Governo apresenta projeto de adutora na Festa Amigos do Leite

Adutora do Leite é o maior investimento em segurança hídrica produtiva para o alto sertão sergipano em 40 anos


Neste sábado, 5, o governador Fábio Mitidieri apresentou o projeto ‘Adutora do Leite’ para produtores sergipanos, durante a realização da Festa Amigos do Leite. O evento, realizado anualmente, no povoado Santa Rosa do Ermírio, município de Poço Redondo, está no calendário entre os maiores eventos da pecuária leiteira sergipana e entrou na sua 14ª edição. A celebração acontece onde o leite representa a fonte de renda para 90% das famílias locais que, com sua produção, abastecem grandes laticínios de Sergipe.

O projeto apresentado pelo Governo do Estado de Sergipe mostra que a adutora percorrerá um longo trajeto 108,60 km de extensão entre Canindé de São Francisco e Nossa Senhora da Glória, usando a água captada pela Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse) no Rio São Francisco. A obra vai levar água e disponibilizar 22 reservatórios instalados à disposição dos criadores e seus rebanhos, que somam aproximadamente 152 mil bovinos, sendo 45% em estado de lactação, com produção estimada em 2 milhões de litros por dia. Os municípios atendidos no trajeto são: Canindé de São Francisco; Poço Redondo, passando pelo importante polo leiteiro de Santa Rosa do Ermírio; Monte Alegre de Sergipe e Nossa Senhora da Glória.

O governador Fábio Mitidieri destacou o que será conquistado com esse investimento. “Estivemos aqui antes para anunciar o projeto da Adutora do Leite. Hoje, a gente vem entregar o projeto concluído. A partir de agora, já podemos licitar essa obra para que neste ano ainda comece a se realizar o sonho de trazer água bruta lá de Canindé até Nossa Senhora da Glória, o que vai possibilitar dobrar a produção da bacia leiteira. São investimentos superiores a R$ 240 milhões, e que, se Deus quiser, vai possibilitar que a gente gere mais emprego, mais renda, que a gente faça com que o ouro branco, que é o nosso leite, se torne ainda mais pujante e forte no nosso sertão. Portanto, essa é a notícia, a Adutora do Leite é uma realidade”, enfatizou o governador.

O secretário de Estado da Agricultura, Zeca Ramos da Silva, ressaltou que o governo vem trazer uma solução definitiva para o principal desafio para a região: a insegurança hídrica. “Estamos aqui em mais uma edição da Festa Amigos do Leite, esse evento grandioso que exalta a nossa bacia leiteira, tão forte e tão crescente a cada dia, mostrando a força do produtor rural, mostrando a garra do sertanejo”.

“Parabenizamos o governador por mais essa grande obra para o povo do sertão. Fábio Mitidieri que vem se consolidando como o governador que traz água para o sertão, água para a terra do leite. A Adutora do Leite é o maior investimento em segurança hídrica produtiva para o alto sertão sergipano depois de 40 anos. Para o governador, nosso reconhecimento e gratidão por todo investimento que tem feito para nossa população do campo”, completou Zeca da Silva.

Um dos organizadores da Festa do Leite e também criador, Odair José, não escondeu a alegria de ter a participação do governador trazendo notícias tão importantes para os criadores. “Santa Rosa do Ermírio ultrapassa a produção de 300 mil litros de leite por dia, despontando na liderança como maior bacia leiteira de Sergipe. Estamos na ‘terra do leite’, com maior produção por metro quadrado do estado e, agora, mais felizes, porque temos a possibilidade de ampliar nossa produção, com a chegada da obra da adutora”.

