PAA: irrigação pública estadual produzirá alimentos para doar a 24 mil pessoas carentes em 2016

Na APPIP os agricultores entregam os produtos que são pesados, registrados e no mesmo dia são recolhidos pelas entidades beneficentes – Foto Ascom-Cohidro

A Superintendência da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) em Sergipe visitou associações de agricultores em Lagarto e Malhador. Eles tanto são irrigantes atendidos pela Cohidro (Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe), quanto vendem sua produção para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), na modalidade “doação simultânea”. Em reuniões e entrevistas, o Órgão Federal visou orientar fornecedores e receptores nesses dois projetos que permitem a doação de alimentos para mais de três mil famílias carentes.

Dentro dos perímetros irrigados da Cohidro atualmente estão em andamento, na etapa de entrega de alimentos, quatro projetos do PAA e existem outros dois analisados e em fase de homologação e pagamento pela Conab, na Superintendência Regional de Sergipe. Nestes já aprovados, são 18.260 pessoas em situação de insegurança alimentar recebendo, até o final do ano, um total de 648 toneladas (ton) de alimentos fornecidos por 171 produtores, remunerados com recursos federais em R$ 1.367.445,00 de forma parcelada, uma parte a cada entrega. Para tanto, 13 órgãos públicos ou entidades sem fins lucrativos intermediarão as doações nas comunidades que atendem em Lagarto, Areia Branca, Barra dos Coqueiros, Pedra Mole e Itabaiana.

Em Lagarto, o superintendente Estadual da Conab, Emanuel Carneiro, explicou que é função da Companhia fazer visitas aos projetos em andamento ou que ainda serão implantados. “Nós solicitamos essa reunião para que fosse discutido o PAA, na sua essência. Se funciona, quais são as atribuições dos produtores, quais são as obrigações do recebedor, toda a normativa para que o projeto possa transcorrer da melhor forma possível e atender os objetivos, que é justamente atender a comunidade carente que necessita de uma complementação da alimentação”, considerou.

Emanuel tem avaliado como muito boa a atuação dos agricultores dos perímetros irrigados no PAA. “O presidente (da Associação dos Produtores do Perímetro Irrigado Piauí – APPIP) é um parceiro nosso já há alguns anos, mas também a Cohidro é fundamental nesses projetos dos perímetros irrigados. Em Canindé do São Francisco, inclusive, nós já estamos analisando o projeto e vamos visitá-los ainda neste ano”, disse o superintendente, se referindo a proposta ao Programa feita por 24 irrigantes do Perímetro Califórnia, para fornecer 77 ton de alimentos. ”Eu acredito que nos próximos 30 dias esse projeto esteja já funcionando”.

O gerente de Agronegócios da Cohidro, Sandro Luiz Prata, expõe que nos dois projetos, propostos pelas associações dos Agricultores de Canindé de São Francisco (ASSAI) e dos Produtores Rurais da Comunidade Lagoa Do Forno, eles assumem fornecer quase 160 ton de alimentos para 5,8 mil pessoas em insegurança alimentar, assistidas pelos centros de referência de Assistência Social (CRAS) de Canindé, de Nossa Senhora das Dores e no Hospital e Maternidade São José, em Itabaiana. Neste último caso, as doações serão para o preparo de refeições aos pacientes.

“São 59 produtores irrigantes dos perímetros Califórnia e Ribeira inscritos em dois projetos aguardando homologação e o pagamento de R$ 472 mil (R$ 8 mil para cada), pela venda garantida de produção durante um ano. Dos aprovados, além da APPIP, temos outras duas associações de Itabaiana, no perímetro da Ribeira e mais a Astrapicica (Associação dos Trabalhares Rurais do Perímetro Irrigado Jacarecica II), em Malhador. Todos fazendo entrega para o PAA”, assinalou Sandro Prata.

Lagarto
“Esse projeto da APPIP, se comparado aos que nós temos em funcionamento, é o maior que a Conab tem hoje no Estado de Sergipe. Atendendo 69 produtores e várias entidades. A Cohidro é um parceiro importantíssimo nesse contexto, se não fosse a Cohidro aqui, não teríamos este êxito. Nós sabemos das dificuldades que o produtor tem, o agricultor não é comerciante, ele é agricultor, então ele necessita de apoio técnico e a Cohidro tem feito isso de uma forma excelente em todos os perímetros que ela atua”, relatou o superintendente Emanuel Carneiro. A Conab investe nesses agricultores do Perímetro Piauí R$ 551.450,00, para que produzam 296 ton de alimentos, doados para 6.860 pessoas assistidas por seis instituições socioassistenciais de Lagarto.

Participou da reunião, realizada na sede recreativa da APPIP no dia 12, a coordenadora do CRAS 1 de Lagarto, Marta Catarina Dantas de Almeida. Ela foi convidada pela Associação para divulgar aos produtores o trabalho que a entidade faz, falando “sobre o que é o papel do CRAS, de estar distribuindo os alimentos para as famílias. Vim passar para os agricultores mais uma força, um incentivo”, relata, confirmando a função social no PAA, ao justificar que as doações chegam sim até as pessoas. ”Falei da importância dos alimentos para essas famílias, do quanto está sendo bom para elas”.

O diretor de Irrigação de Desenvolvimento Agrário da Cohidro, João Quintiliano da Fonseca Neto, estabelece que além das pessoas que recebem o alimento, o produtor também se beneficia no PAA. “É um preço fixo por cada produto e que não varia com o mercado. Se um preço cair, o que é bastante recorrente, o produtor não leva prejuízo como acontece quando ele vende para os atravessadores. Isso facilita muito o planejamento das suas plantações, ele pode programar sua produção durante toda vigência do contrato com a Conab sabendo que receberá seu repasse, toda vez que fizer uma entrega à doação simultânea”, argumentou.

Josileide Martins de Carvalho Nascimento (Dona Dicuri) reconhece essa vantagem no PAA. Ela é agricultora irrigante no Perímetro Piauí e entrega coentro, couve e alface e diz que já contabilizou mais de 300 quilos de alimentos à doação, cerca de 40 por semana. “Essa é a primeira vez que participo e digo que compensa, vale apena”, contou. Na reunião com a Conab, considerou importante ter esse tipo de encontro. “É bom porque a gente fica sabendo mais ainda, ficou por dentro do assunto. Eu sei que está tudo certo, guardo os documentos numa pastinha, é bom ter o controle. O pagamento está indo bem, entrego numa semana e recebo na outra”, completou.

Para o presidente da APPIP, Antônio Cirilo Amorim (Toinho), a reunião serviu para melhorar o conhecimento que tinham do PAA e reforçar a importância do Programa. “A partir de agora todo mundo vai se organizar mais, vai procurar colocar mais produtos, produzir mais. É uma alegria muito grande receber o superintendente da Conab do Estado aqui na nossa Associação, pela primeira vez. Ele veio esclarecer nossas duvidas e nós ficamos agora tranquilos, todo mundo está consciente do seu papel”, avaliou, reforçando estarem recebendo os pagamentos corretamente, após cada entrega.

José Carlos Felizola Filho, diretor-presidente da Cohidro, considera que a cooperação dada pela Empresa, ao PAA, vá além do auxílio técnico para a elaboração dos projetos. “Para produzir com a variedade e quantidade de alimentos que esses agricultores se propõe à Conab e durante um ano, em Sergipe não há como plantar sem irrigação. A irrigação pública, oferecida pelo Governo do Estado, propicia essa garantia para esses pequenos produtores, de que eles podem assumir o compromisso com o Conab e com as entidades beneficentes que, por sua vez, poderão se comprometer com as pessoas que atendem, de que esse alimento vai chegar nas suas mesas”, relevou.

