Produção de macaxeira da irrigação pública estadual para período junino cresceu 11%

A expectativa é que este mês sejam colhidos 21 hectares de macaxeira, com uma produção esperada de 375 toneladas

A macaxeira tem a procura elevada em junho por fazer parte de muitas receitas típicas dos festejos juninos Foto: Paulo Ricardo

No período junino a macaxeira é bastante procurada por ser matéria-prima de muitas receitas típicas. Nos perímetros irrigados estaduais de Sergipe, onde é possível plantar a raiz no período de estiagem para colher em junho, os agricultores investem para atender essa demanda que cresce a cada ano. A expectativa é que os irrigantes colham, em junho, 375 toneladas de macaxeira, 11% a mais que no mesmo período de 2023.

Nielson de Oliveira Miranda é um dos agricultores assistidos no Perímetro Irrigado Piauí, em Lagarto, no centro-sul sergipano, que investem no cultivo da macaxeira com foco no aumento da procura no mês de São João. Ele destaca que é um produto versátil, está na receita de doces, salgados e também é muito apreciado se preparado cozido ou frito. “Aqui fazemos bolo, puba, pé de moleque, malcasado, que vão para os restaurantes das cidades vizinhas. Com a irrigação aqui do perímetro, a gente planta fora de época e dá, com uma boa qualidade. Isso aqui é uma das riquezas que gera renda para minha família e emprego para outras pessoas”, relatou. 

A expectativa dos técnicos agrícolas da Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), que administra os perímetros irrigados, é que em junho sejam colhidos 21 hectares de macaxeira, produzindo 375 toneladas. Em 2023, foram colhidas 337 toneladas em uma área plantada de 18,5 hectares. O diretor-presidente da Coderse, Paulo Sobral, explica que a irrigação fornecida pelo Governo do Estado é essencial para os primeiros meses de desenvolvimento da macaxeira, colhida entre seis a nove meses.

“A produção da macaxeira é maior no perímetro irrigado Califórnia, em Canindé de São Francisco, com previsão de 240 toneladas durante o mês de junho. Por a incidência de chuva ser menor, o agricultor pode controlar a quantidade de água que a planta vai receber. Ele evita as perdas por excesso de umidade e pode garantir colheita de raízes precoces, com menos tempo de plantio e, por sua vez, mais macias”, explicou o presidente da Coderse, vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri).

PAA e PNAE
No perímetro Irrigado Jacarecica II, entre os municípios de Areia Branca, Malhador e Riachuelo, em junho é esperado produzir 100 toneladas da raiz. Fora do São João e São Pedro, esses irrigantes têm demanda ainda maior ao participarem dos programas Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e de Aquisição de Alimentos (PAA). Fonte saudável de carboidratos, a macaxeira tem destaque ao compor as dietas alimentares da merenda ou das propostas de compra com doação simultânea. O produtor entrega por um período prolongado, com preço fixo e acima do valor de mercado. 

Agricultora do Jacarecica II, Tamara Santos Cruz faz parte da Cooperativa de Produção Prestação de Serviço Auto Consumo e Economia Solidária (Coopesa), em Malhador. “Minha rotina é limpar a roça de macaxeira, adubar. Quando vai arrancar, a gente vai cortar as manaíbas e eu descasco, ajudo a limpar e empacoto”, detalhou. Ao passar a trabalhar na cooperativa, que fornece produtos à rede estadual de educação, ela complementou a renda familiar. “Hoje está melhor, porque eu produzo e também coloco aqui, isso é bom”, concluiu.

Irrigantes do perímetro de Lagarto vão colher mais de um milhão de espigas de milho no período junino

Perímetro Piauí atende 421 propriedades agrícolas com água de irrigação e assistência técnica durante todo ano

Com a irrigação fornecida pelo Governo do Estado, sempre é tempo de plantar milho no Perímetro Irrigado Piauí, em Lagarto, centro-sul sergipano. Contudo, quando chega o mês junho, os festejos de Santo Antônio, São João e São Pedro aumentam substancialmente a demanda por milho verde. Esses agricultores irrigantes se preparam com 33 hectares plantados com o grão, com a expectativa de colher 1.056.000 espigas. A área é 50% maior que a colhida em junho de 2023 (22 hectares), e 136% maior em relação ao mesmo mês de 2022 (14 hectares).

O agricultor Gilvan Lima é irrigante do perímetro Piauí. Ele se dedica a plantar milho para colher e comercializá-lo ainda verde no período junino e tem cerca de 0,3 hectares dedicados à cultura agrícola. “Aqui, a irrigação ajuda muito a gente. Eu planto para quebrar [a espiga], porque eu acho melhor do que ele seco. O milho verde, para mim, dá mais resultado”, reforçou.

O milho verde se apresenta como uma alternativa versátil de produção não só durante a época junina. O produtor vende as espigas e pode destinar as palhas, ainda verdes, para a composição da ração animal; mas se ainda assim o produtor não conseguir a comercialização das espigas, ele pode fazer uso de toda a planta do milho à colheita mecanizada na produção de silagem, ‘rolão’, ou o grão, também para a alimentação de animais.

“Muitos irrigantes têm criatório de gado leiteiro e usam o milho e o capim irrigado no perímetro para complementar a nutrição desses rebanhos. Tem muito leite sendo produzido no perímetro e abastecendo comércios e laticínios, ao mesmo tempo em que há produtores que tiram o material cultivado na irrigação, principalmente o milho e a ‘palhada’, para comercializar com fazendas de gado fora do perímetro”, informou o gerente do perímetro irrigado de Lagarto, Gildo Almeida.

Com 421 unidades produtivas assistidas, o Piauí é um dos seis perímetros administrados pela Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri). Todos os perímetros trabalham com a produção de milho para a venda de espigas e a produção de ração animal e contam com água de irrigação e assistência técnica agrícola, que beneficiam os produtores do grão durante todo o ano.

Crescimento
Em 2023, a produção de milho verde cresceu 20% nesses perímetros irrigados pelo Governo do Estado. Vale pontuar que naquele ano, os agricultores irrigantes atendidos pela Coderse em todo o estado colheram 5.733 toneladas do cereal, resultado superior às 4.795 do ano anterior. Caso a expectativa de produção se mantenha nessa tendência, baseada no milharal irrigado reservado para colher no próximo mês de junho em Lagarto, 2024 será um ano ainda melhor de produção do grão.

