e, consequentemente, da comunidade acadêmica.

“Sejam estudantes do Nível Fundamental, como estes, secundários, de cursos técnicos ou os universitários, é frequente a chegada de ofícios pedindo para recebermos grupos de alunos, seja daqui, de cidades da região ou da Capital. Esta interação vai além, quando se trata do Instituto Federal de Sergipe (IFS) e da Universidade Federal de Sergipe (UFS), que possuem trabalhos de cooperação conosco, na pesquisa de produção de alimentos orgânicos e de plantas medicinais, respectivamente”, esclareceu Gilvanete.

Diretor de Irrigação da Cohidro, João Quintiliano da Fonseca Neto acrescenta que a contribuição do Perímetro Irrigado Piauí com o desenvolvimento econômico de Lagarto é constante. Em nome dos servidores e colaboradores da Cohidro, ele agradece pela Empresa ser lembrada pela sociedade no momento em que o Município faz aniversário, destacando a responsabilidade da Companhia no progresso local.

“Lagarto é dos maiores pólos de produção agrícola do Estado e tem indústrias instaladas que se beneficiam da produção do Perímetro Irrigado, a exemplo da pimenta malagueta, cuja produção foi de 440 toneladas só em 2014. O mesmo se dá com a mandioca para fazer farinha, sendo em Lagarto a sétima maior produção do País segundo o IBGE e foram 1.600 toneladas da raiz colhidas no Perímetro no último ano. Além disso, se destacam a olericultura do Perímetro, boa parte dela orgânica, e a produção de novas frutíferas, como o caqui, pera e maçã”, acrescentou João Quintiliano.

Cohidro celebra Dia Mundial da Água com estudantes de Lagarto

Estudantes conhecem o Perímetro Piauí

A celebração do “Dia Mundial da Água”, 22 de março, se deu na manhã do último dia 26, quinta-feira, na sede do Perímetro Irrigado Piauí, administrado pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) no município de Lagarto, no Centro-Sul Sergipano. Cerca de 80 estudantes, das escolas municipais Eliezer Porto e Mateus José de Oliveira, participaram de atividades alusivas à importância do uso responsável e conservação da água, a partir de palestras e demonstrações práticas oferecidas pela Empresa, pela Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso) e Prefeitura.

Primeiro os alunos visitantes se concentraram à frente do escritório do Perímetro para ouvir os palestrantes que tinham, como objetivo, mostrar qual é o trabalho desenvolvido pela Cohidro, Deso e Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural de Lagarto (Semader). Depois os técnicos das empresas públicas levaram os estudantes a conhecer as instalações da Companhia e estandes. Além disso, para a gerente do Piauí, Gilvanete Teixeira, o evento tem por objetivo criar uma consciência nos jovens quanto ao bom uso da água.

“Precisamos da água não só para beber, aqui no Perímetro a irrigação atende a 421 agricultores familiares, que produziram no ano passado, 7.846 toneladas de alimentos. Mas é preciso o uso responsável, sem desperdício, tanto na cidade como no campo, para que ela sempre dure e possa servir a todos”, colocou a gerente Gilvanete, agradecendo aos colaboradores do evento incluindo à lista, além dos presentes, a Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro) que emprestou duas tendas, os produtores do perímetro e a empresa Maratá, que doaram alimentos para o lanche e exposição de produtos.

Luciano Esteves, educador ambiental da Semader, explicou aos estudantes visitantes, qual é a atual disposição de água do município. “Nosso território é riquíssimo em recursos hídricos, mas todos mananciais estão em alguma parte degradados. Essa situação faz com que nossa Secretaria vá às escolas levar a conscientização ambiental aos alunos, que é o trabalho que faço parte”, expôs, informando que recentemente Lagarto foi inserido no “Projeto Produtor de Água”, onde o agricultor vai passar a receber ajuda financeira para proteger os mananciais que banham suas propriedades.

A professora Adriana de Menezes de Santana, da escola Eliezer Porto, levou seus alunos ao evento na Cohidro, porém fez questão de falar aos presentes que vem desenvolvendo com eles outras atividades de cunho ambiental. “Segunda-feira, fizemos uma ação no Brejinho, para retirada de lixo nas margens do curso d’água, pois sabemos que muitos precisam desta água para uso doméstico. Nossa região é muito rica deste tipo de fonte de água, mas estão poluindo, desmatando as margens e isso tem que parar”, contou.