De Malhador para Areia Branca
Cerca de 750 famílias em situação de insegurança alimentar em Areia Branca estão recebendo alimentos doados pelo PAA. Doações que são produzidas por agricultores da Astrapicica, de Malhador. Eles são todos irrigantes do Perímetro Irrigado Jacarecica II e repassam os produtos para coleta realizada pelo CRAS do município vizinho. Raine Costa é coordenadora da entidade beneficente e acompanhou a Conab na visita feita à a Associação, no dia 15.

“O projeto é bastante organizado e vem beneficiando famílias carentes. Ele contribui bastante para essas pessoas que estão numa situação nutricional delicada. A gente que trabalha na Secretaria de Assistência Social conhece de perto a realidade dos habitantes de Areia Branca”, destacou, acrescentando que a doação é feita priorizando os mais necessitados. “Nós procuramos primeiro ir aos povoados, que tem uma maior necessidade. A gente entrega praticamente na porta de cada um e como a Associação nos repassa produtos de ótima qualidade, a população dá um bom retorno, eles estão bastante satisfeitos com o projeto”, reforçou Raine Costa.

Espaço cedido pela Cohidro usa novo modo de comercialização de hortaliças

Consumidor pode colher seu próprio alimento – Foto: acervo Tito Reis

Na conversão à Agricultura Orgânica, muito daquilo que o agrotóxico fazia antes agora vai ser substituído pela mão de obra mais incisiva nos cultivos. Esse aumento da permanência na plantação, de cara, pode parecer que prejudique e diminua o tempo que o produtor tem para ir vender o que colhe. Mas por outro lado, possibilita novas formas de fornecer o alimento para aquele cliente fiel ao consumo de agroecológicos. A área da plantação, antes restrita ao agricultor, implementos e insumos, agora virou local de visitação daqueles que só acreditam vendo e, porque não, de quem quer ter o prazer de arrancar a própria comida da terra, pagar só pelo trabalho de quem plantou e cuidou, para preparar o almoço de logo mais.

Isso já está acontecendo na área coletiva utilizada pelos integrantes da Associação dos Produtores Orgânicos de Sergipe (Bio5), instalados no Perímetro Irrigado Califórnia, em Canindé de São Francisco. Eles investiram em um espaço cedido pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), administradora do polo irrigado, onde esses agricultores são acompanhados pelos técnicos da Empresa e aprendem como trabalhar a terra sem usar agroquímicos na prática, utilizando métodos alternativos de controle de pragas, doenças e adubação natural. O excedente do que produzem no treinamento e não é levado para casa, eles mesmos vendem no local.

Elisângela Santos Barros, uma ou duas vezes por semana tem ido até a horta comprar. “Estou fazendo isso já há uns quatro meses. É um produto fresquinho, sem agrotóxico, sem veneno. É bom demais. Só compro aqui mesmo, depois que eles começaram”. A dona de casa tem uma família grande e se preocupa com a qualidade do alimento que põe na mesa, tanto que a mudança de hábito de compra tem chamado a atenção. “O pessoal nota e diz: seu coentro não apodrece, eu digo: é dos meninos ali da Cohidro”, disse ela quando veio à horta da Bio5 levar 15 molhos de coentro, 10 pés de alface, mais pimenta-de-cheiro e cebolinha, cinco molhos de cada.

Edmilson Cordeiro, gerente do Perímetro Califórnia conta que inicialmente eram os servidores da Cohidro, os interessados em comprar os produtos da horta da Bio5. “Agora é frequente o acesso de outras pessoas, de crianças, de famílias que vêm ter a experiência de comprar direto no pé, colher ou escolher o alimento que vai adquirir. Quando o espaço foi cedido à Bio5, sabíamos que era para também uma exploração comercial, já que são 2,2 hectares de terra irrigada. Talvez a característica única do Projeto Califórnia, de ser próximo da cidade e a poucos metros do centro, tenha facilitado a ideia desses produtores”, avaliou ele.

O que os produtores como Gercino Teles de Andrade aprendem na área coletiva, eles querem aplicar em suas próprias hortas, com a intenção de em breve serem registrados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e fazer parte da Organização de Controle Social (OCS) que funciona paralelo e é composta por membros da Bio5. “Queremos tão logo fazer parte da OCS. A partir do documento de inscrição que nos é dado, podemos vender direto ao cliente, produtos com o nome de orgânicos. Por agora, só podemos vender aquilo que estamos mostrando fazer aqui no lote comunitário, onde a gente, nossas famílias trabalham e andam sem se preocupar com nenhum risco de ficar exposto a veneno, porque não usamos nada disso”, garantiu.

Presidente da Cohidro, José Carlos Felizola Filho, observa que a iniciativa desses produtores supera ao menos três dificuldades enfrentadas por todo agricultor orgânico. “Primeiro é a questão de encontrar espaço nas feiras para comercializar esses alimentos, já que a concorrência com os produzidos de forma convencional dificulta muito a venda, porque são quase sempre mais baratos. O outro problema está em ir para as feiras, muitas vezes em outras cidades, gastando muito do tempo em que poderiam cuidar das plantações. Mas o melhor desta ideia está em mostrar para o cliente como é feita a produção, de forma que o convencimento, do não-uso de agrotóxicos, fica bem mais fácil do que com o produto já colhido e exposto em uma banca de feira”, analisa.

Na horta coletiva dos produtores da Bio5, o consumidor pode acompanhar e até participar do processo de plantio. Antônio Dantas Costa Junior ficou sabendo do espaço pelo amigo, que trabalha na Cohidro. “Quando eu morava no interior, eu tive a curiosidade de fazer um canteiro de coentro e hoje eu estou tendo aquela mesma sensação, de trinta anos atrás, de você sentir realmente o que é uma cultura orgânica, a natureza próxima a você, que isso aqui vai trazer saúde para a sua família, considerou. Para ele, existe “um apelo comercial muito grande, de produzir em larga escala, sem estar preocupado com o benefício à saúde humana, né? Quando você consegue ter um equilíbrio tudo fica legal, tudo fica saudável, tanto para a natureza como para o ser humano”.

Quem toma conta destes iniciantes na produção orgânica é o Técnico em Agropecuária Tito Reis, da Cohidro. Ele explica que no local repassa as técnicas de plantio das hortaliças, mas também fabrica com os produtores os insumos. “Desenvolvemos um biofertilizante a base de esterco bovino, tronco de bananeira e a nova torta de mamona artesanal. Plantamos aqui também a pimenta ‘dorset naga’, a mais ardida que existe. Com o extrato dela e de uma planta chamada melão de São Caetano, além do sabão de coco derretido, controlamos as pragas. Tratamento que fizemos de pulverização e vacinação. A berinjela, por exemplo, saiu limpa assim, sem manchas no fruto e nas folhas”, informou.

Na horta ainda são cultivados quatro tipos de alface, rúcula, couve, pimentão, quiabo, coentro, cebolinha, salsa, repolho, pimenta-de-cheiro e a pimenta malagueta. “Medindo o pH, os níveis de fertilidade e os índices de condutividade elétrica do solo e da água, fica fácil identificar prováveis situações de falta de nutrientes e aí vamos lá e corrigimos. O resultado pode ser visto aqui, tipo os pés de alface, grandes e limpos, sem pragas e doenças”, reforçou o servidor responsável por acompanhar todos os agricultores orgânicos do Perímetro. Ele acredita que o potencial da horta coletiva ainda pode ser maior. ”Com o tempo, esse espaço poderá ser até uma atração turística, sendo Poço Redondo, Canindé e Piranhas-AL, polos de turismo ecológico”, antevê Tito Reis.