Sementes do Futuro
Além da irrigação e da assistência técnica, a Coderse distribuiu 7,2 toneladas de sementes de milho do programa Sementes do Futuro. Por meio da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro), também vinculada à Seagri, foi feita a distribuição de 206 toneladas da semente em todo o estado. O investimento do Governo do Estado foi de R$ 3 milhões, possibilitando beneficiar 20.600 famílias de 50 municípios sergipanos.

“Do Dia de São José em diante, pode plantar, pois sempre dá ótimos resultados. Eu vendo ao pessoal da Ceasa [Central de Abastecimento de Aracaju] e para todo lugar. O atravessador me compra e leva para as feiras. Este ano vai ser bom, com certeza”, complementou o agricultor irrigante Gilvan Lima.

Mais de 60 toneladas de alimentos produzidos no perímetro irrigado de Lagarto serão doados

O Governo do Estado motiva agricultores a participar, pela venda por período fixo e preço tabelado. Mais 12 irrigantes de Malhador também vão participar do PAA municipal.

Por meio da doação simultânea, 60,8 toneladas de alimentos produzidos no Perímetro Irrigado Piauí, mantido pelo Governo do Estado em Lagarto, centro-sul sergipano, começaram a beneficiar 3.600 pessoas em insegurança alimentar de General Maynard, no leste do estado. Na quinta-feira, 4, foram distribuídas à população mais de 3 mil quilos de alimentos, na primeira das entregas quinzenais que vão ocorrer por 10 meses, via Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) da Conab.

Os 23 agricultores fornecedores, do perímetro Piauí, serão remunerados por um montante total de R$ 344.991,61 durante a vigência das entregas do grupo de produtos in natura composto por abóbora, acerola, alface, batata-doce, cebolinha, coentro, couve, laranja, mamão, maracujá, milho verde, pimentão, quiabo e macaxeira. Esta é a primeira das cinco propostas emitidas por associações de irrigantes dos perímetros estaduais, ainda em 2023, que começou a ser paga. Projetos que devem totalizar mais de 356 toneladas de alimentos doados para 19.800 pessoas em Sergipe, caso todas as propostas sejam contempladas pelo Governo Federal.

Josecleide Ferreira é uma das agricultoras irrigantes do perímetro Piauí que participa pela primeira vez da entrega ao PAA, fornecendo quiabo e macaxeira. Para ela, a irrigação fornecida pela Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse) é essencial.  “É a primeira vez que estou participando do projeto, estou gostando muito, não tenho o que reclamar. Incentiva a plantar mais, produzir mais, por causa do preço. A gente já planta, só que o valor era menor e isso aqui é bom. Aumenta a rentabilidade do lote. Sem a irrigação não teria como plantar, só no inverno. Irrigado, conseguimos produzir o ano todo”, justifica.

A Coderse, vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), presta assessoria na organização, credenciamento, formalização e composição das propostas enviadas à Conab. Complementando a assistência já dada a esses produtores que recebem água de irrigação e assistência técnica agrícola através dos perímetros irrigados da empresa sergipana. Segundo o diretor de Irrigação da Coderse, Júlio Leite, este incentivo melhora a rentabilidade dos agricultores assistidos, já que ele vende a um preço melhor que o do mercado e por um período fixo.

“Esta missão da Coderse vem desde 2008, quando começou a operar o PAA da Conab nos perímetros estaduais. Nesse período, já são mais de 150 mil benefícios, remunerando o produtor para produzir alimentos de qualidade ou beneficiando pessoas atendidas por instituições socioassistenciais. Os agricultores irrigantes foram remunerados em cerca de R$ 13 milhões pelo cultivo desses produtos, na soma de todas as propostas aceitas e com entregas concretizadas. Desse modo, foram entregues mais de 4 mil toneladas de alimentos produzidos na irrigação pública fornecida pelo Governo do Estado”, explica o diretor Júlio Leite sobre os resultados dos últimos 16 anos de programa.

General Maynard
Coordenadora do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) de General Maynard, Márcia Nascimento expõe que a parceria com os produtores do perímetro de Lagarto, garante uma alimentação de qualidade, com produtos agrícolas com boa procedência, às famílias assistidas pela instituição. “O objetivo maior é levar uma qualidade de vida e de alimentos para nossa comunidade, principalmente aos que estão em situação de vulnerabilidade e muitas vezes não tem acesso, pela situação financeira, de alimentos de boa qualidade e no quantitativo que dê para suprir a necessidade da família. O objetivo inicial é que sejam atendidas 800 famílias e a gente quer fazer um rodízio, para que todos tenham a mesma oportunidade”.

A dona de casa Ivaneide dos Santos vive com a filha em General Maynard. Ela elogiou a qualidade e diversidade dos produtos cultivados e entregues pelos irrigantes de Lagarto. “Ajuda em muitas coisas, porque para quem não trabalha, é uma ajuda boa. Achei ótimo [O PAA], porque ajuda a comunidade a ter uma dieta saudável”.

Ruthi Raquel dos Santos também é dona de casa em General Maynard e toma conta dos dois filhos, de um e dois anos. Sempre cultivando hábitos alimentares saudáveis em casa, comemorou a diversidade de produtos in natura oferecidos pelos irrigantes ao PAA. “Eu amei os produtos, são muito bons. Vai servir muito para mim e para os meus filhos, é bem saudável. Eu já não vou comprar esse mês. É costume meu, eu sempre gostei de comer bastante verdura, suco, frutas, o que é mais saudável. Meu pai é agricultor, daí ela me ensinou a comer verduras. Eu amei esse projeto, que serve para gente por vários anos”.

PAA Municipal
O município de General Maynard também realizou um Programa de Aquisição de Alimentos municipal, na modalidade ‘compra com doação simultânea’, que credenciou mais 12 produtores irrigantes atendidos pelo Governo do Estado em Malhador. Eles vão receber mais de R$ 130 mil, durante o período de seis meses, para produzir e entregar quinzenalmente um quantitativo de alimentos saudáveis que supram a dieta alimentar de mais 100 famílias em vulnerabilidade social atendidas pelo Cras.