Aluno da professora Adriana, José Cláudio disse que essas atividades alusivas ao “Dia da Água” estão fazendo com que ele mude suas atitudes em relação à sua conservação. “Achei as palestras interessantes,de hoje em diante vou mudar meus hábitos e passar a ser mais consciente, passar a economizar água no meu dia a dia”, anunciou o estudante da 8º ano do Eliezer Porto.

Edilaine de Souza tem 14 anos e estuda no 9º ano na Mateus Oliveira. “Eu acho importante vir aqui, porque é bom a gente ter isso na Escola, para aprender a dar valor à água, pois muitos desperdiçam. Aprendi que a agente tem que cuidar bem da água, porque sem ela não tem como viver”, comentou. Na visita ao Perímetro Piauí, a parte que ela mais gostou foi a de conhecer a estação meteorológica da unidade da Cohidro em Lagarto.

Perímetro Piauí
Além da estação meteorológica, os alunos visitaram a estação de bombeamento EB-02, que possui 14 bombas para distribuir a água para irrigação aos lotes dos agricultores. Á água é captada do reservatório junto à sede do Perímetro que, por sua vez, é abastecido pela EB-01. Esta bombeia a água diretamente da barragem no Rio Piauí, com outras quatro bombas. A represa, construída para servir ao projeto de irrigação estatal, tem capacidade de acumulação de 15 milhões de metros cúbicos de água e ocupando uma área de 345 hectares.

Mardoqueu Bodano, presidente da Cohidro, destaca às recentes obras estruturantes que o Proinveste está proporcionando para o Perímetro Piauí. “Para a estruturação e recuperação do Pólo de Irrigação em Lagarto, o Governo do Estado destinou R$ 916 mil. Só para a reforma estrutural, manutenção mecânica e substituição de peças nas duas estações de bombeamento, o contrato licitado foi de R$ 570 mil. São reformas com a intenção de tanto melhorar a eficiência do sistema de irrigação, aprimorando o serviço aos irrigantes, como também visa eliminar vazamentos que repercutem em desperdício de água, recurso cada vez mais precioso a todos”, defendeu.

Técnico agrícola da Cohidro, Marcos Emílio Almeida, relatou aos presentes ao evento do “Dia da Água” um pouco da história deste trabalho que a Empresa desenvolve na assistência aos produtores irrigantes. “No começo, foi um desafio inserir novas culturas no Perímetro Piauí, onde as pessoas estavam acostumadas com a mandioca, o fumo e a laranja. Uma delas foi a pimenta malagueta, depois teve o período em que a novidade era a horticultura orgânica e atualmente as novas variedades frutíferas, como o caqui, pera e maçã”, relatou sobre a ação da Companhia de oferecer alternativas para prover renda aos agricultores.

Deso
A Companhia Estadual de Saneamento compareceu com uma equipe de técnicos liderada pelo Superintendente de Produção Regional, Sérgio Dias. “Somos responsáveis pela qualidade da água que chega às casas de vocês. Mas vocês sabem da necessidade de economizar água?” Perguntou ele aos alunos presentes, complementando com a informação de que “a falta de fossas sépticas e falta de cuidado com a lavagem de carros, acabam contaminando os mananciais com metais pesados e resíduos de combustíveis. Devido a isso a Deso não tem muitas alternativas de captação de água”, informou sobre a restrição à somente duas fontes de água potável em Lagarto.

Os técnicos da Deso também levaram os estudantes até seu estande montado na sede da Cohidro para o evento, onde um sistema miniaturizado mostra, na prática, como é feito o processo de tratamento da água, desde a capitação em estado bruto, em barragens e rios, até resultar na água limpa e potável para o consumo humano. Na demonstração da operação da maquete, o engenheiro Sergio Dias aproveita para alertar ao fato de que as estações de tratamento não são capazes de purificar a água quando ela está poluída e por isso existe a necessidade da conservação.