Visitação

João Quintiliano da Fonseca Neto, diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrário da Cohidro, considera que a área que a Empresa cedeu aos agricultores contribui também nas atividades da Companhia. “No Califórnia é frequente a visitação de estudantes do ensino regular, de cursos técnicos em agropecuária e até universitários da área agrícola. Um espaço plantado e bem cuidado, anexo à nossa sede local, ajuda muito. Depois de uma apresentação ou palestra no escritório o local de visitação está ao lado, sem que seja preciso deslocar um veículo e técnico para o campo”, concluiu ele, lembrando da recente ida, ao Perímetro, da turma de alunos agrotécnicos do Centro Estadual de Educação Profissional Dom José Brandão de Castro, de Poço Redondo, quando fizeram aula prática na horta.

Canal de irrigação da Cohidro passa por reformas em Canindé

FAs equipes trabalharam também no dia de São Pedro, aproveitando o período sem correr água no canal

Obra iniciada em 15 de junho, a recuperação dos pontos críticos do Canal N1 do Perímetro Califórnia se encontra 55% concluída e sendo realizada com urgência, inclusive com as equipes trabalhando nos feriados, para que os períodos de interrupção do fornecimento de água não prejudiquem os agricultores irrigantes de Canindé de São Francisco, assistidos pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), a administradora do polo irrigado. A obra tem a previsão licitatória para terminar dia 5 de agosto, mas pela forma que está sendo executada, é esperado que o fim ocorra antes.

A reforma ocorre com recursos do Fundo Estadual de Recursos Hídricos (Funerh), graças ao convênio com a Semarh (Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos), que garantiu, à execução da obra emergencial, R$ 199 mil. O Perímetro Califórnia possui 78 quilômetros entre canais e tubulações por onde a água corre até chegar às lavouras irrigadas. Destes, 7.987 metros são do Canal N1. Segundo o engenheiro civil da Cohidro, Clayton Araújo, todo canal vai passar por reformas, mas a realizada atualmente compreende os 1.579 metros mais críticos.

“O N1 compreende os canais trapezoidais (CTs) 02, 03 e 04. No CT-02 existia um trecho ao qual chamávamos de ”pontos críticos”, com rachaduras significativas, vazamentos intensos que já comprometiam o sistema de irrigação, sendo que o volume da água que chega ao ponto final não está mais de acordo com o previsto. Havia a necessidade de se efetuar os trabalhos de recuperação em uma ‘urgência urgentíssima’”, relatou Clayton, informando que está sendo executado, por empresa licitada, a retirada da vegetação às margens do canal e a substituição das placas de concreto danificadas, principalmente pela ação das raízes dessas plantas.

Segundo o diretor de Infraestrutura Hídrica e Mecanização Agrícola (Dinfra) da Cohidro, Paulo Henrique Machado Sobral, o restante do N1 e ainda o CT-01, também vão passar por obras. “Apesar de estarem na mesma região, os locais e serviços a efetuar são distintos. Os cerca de seis quilômetros restantes do CT-02 também serão recuperados, mas são em um menor grau de urgência e dificuldade e serão custeados pelos recursos do Proinveste. Também por este programa, receberão uma cobertura de concreto os 1,8 quilômetros do CT-01, canal que hoje fica dentro da área urbana da cidade de Canindé e sofre a interferência da poluição das residências e comércio em sua volta”, assinalou, referenciando também a economia de água com o canal coberto, ao evitar a evaporação.

Presidente da Cohidro, José Carlos Felizola Filho, considera serem urgentes, essas obras de recuperação dos perímetros. “São quase 30 anos, desde que foram entregues à população, que esses sistemas de irrigação não recebem incentivos desse porte. Só no Califórnia serão R$ 4 milhões do Proinveste em obras e equipamentos para suplantar essa lacuna nos investimentos. Em todos os seis perímetros irrigados, o Proinveste destinou mais de R$ 7 milhões e ainda seremos beneficiados com R$ 33 milhões do “Águas de Sergipe”, para modernizar a irrigação dos perímetros da Ribeira e Jacarecica I, além das adequações ambientais nas barragens destes e nos perímetros Jacarecica II, Piauí e Jabiberi”, listou sobre os programas em que o Governo de Sergipe faz financiamento junto à União e ao Banco Mundial, respectivamente.

Irrigação não pode parar

Segundo o gerente do Perímetro Califórnia, Edmilson Cordeiro, a obra no N1 ocorre quando não há água passando para as estações de bombeamento (EBs) e persiste até esvaziarem os seus reservatórios. “As EBs 05, 06 e 07 são abastecidas pelo CT-02, onde ocorre a obra. Os três estoques estão durando em torno de quatro dias, após isso temos que religar para novamente abastecer e interromper a reforma. Por isso as equipes, da empresa contratada, tiveram que trabalhar no dia de São João e de São Pedro, pois coincidiu com o período em que a água poderia ficar interrompida”, informou, revelando ainda que o tempo chuvoso tem ajudado, diminuído o uso da irrigação e assim os intervalos, no uso do canal, serem maiores.

PAA em Lagarto vai doar 296 ton. de alimentos via Perímetro da Cohidro

Entrega às entidades socioassistenciais – Foto: arquivo Gildo Almeida

Com objetivo de fornecer uma dieta balanceada e composta por alimentos saudáveis e naturais, com origem no próprio estado e destinada a populações em situação de insegurança alimentar, o Governo Federal, através da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), desenvolve a modalidade “doação simultânea”, dentro do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Deste modo, a Associação dos Produtores do Perímetro Irrigado Piauí (APPIP), em Lagarto, já entregou 84 toneladas de sua produção agrícola gerada pela irrigação pública do Governo do Estado, a seis entidades socioassistenciais do município, que juntas atendem 6.860 pessoas.

Foram cinco entregas quinzenais desde abril e a APPIP vai continuar a entregar por mais nove meses, quando terá que atingir as 296 toneladas de alimentos doados. Para participar, as entidades representativas dos agricultores propõem à Conab um projeto onde dizem o quanto podem fornecer, em produtos, durante um ano. Baseado neste volume, eles identificam o tamanho da população que podem beneficiar, por meio das doações e então definem as entidades, legalmente aptas a receber, que se enquadram neste perfil. Um planejamento complexo, onde a Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), que administra o Perímetro de Lagarto, auxilia os irrigantes do Piauí e dos seus outros polos irrigados.

Obedecendo a uma tabela regional, o PAA remunera esses produtores a cada nova remeça de alimentos. Dinheiro que antes de começar a vigorar o contrato, é depositado em conta-conjunta bloqueada, como uma certeza de recebimento ao produtor. Segundo o diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrário da Cohidro, João Quintiliano da Fonseca Neto, ser agricultor assistido pela Companhia Estadual, é uma segurança a mais ao Programa. “Para a Conab, nossos irrigantes são mais confiáveis de que vão cumprir o que foi proposto pelo projeto, graças à água ofertada pela irrigação pública. Uma garantia de produzir alimentos durante todo ano, ininterruptamente”, avalia.