Outro criador, José Teles de Andrade Sobrinho, mais conhecido na região como Zé do Poço, também manifestou felicidade. É gratificante estar aqui presenciando esse momento feliz onde o governo dá mais um passo na construção desse projeto de trazer água para nossa produção. Foi na minha propriedade onde o governador fez o primeiro anúncio dessa obra, depois que assumiu o governo, então fico muito feliz. Aqui nós temos tecnologia, temos inseminação, temos uma genética boa, terra boa, mas não temos água. O que conquistamos até agora foi com muito esforço do produtor. Então, a ajuda do governo é muito bem-vinda”, completou Zé do Poço.

[vídeo] Com capim capiaçu irrigado e outros restos culturais, irrigante mantem rebanhos de leite e corte

O programa Sergipe Rural, da Aperipe TV, foi até o Perímetro Irrigado Piauí, mantido pela Cohidro em Lagarto, Centro-Sul Sergipano; para mostrar a propriedade agrícola de Gival Souza. Ele experimenta um certo grau de autossuficiência na criação de bovinos, caprinos e ovinos. Em um ciclo virtuoso, o pequeno agropecuarista utiliza a variedade de capim BRS Capiaçu e restos culturais como ração para a criação de animais que, por sua vez, geram esterco para a adubação destas plantações. O sistema funciona durante todo ano, a partir da água fornecida pelo serviço de distribuição pública estadual do Perímetro Irrigado Piauí.

Irrigante é exemplo de autossuficiência na produção de carne e leite

A produção de vegetais gera renda extra e seus restos culturais servem para complementar dieta alimentar dos animais, que dão leite e a carne.

Foto – arquivo pessoal

Para além da produção de hortaliças e grãos, a irrigação é, cada vez mais, uma forte aliada na pecuária de corte e leiteira. Principalmente no Nordeste, onde os períodos de estiagem mais prolongados dificultam a produção de plantas forrageiras. Exemplo disso é a propriedade agrícola de Gival Souza, em Lagarto, no Centro-Sul Sergipano. Ele experimenta um certo grau de autossuficiência na criação de bovinos, caprinos e ovinos. Em um ciclo virtuoso, o pequeno agropecuarista utiliza a variedade de capim BRS Capiaçu e restos culturais como ração para a criação de animais que, por sua vez, geram esterco para a adubação destas plantações. O sistema funciona durante todo ano, a partir da água fornecida pelo serviço de distribuição pública estadual do Perímetro Irrigado Piauí.

“Sobre o Capiaçu, pesquisando vídeos na internet, vi a grandeza, as propriedades que ele tem, as proteínas. Então, eu entrei em contato com a Cohidro (Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe), porque eu queria plantar esse capim. E eles me orientaram a forma de plantar em valas, colocando adubo supersimples (fósforo, cálcio e enxofre) no primeiro plantio. Primeiro fiz a sementeira e da sementeira, replantei em 10 linhas de 40 metros. O que está dando para suprir a necessidade do meu rebanho”, pontuou o produtor Gival Souza, irrigante do perímetro administrado pela Cohidro, empresa que também fornece a assistência técnica rural aos lotes irrigados. Atualmente o rebanho do pequeno criador é de 15 ovelhas, 8 cabras e 2 vacas.

Dentre as três criações, Gival Souza está investindo mais nas cabras. “O leite de cabra está sendo bem aceito no mercado, para quem tem problema de rejeição à lactose, porque tem um baixo teor de lactose. Estou até me juntando com o pessoal aqui do povoado Brejo, para formar uma cooperativa e fazer uma fábrica de laticínio de leite de cabra. Crio vaca também, tenho piquetes que dão para todo rebanho. Tenho duas vacas e todo ano elas dão duas crias. Vendo o leite das vacas para uma sorveteria local, e está dando certo. A comida do gado eu produzo aqui na propriedade, através do perímetro irrigado, da irrigação. Porque planto a macaxeira, para a venda no comércio e a que sobra o gado come. Planto o milho verde, vendo as espigas e a palha, faço a silagem para o gado e tem o capim, o BRS Capiaçu”, contou o produtor.