Embrapa e Cohidro iniciam a produção de pera, caqui e maçã em Lagarto

Produção de Pêra

Com intenção de mostrar os resultados do projeto experimental, para produzir maçã, pera e caqui no Perímetro Irrigado Piauí, em Lagarto, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) convidou os técnicos e diretores, dos órgãos parceiros da iniciativa, para uma visita às “unidades de observação” na última quinta-feira, 22. A Companhia de Desenvolvimento Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) é quem administra o pólo de irrigação que abriga as plantações e presta assistência técnica direta através de seu quadro funcional.

Além da Cohidro, compareceram técnicos e diretores da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), parceira da Embrapa no mesmo projeto em outros campos experimentais, como os de Petrolina-PE, onde se originou o plantio das primeiras mudas frutíferas e também fica a unidade “Semiárido” da Empresa de Pesquisa. Também compareceram à visita técnicos da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro), interessados na novidade que inseriu estas culturas ao leque de variedades agrícolas produzidas no Estado.

Como é de frequência, o engenheiro agrônomo e pesquisador Paulo Roberto Coelho Lopes, da Embrapa-Semiárido, veio de Petrolina-PE para visitar os sete pomares instalados nas “unidades de observação” dos agricultores irrigantes. Além de coletar dados sobre o experimento, ele orienta os produtores sobre o manejo das frutíferas,poda,adubação e controle de pragas e doenças. “As plantações estão indo bem, com o desenvolvimento correndo dentro do esperado. A maçã está melhor que a pera e o caqui, mas isso não quer dizer que ela se adapte melhor ao clima de Lagarto, é mais uma questão de cuidado, dedicação que cada produtor dá ao seu plantio. São produtores diferentes para cada cultura e é esperada esta diferença”, comentou ele que trouxe os parceiros no projeto de transferência de tecnologia, demostrando os resultados parciais.

Diretor de Irrigação da Cohidro, João Quintiliano da Fonseca Neto, acompanha de perto estes resultados por meio da assistência que a Companhia Sergipana também dá ao projeto. “A novidade que o Paulo Roberto quis mostrar, aos representantes dos outros órgãos envolvidos neste experimento, é o resultado preliminar que prova a eficiência e o resultado das técnicas empregadas. Desde o transplante das mudas – que ocorreu de agosto há novembro de 2013 – até agora, em que os agricultores já se preparam para a colheita das frutas com volume de produção comercial – a partir do final do ano e início do próximo–confirmam ser possível produzir estas variedades, de clima temperado, também em Sergipe. Estes parceiros agora poderão usar o modelo implantado aqui em Lagarto para disseminar esta nova proposta de produção por todo Estado,fomentando com isso a diversificação de culturas em nossa agricultura,o que permite novas oportunidades de negócios aos agricultores”, comentou.

Mardoqueu Bodano, presidente da Cohidro, também compareceu à visita técnica e se diz “maravilhado” com o que os produtores, Embrapa e Cohidro estão desenvolvendo no Perímetro Piauí. “O que mais me deixa satisfeito é o fato de serem estes agricultores familiares os agraciados pela iniciativa. Os pequenos produtores irrigantes são o público alvo principal das ações da nossa Companhia e garantir a eles o pioneirismo no mercado interno de frutas, os primeiros a poder oferecer pera, caqui e maçã, será um incremento significativo na capacidade de geração de renda por meio do trabalho deles na própria terra”, comentou, também lembrando de agradecer ao empenho do senador Antônio Carlos Valadares, que em 2012 propôs a emenda parlamentar destinando R$ 300 mil para viabilização do projeto.

Fruticultores

Produtor orgânico de hortaliças, João Pacheco foi um dos agricultores inseridos no Perímetro Irrigado e escolhido para acolher, em seu lote, uma das plantações de caqui do projeto. Para ele a falta de familiaridade com a planta vem a ser a maior dificuldade enfrentada até agora. “A gente não conhece o desenvolvimento da planta, às vezes desanimo, tipo quando caem as folhas, mas ai elas rebrotam de novo e a gente fica novamente contente”, desabafou ele. Diz também que, segundo o agrônomo da Embrapa, está fazendo o manejo correto dos seus 500 caquizeiros. Seu pomar já deu frutos e agora passam por um período de recuperação para nova produção, conforme orientação técnica.

