Perímetros irrigados estaduais iniciam ‘doação simultânea’ ao Programa de Aquisição de Alimentos da Conab

Com irrigação, assistência técnica para lavoura e formalização dos projetos, Coderse facilita acesso dos produtores ao PAA desde 2008, entregando mais de quatro mil toneladas de alimentos para pessoas carentes de Sergipe

Cinco associações de produtores dos perímetros de irrigação estaduais começaram, em novembro, as primeiras entregas ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), mantido pela Conab, na modalidade ‘compra com doação simultânea’. São 127 agricultores assistidos pelo Governo do Estado, produzindo alimentos em benefício de 15,5 mil pessoas em situação de insegurança alimentar. Elas vão receber, em entregas quinzenais, 230 toneladas de produtos da irrigação pública. 

São 10 meses de vigência para os projetos propostos pelos agricultores irrigantes dos perímetros irrigados estaduais Piauí, em Lagarto; Jacarecica II, em Malhador; Poção da Ribeira, em Itabaiana; e Califórnia, em Canindé de São Francisco. No período, eles serão remunerados com um montante de R$ 1,27 milhão. São beneficiadas as famílias carentes assistidas pelos centros de referência de assistência social (Cras) de Canindé, Divina Pastora, General Maynard, Lagarto e Santa Rosa de Lima.

A Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), acompanha os irrigantes dos perímetros, oferecendo um assessoramento na formalização e cadastro junto ao Governo Federal. 

Para o diretor-presidente da empresa, Paulo Sobral, a iniciativa é de fundamental importância para a agricultura familiar. “Beneficia o produtor rural, que tem a segurança de comercializar seus produtos com valor justo e, principalmente, as pessoas em insegurança alimentar. O Governo do Estado, por meio da Coderse, estimula e dá a condição para que os agricultores tenham esses produtos o ano todo e, com isso, possa atender esse e demais programas aqui no estado de Sergipe”, considerou Paulo Sobral. 

Desde 2008, a companhia apoia os irrigantes no PAA, gerando a doação de mais quatro mil toneladas de alimentos. 

Lagarto e General Maynard

A primeira associação a entregar os alimentos, no dia 12 de novembro, foi a do Povoado Fazenda Grande, formada por irrigantes do perímetro Piauí, em Lagarto, no centro-sul sergipano. 

A agricultora Patricia Santos Ferreira Santana e outros 29 produtores iniciaram o envio das quase 60 toneladas de alimentos que atenderão, durante 10 meses, 3.500 pessoas assistidas pelo Cras de General Maynard. “A vida no campo não é fácil, mas é maravilhosa. Só de colher o fruto do que a gente plantou, é maravilhoso. E esse PAA é muito bom porque repassa as mercadorias com preço justo. Isso mostra que o programa valoriza o trabalho no campo. E a Coderse é muito importante para gente porque, além do fornecimento da água, tem os técnicos que nos auxiliam. Quando a nossa roça dá alguma praga, eles nos orientam. A Coderse, aqui, é de suma importância. A irrigação é muito boa, para que a gente tire a nossa plantação”, avaliou Patricia.

Canindé

Presidente da Associação dos Agricultores Irrigantes de Canindé de São Francisco (Assai) e irrigante no perímetro Califórnia, Ozeias Beserra avalia que o PAA gera renda para o agricultor e diminui a insegurança alimentar no município. “Isso é um programa muito importante onde todo mundo sai ganhando. Desde a produção, até a elaboração do projeto, a Coderse vem nos ajudando. A Coderse fornece água, de inverno a verão, nove horas por dia, para que o produtor tenha a capacidade de produzir alimento durante o ano todo. Se não fosse a Coderse, a gente não conseguiria participar do PAA”, analisou. 

A Assai realizou sua primeira entrega no último dia 27, atendendo ao Cras mantido pela prefeitura daquele município do alto sertão, com 2.360 quilos de banana, batata-doce, melancia, goiaba, abobrinha, alface, couve, coentro, macaxeira, tomate, acerola, melão maracujá, milho e quiabo. São 32 agricultores do perímetro irrigado que vão fornecer, durante 10 meses, mais de 54 toneladas de alimentos para beneficiar três mil pessoas atendidas pelo Cras municipal. 