O técnico da Cohidro, Jackson Ribeiro, que presta assistência técnica aos produtores em Lagarto, ensina que o corte do BRS Capiaçu deve ser aos 50 dias depois de plantado, período em que a planta terá em torno de 2,5m de altura e o seu nível de proteína bruta será de aproximadamente 9,7%. “O caso do produtor Gival é especial para nós, porque ele produz seu próprio insumo. Ele está iniciando uma criação de caprinos, tem ovinos, também tem bovinos e vem seguindo toda recomendação que a Cohidro passa, cortando o capim bem rente ao chão, que vai facilitar o perfilamento do capim. Quando chega no final da capineira, que são 450m², a parcela cortada no início já está boa de cortar de novo”, explicou o técnico.

O lote de Gival Souza tem um total de 2 hectares (ha), sendo 0,4 ha irrigável, onde ele planta macaxeira, milho e o BRS Capiaçu. O restante ele usa para plantar mandioca, que dispensa o uso de irrigação, mas que as suas folhas e ramos (manivas), também servem de ração animal. “Ele não compra ração e essa é uma novidade para o pequeno produtor rural que produz tudo na sua propriedade. Ressaltando que ele também planta milho e tudo isso é possível por conta da irrigação”, avalia Jackson Ribeiro. “Vale destacar que a Embrapa fez vários testes em 17 estados do Brasil com o ‘capim elefante’, onde 50 clones foram testados, chegando ao que foi batizado de BRS Capiaçu, o melhor que se adaptou à nossa região”, complementou Jackson Ribeiro.

Assistência técnica e irrigação pública auxiliam redução de custos na pecuária em Tobias Barreto

Estado criou bancos de sementes para popularizar variedade de palma e a gliricídia

 

[foto: Fernando Augusto]
Tocado pela alta nos preços das commodities milho e soja, o valor da ração animal tem se elevado, dificultando a sustentabilidade nas pequenas propriedades da Agricultura Familiar. Em Tobias Barreto, no Perímetro Irrigado Jabiberi, pequenos pecuaristas estão buscando alternativas alimentares aos grãos, para manter as criações de gado de leite, corte e ovinos. Orientados pela assistência técnica e programas do Governo do Estado, eles apostam no cultivo de espécies diferentes do que a pecuária convencional pratica, dentre elas a palma orelha de elefante, a gliricídia e o BRS Capiaçu. A irrigação fornecida pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) na maior parte do ano, facilita o desenvolvimento destas plantas que são dadas aos animais em suplementação ao capim, também irrigado.

“No perímetro irrigado, hoje, quase 70% das plantações são voltadas à produção leiteira. Estamos incentivando a produção do máximo de alimento possível dentro do lote, para alimentação dos animais, tentando variar o máximo possível. Desde o plantio de gliricídia, que produz uma proteína de alta qualidade; até o plantio da palma, que é mais energética; do BRS Capiaçu, de alta produtividade e também com um teor, tanto de energia quanto de proteína, elevado. Estamos trabalhando com diversos tipos de alimentação para o gado, de volumosos, para reduzir a aquisição de insumos externos. Assim, você aumenta a capacidade do produtor ter mais rentabilidade, porque essa produção é muito mais barata do que a comprada fora”, justificou o técnico agrícola da Cohidro que presta assistência ao Jabiberi, José Coelho.

Diretor de Irrigação da Cohidro, João Fonseca conta que o Capiaçu chegou ao Jabiberi por indicação da Cohidro. “Já a introdução da palma orelha de elefante e a gliricídia, recebeu o incentivo do Projeto Sergipe de Combate à Desertificação, há cerca de um ano. É uma parceria entre o Governo de Sergipe, Ministério do Meio Ambiente (MMA) e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), com recursos do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF)”, detalha.

A Cohidro é vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri), que através da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário (Emdagro), outra vinculada, executa o programa no estado. “Para ter acesso às sementes da palma, os irrigantes do perímetro se comprometeram a doar o saldo da primeira colheita de ‘raquetes’ para beneficiar mais pessoas com acesso às sementes. Desta forma, as espécies forrageiras se multiplicaram para os lotes de outros produtores”, complementa João Fonseca.