“Junto com o pessoal da Coderse, fizemos um contato com o pessoal do Perímetro Irrigado Jacarecica II, para que eles fossem os fornecedores dos produtos agrícolas. Até porque, dentro do município, do território, a gente não tem essa facilidade. E a parceria com a Coderse foi importante, exatamente para ter acesso a esses produtores”, complementou a coordenadora Márcia Nascimento.

Técnicos do Governo do Estado combatem doença provocada por fungos em pomares irrigados em Lagarto

Fusariose atinge principalmente espécies frutíferas

A assistência técnica aos agricultores nos perímetros irrigados do Governo do Estado complementa o fornecimento da irrigação. Em Lagarto, centro-sul sergipano, os técnicos agrícolas do perímetro Piauí têm dado toda orientação para combater a incidência da fusariose em pomares irrigados, principalmente de maracujá. A doença fúngica mata as plantas infectadas e tem alta capacidade de contaminação do solo e até de outras plantações.

A fusariose, ou murcha do maracujazeiro, é uma doença causada pelo fungo Fusarium oxysporum que impede o crescimento e atrofia as plantas, culminando até na sua morte súbita. Conforme explica o engenheiro agrônomo da Coderse, Fernando Andrade, a contaminação ocorre com o plantio de mudas contaminadas e também entre as plantas, por meio do contato entre as raízes.

“É uma das principais patogenicidades que acometem o maracujá, constituindo-se em uma doença de grande expressividade econômica que, caso não seja adequadamente combatida, poderá ser transmitida de um pomar para o outro. A fusariose ataca as raízes, com o micélio do fungo atuando nos vasos da planta, bloqueando o xilema e impedindo o fluxo normal de água, provocando a murcha e, posteriormente, a morte das plantas”, advertiu Fernando Andrade.

Produtor irrigante do perímetro Piauí, Weverton da Silva disse que, por conta da fusariose, perdeu cerca de 50, dos 700 pés de maracujá que plantou com a irrigação da Coderse. “A orientação dos meninos foi boa, graças a Deus. Eles vieram para verificar tudo certinho e me orientaram que arrancasse a planta que foi infectada e as outras próximas dela. Abri uma valinha onde tem os pés, joguei a cal e fiz a aplicação do fungicida”, disse.

Gerente do Piauí, Gildo Almeida informa que os técnicos agrícolas têm dado bastante atenção à fusariose, pela sua gravidade. A recomendação geral é de que ao fazer o tratamento sejam eliminadas as plantas infectadas e mais as cinco plantas sadias em volta da doente. “O técnico tem que indicar o defensivo para o produtor usar, como prevenção das plantas sadias e não deve ser feito um novo plantio na área em que foi identificada a doença”, observou.

O técnico da Coderse em Lagarto, Jackson Ribeiro, reforça que a doença se dissemina de uma planta para outra. “De urgência, tem que evitar a gradagem, arrancar a planta que está doente pela raiz e queimar, abrir um buraco de 20 cm, onde estava a planta e jogar cal dentro. Depois disso, usar um fungicida sistêmico para pulverizar, diluído em água, na planta toda [na parte sadia da lavoura]. Devem ser feitas três aplicações no intervalo de sete dias”, ensinou, observando ainda sobre a necessidade de limpar bem as ferramentas usadas com as plantas doentes, a fim de não infectar as sadias.

“Quanto mais a gente divulgar, melhor. Porque só assim os outros produtores vão começar a se prevenir. Já vão saber quando começar a atacar as plantinhas, para a gente conseguir frear essa doença e não dar tanto prejuízo para os produtores também. Sempre quando aparece algum problema, eu já procuro William e o Gildo, que dão uma assistência muito boa para a gente”, considerou o agricultor Weverton da Silva, se referindo à equipe da Coderse.

Ainda segundo Fernando Andrade, a doença não tem controle curativo, sendo recomendadas medidas preventivas para que ela não se dissemine e possa comprometer toda a plantação. “Para o caso de a doença já estar instalada, recomenda-se evitar o novo plantio na área infectada, mantendo-se a mesma em ‘pousio’”, acrescentou o agrônomo.

Perímetros irrigados do Governo de Sergipe geram polos de desenvolvimento agrário no estado

Suporte de abastecimento hídrico e assistência técnica são determinantes para a produção de diversas culturas, gerando emprego e renda

Quiabo é item mais produzido no perímetro Califórnia / Foto: Fernando Augusto

Para garantir subsistência e oportunidade a milhares de sergipanos, o Governo de Sergipe mantém por todo o estado perímetros irrigados públicos estaduais. Com eles, o Estado conduz o funcionamento do sistema de abastecimento de água bruta para irrigação. A política gera emprego e renda no campo, garante a permanência do trabalhador na zona rural e cria condições de trabalho, além de colaborar para a segurança alimentar e nutricional em todo o território estadual.

Atualmente, o Governo do Estado mantém seis perímetros irrigados públicos: Califórnia, em Canindé de São Francisco; Jabiberi, em Tobias Barreto; Jacarecica I, em Itabaiana; Jacarecica II, entre Malhador, Itabaiana e Riachuelo; Piauí, em Lagarto; e Poção da Ribeira, entre Areia Branca e Itabaiana. A gestão é executada por meio da Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri).

Histórico
Técnico agrícola atuante no perímetro Califórnia à época de sua inauguração, Edmilson Cordeiro recorda o início do projeto. “Por volta de 1986, houve a desapropriação de duas fazendas: Califórnia e Cuiabá. O nome do perímetro veio daí. Até hoje existem os setores Cuiabá e Califórnia, apesar de o local inteiro ter recebido um nome só. O perímetro foi inaugurado em 1987, e, hoje, é um dos sustentáculos econômicos da região”, narra.

São 1.360 hectares irrigados e 373 lotes agrícolas. À época da inauguração, se plantava apenas quiabo, milho e feijão-de-corda. Há cerca de 15 anos, a fruticultura foi iniciada, com a vinda de mudas de outros locais do Brasil. Hoje, destacam-se também as produções de acerola, goiaba, aipim, abóbora e hortaliças. A produção é destinada ao abastecimento local, a feiras e supermercados de Aracaju e Itabaiana, e também chega à Bahia e a Alagoas.