No dia da entrega da Assai, Conab, prefeitura municipal, associação, produtores e a Coderse, realizaram reunião introdutória sobre as regras do PAA. Coordenador do PAA na companhia federal em Sergipe, Francisco Carlos expõe que o programa atende a quase todos os 75 municípios de Sergipe, recebendo, em 2025, a inscrição de cerca de 120 projetos de compra da produção para a ‘doação simultânea’. Além do Cras, ele anuncia que o PAA vai passar a também fornecer alimentos ao programa Cozinha Solidária, também do Governo Federal.

“Atualmente, estamos participando em 80 projetos e aqui em Canindé é um deles, onde vai amenizar o custo da prefeitura. Os produtores vão fazer essa venda para Conab e doar diretamente para o Cras. E a Coderse é um dos grandes parceiros da gente. Tem nos ajudado muito nos perímetros, na questão da documentação, na qualidade dos produtos, que é muito importante. É uma ferramenta do governo estadual em parceria com o federal, que está melhorando a vida do homem do campo”, justifica Francisco Carlos.
 

Coderse realiza cadastro da Agricultura Familiar para incentivar investimentos e benefícios nos perímetros irrigados

Com o CAF, irrigante tem acesso ao crédito subsidiado, benefícios sociais e vende para programas de compras governamentais.

Agricultor precisa do CAF para participar dos programas de compras governamentais, como PAA e PNAE / Foto: Fernando Augusto (Ascom Coderse)

Complementando os serviços oferecidos nos perímetros irrigados, de fornecimento de água de irrigação e assistência técnica agrícola, a Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), em 2025, passou a realizar o Cadastro Nacional da Agricultura Familiar (CAF) dos irrigantes. São quase 80 documentos já cadastrados pelos técnicos da empresa. A Coderse ainda tem levado o Banco do Nordeste (BNB) aos perímetros para apresentar aos irrigantes as linhas de crédito que o CAF dá acesso. O último encontro foi na quinta-feira, 9, com 87 produtores de Areia Branca, Malhador e Riachuelo.  

O CAF também permite que o agricultor participe do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) com ‘doação simultânea’. No perímetro Piauí, em Lagarto, 44 irrigantes com CAF propusessem à entrega de 85 toneladas de alimentos para 5,5 mil pessoas em condição de insegurança alimentar. Ao iniciar os pagamentos, eles serão remunerados pela Conab em um montante de R$ 440 mil. A Coderse — vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri) — incentivou o cadastramento dos irrigantes para a participação no PAA. Um deles foi José Ailton Soares dos Santos, 39 anos, que também já adquiriu cabeças de gado com financiamento do BNB.

“Só temos a agradecer a essa equipe, pela forma que eles nos tratam, a assistência da Coderse. Toda a atenção deles é voltada para a gente, que facilitou para esse CAF, orientando. Se quiser uma criação, o Banco do Nordeste oferece um empréstimo, com uma carência muito boa. E tudo isso é desse documento.  Estou participando desse PAA pela primeira vez. Já tiveram outros projetos, mas eu não participava, porque eu não tinha esse CAF”, pontou José Ailton. Quem está indo até os perímetros fazer o cadastramento in loco, são os técnicos da Divisão de Desenvolvimento Agrícola (Gedea) e da Coordenação Operacional, ambos da Diretoria de Irrigação da Coderse.

Diretor de Irrigação da Coderse, Júlio Leite reforça que a emissão do CAF vem como uma forma de aumentar o potencial produtivo dos perímetros. “Tomando financiamentos próprios para a Agricultura Familiar, eles podem investir na modernização, comprando equipamentos novos para as unidades produtivas que ainda utilizam o sistema de irrigação de quando o perímetro começou. A maioria dos perímetros foram criados há 38 anos. Eles podem diversificar a produção, investindo em criatórios alimentados com o que é produzido na agricultura irrigada. Mas também o CAF ajuda o trabalhador rural a ter acesso à outros benefícios e os permite vender nos programas de compras governamentais, como PAA e PNAE (Programa Nacional Alimentação Escolar)”, avaliou.