Hoje são quatro associações de produtores dos perímetros da Cohidro que possuem contratos em vigência, totalizando 648 toneladas de alimentos gerados por 171 agricultores que serão remunerados em R$ 1.367.445,00, como revela o Chefe da Divisão de Agronegócios da Empresa, Sandro Luiz Prata. “Além dos projetos em andamento, estamos trabalhando para homologar novos, para entrar em vigência já em 2016: outro do Perímetro Irrigado Piauí de Lagarto, no Jacarecica II, em Malhador e ainda no Califórnia, este em Canindé de São Francisco”, acrescenta.

Somadas todas as entregas realizadas pela APPIP neste acordo, R$ 551.450,00 serão divididos entre os 69 fornecedores inscritos. Uma garantia de compra da produção agrícola e por valores que não sofrem as variações provocadas pela especulação dos atravessadores. Mas ainda existe uma recompensa além da renda para esses agricultores: a de poder participar de um acordo que beneficia pessoas carentes. Para o presidente da Associação de Produtores, Antônio Cirilo Amorim (Toinho), “está sendo uma benção. Comunidades que nunca tinham visto um projeto desses, agora estão numa alegria só. Estão radiantes com a qualidade dos produtos que estamos entregando”, relatou o dirigente da entidade que está executando seu quinto ano de participação no PAA, o 11º contrato em que tanto produtores irrigantes do Piauí, como a população carente de Lagarto, estão sendo contemplados.

É o que está acontecendo com os atendidos pelo Centro de Referência de Assistência Social José Francisco Rodrigues (Cras I) de Lagarto, onde a coordenadora da instituição, Marta Catarina Dantas de Almeida, elenca o perfil da população que recebe os alimentos quinzenalmente. “São pessoas muito carentes, que a gente já acompanha. Muitas são famílias que vivem só do Bolsa Família, em extrema pobreza. Isso levando em conta atender os locais mais próximos, para facilitar que eles tenham acesso”, explicou enumerando que são 1.300 pessoas dos bairros Jardim Campo Novo, Albano Franco, Loyola I e II, os assistidos com a doação de um total de 56 toneladas de alimentos e onde “o resultado está sendo positivo, a população está muito satisfeita”, completou.

Investimento no homem do campo

Recentemente, o presidente da Cohidro, José Carlos Felizola Filho, pode ver de perto o trabalho de recolhimento e aferição do volume e qualidade dos produtos entregues pelos produtores, filiados da APPIP. “São mobilizações que justificam tudo que foi e ainda é investido, de recursos do Governo do Estado, na agricultura e irrigação pública. Forma consciência no agricultor de que é preciso se organizar, planejar, e ainda entender que aquilo que produzem serve também para combater a fome daqueles que são mais necessitados. Soube que em Sergipe, o acompanhamento realizado pela equipe da nossa Empresa é modelo de organização, exemplo a ser seguido nos projetos fora da nossa área de atuação. Tenho que parabenizar esses dedicados técnicos pelo trabalho que nos orgulha”, considerou.

Um dos que são assistidos pela Cohidro é Jodeclan Silva Santos, produtor rural no Perímetro Piauí que pela segunda vez que entrega para um projeto do PAA da APPIP. Para ele, o Programa auxilia na rentabilidade do agricultor. “Está ajudando bem. O que muda é que aqui na entrega é o preço, que está garantido. No atravessador todo dia muda o preço”, avaliou o irrigante que tem fornecido, em todo dia de entrega de produtos, uma média de 500 quilos de batata-doce, 60 de cebolinha, 80 de couve e 40 de alface. Ainda pela manhã ele chega à sede da Associação com alimentos que colhe bem cedo, fazendo com que as entregas às entidades, no início da tarde, sejam de produtos sempre fresquinhos.

Essa ajuda à população rural vai além da renda. Há casos em que o PAA auxilia no fornecimento de alimentos a famílias residentes no campo e em situação emergencial, sem acesso à suplementação alimentar necessária. É o caso dos povoados Boieiro, Barro Vermelho e Quilombo, também em Lagarto. Segundo Sandro de Oliveira Chagas, presidente da Associação Comunitária e Produtiva do Boieiro, nas localidades o solo e pedregoso, até para o pasto da criação de gado, principal atividade rural praticada no local. “A criação depende tudo de ração. 90% trabalham na roça própria, mas na nossa comunidade se plantar, não dá”, justificou.

O dirigente considera importante o apoio da Cohidro à APPIP, a quem primeiro procurou por ajuda e a Conab, por terem beneficiado Lagarto com este Programa, que diz só ter elogios. “Esta sendo conforme foi elaborado no projeto: no horário estabelecido e os produtos de boa qualidade, produtos de primeira. Não tem esse que viesse estragado, vem tudo organizadinho. A gente só tem a agradecer esse projeto maravilho e queremos ver se a conseguimos renovar de novo”, frisou Sandro Chagas, que representa os 1.960 moradores que vão receber, até o final do contrato, 84.564 quilos de alimentos.

Gerente do Perímetro Piauí, Gildo Almeida Lima, diz ser constante a atuação dos produtores em projetos de garantia de compra, como o PAA. “Temos a APPIP, mas também existe a Cooperativa de Produtores e a Associação de Produtores Orgânicos que sempre fornecem alimentos tanto nesta modalidade, de doação simultânea como no PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), via Prefeitura. A Cohidro incentiva e está aqui para auxiliar e intervir em favor deles”, estabeleceu ele, informando que, no projeto em vigência, ainda são favorecidos o Cras 2, o Povoado Olhos D’água e adjacências, a Pia União dos Pobres de Santo Antônio e a Associação de Assistência e Proteção a Maternidade e a Infância, todos em Lagarto.

Veja um álbum de fotos completo abaixo:

Felizola e diretores da Cohidro visitam produtores e obras no Califórnia

Agricultores irrigantes estão depositando votos de confiança na gestão de Felizola na Cohidro

Semana passada, a diretoria da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) esteve presente em Canindé de São Francisco cumprindo agenda de reuniões com agricultores assistidos pela Empresa, no Perímetro Irrigado Califórnia, visitando obras de recuperação de canais, casas de bomba e findando com uma visita ao prefeito municipal, Heleno Silva. O presidente José Carlos Felizola Filho além de constatar o avanço nas ações de infraestrutura, pôde prestar contas, aos irrigantes, destas melhorias ao polo agrícola e dos seus novos equipamentos de bombeamento, que já começaram a chegar hoje, 21.

Ao chegar ao escritório do Perímetro Irrigado, Felizola, acompanhado dos diretores da Cohidro: João Quintiliano do Fonseca Neto (Irrigação e Desenvolvimento Agrícola) e Paulo Henrique Machado Sobral (Infraestrutura Hídrica e Mecanização Agrícola), já era aguardado por um grupo formado por cerca de 20 agricultores irrigantes. Eles queriam a confirmação do que foi anunciado em reunião no dia 27 de maio, quando o presidente garantiu a reforma dos pontos críticos no canal de irrigação N1 e a chegada de 36 bombas, para suplantar a carência de equipamentos novos na estrutura do Califórnia. Os três primeiros destes aparelhos, que chegaram hoje, já partiram no mesmo dia para o Alto Sertão.

“Passei o dia visitando o Perímetro Califórnia, onde inspecionei as obras de limpeza e recuperação dos canais que são abastecidos com as águas do Velho Chico, melhorias que foram iniciadas na semana passada. Aproveitei e conversei com produtores e líderes de movimentos sociais, onde anunciamos a chegada de novas bombas, melhorando a distribuição e vazão de água. Em breve começaremos a instalação de 36 novos equipamentos, onde melhoraremos os serviços ofertados e nos adequaremos às exigências ambientais”, explicou Felizola, quando esteve em Canindé no dia 15.