Técnico agrícola da Cohidro, William Domingos Silva é responsável por acompanhar diariamente os sete pomares em Lagarto. Para ele, as visitas da Embrapa e a viagem que fez à unidade Semiárido da Empresa em Petrolina-PE, fazem parte do aprendizado para entender o desenvolvimento das frutíferas, que até o início do projeto eram inéditas em Sergipe. “Este manejo tende a imitar o processo natural das plantas em seu habitat original que são as regiões de clima frio e temperado, onde as estações do ano são bem definidas. Diferente daqui, onde há pouca diferença no clima de uma estação para a outra, nisso entra a irrigação e o manejo adequado às nossas condições climáticas oferecendo às plantas condições ideais de produção,mesmo na nossa região,”explicou.

Jânio Gonçalves dos Santos é outro agricultor irrigante do Perímetro Piauí atendido pela assistência técnica do projeto por abrigar 1000 pés de pera, das variedades “hossui” e “packham’striumph”. Na visita do agrônomo Paulo Roberto da Embrapa, recebeu a orientação para a poda e amarração dos galhos das pereiras. Este manejo tende a formar pequenas árvores de copa larga, para abrigar mais frutos e também de estatura média, facilitando a colheita. “Uma coisa que a gente não conhece fica difícil de lidar sem este acompanhamento de um especialista. Por sorte William está sempre aqui dando assistência, ele como técnico da Cohidro pode nos orientar melhor”, comentou o produtor que plantou seu pomar em novembro de 2013 e foi orientado que, aos um ano e quatro meses, terá uma produção mais plena das frutíferas.

Satisfeito com a primeira colheita, o irrigante José Josemir de Souza tem um pomar com 1000 macieiras e já fez sua primeira colheita há 20 dias. “Aos 15 dias de plantadas, as mudas já começaram a produzir esporadicamente frutos pequenos, fomos até orientados a descartar para ajudar a planta se desenvolver melhor. Mas agora em agosto, menos de um ano de plantadas às mudas, o pomar deu uma produção impressionante, com frutas em tamanho comercial, próprias pra consumo em que eu tirei 15 baldes grandes de maçã”, comemora ele que diz que agora espera outra produção maior e mais consistente, depois da poda de suas macieiras das variedades “princesa” e “julieta”, como foi orientado a fazer nesta visita do agrônomo Paulo Roberto.

Gilvanete Teixeira, gerente do perímetro irrigado da Cohidro em Lagarto, é outra que tem comemorado os resultados obtidos pelos produtores inseridos no projeto. “Isso é só o começo. A previsão é para que no final do ano se colha uma safra que se aproxime às 35 toneladas, em cada um destes sete campos de duas tarefas (0,6 hectares) destas frutas e em 2015, ao completar os dois anos, se espera o dobro disso”, informa ela que ainda comenta sobre outra vantagem do plantio das frutíferas. “Os irrigantes podem utilizar da mesma terra – e do sistema de irrigação fornecido pelo projeto – para plantar outras culturas no intervalo de três metros entre uma linha e outra de árvores, desde que elas não façam nenhum tipo de sombra. Aqui já foram experimentadas com sucesso as pimentas malagueta, biquinho, jalapeño e de cheiro; feijão-de-corda; tomate; couve-flor e até brócolis”.

Perímetro da Cohidro em Lagarto recebe III Feira de Trocas de Sementes Crioulas

Foi realizado nesta terça-feira, 15, no Perímetro Irrigado Piauí em Lagarto, a terceira edição, no Estado, da Feira de Trocas de Sementes Crioulas, organizada por pesquisadores e estudantes do Instituto Federal de Sergipe (IFS). O evento contou com a presença de irrigantes pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) do próprio município, além de agricultores visitantes de Boquim e São Cristóvão, todos eles provenientes da agricultura familiar e que cultivam usando técnicas agroecológicas de produção de alimentos. Também participaram do evento técnicos da Empresa, do Sebrae e da ONG Icoderus, envolvidos com o tema.