José Coelho já contabiliza que o incentivo vá chegar para todos os produtores através destes primeiros ‘bancos de sementes’ no perímetro. “Ao todo são 55 produtores de leite hoje no perímetro, produzindo leite, mas diretamente começamos com 15 pessoas e vamos ampliar até chegar a todos”, destacou o técnico. A intenção é de que o pequeno pecuarista atendido no perímetro consiga plantar a maior parte da alimentação destinada às suas criações. “Alguma coisa tem que comprar, não tem jeito, mas comprar cada vez menos insumos externos. Também tem a Associação dos Pequenos Criadores do Perímetro Irrigado Jabiberi (APEC). Nesse verão, vamos ter que adubar todos os lotes e fazer a aquisição de milho e soja. Se isso for feito de forma conjunta, reduz o custo de aquisição”, conclui, destacando o apoio dado pela empresa também ao associativismo.

Uilde de Jesus é presidente da APEC. Ele foi um dos beneficiados com sementes de palma, mudas de gliricídia e já ampliou sua gama de alimentos alternativos para o gado e os ovinos que cria. “Eu associei minha palma com o feijão guandu, que é fósforo, tanto para a alimentação animal quanto para a adubação para a palma. Eu quero baixar o mínimo de custo na minha propriedade, daí meus animais tiveram uma melhora, aumentando o estado corporal das vacas, porque aumentou também a quantidade de ração, já que saiu mais barato e com isso, só teve ganho no gado de engorda e no de leite, permaneceu ou foi até melhor que a ração convencional comprada. A Cohidro está dando o apoio essencial à gente porque, para a implantação do capiaçu, da gliricídia e da palma veio o projeto através dela, então estamos aproveitando a chance e estamos nos dando bem, graças a Deus”.

Rebanhos de criadores irrigantes de Tobias Barreto recebem Inseminação Artificial

Programa tem por objetivo o melhoramento genético do rebanho leiteiro sergipano

[Foto: Fernando Augusto]
Cerca de 50 vacas de pequenos criadores irrigantes do Perímetro Irrigado Jabiberi, em Tobias Barreto, estão entre os animais beneficiados pelo Programa de Melhoramento Genético por Inseminação Artificial por Tempo Fixo (IATF). Destinado à melhoria da produtividade de leite nos pequenos rebanhos da bacia leiteira sergipana, o Governo do Estado, através da Seagri, planeja inseminar, até o final de 2021, 885 animais de 186 pequenos criadores, investindo R$ 200 mil só através da parceria firmada entre as secretarias de Estado da Agricultura (Seagri) e Inclusão e Assistência Social (Seias). Outra cooperação, com o Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra), prevê o investimento de mais R$ 150 mil em ações de inseminação e transferência de embrião.

Vinculada à Seagri, a Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) administra o perímetro Jabiberi, fornecendo irrigação e assistência técnica rural em 75 lotes agrícolas, em que a principal atividade é a criação de gado de leite.  O Programa de Melhoramento Genético do Rebanho Leiteiro visa popularizar a adoção do IATF, aumentando os percentuais de vacas prenhes e o melhoramento genético de animais para reprodução, com a escolha de sêmen de raças leiteiras. Desde 2018, quando foi implantado, o Governo de Sergipe já investiu R$ 305 mil na inseminação de mais de 2 mil matrizes leiteiras.