Paulo Sobral explica que a obra que está sendo realizada no canal N1, prevê a recuperação da estrutura no ponto mais danificado: 1.579 metros, dos mais de 7 mil que toda a estrutura tem de extensão. “Em convênio com a Semarh (Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos), conseguimos R$ 199 mil em recursos do Fundo Estadual de Recursos Hídricos (Funerh). Haverá a troca de placas aonde ocorrem vazamentos, o que tanto causa perda de água como diminui a vazão do sistema. Outra etapa é a limpeza periférica, eliminando as raízes que, com o tempo, vieram a danificar a estrutura de concreto, na sua procura subterrânea por água”, relacionou o diretor, sobre a construção de quase 30 anos de uso.

Já o diretor João Fonseca, informa que as bombas que irão chegar ao Perímetro, adquiridas com os recursos do Proinveste, serão para repor as em uso, desgastadas pelo tempo de operação também próximo dos 30 anos. “São bombas que frequentemente quebram, devido ao tempo de uso avançado, acabam por prejudicar a distribuição de água aos agricultores e consequentemente prejudica a oferta de água a todos os lotes do Perímetro Califórnia”, avaliou. As três bombas de 250 cavalos, que acabaram de chega a Sergipe, irão para a Estação de Bombeamento (EB) 02 em Canindé, a que realimenta as outras cinco EBs secundárias do polo irrigado.

Irrigante de Setor Sete do Califórnia, Nelson Oliveira Araújo Filho planta goiaba em seus 4 hectares de terra. Ele encabeçou a comissão de produtores que estiveram à espera dos diretores da Cohidro. Ele cobra da Empresa a efetivação das ações anunciadas pelo Proinveste, que reservaram R$ 4 milhões para recuperar a infraestrutura do perímetro. “A gente já começa a ver agora não é? Com essa nova gestão os resultados efetivamente estão acontecendo. Deixam-nos muito satisfeitos e agraciados pela a atenção que essa nova equipe, que essa nova gestão tem nos dado. A gente já vem há aproximadamente 25 dias falando com o doutor Felizola. Ele sempre nos recebe, sempre nos atende. Nos deixa muito satisfeitos a gente ver hoje, efetivamente, o reinício das obras”, avaliou.

Prefeito Heleno

Após se encontrar com os agricultores, visitar as obras no canal e a EB-100 do Perímetro Irrigado, acompanhados do vereador municipal Rildo Joaquim e do gerente do Califórnia, Edmilson Cordeiro, os diretores da Cohidro estiveram com o prefeito Heleno Silva. Além de relatar tudo que foi acordado com os produtores e as melhorias que estavam ocorrendo no Califórnia, foi ocasião para anunciar um benefício à cidade de Canindé. “Aproveitamos a oportunidade para garantir a cessão de uma área do Califórnia, para a instalação de um centro de distribuição de alimentos que fortalecerá os agricultores e agregará valor aos alimentos produzidos nos perímetros irrigados do município”, reforçou Felizola.

Heleno Silva comemora a conquista da administração municipal que, em uma parceria público-privada, irá construir uma estrutura que servirá de entreposto comercial para toda a produção agrícola do município, diminuindo a intermediação e favorecendo a distribuição mais eficiente das safras locais, para outros municípios e até para fora de Sergipe. “Será um benefício para a produção do agricultor, para a economia do município e também para o Estado, que cria utilidade para esta área do Governo”, reiterou o prefeito, sobre o terreno pertencente à Cohidro.

Álbum completo de fotos abaixo:

Pernambucanos fazem visita acadêmica em perímetro da Cohidro

Técnico Beto da Cohidro, segundo da esquerda, com os professores e estudantes do IFPE (foto do acervo de Edmilson Cordeiro)

Estudantes do Curso Técnico em Meio Ambiente, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE), estiveram nesta terça-feira, 07, no Perímetro Irrigado Califórnia, no município de Canindé de São Francisco-SE. No polo agrícola administrado pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), a visita acadêmica tinha por objetivo o estudo dos impactos ambientais na agricultura, o empreendedorismo e uma aula prática de hidrometria, medindo a vazão do canal de irrigação.

Eles estudam no campus do IFPE em Garanhuns, município do Agreste Pernambucano. Os 19 alunos e três professores percorreram 215 quilômetros até chegar ao Califórnia. Segundo o professor e doutor em Engenharia Agrícola Rogério Oliveira de Melo, desde 2013, esta é a quarta vez que ele traz seus alunos ao Perímetro de Canindé. “Sou responsável pelas disciplinas Gestão dos Recursos Hídricos e Geoprocessamento. A visita à região é multidisciplinar e estavam comigo outros dois professores: a Mayara Dalla Lana, Engenheira Florestal e o Emmanuel Freitas, Tecnólogo em Gestão Ambiental. Eles são professores de Estudo de Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas”, disse o docente há cinco anos no Instituto.

A agricultura está diretamente relacionada às questões ambientais. Conforme especificou o professor Rogério, estas viagens complementam a carga teórica do curso e têm ainda por objetivo acostumar os futuros profissionais aos espaços em que vão atuar depois de formados. “Como se trata de Técnicos em Meio Ambiente, acreditamos na importância da vivência prática como formadora do conhecimento. Dentro da proposta pedagógica do nosso curso, a parte de visitas técnicas têm uma importância fundamental, pois são elas que complementam aquilo visto em sala de aula. Além disso, estamos demostrando áreas de atuação, criando uma rede de contatos, formando ideias sobre as questões ambientais: quais os problemas? O que fazer para solucioná-los?”, propôs.

Gerente do Califórnia, Edmilson Cordeiro recebeu, mais uma vez, os estudantes pernambucanos no Perímetro. Para ele, se faz reconhecida a importância do trabalho que faz junto dos seus técnicos agrícolas. “É sempre uma satisfação recebe-los aqui. Prova de que tanto dentro como fora de Sergipe, nosso projeto de irrigação é conhecido. A importância econômica é indiscutível, agora cada vez mais vemos ter também o interesse do meio acadêmico. Se serve de convite, estamos de ‘porteiras’ abertas para receber alunos de escolas e universitários dispostos a aprender mais e aplicar isso depois de formados”, considerou ele, que destacou o Técnico em Agropecuária da Cohidro, Antônio Roberto Ramos, para acompanhar os visitantes até o canal de irrigação CT-01.

O CT-01 é o principal canal do sistema de irrigação do Califórnia e foi objeto de estudo na visita acadêmica, onde o professor Rogério e seus alunos fizeram a medição da vazão da água que corre na estrutura. “Está ligado diretamente à disciplina de Gestão dos Recursos Hídricos, onde fazemos uma prática de hidrometria no canal”, acrescentou o Doutor, que disse querer voltar com outros estudantes para conhecer e estudar o Perímetro, pois sempre têm turmas novas. “A frequência é semestral. Pretendemos voltar ainda esse ano”, já avisou.

Aspectos socioeconômicos

Para o presidente da Cohidro, José Carlos Felizola Filho, são muitos os aspectos à serem estudados em um perímetro irrigado, pois envolve desde a governança, por ser um projeto de irrigação pública, até o impacto social que provoca na comunidade. “Sem dúvida, nossos perímetros transformam o conceito de agricultura, aonde for que eles estejam implantados. No Agreste, no Sertão, no Sul e Centro Sul é visível a importância econômica para as cidades, dá emprego para muita gente e movimenta o comércio local. Hoje 4,6 mil famílias são diretamente beneficiadas com a geração de renda provocada só por ter água no lote desses produtores”, avaliou.