Como foco principal, a Feira de Trocas, tem a intenção de reunir estes agricultores familiares para que – além da interação e da troca de sementes crioulas entre eles – sejam ofertadas palestras e apresentações audiovisuais sobre a agroecologia e a importância do hábito de guardar as sementes, que para professora doutora Eliane Dalmora, do IFS, é um dos cernes da agricultura orgânica, pois evita o uso das sementes comerciais e propicia a diversificação de culturas no decorrer do ano.

“Dependendo do período do ano, há variedades de plantas diferentes para serem colhidas e com isso, o agricultor orgânico precisa diversificar suas culturas e assim sempre ter algo a colher e oferecer nas diferentes estações do ano. A troca de sementes orgânicas favorecem isso, propiciando esta variedade ao produtor”, comenta Drª. Eliane, coordenadora do “Sementes da Terra”, projeto que organiza a Feira de Trocas, frisando que os hábitos do consumidor também precisam se adaptar a outras alternativas alimentares que acompanhem essa diversificação.

Sementes crioulas

São consideradas “sementes crioulas” aquelas que não passam por processos industriais de beneficiamento, como a adição de pesticidas ou por algum tipo de modificação genética laboratorial, ou seja, aquela semente que sempre é guardada pelo agricultor depois que colhe, para ser usada na próxima plantação. Maria Terezinha Albuquerque, coordenadora do PAIS (Produção de Alimentos Integrada e Sustentável) na Cohidro, reafirma a importância da diversidade no cultivo orgânico e considera fundamental a realização destes encontros que tem o apoio da Companhia.

“O evento contribui para sensibilizar os agricultores familiares da importância de valorizar a diversidade de sementes crioulas que são produzidas e possibilita a troca de saberes, na perspectiva do fortalecimento e construção de uma agricultura familiar de base agroecológica. É preciso que os agricultores familiares se conscientizem e resgatem os hábitos de seus antepassados, como produzir, selecionar, armazenar, conservar e partilhar suas sementes, contribuindo para a preservação dos cultivos crioulos e para garantir a segurança alimentar”, considerou Terezinha, sublinhando que “o trabalho em parceria com IFS e o Sebrae vem propiciando, aos técnicos e irrigantes da Cohidro, mais conhecimento, mudanças de atitudes e também despertado novos desafios”.

Orgânicos de Lagarto

Agricultor irrigante pela Cohidro, João Pacheco já é veterano, em Lagarto, na agricultura orgânica. Ele faz parte da Organização de Controle Social do Centro Sul Sergipano (OCS-CSS) e conta que já cultiva o hábito de conservar e trocar sementes há algum tempo. “Eu tenho uma semente de feijão preto que inclusive já foi plantada lá no Perímetro (Califórnia) de Canindé de São Francisco e está se dando bem lá. Foi uma semente crioula que adquiri, na visita que fizemos a Embrapa de Petrolina (PE). O evento é bom, sempre que posso participo. Aprendo coisas novas e conhecendo pessoas de outros lugares”, relatou, satisfeito por participar da Feira de Trocas.

Técnico agrícola da Cohidro alocado no Perímetro Piauí, José Raimundo Pereira de Matos é o responsável pelo acompanhamento e registro dos agricultores orgânicos. Ele conta que na OCS-CSS, atuam 12 irrigantes de Lagarto que agora estão buscando novas formas de comercialização dos produtos agroecológicos. “Estamos tentando junto ao Ministério da Agricultura (MAPA), alterar a organização dos produtores orgânicos, de OCS, para o Sistema Participativo de Garantia (SPG), que vai permitir que eles vendam seus produtos também para empresas atacadistas e supermercados. Os produtores já foram recadastrados, receberam a visita dos técnicos do MAPA e estamos só aguardando o parecer de Brasília”, conta, explicando que a OCS só autoriza a venda direta ao consumidor final.