José Humberto dos Santos, produtor irrigante do Perímetro Irrigado Jacarecica II, resume bem a importância do Cadastro da Agricultura Familiar. “CAF é a identidade do agricultor. Serve para tudo: fazer empréstimo, para se aposentar, auxílio doença, para você botar uma mercadoria pelos projetos beneficentes do governo. E a Coderse dando apoio. Então, se não tiver o CAF, você não é agricultor”, alertou.

Reuniões com o BNB
O gerente de relacionamento, Antoane Amaro, e o analista de projetos, Fernando Pessoa, do BNB, na quinta-feira, expuseram as linhas de crédito para a agricultura familiar a 87 agricultores irrigantes do Jacarecica II, que assiste povoados de Areia Branca, Malhador e Riachuelo. Uma semana antes, o colega deles no banco, o agente de crédito Luan de Oliveira, conversou com 32 produtores do perímetro Piauí, em Lagarto.  

“Primeiro passo quando a gente visita um perímetro irrigado, que é um diferencial para a agricultura familiar, é tanto buscar a regularização de dívidas, como também a gente apresentar linhas de crédito que visam, sobretudo, estimular a produção sustentável. Estamos com o programa Desenrola Rural, com desconto que vai até 95%. Tem linhas de crédito voltadas para a agroecologia, uma atividade que demanda muita atenção por parte do Governo Federal”, listou Antoane Amaro. Os técnicos do BNB apresentam o Agroamigo, com linhas de crédito do Pronaf A e B, com subsídios, carência e os valores limites para crédito diferenciados.

As reuniões com o BNB também criam o interesse por criar o CAF junto aos técnicos da Coderse. Claudiene Barreto, produtora rural do Jacarecica II, participou para conhecer melhor o benefício. “Eu não tenho o CAF, mas aí eu quero ter conhecimento, quais os benefícios que vão render para o meu terreno. Porque eu fiquei sabendo que é muita informação e é muita coisa boa. Vai facilitar muito aqui na área rural da gente. Para comprar material, benefícios para o terreno e assim sucessivamente”, explicou.

“O CAF é um documento muito importante para pequenos agricultores rurais, porque a gente pode pegar empréstimo para trabalhar na nossa terra. Por isso que vim hoje até aqui, ouvir a palestra do pessoal que está aqui hoje, da Coderse e todos aqui presentes, para que possamos tirar nossas dúvidas”, acrescentou a presidente da Associação de Cooperação Agrícola do Assentamento Mário Lago, Maria Angélica Araújo, também irrigante no Jacarecica II.

Sergipe produz repolho irrigado do centro-sul ao alto sertão

Vegetal tem boa demanda de mercado e funciona como opção de rotação de cultura que ajuda na saúde do solo
Em Canindé, produtor irrigante está obtendo sucesso ao produzir repolho na irrigação fornecida pelo Governo do Estado // Foto: Fernando Augusto (Ascom Coderse)

Aliados ao uso de tecnologia de irrigação e assistência técnica, agricultores de Canindé de São Francisco, no alto sertão sergipano, estão conseguindo produzir repolho no clima semiárido. A hortaliça se desenvolve melhor no clima frio e já chamava atenção quando era plantada, há alguns anos, na irrigação pública do centro-sul e no agreste do estado, onde o clima é mais úmido. São produtores de repolho atendidos pelo Governo do Estado em perímetros irrigados que produziram quase 74 toneladas, em 2024.

Em 2025, no perímetro Califórnia, administrado pela Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), em Canindé, o repolho foi plantado em abril e dependia unicamente da irrigação. Perto de sua colheita, no fim de junho, já era influenciado pela diminuição da temperatura do período chuvoso. Já no perímetro Piauí, em Lagarto, neste ano, a safra do repolho começou ainda mais cedo, com o plantio em março, para ser colhido em maio e com um aproveitamento ainda menor do período de frio, em Sergipe. 