Já no perímetro Jabiberi são 220 hectares de área irrigável e 96 lotes agrícolas, onde predominam a produção de leite, com 650 vacas alimentadas com material forrageiro irrigado e 60 irrigantes. No Jacarecica II, são 820  hectares e 344 lotes, com destaque para as culturas da cana de açúcar, aipim, banana e batata-doce. No perímetro Piauí, 703 hectares e 421 unidades produtivas agrícolas são base para a produção de pimentas destinadas à indústria de molhos e conservas, batata-doce, amendoim, quiabo, milho verde, mandioca, aipim, maracujá e hortaliças. E no Poção da Ribeira, são 650 hectares e 466 unidades produtivas, onde o destaque é a produção de batata-doce, quiabo e hortaliças.

“Se não fosse a irrigação, aqui não teria nada. O perímetro foi um celeiro criado no semiárido para evitar o êxodo rural. Antes, o produtor tinha que ir para outros locais para procurar emprego. Por aqui só tínhamos pescador e vaqueiro, e precisamos transformá-los em agricultores. Eles tinham a agricultura de subsistência anual, nas chuvas de inverno. Mas, com a chegada do perímetro, melhorou bastante, porque começaram com a agricultura irrigada. E essa mudança de consciência veio com o Governo do Estado e a Cohidro, hoje Coderse”, conta Edmilson sobre o perímetro Califórnia, mencionando uma experiência que ocorreu de forma similar, guardadas as proporções, em todos os perímetros.

Assistência
Para que o produtor se adapte a novas culturas e saiba a melhor forma de manejo daquilo que planta, os técnicos agrícolas e engenheiros agrônomos da Coderse atuam em todos os perímetros irrigados prestando assistência técnica. Além de ajudar no controle de pragas e doenças, os profissionais auxiliam na correção de solo e na utilização dos equipamentos de irrigação. No perímetro Califórnia, por exemplo, são seis técnicos em atividade, cada um cuidando de um dos setores nos quais a área se divide.

“Para aumentar a produtividade de uma área, precisamos de um processo de análise de solo bem feito, de uma adubação de fundação bem feita e dos parcelamentos de adubação de cobertura posterior, além de uma variedade altamente produtiva. Também é preciso ter um manejo adequado”, explica o técnico em agropecuária da Coderse que atua no perímetro Califórnia, Luiz Roberto Rocha.

A inserção de tecnologias e a adoção de práticas sustentáveis também fazem parte do trabalho de assistência. É o caso do uso de fertilizantes e defensivos orgânicos, da rotação de culturas, da fertirrigação e da mudança de métodos de irrigação, como o gotejo, a aspersão e a microaspersão.

“Nosso objetivo é fazer com que o produtor melhore de vida. Ou seja, que ele diminua os custos de produção e aumente a produtividade, e que ele consiga vender o produto por um preço justo. Todos os produtores que acolheram nossas sugestões por aqui melhoraram suas condições de vida”, detalha Luiz Roberto.

Estrutura
O trabalho de assistência permite que o governo alcance o produtor do perímetro de forma integral, para além do abastecimento hídrico. E em se tratando da parte estrutural dos perímetros irrigados em Sergipe, diversos investimentos vêm sendo feitos para garantir a cobertura das propriedades e o bom funcionamento dos sistemas e suas instalações.

Ao longo do ano passado, 32 mil metros de mangueiras para irrigação localizada foram distribuídos nos perímetros. O trabalho do Governo de Sergipe, por meio da Coderse, também envolve a limpeza e recuperação de placas em canais, recuperação das estradas vicinais, limpeza e drenagem em lotes, assim como melhorias nas estruturas desses territórios.

“Cada perímetro conta com pessoal técnico para fazer reparos em tubulações, conexões e manutenção de bombas e motores elétricos. A Coderse também promove licitação para seleção de empresas especializadas na recuperação de bombas e motores, e regularmente realiza obras em estações de bombeamento, barragens, reservatórios, adutoras e canais de irrigação”, informa o diretor de Irrigação da Coderse, Júlio Leite.

Depoimentos

O apoio estrutural e técnico oferecido pelo Governo de Sergipe, por intermédio da Coderse, faz a diferença na vida dos produtores. É o caso de José Matos, que está há mais de 30 anos no perímetro Califórnia e acompanhou seu crescimento. Em seu lote, a cultura principal é o milho, embora também produza abóbora, quiabo e outras variedades. A produção do milho já tem destino certo: vai para Salvador, para uma fábrica de pamonha. E os restos culturais se transformam em silagem para alimentar o gado da região.

“Vi o progresso que a região teve com o perímetro. A vida da agricultura familiar é árdua. As pessoas chegam ao supermercado e não sabem o trajeto que a mercadoria percorreu até chegar ali e o que aconteceu para ela chegar à mesa, para ser consumida. Em algumas culturas, a gente precisa cuidar de 70 a 90 dias. Também há um cuidado específico do preparo do solo, o tempo de estrada, e tudo isso exige mão de obra. Sem contar os técnicos, que dão o sangue e têm toda a boa vontade”, afirma.

Windson Silva Aragão, gerente do lote de José Matos, complementa: “Se não fosse o governo trazer água para cá, não tinha nada. O mais importante é a água, que é barata, praticamente de graça. O preço cobrado é irrisório. E se não fosse o apoio dos técnicos, a gente também não andava”.

Brendo Eduardo Nunes de Araújo, o Dudu, tem 22 anos e é filho de José de Araújo Lima, conhecido como Sérgio de Bel. Juntos, pai e filho cuidam da propriedade de 14 tarefas no perímetro Califórnia, que produz milho, feijão e quiabo. Eles ressaltam a importância da parceria entre Governo de Sergipe e produtores.

“Desde criança que eu trabalho aqui com meu pai. Já cheguei a morar fora, mas sempre voltava para trabalhar. É o que eu sempre gostei, estou aqui de cinco da manhã a seis da tarde, todo dia. Os técnicos sempre estão por aqui, ajudando e monitorando para saber o quanto a gente está plantando, se a água está chegando certinho e se a gente está precisando de alguma coisa. Isso é em todo lugar. Nessa região, graças a Deus e ao governo, a gente é rico por isso: pela água, que muitas cidades vizinhas não têm e precisam. Pagamos pouco e usufruímos muito. Aqui, todo mundo vive do perímetro irrigado”, descreve Dudu.

Ivonaldo Lima Silva trabalha na produção de acerolas, e afirma ter nascido e se criado cuidando da terra. Mesmo tendo morado em outros estados, ele retornou a Canindé de São Francisco para seguir na lavoura. Ele recorda que o apoio da Coderse foi um diferencial para sua lida diária.