Pesquisa acadêmica

Também palestrou no evento a graduanda em Agroecologia do IFS, Dinamarta Ferreira. Ela fez seu trabalho de conclusão de curso (TCC) baseado na experiência com a agricultura orgânica dos irrigantes – pela Cohidro – em Lagarto e expôs no evento os resultados de suas pesquisas, orientadas pela Drª. Eliane Dalmora. “A intenção do meu trabalho de pesquisa é ver quais as possibilidades e limites, para estabelecer como está a produção orgânica no Estado, baseado na OCS de Lagarto. Avaliando de que forma é feito o manejo de orgânicos”, esclareceu, ressaltando que a organização de feiras de trocas de sementes também faz parte da proposta do seu estudo.

Mardoqueu Bodano, presidente da Cohidro, considera um grande avanço, para agricultura familiar, esta interação com o meio acadêmico. “As instituições de ensino, que vem por auxiliar o trabalho já realizado pelos órgãos estatais, trazem oxigênio novo ao extensionismo rural. Trabalho que tem que ser persistente e contínuo, em prol de orientar, da melhor maneira possível, nossos produtores. Deixo claro que os perímetros irrigados, administrados pela Companhia, estão sempre abertos a receber estudantes e pesquisadores que tenham, como nós, a intenção de somar esforços a uma produção de alimentos que seja, ao mesmo tempo, proveitosa ao agricultor e saudável para quem consome”.

Visitantes

Livia Feitoza, gestora do PAIS no Sebrae-SE, organizou grupos de agricultores agroecológicos de Boquim e também do Assentamento Quissamã, em São Cristóvão, para participar da Feira de Trocas em Lagarto. Ela conta que em Boquim, são 19 e do Quissamã, são 16 produtores que, tanto estão inseridos no PAIS, como também fazem parte de OCSs, que os certificam a comercialização de orgânicos.“Trouxemos esses produtores para participar da feira e conhecer outras variedades de sementes, trocar experiências com os agricultores daqui e além disso, eles estão colhendo algumas informações técnicas e isso é muito bom para eles”, relatou.

Maria Meire Rosa, ou Dona Mariazinha, como é mais conhecida, é uma das agricultoras orgânicas do Assentamento Quissamã que cultiva o hábito de guardar sementes e participou de todas as feiras de trocas que o IFS organizou. “É bom que a gente conhece outras pessoas e troca sementes, eu mesma trouxe sementes de quiabo, cenoura, rúcula, milho pipoca, coentro, melancia, melão e noni. Até o momento troquei por semente de ‘cravo de defunto’, girassol, ‘feijão de porco’, ‘fava esperança’, várias pimentas e de outro quiabo, diferente da variedade que eu trouxe”, comemora.

Também organizando a vinda do grupo de Boquim, participou da Feira o chefe do Departamento de Agricultura, da Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente, Eduardo Silva Santos. Ele explica que a Prefeitura dá suporte à agricultura familiar no Município. “Fazemos um acompanhamento técnico desde a produção até a comercialização que ocorre, por exemplo, na Feira da Agricultura Familiar, idealizada Secretaria de Estado da Inclusão Social (Seides) e organizada na cidade por nós”, conclui, informando que os agricultores assistidos também vendem para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

Comissão de Orgânicos e Seides visitam perímetro da Cohidro em Lagarto

Comitiva de técnicos visita o Perímetro Irrigado Piauí da Cohidro – Foto: Felipe Coringa

Membros da Comissão de Produção Orgânica de Sergipe ( CPOrg-SE) fizeram mais uma visita aos pólos de irrigação da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro). A intenção é de acompanhar o andamento das associações e agricultores que aderiram aos métodos de produção de alimentos livres de agrotóxicos. Nesta terça-feira, 10, foi a vez do Perímetro Irrigado Piauí, no município de Lagarto, onde a atividade agroecológica acontece desde o ano 2000.

A Secretaria de Estado da Inclusão Social (Seides) tem participado destas visitas. Com intuito de cadastrar novos agricultores orgânicos para integrar as “Feiras da Agricultura Familiar”, a Seides organiza duas novas edições nas quais pretende lançar exclusivamente com produtos orgânicos, e em Convênio com a Prefeitura Municipal de Aracaju (PMA). Nesta visita, também estiveram presentes representantes da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural de Lagarto (Semader), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e pesquisadores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe (IFS).