Irrigante do perímetro Jabiberi, o criador Pedro Vidal possui 22 vacas leiteiras. Destas, 10 passaram pela inseminação do Projeto IATF. “Está melhorando o rebanho. Com a inseminação, a tendência é melhorar cada dia mais, para ver se aumenta a produção de leite. Eu já trabalhava com inseminação, mas agora ficou tudo mais fácil. Antes fazia sem veterinário e a chance era pequena de dar certo”, avalia Seu Pedro. Também do Jabieri, João Souza teve quatro animais inseminados. É a primeira vez que ele trabalha com inseminação artificial em seu rebanho. “Vai me ajudar muito a ter vacas melhores de leite. A Cohidro já ajuda com irrigação e dando suporte. E eu quero que venham mais benefícios, que a gente precisa”.

Segundo o técnico em agropecuária do Jabiberi, José Coelho, o IATF se soma ao trabalho que a empresa já desenvolve para aumentar a produção de leite nos lotes assistidos. “Nós escolhemos os sete melhores produtores do perímetro, que têm mais potencial para desenvolver atividade, e estamos iniciando um processo de melhoramento genético. Nós estamos trabalhando conjuntamente com a melhoria da pastagem, com adubação para melhor alimentação. O resultado de tudo isso será um acréscimo na produção de leite, com o mesmo número de animais”, disse José Coelho. O técnico acrescenta que existe uma parceria entre a Cohidro e o laticínio que recebe a produção do Jabiberi, para incentivar o associativismo e a redução dos custos na produção do leite. “A associação comprará o adubo para os lotes. Em maior quantidade, tem o preço reduzido”, afirma.

Médicos veterinários
Os processos de IATF são realizados por médicos veterinários. Foram usados sêmens das raças Holandesa e Gir, e diferentes graus do cruzamento entre as duas, o Girolando. “Primeiramente, é feita a ultrassom para diagnosticar os animais vazios. Depois, é colocado o implante (de progesterona) e introduzido um medicamento. Após oito dias, o implante é retirado das vacas, e são aplicados mais três hormônios para darem cio. Dois dias depois, elas são inseminadas. Em 30 dias, elas farão novamente a ultrassom para saber quem emprenhou”, explica o veterinário George Vasconcelos, do laboratório contratado pela Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro).

O laboratório atua até a etapa do diagnóstico das vacas que estão prenhas. Para acompanhar os animais da inseminação até o parto, a Cohidro disponibiliza, para o perímetro irrigado Jabiberi, a médica veterinária, Thaís Souza. “A empresa terceirizada faz o diagnóstico gestacional e a gente termina o acompanhamento dos animais, até o parto. Vamos dar o apoio aos produtores daqui, melhorando o manejo, a alimentação e a questão de estrutura também, para ajudar a melhorar a produtividade, aumentando a renda para os produtores”, informou.

[vídeo] Produção de ração animal do perímetro Piauí

Assista o vídeo apontando a câmera do seu celular para o QR Code

No Perímetro Irrigado Piauí, administrado pela Cohidro em Lagarto, os lotes agrícolas irrigados também produzem alimentos para criação de gado de leite e de corte. O capim irrigado e restos culturais das lavouras são alimentos que beneficiam as criações dos irrigantes no próprio lote.

O excedente desta forragem e o esterco gerado pelos animais, são insumos que o criador comercializa com outros irrigantes do perímetro Piauí. Quando esses insumos são vendidos a produtores rurais fora do perímetro, ocorre a ‘Integração Irrigado/Sequeiro’.

Outro ponto forte do perímetro irrigado de Lagarto é a venda dos restos culturais das plantações de milho verde para fazer a ração animal. Uma renda extra e também segurança ao irrigante produzir milho. Se ele não vende as espigas, vende o pé inteiro de milho para fazer silagem.