“O pessoal da Coderse deu a sugestão de mudar a irrigação tradicional para o microaspersor. Para a gente ficou melhor, porque nos livrou do peso. É mais sossegado. A produtividade também melhorou. Antigamente, a gente tinha que esperar uma hora de água pra depois mudar os canos. Agora, você molha três a quatro tarefas de uma vez só. A gente faz a programação com base no que os técnicos orientam”, lembra.

Destaques na produção
A atuação da Coderse nos perímetros irrigados, somada ao esforço incessante dos produtores e dos trabalhadores rurais, vem rendendo grandes resultados para a agricultura e a pecuária sergipanas. Nos cinco perímetros irrigados com vocação agrícola, foi registrado um quantitativo de 110.155 toneladas de alimentos produzidos em 2023, que ocuparam a área plantada de 4.971,55 hectares e tiveram um valor de produção estimado em R$ 205.167.139,88. No perímetro Jabiberi, com vocação à pecuária, 2.295.500 litros de leite foram produzidos, o equivalente a R$ 5.096.010,00.

Um dos destaques no estado é a batata-doce, que registrou aumento de produção de 80% entre 2022 e 2023. De um ano para o outro, o volume aumentou de 11.025 toneladas para 19.841. A raiz é produzida por todos os cinco perímetros com vocação agrícola. Já o tomate teve aumento de 160% na produção, saltando de 344 toneladas em 2022 para 849 em 2023. Produzem o fruto os irrigantes dos perímetros Califórnia e Piauí. Quanto ao feijão-de-corda, o crescimento na produção foi de 41%: de 686,2 toneladas em 2022 para 966,3 em 2023. A leguminosa é produzida nos perímetros Califórnia, Piauí e Jacarecica I e II.

No perímetro Jabiberi, onde predomina a pecuária de leite, a produção aumentou em 26%. Foram 1.826.478 em 2022 contra 2.295.500 litros em 2023. Já o milho verde teve aumento de 20% na produção. As 4.795 toneladas  produzidas em 2022 se converteram em 5.733 em 2023. Produzem o cereal irrigantes de todos os cinco perímetros com vocação agrícola. O amendoim aumentou a produção em 19%, indo de 815 toneladas em 2022 para 967 em 2023. A leguminosa, que cozida é Patrimônio Imaterial Sergipano, também é produzida em todos os cinco perímetros com vocação agrícola. Outro aumento considerável, de 23%, ocorreu na safra do mamão, que é produzido no perímetro Piauí. Em 2022, foram 141 toneladas, enquanto em 2023 foram 174.

“Juntos, os seis perímetros irrigados administrados pela Coderse injetaram em seus municípios, a partir da comercialização da produção irrigada, R$ 210.263.149,88 em 2023. Só no perímetro Jabiberi, o leite bruto, que rendeu mais de R$ 5 milhões, foi convertido em laticínios e gerou uma renda somada de R$ 11.384.838,00. Em Itabaiana, nos perímetros Poção da Ribeira e Jacarecica I, foram gerados R$ 64.229.486,25 para os 590 irrigantes. Em Areia Branca, Malhador e Riachuelo, gerou-se o equivalente a R$ 88.667.195,31.Já em Lagarto, o perímetro Piauí garantiu aos 421 irrigantes a renda de R$ 6.349.595,60. Em Canindé, a renda obtida com a venda de frutas, hortaliças, cereais e material forrageiro foi de R$ 45.920.862,72. Esses bons números refletem, para além de índices econômicos, o compromisso do Governo de Sergipe com a população do campo e com o desenvolvimento social do estado”, sublinha o diretor-presidente da Coderse, Paulo Sobral.

Produção de tomate irrigado aumentou 160% em perímetros de Sergipe

Nos perímetros irrigados de Canindé do São Francisco e Lagarto, os agricultores atendidos com o fornecimento de água de irrigação e assistência técnica agrícola produziram, em 2023, mais de 894 toneladas (t) de tomate

Balanço realizado pela Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse) revela boa produção de tomates nos perímetros públicos assistidos pelo Governo do Estado. A produção dá lucro ao agricultor e aumenta a oferta no mercado, beneficiando o consumidor. Nos perímetros irrigados de Canindé do São Francisco e Lagarto, os agricultores atendidos com o fornecimento de água de irrigação e assistência técnica agrícola produziram, em 2023, mais de 894 toneladas (t) de tomate. Superando em 160% a produção de 2022 (344t).

A área irrigada colhida nos municípios de Canindé de São Francisco e Lagarto foi de pouco mais de 20 hectares (ha) no último ano. Porém, a atividade agrícola dos irrigantes dos perímetros Califórnia e Piauí, realizada naquele período, deixou um saldo de quase nove hectares para ser colhida agora, em 2024.

Um desses agricultores que estão colhendo em janeiro, o tomate plantado no último ano, é Renilson Araújo. Ele tem uma propriedade rural que faz parte do perímetro Piauí, em Lagarto. O polo irrigado da Coderse, no centro-sul, produziu quase 130t de tomate em 2023, safra que rendeu aos agricultores o total acumulado de R$ 165.750,00 durante aquele ano. Em 0,33ha Renilson estima que vá colher, até o fim do mês de janeiro, aproximadamente 220 caixas (de 30kg) de tomate.

“A produção deu boa e rende um pouco também, para a gente que é agricultor. Temos o pessoal da Coderse, o Gildo Almeida [gerente do Piauí], que quando a gente precisa, vem aqui dar uma palavra ou ver a necessidade que precisa. Tivemos a expectativa de ser melhor, mas em questão do preço”, avalia Renilson Araújo, na torcida que o preço melhore nas semanas seguintes em que vai continuar colhendo.

Renilson obteve lucro, mesmo tendo iniciado a colheita do tomate na semana que o preço da caixa caiu de R$ 90,00, para R$ 40,00. Nesta realidade, ganha o produtor e o consumidor, com a tendência de encontrar o fruto mais barato no comércio varejista. Tem influência nisso o fato do fruto ter voltado a ser produzido pelos irrigantes do perímetro Piauí em 2023. No ano de 2022, os técnicos da Coderse não registraram colheitas de tomate.