A organização do trabalho à terra em um perímetro irrigado e como foram criadas estas relações também foi objeto de estudo na aula dada aos estudantes pernambucanos no Califórnia. “A escolha do perímetro se dá pela própria história do projeto. Como eles têm a disciplina de Gestão e Empreendedorismo e nela eles veem a parte de cooperativismo. Acreditamos que esta realidade aqui do projeto (de irrigação), mesmo que não seja o foco principal, pode ser contemplada”, concluiu o professor Rogério Oliveira. Depois de Canindé, ele seguiu sua viagem acadêmica, levando seus alunos para conhecer o Viveiro Florestal de Xingó, projeto da Chesf no município de Piranhas-AL e na sequência, o complexo de usinas hidroelétricas e a estação de piscicultura de Paulo Afonso-BA.

Cohidro repõe placas de controle de vazão no Califórnia

Uma placa de controle de vazão normal e uma das versões adulteradas (Foto Ascom-Cohidro)

Procedimento iniciado em dezembro, concluiu em maio a troca e reposição de 80 placas de controle de vazão. O método controla o uso abusivo da água para irrigação, por parte dos agricultores abastecidos pelo Perímetro Califórnia, administrado pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) em Canindé de São Francisco, município do Alto Sertão. A ação possibilitou que os irrigantes abastecidos por último, nas adutoras, tivessem o fornecimento regularizado nos setores 06 e 07.

Desde 1992, esta foi a terceira vez que os operários da Empresa fizeram a mobilização para inibir a ação daqueles que adulteram ou eliminam o mecanismo. Todos eles foram notificados extrajudicialmente, mas dois foram reincidentes e tiveram a água cortada por três dias, além de sofrerem denúncia na justiça pelo descumprimento das normas do serviço oferecido pelo Governo do Estado. Segundo o gerente do Califórnia, Edmilson Cordeiro, o problema ocorre quando o agricultor quer fazer a irrigação dos lotes em escala além das especificações técnicas do sistema.

“Quando foi criado o projeto de irrigação Califórnia, a norma era de que cada irrigante usasse até 10 aspersores com vasão de 1,71 m³/h (metros cúbicos por hora) por vez. Seguindo esta regra, todos os lotes receberiam a irrigação de forma igualitária. Mas eles passaram a usar aspersores maiores, com vazão de 2,5 m³/h e em número muito maior. Por isso foi necessário, logo em seguida, a colocação das placas de orifício. Pouco tempo depois nossas equipes se depararam com um novo problema: ação de alguns irrigantes que, por conta própria, aumentavam esse orifício, para poder ter mais vazão, ou seja, ter mais água para irrigar mais rápido do que os vizinhos”, relatou Edmilson.

No percurso que segue uma adutora, em média são 40 saídas de registro cada, atendendo o mesmo número de agricultores. Se a água for usada em demasia no caminho que ela percorre, vai chegar ao seu destino final, o último irrigante, com uma força de vazão insuficiente para acionar os aspersores. Os equipamentos não só esguicham água, como dependem da força motriz dela para girar e atingir um raio de ação. Quanto menos vazão, menor efeito terá a irrigação.

Antônio (do Vale) Ferreira de Oliveira é o último irrigante do Setor 06 do Califórnia. Ele planta quiabo, feijão-de-corda e milho em seus 4,3 hectares (ha) irrigados, mas estava com dificuldades de tocar a lavoura até ocorrer a reposição. “Agora mudou, depois que trocou as placas, melhorou. Aqui sempre teve esse problema, mas resolve depois que os funcionários da Cohidro trocam as placas. Agora tenho como irrigar todo lote. Mas sem as placas, não passava água por aqui”, relatou agricultor, que ainda temo lote em um ponto mais elevado. “A água lá embaixo ‘tava’ sobrando. Eles não se importavam com quem não tem água”.

Diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrário da Cohidro, João Quintiliano da Fonseca Neto recomenda aos agricultores que levem em conta as especificações dos técnicos dos perímetros ao comprar ou substituir os equipamentos, alertando do risco da água faltar para a agricultura. “Não é o caso de Canindé ainda, mas há perímetros irrigados onde haverá o processo de total troca do sistema para a microaspersão, pensando na disponibilidade de água que atenda igualmente a todos agricultores e principalmente traga economia. Vale lembrar que as reservas de água não são infinitas e se o uso com a irrigação não for otimizado, quando faltar, a prioridade será para o abastecimento humano”, advertiu.

José Carlos Felizola Filho, presidente da Cohidro, está plenamente de acordo com as ações de fiscalização frequentes. “É um sistema de uso coletivo, mantido com dinheiro do Estado, dinheiro dos contribuintes. Logo, o sistema de irrigação dos perímetros não é algo particular, onde quem usa manda na quantidade de água que quer consumir. É falta de consciência com a situação dos vizinhos, companheiros e colegas de atividade. É falta de consciência com o uso da água, o bem mais precioso no Sertão, que é bem o caso de Canindé. Precisa ser consumido de acordo com as normas técnicas recomendadas”, assinalou ele, que anunciou, aos produtores do Califórnia, o inicio das obras de recuperação dos pontos críticos do Canal N1, no perímetro irrigado.

“É uma obra de R$ 199 mil, com recursos oriundos de convênio nosso com o Funerh (Fundo Estadual de Recursos Hídricos), para complementar as ações de recuperação do Perímetro. Isso foi relatado aos agricultores irrigantes na reunião em que estive com eles, dia 27 (de maio). A intenção é eliminar os pontos de vazamento que podem causar perda de água na estrutura de concreto e assim garantir que ela chegue nas EBs (Estações de Bombeamento) em maior volume”, acrescentou o presidente Felizola.

No Setor 07, a irrigante Lindinalva Ferreira Soto, planta no último lote em que chega a água do Perímetro. São 4,6ha irrigados, onde ela trabalha a terra há 6 anos e 5 meses. “Eu enfrentava problema com a água, mas melhorou depois de trocar as placas. Agora consigo irrigar com os 10 aspersores de uma vez”, afirmou a agricultora que produz quiabo, goiaba, acerola e o feijão-de-corda. Ela assinala que não é a primeira vez que foi necessária a intervenção da Cohidro para regularizar a distribuição. “Teve outra vez, quando cheguei aqui tinham acabado de trocar, mas o pessoal começou a mudar por conta própria e criou de novo o problema. Agora o que falta melhorar, é a reforma das bombas”.

“Com recursos do Proinveste houve a aquisição de novas bombas para todos os setores do Califórnia, que começam a ser instaladas agora no mês de Junho, conforme informou o Presidente Felizola aos agricultores, em reunião no dia 27 de maio, um total de 37. Quando ocorrerem, o potencial do perímetro será regularizado, retomando a capacidade de distribuição de quando foi criado,” informa João Quintiliano.