A Organização de Controle Social do Centro Sul Sergipano (OCS-CSS) foi criada em 2010 e atualmente conta com 18 membros. A associação de produtores orgânicos do Perímetro Piauí existe desde 2008 e é constituída por 10 dos produtores da OCS-CSS, mas alguns deles já produzem sem o uso de agrotóxicos há 14 anos. Eles possuem certificado de cadastro junto ao Mapa, que os permite a venda direta do produto orgânico através do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

O atual coordenador da CPOrg-SE e chefe da Divisão de Política e Desenvolvimento Agropecuário do Mapa, André Barretto Pereira, após a visita que fez a sete lotes orgânicos do Piauí, explicou a intenção desta ida a Lagarto. “A gente está fazendo este trabalho de resgate e fortalecimento das OCS’s em todo Estado e estamos levando o máximo de parceiros nestas visitas, a exemplo da Seides, IFS, secretarias municipais e a própria Cohidro, porque, conhecendo de perto essas unidades produtivas, poderemos ajudar ainda mais a esses agricultores, tanto na produção com qualidade, como na comercialização, bem como nos trabalhos de conscientização da importância do consumo do alimento orgânico para os consumidores em geral”, disse.

André Barretto avaliou como positiva a produção dos orgânicos do Perímetro Piauí, “ mas acredito que esses agricultores devem trabalhar de forma mais organizada e coletiva, como tem que acontecer em uma OCS”, completa. Em relação ao Estado, comentou também que já são 19 OCS em Sergipe e mais duas estão em fase final de aprovação. Uma delas é a do Perímetro Irrigado Califórnia, em Canindé de São Francisco, onde os irrigantes da Cohidro, que criaram a Associação Sergipana de Orgânicos (Bio5), receberam a mesma visita da CPOrg-SE no último dia 20 de maio. Ele adiantou que até o final do mês de julho, estes agricultores agroecológicos do Alto-Sertão receberão seus certificados os autorizando à comercialização de orgânicos.

Outro membro da CPOrg-SE presente na visita foi a professora doutora Eliane Dalmora, do IFS. A bióloga, além de atuar na fiscalização e regulamentação dos produtores orgânicos no Estado, também coordena um projeto de pesquisa acadêmica que envolve os irrigantes do Perímetro Piauí, o “Sementes da Terra”. “Pertenço à Comissão, mas temos um trabalho de preservação das sementes crioulas com os integrantes da OCS de Lagarto, focado, dentre outras variedades, na horticultura. Nesse projeto introduzimos algumas práticas de manejo orgânico, que os auxiliam a produzirem melhor”, conta.

Na Organização de Controle Social, como o nome já diz, os próprios produtores têm a obrigação de refletir sobre os modos de produção, e por isso, visitas às áreas dos demais componentes do grupo são estratégicas para troca de experiências, em que um pode corrigir os erros do outro”, explica o técnico agrícola da Cohidro alocado no Perímetro Piauí, José Raimundo Pereira de Matos. “Se um componente do grupo não estiver cumprindo as normas da produção orgânica, ele terá que ser notificado pela própria OCS para que num momento posterior seja eliminado desse grupo”, revelou ele que é o responsável pelo acompanhamento e registro dos orgânicos em Lagarto.

A gerente de Desenvolvimento Agropecuário da Cohidro, Sônia Loureiro, é membro representante da Companhia na CPOrg-SE. Ela é uma das principais responsáveis pela viabilização da produção orgânica no Perímetro Irrigado Piauí e pela formação da OCS-CSS. Para ela, esta visita técnica à Lagarto veio em boa hora, pois o grupo estava precisando de um estímulo, já que esta “autofiscalização” na OCS-CSS, não estava acontecendo da forma ideal como se pretendia.

“Estamos fazendo estas visitas para ver de perto, quem está disposto a continuar trabalhando de forma coletiva e assim poder avaliar, quem tem realmente interesse em continuar participando da OCS. Tenho certeza que, se pelo menos uma vez ao ano as OCS’s forem visitadas pela CPOrg-Se, os agricultores ficarão bem mais confiantes da importância e da força que eles têm e se sentirão estimulados a continuar melhorando ainda mais, pois hoje alguns já têm consciência dos riscos da agricultura convencional e das vantagens da produção orgânica”, elucidou a agrônoma Sônia Loureiro.