“No perímetro Piauí, o custo de produção aumenta em relação ao alto sertão, por utilizar a tecnologia do mulching”, disse o gerente Gildo Almeida. “É uma lona plástica especial que protege o tomateiro e os frutos, do contato com o solo. Aqui tem mais umidade e por isso, se faz necessário o uso do mulching ou o estaqueamento. A lona tem a vantagem de concentrar a água de irrigação e os nutrientes junto à raiz das plantas; e evitar o nascimento de ervas daninhas que prejudicam o plantio”, ensina.

Por baixo dessa lona mulching, passam as mangueiras de gotejamento em que ainda funciona o sistema de fertirrigação, onde os fertilizantes são diluídos na água e chegam às plantas, com a pressão do sistema de irrigação. No perímetro Califórnia, em Canindé, a baixa umidade dos períodos sem chuva permite que os agricultores plantem os tomateiros direto no solo, sem a proteção de lonas ou do estaqueamento, que é uma forma de fazer a planta crescer na direção vertical, amarrada em varas de madeira.

Canindé
No perímetro Califórnia, em Canindé, a produção dos irrigantes em todo ano de 2023 alcançou quase 765t. Colheita que superou em 122% o ano anterior (2022). A safra foi calculada em um valor superior a R$ 1,5 milhão, repercutindo em renda para esses produtores rurais atendidos pela irrigação da Coderse.

Irrigação
Mesmo em Lagarto, que sofre menos influência da falta de umidade que Canindé, é indispensável dispor de água para o tomate. “A irrigação é tudo, sem a irrigação do perímetro não dava para plantar. Usamos a tecnologia do mulching, que ajuda muito, não precisa colocar vara. A gente faz a adubação, bota o mulching, planta e pronto. Daí, é só colocar a água e o adubo já vai direto. Utilizando vara fica mais difícil a mão de obra”, concluiu Renilson Araujo.

Perímetro irrigado do Governo do Estado fornece produtos para alimentação animal em Lagarto

Produção atende rebanhos extensivos ou intensivos também de fora do perímetro, quando ocorre a integração irrigado-sequeiro

Vacas de leite da propriedade que possui área irrigada - foto Mirely Rodrigues

Unidades produtivas do Perímetro Irrigado Piauí, mantido pelo Governo de Sergipe, em Lagarto, fornecem matéria prima para compor a ração animal dos próprios criatórios de gado de leite, de corte e equinos, e também de seus clientes. Em 2023, o perímetro administrado pela Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), produziu 713,5 toneladas de capim.

Durante o mesmo ano, também foram produzidas mais de 1,5 mil toneladas de milho verde na irrigação pública de Lagarto. Versátil, as folhas e talos do pé de milho, depois de colhidas as espigas, servem para compor a ração in natura ou para fazer silagem. Isso quando esses irrigantes não usam, inclusive, as espigas picadas nos silos, como forma de enriquecimento protéico desse alimento para o gado.

A Coderse — vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri) — fornece irrigação e assistência técnica às 421 unidades produtivas do perímetro Piauí. Em visita à área irrigada do Rancho São Francisco, o técnico agrícola da empresa, Jackson Ribeiro, conta que os produtores dão preferência ao BRS Capiaçu, variedade melhorada pela Embrapa, e ainda uma gramínea do gênero Cynodon.

“Ele está colhendo o Capiaçu com 50 dias. Quando a proteína bruta dele chega a até 10%. Enquanto que o capim Tifton chega a 17% ou 18% de proteína bruta. Este produtor produz a ração na propriedade. O consumo é retirado da terra. Mas ele e outros plantam o milho, fazem a silagem e fornecem ao gado. Diminuindo assim os custos de produção”, avaliou Jackson Ribeiro.

Gerente do Rancho São Francisco, Roberto Nascimento confirma que o Capiaçu irrigado diminui o custo da ração, que também é composta do milho de outros irrigantes. “É bem importante, se não fosse a Coderse aqui, a gente não tinha essa capineira. A silagem, a gente planta ou compra, mas o capim irrigado sai mais barato. Ele junta mais água e para a vaca de leite é o ideal”, observou. Na propriedade, segundo o gerente, o capim Cynodon também é usado na alimentação dos bovinos, principalmente na fase de crescimento dos bezerros.

Responsável pela alimentação do rebanho no rancho, Silvano Souza explica que são 130 vacas, 100 em lactação, que recebem três refeições por dia. “Às 10h e às 15h, são o Capiaçu e a silagem. A gente irriga o capim com o pessoal da Coderse e só cortamos o capim novo. Não deixamos crescer muito, porque não tem muita qualidade para a gente, para o gado de leite”, disse o funcionário, informando que a fazenda produz uma média de 2.200 litros de leite por dia.

Milho verde
De acordo com o gerente do perímetro Piauí, Gildo Almeida, muitos produtores pequenos do perímetro produzem milho verde para vender e o restante, a palha, fazem a silagem para alimentar o gado. “Fornecemos a água tanto ao grande quanto ao pequeno, abastecemos ambos. A palha serve tanto no confinamento de corte, quanto para produção de leite. No caso do Roberto, o gerente da propriedade, ele investiu muito na genética do rebanho e os pequenos já estão se espelhando e se organizando assim”, anunciou.

Gildo Almeida também observa que há propriedades sustentáveis, que plantam toda ração do rebanho a partir da irrigação, como também tem irrigante que comercializa esse material forrageiro para criadores fora do perímetro, vendendo capim, palhada e o próprio milho para silagem. “Essa relação de cooperação produtiva, dos perímetros com áreas não-irrigadas, é chamada de integração irrigado-sequeiro”, destacou.

Equinos
Roberto Nascimento expõe que o rancho tem um plantel de cerca de 20 equinos da raça ‘Quarto de Milha’, entre adultos e filhotes. São animais usados na venda de material genético e potros, em concursos e competições. Com o capim Cynodon irrigado é feito feno na própria propriedade, usado para alimentar os cavalos. “A plantação de Tifton é indicada para cavalo. Na propriedade tem uma parte de cavalos de vaquejada. Com 40 dias, corto o capim, daí, jogo o adubo, a irrigação do perímetro irrigado e, com 40 dias, está bom de cortar de novo”, conclui Roberto.