IBGE prevê 770 mil toneladas de milho em Sergipe

Presidente da Cohidro, Felizola/ Foto: Ascom/Cohidro

Atualmente, a área plantada com milho destinado à colheita verde nos perímetros públicos atendidos pelo Governo do Estado, por meio da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), é de 137 hectares e tem média de produtividade de 20 mil espigas por hectare. Sob o auxílio da irrigação pública, é esperada uma produção de 2,7 milhões unidades colhidas em junho. O presidente da Cohidro, José Carlos Felizola Filho, comemora essa safra junina. “Com auxílio público, o risco do produtor não ter boa colheita é mínimo. A água e assistência de nossos técnicos vão garantir milho para as festas dos Santos Antônio, João e Pedro”, defendeu.
Segundo dados da Emdagro, no ano passado Sergipe colheu 1.308 hectares de milho verde, equivalente à produção de 8.591 toneladas, e o rendimento foi de 6.568kg por hectare, superando os números de 2014.

“Sempre pensamos o milho como grão, mas Sergipe é destaque também na produção de milho in natura, utilizado principalmente no São João. E aí o destaque especial vai para os perímetros irrigados. Temos seis do Estado e mais dois, o Jacaré-Curituba e Platô de Neópolis, que têm recurso público envolvido. Se somarmos esses perímetros públicos, temos excelente produção de milho em espiga, e isso pouca gente nota”, expôs o secretário de Agricultura.

Destaque na produção de milho verde e em pleno Alto Sertão, é o perímetro irrigado Califórnia, em Canindé de São Francisco. Foram 65 hectares plantados visando à demanda do mês de junho. Um dos produtores é José Ivanio Almeida. “Plantei duas tarefas dia 02 de abril e vou colher no dia 23. Tenho 12 anos aqui, sempre fazendo a mesma coisa. Depois de tirar o quiabo, planto o milho verde”.

No Perímetro, as plantações de milho verde alcançam a produtividade de 5,5 toneladas por hectare e, segundo José Ivanio, a espiga na região está sendo comercializada à R$ 0,50. “No verão, planto também, mas é para fazer silagem”, completou o agricultor que tem um total de dois hectares de terra irrigada.

Agricultores do perímetro irrigado do Piauí, município de Lagarto, também garantem milho para o período junino e pretendem evitar o atravessador. O agricultor Genivaldo Azevedo de Jesus, por exemplo, pretende se encarregar de todo processo de plantio, colheita e investe para fornecer o produto diretamente ao consumidor final, alcançando, assim, maior lucro com sua lavoura.

Genivaldo e seu pai, João Benigno de Jesus, plantaram dois hectares de milho, sendo parte cultivado na última semana de março, e o restante uma semana depois, intervalo de tempo para poder conciliar as atividades da colheita e da comercialização. “Quero vender nas feiras livres em Lagarto, Boquim e Simão Dias, colocando funcionários para me ajudar a colher e vender nas feiras”, anunciou o agricultor, que espera produzir 60 mil espigas nesta safra e pretende vender entre R$ 0,75 e R$ 1 cada uma delas.

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Fonte: Agência Sergipe de Notícias

Estudantes agrotécnicos fazem aula prática em perímetro da Cohidro no Sertão

Grupo de estudantes aprendem com explicações e nas práticas – Fotos: Ascom/Cohidro

Desafio de fazer horticultura orgânica no semiárido sergipano, abraçado pelos agricultores da Associação Sergipana de Orgânicos (Bio5), chamou atenção de alunos e professores do Curso Técnico em Agropecuária do Centro Estadual de Educação Profissional Dom José Brandão de Castro, de Poço Redondo. Segunda e terça-feira, 16 e 17, respectivamente o primeiro e o segundo anos do curso visitaram o Perímetro Irrigado Califórnia, administrado pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) em Canindé de São Francisco e onde a irrigação pública estadual dá suporte ao projeto agroecológico.

Atualmente os irrigantes associados à Bio5 cultivam, de forma coletiva, um espaço cedido pela Cohidro anexo ao escritório do Perímetro Califórnia. Nessa área de terra estão sendo desenvolvidas atividades que vão desde a experimentação de métodos alternativos de controle de pragas e produção biofertilizantes, até a aplicação de cursos. Os alimentos resultantes deste campo estão sendo comercializados por esses agricultores na feira de Canindé e no próprio local, onde o freguês pode colher o próprio alimento, tudo livre de qualquer agrotóxico.

Foi nessa área que o Técnico em Agropecuária da Cohidro Tito Reis, recebeu as duas turmas de estudantes. “No primeiro dia foi mais uma explicação, para o primeiro ano, do que acontece aqui. Já o segundo ano teve que praticar na horta, com a colaboração dos técnicos colegas, dividi a turma de 28 alunos em atividades diferentes. Com Beto (Roberto Ramos) construíram um sistema de irrigação por microaspersão, Joaquim (Ribeiro) coordenou o transplante de mudas de alface e coentro para os canteiros. Já meu grupo confeccionou bioinseticida que foi aplicado nas culturas”, relatou o servidor que assiste todos os orgânicos do Califórnia.

Os estudantes agrotécnicos puderam conhecer quais os insumos usados para garantir que a produção seja orgânica, a forma de trabalho e as dificuldades que eles vão encontrar para garantir que a planta produza. Emerson Matos Santos, 16, do primeiro ano do curso, foi um deles. “Legal conhecer de perto, foi boa a atividade. O bom é que aqui tudo é orgânico”. Com a explicação dada, o aluno do curso técnico logo pode perceber qual é a maior dificuldade existente no cultivo sem o uso agrotóxico. “Só é ruim as doenças, que no modo convencional podem ser combatidas facilmente, no orgânico é bem mais difícil”, concluiu.

José Carlos Felizola Filho, presidente na Cohidro, argumenta que quanto mais cresce a experiência dos orgânicos, nos perímetros irrigados, menor é a dificuldade de superar as pragas que atrapalham os cultivos. “Sei que, testando e experimentando as receitas difundidas pelos nossos técnicos, é que eles vão encontrar a melhor forma de superar essa falta que faz os inseticidas industrializados. Resultados que vêm a médio e longo prazo, mas o benefício é imediato: agricultores e famílias mais saudáveis, meio ambiente protegido e alimentos que só nos fazem bem. Por isso, prefira os orgânicos! Valorize o trabalho dessa gente dedicada em melhorar a qualidade de nossa comida”, conclamou.

Antes de ir ao campo, os quatro técnicos agrícolas do Califórnia fizeram breve relato de como é a profissão que os estudantes escolheram seguir. “O grande gargalo da produção agrícola hoje é a comercialização, mas semana passada nós entregamos na Conab o primeiro projeto ao PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) do grupo de 24 produtores que vão fornecer 16 tipos de alimentos por um ano, à preço fixo e tabelado, tudo repassando ao Cras de Canindé. Resultado do trabalho iniciado pelos técnicos há um ano, na seleção e preparação desses agricultores”, demonstrou Edmilson Cordeiro, Gerente do perímetro irrigado.

O Dom José Brandão de Castro
Localizado no Assentamento Queimada Grande, em Poço Redondo, o Centro Estadual de Educação seleciona, todo ano, 175 novos educandos entre as turmas de Agropecuária e Agroindústria. 90% das vagas são destinadas para os filhos de assentados, acampados, agricultores familiares, posseiros, indígenas, quilombolas e ribeirinhos do território do Alto Sertão. As aulas são em período integral e o curso profissionalizante tem duração de três anos, provendo ainda a graduação no Ensino Médio, ao final.

Edson Ferreira é Engenheiro Agrônomo e professor de Olericultura e Agricultura Geral na Instituição e acompanhou os seus alunos nos dois dias de visita. “É importante a vinda deles aqui para vivenciarem a prática fora da sala de aula. Escolhemos o Perímetro primeiramente pela estrutura que é disposta pela Cohidro aos agricultores irrigantes, depois pela proximidade”, justificou o docente da Escola que fica no município vizinho e distante 27 km do Califórnia.