Irrigação pública estadual influencia na maior parte dos itens da Cesta Básica mais barata do Brasil

Irrigantes do Perímetro de Lagarto produzem esterco e forragem, abastecendo municípios do entorno

Gilvan e as batatas-doces, que tem as ramas utilizadas na alimentação animal [Foto: Gabriel Freitas]
Além de tomate, mandioca, banana e cana-de-açúcar, que influenciam diretamente nos preços que fazem de Aracaju a capital com a Cesta Básica mais barata do Brasil por quatro meses seguidos, a irrigação pública dos perímetros estaduais também produz forragem para bovinos. Com a adição do leite, da manteiga dele derivada e da carne bovina, sobe para sete o número de alimentos da cesta básica, cuja produção é favorecida pela irrigação estadual, dentre os 12 pesquisados mensalmente pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE). No Perímetro Irrigado Piauí, administrado pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e irrigação de Sergipe (Cohidro) em Lagarto, há os criatórios que produzem sua própria ração, os que vendem capim de corte, forragem de milho, ramas de batata-doce e esterco até para produtores fora do perímetro, promovendo a ‘Integração Irrigado-Sequeiro’.

Gilvan Lima reserva um hectare de seu lote, no perímetro Piauí, para a produção contínua dos capins de corte das espécies palmeirão, roxo e elefante, para alimentar 10 cabeças de boi de engorda e 17 vacas de leite. A ração dos animais é composta da mistura de capim, palhada e espigas de milho e restos culturais, como o pé da mandioca – chamado por eles de ‘manaíba’. “É tudo do plantio que eu faço. O milho, quando eu não coloco verde picado, com espiga e tudo, eu moo o grão de milho seco junto com o capim”, explica o produtor rural. Para ele, a chegada do perímetro abrangendo sete povoados de Lagarto modificou toda a forma de produzir. “Antes, era complicado, mas depois da irrigação foi outra coisa. Planto o milho, planto o capim. Até a rama da batata-doce se aproveita para o gado. Antes do perímetro, só tinha capim no inverno. Tinha que dar tudo contado e comprar fora o farelo”, lembra.

Segundo o diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrícola da Cohidro, João Fonseca, o excedente do plantio de capim, somado a todo milho para silagem e restos culturais gerados nos 421 lotes do perímetro de Lagarto, suprem um mercado consumidor de ração animal e outros insumos, bem maior que os 14,5 km² do perímetro Piauí. “Em Sergipe, 29 municípios são considerados pela Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) como de clima semiárido, em que o déficit hídrico é muito grande, prejudicando a atividade agrícola na maior parte do ano. Por isso, em nossos seis perímetros incentivamos, além do produto in natura, a produção de espécies vegetais para alimentação animal, que o agricultor possa comercializar o excedente com o mercado do entorno dos perímetros”, defende.

A pecuária dentro do perímetro irrigado é uma prática paralela à agricultura, que muito se aproveita desta oferta de água para a produção da ração, como afirma o gerente do Piauí, Gildo Almeida. “Tem entre 15 e 20 produtores que usam o capim de corte para sustentar suas criações de gado, e tiram o sustento da venda das cabeças de gado de corte, do leite e do esterco”, conta. Segundo ele, é no verão que se torna mais importante a oferta de água para a pecuária, suprimindo a falta de pastos verdes. “Usam o capim e a palhada do milho para fazer silagem e sustentar o gado nesta época de estiagem. Muitos fazem o confinamento, para abate; mas a maioria é para produção de leite”, conclui Gildo.

Para Gilvan, compensa plantar capim. “No verão, quem tem um capim verde, ganha dinheiro. Pois se não tem gado, vende o capim. Quando tem capim de sobra no inverno, eu dou para os vizinhos que têm criação. Porque se o capim ficar muito velho, é ruim. É melhor tirar, adubar e plantar de novo”, ensina o irrigante. Em seu lote, criando gado, o número de produtos só aumenta. Vai do leite, que vende para um atravessador; até o adubo natural, indispensável para a produção agroecológica. “O esterco eu vendo também, para quem não gosta de usar agrotóxicos e adubos químicos. É muito bom adubar com o esterco no verão. Eu mesmo uso no capim de ração, no cultivo do milho e na batata-doce italiana e roxinha”, finaliza.