Abóbora cultivada em perímetros irrigados do Governo do Estado aumenta produção em Lagarto e abastece indústria de sementes em Canindé

Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe incentiva produção fornecendo água de irrigação e assistência técnica o ano todo

Produção de abóbora tem incentivo da irrigação fornecida nos perímetros do Governo do Estado em Canindé e Lagarto / Foto: Ascom/Coderse

Como reflexo do investimento do Governo de Sergipe na agricultura, o ano de 2023 foi encerrado com bons resultados no setor. Estima-se que, no ano passado, a colheita da abóbora nos perímetros irrigados da Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), tenha alcançado 801 toneladas. O resultado do perímetro Piauí, em Lagarto, no centro-sul do estado, chama atenção, pois lá foram colhidas 64,5 toneladas do alimento em 2023, enquanto em 2022 não houve registro de colheitas do fruto. 

Outro destaque de 2023 foi o perímetro Califórnia, em Canindé de São Francisco, no alto sertão sergipano, que no último ano ingressou em um novo patamar de produção, com lavouras de abóbora próprias para a produção de sementes de uso comercial. No município, uma lavoura de quase um hectare, irrigada pela Coderse vai fazer de Canindé um novo produtor de sementes de abóbora. A plantação recebeu atenção especial dos agricultores e dos técnicos agrícolas da empresa pública, pelo nível de exigência da indústria que vai comprar a produção.

De acordo com o presidente da Cooperativa de Fomento Rural e Comercialização do Perímetro Irrigado Califórnia (Coofrucal), Levi Ribeiro, a compra de insumos foi viabilizada por meio do fornecedor de sementes Agristar do Brasil e as análises de solo e preparo da terra foram financiados pela cooperativa, com posterior reembolso na colheita. Contudo, ele reforça que o apoio da Coderse no processo foi fundamental. “Toda a assistência técnica agrícola [para os irrigantes do Califórnia inseridos no projeto] continua sendo da Coderse”, informou o produtor.

O diretor de Irrigação da Coderse, Júlio Leite, comemora o resultado da parceria entre produtores irrigantes e a indústria de nível nacional. Ele informa que, além da abóbora, esses mesmos irrigantes de Canindé também começaram a produzir em 2023, para colherem em 2024, sementes de quiabo, berinjela, pimenta jalapeño e cebola. “O perímetro de Canindé continua sendo o principal produtor de abóbora irrigada entre os perímetros estaduais. Só ele totalizou 737,8 toneladas em 2023, mas agora também vai gerar sementes para iniciar as novas plantações em todo país, o que comprova o potencial produtivo do alto sertão, com a água fornecida pelo Governo do Estado”, justifica Júlio Leite.

As 801 toneladas colhidas em 2023 pelos produtores irrigantes dos perímetros da Coderse em Canindé e Lagarto ocasionaram em um retorno financeiro superior a R$ 1 milhão. A produção ocupou uma área total de 45,5 hectares, mas vale ressaltar que, naquele ano, aproximadamente 10 hectares foram plantados com abóbora que serão colhidas somente no início de 2024.

Lagarto

Em Lagarto, um dos agricultores responsáveis pelo resultado positivo é Gildeon Dias, que planta abóbora há cerca de quatro anos, em propriedade rural atendida pelo perímetro Piauí. Ele já colheu o fruto na primeira semana de 2024. “Foi plantado no final de agosto, e tem o tempo médio para colheita de 120 dias. São quatro tarefas (1,3 hectares) irrigadas da abóbora jerimum. Só plantamos a abóbora uma vez por ano, pela facilidade de plantio e baixo custo da produção”, detalhou  o irrigante.

O gerente do perímetro irrigado Piauí, Gildo Almeida, chama atenção para o retorno financeiro obtido a partir da produção. “Em 2023, a produção de 64,5 toneladas gerou R$ 77,5 mil em renda para os irrigantes do perímetro Piauí e ocupou uma área total de 2 hectares. Mas para colher em 2024, o nosso perímetro já tem outros dois hectares plantados com abóbora. Se considerar que em 2022 não contabilizamos colheita de abóbora, serão dois anos seguidos de avanço na produção do fruto”, avaliou.

A lavoura de Gildeon rendeu 18 toneladas de abóbora. Dessas, 15 toneladas já foram vendidas para fora do estado pelo preço de R$ 3,40 o quilo, dando uma rentabilidade considerada muito boa ao produtor. “O preço não tem como prever, porque dependo muito da oferta e da procura que vai ter na época da colheita”, complementou o irrigante. Embora não seja para uso comercial, como em Canindé, Gildeon reserva as sementes de cerca de 30 abóboras para o replantio, a ser feito entre agosto e setembro.

Oferta de feijão-de-corda nos perímetros irrigados estaduais aumentou 41% nos nove primeiros meses de 2023

Irrigação pública traz competitividade ao produtor dos perímetros; feijoeiro dá grãos e é adubo de fixação de nitrogênio
Clovis Severino vende o feijão, cultivado com a irrigação da Coderse, para Bahia e Alagoas / Foto: Fernando Augusto – Ascom Coderse

De janeiro a setembro de 2023, a produção de feijão-de-corda nos perímetros irrigados do Governo do Estado alcançou as 805 toneladas, o que corresponde a um crescimento de 41% em relação ao mesmo período do ano anterior (570 toneladas). O aumento foi ainda mais significativo quando comparados os valores das produções; enquanto nos nove primeiros meses de 2022 foram aplicados R$ 1,6 milhões em investimentos, no mesmo período de 2023 esse número saltou para R$ 2,8 milhões, refletindo um crescimento de aproximadamente 71%. A alta foi impulsionada pelas produções dos perímetros Califórnia (714 toneladas), em Canindé de São Francisco, no alto sertão sergipano, e Piauí (36 toneladas), em Lagarto, no centro-sul do estado.

No mês de março, a produção na propriedade do agricultor Helenilson Santos já indicava que o ano seria promissor. Atendido pela Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), empresa vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), ele usa da irrigação do perímetro Piauí no verão, e no inverno chuvoso planta em área sem irrigação. O produtor ainda utiliza os pés de feijão que foram colhidos para adubar a terra nas lavouras seguintes.