Agricultores de Gararu fazem visita técnica à Cohidro em Canindé

A visita culminou nos pomares de Goiaba irrigada

Quinta-feira, 7, o Perímetro Irrigado Califórnia, administrado pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) em Canindé de São Francisco, recebeu a visita de um grupo de oito produtores rurais provenientes de Gararu, ambos municípios localizados no Alto Sertão Sergipano. Pensando em diversificar os tipos de culturas que já trabalham, eles queriam conhecer as principais plantas cultivadas nesse polo agrícola que utiliza tecnologia agrícola e métodos de irrigação adaptados à realidade do clima Semiárido.

A agricultura empregada nos perímetros irrigados da Cohidro serve de modelo para outras áreas agrícolas devido ao empenho de engenheiros agrônomos e técnicos agrícolas que tem a função de coordenar e incentivar a aplicação de métodos aprimorados de produção, buscando fazer valer o investimento público de prover irrigação para mais de duas mil unidades de produção agrícola nos seis polos de irrigação da Empresa. Segundo o presidente da Cohidro, Mardoqueu Bodano, o auxílio dos especialistas vai dos cultivos escolhidos pelos agricultores até os campos experimentais propostos pela Companhia e parceiros.

“Nossos valorosos técnicos e engenheiros ajudam os agricultores irrigantes produzirem melhor aquilo que estão acostumados, ou o cultivo que está sendo mais lucrativo da época, como também estão aptos para orientar a produção nos campos experimentais. Está sendo assim em Lagarto (Perímetro Piauí) com a Pimenta-do-reino e foi com a Maçã, Pera e Caqui, através de convênio com a Embrapa, mesma parceria que vai introduzir, em breve, a Uva no Califórnia. E não podemos esquecer do Programa Balde Cheio (originado na Embrapa São Carlos-SP) de produção leiteira, introduzido com sucesso no Perímetro Jabiberi (Tobias Barreto)”, relacionou o presidente Mardoqueu.

Perímetro Califórnia

No Perímetro Califórnia, foram duas das suas particularidades as mais observadas pelos visitantes: a experiência dos produtores irrigantes com a fruticultura, em destaque a goiaba e as técnicas por eles usadas para conviver com a aridez do clima do Alto Sertão Sergipano, ao qual compreende, igualmente, Gararu. Josias José dos Santos é presidente da Associação de Produtores Rurais de Gararu e um dos produtores que estiveram em Canindé para observar a agricultura assistida pela Cohidro.

“Como a gente já produz, têm irrigação direto do rio ou de cisterna, estamos entrevistando os agricultores, sobre as plantas que cultivam, espaçamento e tipo de adubação. Vamos tentar transferir isso daqui para nós. Eu já vi e gostei da goiaba, estamos tirando foto, catalogando as técnicas usadas. Lá temos condição de produzir, mas não conhecemos. Vamos também levar contatos sobre fornecedores de mudas e usar lá”, relatou Josias José.

Segundo Josias, eles pretendem repassar tudo que viram para os demais produtores das três localidades que enviaram representantes: povoados Monte Santo, João Pereira e Assentamento Nova Esperança. “Cada um vai ser um agente multiplicador, nossa intenção é isso”. Ele e os outros sete agricultores visitantes fornecem alimentos para Prefeitura Municipal através do Penae (Programa Nacional de Alimentação Escolar). “Todos nós somos cadastrados no fornecimento para a merenda escolar e por isso viemos aqui na intenção de diversificar a produção, procurar outras culturas”, acrescentou o produtor do Monte Santo.

O gerente do Califórnia, Edmilson Cordeiro foi quem recepcionou os agricultores e os orientou em toda visita, acompanhado de perto pelos técnicos agrícolas, também da Cohidro, Antônio Roberto Ramos (Beto) e Joaquim Ribeiro dos Santos. “Considero como um intercâmbio técnico, é bom a gente mostrar o nosso trabalho para esses agricultores que estão interessados em diversificar os plantios, procurando fazer uma agricultura agroecologia e sustentável, aproveitando a água que está bem próximo dos seus lotes”, expôs o chefe do Perímetro que, como em Gararu, utilizada do Rio São Francisco para irrigação.

“Mostramos para eles desde o histórico do Califórnia, como está hoje, todos os dados técnicos de plantio, a produção e toda infraestrutura do Perímetro. Mostramos a importância econômica do Perímetro Califórnia para o município de Canindé. Depois fizemos a visita ao lote de José Bispo do Nascimento (Zé Branco), produtor de goiaba que é referência aqui. Ainda fomos até a EB-100 (Estação de Bombeamento), onde eu expliquei todo o sistema, como funciona desde a captação até a pressurização nos lotes”, complementou Edmilson, relatando como foi toda a visita que guiou.

Agricultura Familiar e Orgânica

Cleovan de Freitas é o Secretário Municipal de Agricultura de Gararu e estava também na visita ao Califórnia. Ele agradeceu a forma como foi recebido em Canindé. “A gente queria, de início, ressaltar o apoio que teve aqui ao chegar. A equipe da Cohidro atendeu a gente muito bem. A atenção do produtor, Zé Branco, foi muito boa, que atendeu as perguntas que a gente fez sobre adubação, mudas e poda da goiaba”, avaliou. Ele disse ainda que esses agricultores, além de fornecer para a merenda escolar, participam da Feira da Agricultura Familiar da Cidade, conduzida em parceria com a Seidh (Secretaria de Estado da Mulher, Inclusão, Assistência Social, do Trabalho e dos Direitos Humanos).

Feirante assídua na Feira da Agricultura Familiar é a agricultura Neusa Soares Poderoso Santos. Ela também atravessa o São Francisco para levar, os alimentos que produz com o Marido no Povoado João Pereira, em mais duas feiras no Estado de Alagoas e ainda fornece para o Penae. Mesmo com sua rotina corrida na lavoura, vendas e ainda cuidar da família, arranjou tempo de participar da visita ao Califórnia. Do que viu, chamou mais atenção a goiaba, embora também quisesse saber mais da Agricultura Orgânica praticada no Perímetro de Canindé.

“Eu Planto quiabo, melancia, milho, coentro, alface e pimentão, que forneço para a merenda escolar e trabalho na feira livre também, uma em Gararu, uma em Traipu (AL) e uma em Giral (do Ponciano-AL). Há 15 anos na luta, trabalhando no campo, consigo sustentar a família e boto o filho ainda na faculdade, um está formado e o outro está formando e tudo isso é fruto da agricultura”. Embora estudem, Ela diz que todos em casa têm que ajudar. “Eu só boto funcionário quando eu vou colher, mas para produzir e trabalhar somos nós quatro, é só a gente mesmo”, relatou Neusa.

Embora a Agricultora não tenha certificação, trabalha coma produção orgânica baseada na confiança que seus produtos conquistaram e já tem freguesia certa. “Procuram muitos produtos orgânicos, eles gostam muito. – Olha o pessoal que não usa veneno! Aí todo mundo chega para cá. É tudo na confiança. É você ver a qualidade né? Há anos a gente trabalha e dizem: – Ah, eu comprei seu Coentro e não apodreceu na geladeira, comprei na outra banquinha e apodreceu. São mais duradouros, mas é difícil de plantar, a gente perde muito”, justifica Neuza Soares, o motivo dos Agroecológicos custarem mais nas feiras livres.

Última atualização: 18 de outubro de 2017 09:47.

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