Quem não quer sair da OCS e garante a autenticidade dos seus produtos orgânicos é o irrigante pela Cohidro João Pacheco, um dos visitados pela CPOrg-SE. “Quem trabalha errado, não fica no mercado. Quem oferece na feira um produto orgânico sem ser, logo é descoberto. Eu não vejo problema em virem visitar minha horta, porque sei que estou trabalhando correto”, estabelece o produtor agroecológico que desde o ano 2000, é referência em Lagarto, tanto que recebe vários outros agricultores interessados na produção livre de agrotóxicos para conhecer sua plantação, a exemplo do Bio5 de Canindé.

Mardoqueu Bodano, Presidente da Cohidro, relaciona o aumento do número de irrigantes orgânicos a mudança no comportamento da sociedade nos dias de hoje. “O produtor está consciente dos riscos que corre quando usa defensivos químicos e quando falamos de pequenas plantações, é inviável aderir às tecnologias nas quais máquinas fazem a aplicação do agrotóxico e livram o agricultor do contato direto. Por isso a agroecologia é a prática ideal para a agricultura familiar. Por outro lado, o consumidor é cada vez mais conhecedor dos benefícios que a alimentação saudável lhe traz. Por isso tem-se consumido mais frutas, legumes, verduras, porque esse consumidor já sabe que vai encontrar muito mais qualidade quando estes alimentos são orgânicos”, comenta.

Feiras orgânicas
Depois de ter ido ao Perímetro Califórnia em Canindé avaliar o trabalho dos irrigantes do Bio5 e também ter visitado assentamentos rurais onde há produção orgânica em Umbauba, Estância e Itaporanga d’Ajuda, o Técnico do Departamento de Segurança Alimentar e Nutricional (Dsan) da Seides e coordenador estadual do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA-Frutos da Terra), Lucas Aroaldo Dantas Cavalcante, teve a oportunidade de conhecer os agricultores orgânicos da OCS-CSS.

“Nossa Feira da Agricultura Familiar em Aracaju é de base agroecológica, mas em dois novos locais que vamos implantar, serão feiras restritas só a fornecedores orgânicos e para tal, precisamos de mais produtores catalogados. Agora, fechando o ciclo de visitas, vamos finalizar o relatório e determinar quais grupos de agricultores está capacitado para fornecer os produtos orgânicos. A PMA cedeu os espaços físicos no Parque Augusto Franco (Sementeira) e no pátio do Museu do Mangue, localizado no Bairro Coroa do Meio e a Seides entra com a estrutura e os comerciantes orgânicos”, explicou o agrônomo Lucas Aroaldo.

Produtor orgânico do Piauí e que já comercializa na Feira da Agricultura Familiar em Aracaju, é Delfino Batista. Ele conta que a criação desta feira exclusiva, para produtores orgânicos certificados, é uma reinvindicação antiga do seu grupo e agora vê com ânimo a parceria entre PMA e a Secretaria. “A intenção é boa e já tínhamos conversado com a Seides sobre isso. Garanto a procedência dos meus produtos orgânicos e não tenho nada para esconder. Recebo sempre os repórteres para mostrar a minha produção, pois sei que estou seguindo as recomendações para continuar dentro da OCS e vender em uma feira só de orgânicos”, avalia ele que também vende quinzenalmente no pátio da Cohidro, na capital e atua em mais 3 feiras em Lagarto.

Outra feira orgânica que tem pretensão de voltar a acontecer será a realizada pela Prefeitura de Lagarto. O diretor de Desenvolvimento Rural da Semader, Adelino Barbosa, acompanhou a visita da CPOrg-SE e comenta o interesse da Administração Municipal no cultivo agroecológico. “Queremos, em parceria com a Cohidro, reativar a feira orgânica de Lagarto. Além disso, temos um projeto de manter hortas comunitárias nas escolas da rede municipal”, disse, explicando que a intenção é a de reforçar a merenda escolar nas unidades de ensino e também criar hábitos alimentares saudáveis nos estudantes, aliados a conscientização da ecologia na agricultura.

Última atualização: 6 de maio de 2021 18:10.

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