“Ao ser misturado ao solo, os restos da cultura agem como adubo orgânico. Eu sempre planto [feijão-de-corda] com o intuito de fazer rotação de cultura, e também porque minha mãe vende na feira. A própria semente sou eu mesmo que produzo. Já deixo reservada e tenho colheita para o ano todo”, conta Helenilson. Em todo perímetro irrigado da Coderse, a área colhida até setembro foi de 12 hectares, e a renda gerada pela comercialização do produto foi de mais de R$ 203 mil.

De acordo com o diretor de Irrigação da Coderse, Júlio Leite, o ciclo produtivo nos perímetros irrigados é contínuo e integrado devido ao fornecimento de irrigação. “É um círculo virtuoso. Os restos culturais servem de adubo, no caso das leguminosas, como o feijão-de-corda, e vão servir de fixação de nitrogênio ao solo para a próxima lavoura, que logo vai ser plantada. Os restos da batata-doce tanto servem de semente, como podem ser utilizados como ração animal. Do mesmo modo que os do milho”, explica.

Competitividade 

Com a água fornecida pela Coderse no semiárido, os produtores do perímetro Califórnia têm preço competitivo para enviarem suas safras para estados vizinhos. Nos nove primeiros meses deste ano, os irrigantes já geraram mais de R$ 2,4 milhões de renda a partir da comercialização do feijão-de-corda. O valor médio do quilo comercializado em Canindé no período foi R$ 3,41, safra que ocupou área total de 119 hectares. O irrigante Clovis Severino conta que, em sua plantação irrigada de 0,33 hectare, começou a colher após dois meses de plantio, e que deve passar cerca de 45 dias catando as vagens. 

“É feijão-de-corda de vagem vermelha. É o preferido do povo aqui de Canindé. Vendo aqui na região, e mando também para Salvador/BA e para Alagoas. Minha esposa vende na feira, minha filha vende na banca e eu mando lá para a feira de Salvador. Graças a Deus, tenho essa via de ajuda”, relatou Clovis Severino.

Segundo o diretor Júlio Leite, o auxílio não se dá somente por meio da irrigação, mas também com apoio da equipe técnica da Coderse, que acompanha o andamento das produções. “Nossos técnicos agrícolas acompanham as lavouras irrigadas dos perímetros. Mensalmente, fazem o levantamento do que está ocupando as áreas das unidades produtivas. Com base na data de plantio e tempo que cada espécie leva para ser colhida, eles contabilizam a produção mensal de cada produto, área colhida, área plantada a ser colhida e o valor da produção, e também com base nos relatos das vendas que esses irrigantes fazem”, complementou.

Produção de batata-doce nos perímetros irrigados estaduais em 2023 já superou todo o ano de 2022

Polos de Itabaiana lideram a produção, com 11 mil toneladas; irrigação da Coderse facilita plantio em qualquer época do ano
Produção de batata doce no Perímetro Irrigado Jacarecica – Fernando Augusto – Ascom Coderse

A batata-doce representa uma boa alternativa de renda para o agricultor, e o momento tem sido favorável para o cultivo do tubérculo em Sergipe. Somente entre janeiro e julho de 2023, os cinco perímetros irrigados de vocação agrícola do Governo de Sergipe já produziram 13,56 mil toneladas, superando em 23,27% toda a produção do ano anterior, que foi de 11 mil toneladas.

Com o fornecimento de água administrado pelo Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), os perímetros irrigados também contam com a assistência técnica oferecida pela empresa pública.

De acordo com informações da Coderse, devido ao baixo custo de produção e à curta duração do ciclo, que propicia um fluxo regular de capital e maior produtividade, o sistema de produção e beneficiamento da batata-doce em Sergipe envolve mais de 600 famílias nos perímetros irrigados.

Nas feiras livres e mercados públicos, a comercialização do produto ainda gera renda para mais famílias, conforme destaca o secretário de Estado da Agricultura, Zeca Ramos da Silva. “Nos sete primeiros meses de 2023, o valor de produção anual está estimado em R$ 25 milhões, 66,7% maior do que o de todo ano de 2022, que foi de R$ 15 milhões. Isso demonstra a importância social e econômica da cultura no estado”, detalha Zeca da Silva.

No Perímetro Irrigado Piauí, em Lagarto, no centro-sul do estado, Luciano Oliveira cultiva uma nova variedade de batata-doce, e compartilha seu entusiasmo com a produção. “A ourinho roxa é a que o pessoal mais está plantando agora. Com essa nova variedade, já na penúltima safra, superei a meta de produção de 120 quilos por tarefa”, comemorou o agricultor, que também produz amendoim e milho na irrigação pública. “É uma batata excelente e boa de lidar. Com água em abundância, fica favorável para nós, agricultores”, considerou.

Perímetros produtivos
A maior produção de batata-doce em Sergipe está nos perímetros irrigados administrados pela Coderse em Itabaiana, no agreste sergipano. Em 2023, de janeiro a julho, o Poção da Ribeira produziu 7,97 mil toneladas e o Jacarecica I, 2,88 mil toneladas.

O Perímetro Irrigado Jacarecica II também não fica para trás. Situada entre os municípios de Riachuelo, Malhador e Areia Branca, até julho deste ano, a região teve uma produção de 2,2 mil toneladas de batata-doce. É nele que a família de Allysson Junior da Silva tem um lote assistido pela Coderse. O que chama a atenção em sua plantação de batata-doce é a produtividade e a organização da lavoura, dividida em parcelas de plantio com idades diferentes.

“Cresci trabalhando com meu pai e, de uns três anos para cá, ele me deu esta área onde estou produzindo. Ele sempre gostou dessa excelência em qualidade, e eu tento seguir os passos dele”, conta Allysson Junior, e revela que um dos segredos do sucesso da família no plantio da batata é a adubação com esterco de gado.

O diretor de Irrigação da Coderse, Júlio Leite, observa que, atualmente, a batata-doce é o item de maior destaque quando somadas as produções dos perímetros (11 mil toneladas em 2022), e a tendência é que o saldo ainda seja superado este ano. “Os irrigantes contam com o trabalho da empresa para oferecer água e assistência. Com isso, apostam seu trabalho e recursos nos produtos que mais geram retorno. A própria rama da batata colhida vai servir no plantio da próxima lavoura. O produtor não tem custo com sementes. O ciclo produtivo, de três a quatro meses, também é rápido, se comparado ao inhame e à mandioca”, explicou Júlio César Leite.

Última atualização: 19 de dezembro de 2023 09:28.

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