Perímetro Jabiberi muda sistema de Irrigação pública para economizar água

Cohidro também auxilia produtores rurais irrigantes na construção de novos reservatórios

Produtores Pedro Oliveira e José Ricardo; José Fernandes, gerente do Jabiberi; Paulo Sobral, presidente da Cohidro; José Coelho, técnico agrícola da Cohidro; Carlos Vieira, diretor de Infraestrutura Hídrica e Roberto Matias, funcionário da Cohidro [Foto: Fernando augusto]
Ao longo de sete meses, o Perímetro irrigado Jabiberi, situado em Tobias Barreto, enfrentou uma crise de desabastecimento. Sua barragem é compartilhada com a Deso e dá prioridade ao abastecimento para consumo humano, também prejudicado pela escassez prolongada de chuvas. Pensando em desenvolver estratégias que previnam prejuízos de abastecimento do período de estiagem, a Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe – Cohidro, administradora do perímetro, resolveu ajustar o período de distribuição de água, passando de nove para cinco horas diárias e, além disso, colabora com os pequenos pecuaristas na construção de reservatórios maiores que, de uma só vez, acumulem toda água necessária para irrigar por um dia.

“Atualmente, a abertura de comportas é feita pela noite. Agora, será pelo dia com ‘canaleiros’ fechando os registros assim que os reservatórios encherem, eliminando o transbordamento e possibilitando a diminuição do tempo de operação para cinco horas. A medida combate o desperdício de água, ao evitar que os tanques transbordem e o uso além do necessário, durante nove horas de disponibilidade de água”, indicou Paulo Sobral, diretor-presidente da Cohidro. Ele informa que a Cohidro também está orientando o plantio de plantas forrageiras nos lotes, para que a silagem ou espécies resistentes à seca, como a palma, atendam o produtor, em caso de novo desabastecimento que impossibilite a produção de alimento para os rebanhos com a irrigação.

Diretor de Infraestrutura Hídrica e Mecanização Agrícola da Cohidro, Carlos Vieira diz que a empresa colocou retroescavadeira e um operador à disposição dos pecuaristas irrigantes. Eles arcam com o custo operacional e o revestimento dos novos reservatórios. “São tanques com mais que o dobro do tamanho, com 100m³, para que seja necessário somente um abastecimento de água por dia. Vai ocorrer a economia de água e a reserva da barragem vai durar mais. Os produtores que revestem o novo reservatório com lona de alta resistência investem R$ 600 na obra. Os que estão construindo tanques circulares em alvenaria, R$ 4.500”. O diretor informou que estão prontas 39 escavações de tanques, dos 74 lotes que o perímetro possui.

Pedro Oliveira e seu pai criam gado de leite no Jabiberi. Ele acredita que o aumento dos tanques vai melhorar a autonomia do perímetro e aprova a troca de turnos de operação. “Quando começar, a gente vai ligar a bomba pra irrigar umas 2h ou 3h, vamos pra casa descansar e só voltamos no outro dia, pra retirar o leite sossegados. É muito importante essa preocupação de economizar e garantir água pra consumo pra todo mundo, isso será muito bom”. Com as mudanças, a família ficou motivada a investir na propriedade e até na renovação do plantel.

Já o José Ricardo, que sempre mantém um rebanho de 10 a 12 cabeças de vacas produzindo em lote, conta que seu leite é vendido para os laticínios da região e que tira em média 65 litros por dia. Para ele, o novo sistema de água e o aumento dos reservatórios trarão mudanças significativas para todos. “Antes a quantidade de água era muito pouca, agora será maior”. O temor de o perímetro Jabiberi voltar a não ter água para irrigar convence os produtores de que é necessário mudar os hábitos, investir e até restringir ao máximo o uso da água na operação do lote. “Foi muito difícil o período sem água, tivemos que comprar água, para ajudar na alimentação do gado e até pra nós mesmos. Sem água não somos nada”, conclui o produtor.

Última atualização: 6 de maio de 2021 19:04.

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