Segundo o gerente do Piauí, Gildo Almeida, mesmo em dias de chuva, as bombas do perímetro irrigado voltam à funcionar em casos especiais, como o do repolho. “A gente fica atento, para oferecer a irrigação através da Coderse e dar o suporte que eles precisam, como parte do acompanhamento técnico. Pela estação meteorológica, lá no perímetro, sabemos, todos os dias, quantos milímetros choveu. Se for pouco e como o repolho requer mais água, a gente sempre fica em comunicação com o produtor e faz, da melhor forma, um abastecimento de água extra”, explica.

Califórnia, Piauí e Jacarecica I, em Itabaiana, no agreste sergipano, foram os três perímetros irrigados estaduais que produziram quase 74 toneladas de repolho, durante o ano de 2024. Eles fazem parte do conjunto de sete unidades em que a Coderse – vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri) – incentiva a agricultura irrigada no estado, oferecendo infraestrutura de armazenamento e distribuição de água bruta. 

Para o diretor de Irrigação da Coderse, Júlio Leite, o repolho é mais uma opção de produto da irrigação pública no mercado, para o produtor não ficar atrelado à insegurança da monocultura.  “O produtor tem mais segurança financeira, se sua renda vier da produção e comercialização de uma diversidade de produtos. Se ele oferecer só um produto, ele assume o risco de uma queda no valor de mercado e pode até ter prejuízo. Por isso a Coderse sugere variar a produção, com assistência técnica, estudo de mercado e principalmente, a água, para irrigar o ano todo”, analisa.

Manejo e comercialização
O produtor Genilson Cardoso, conhecido como Genilson do Quiabo, investe, pelo segundo ano, com sucesso, na produção de repolho, em Canindé, por ser uma planta de ciclo rápido para a rotação de culturas agrícolas. “Tem que mudar de cultura e eu optei pelo repolho, que, em 90 dias, já colhemos e plantamos outra cultura porque, se plantar só o repolho, a terra vai ficando fraca. Aqui eu já plantei tomate, milho, quiabo e agora repolho”, conta o irrigante do Perímetro Califórnia.

Genilson conta que não teve dificuldade com pragas e doenças no repolho, cultivado em Canindé. A comercialização da safra de 2025, com quase um hectare plantado, já estava negociada antes da colheita e desta vez atendeu a demanda do próprio estado. “Essa aqui vai para Itabaiana, mas eu já mandei para Recife, Caruaru, Salvador, Maceió e Aracaju. Foram dois caminhões de repolho”, destaca.

O produtor irrigante aconselha aos outros produtores rurais o plantio do repolho. “Se você quiser plantar, é uma cultura fácil de vender. Eu gosto de plantar, todo ano eu planto, mas tem que plantar no tempo frio porque, no verão, é difícil de tirar ele. No tempo de inverno é bom, ele não adoece muito”, aconselha.

Assistência técnica e irrigação
Mesmo experiente para plantar, Genilson do Quiabo tem o auxílio dos técnicos agrícolas da Coderse. “Eles sempre dão uma dica. A gente vai na prática e vai pedindo para eles, como é que a gente vai fazer para sair melhor. Nós não estudamos para isso, só sabemos mexer com a terra. Mas a importância da irrigação é tudo, a gente sobrevive dessa irrigação. Se não tiver irrigação aqui, o ‘cabra’ não tem emprego. Quem é agricultor tem que ter irrigação, para manter a família e manter os trabalhadores, também. Todo o tempo a gente tem roça aqui. É tirando uma roça e já plantando outra”, completa.

Irrigação pública estadual incentiva geração de renda nos programas de aquisição de alimentos

Em 2025 a Coderse assessorou seis propostas ao PAA em perímetros irrigados estaduais e cinco estão entre os 10 melhores ranqueados pela Conab
Ozéias Bezerra está entregando tomates para o PNAE e aguarda autorização da Conab para entregar este e outros produtos ao PAA // Foto: Fernando Augusto (Ascom Coderse)

Incentivo à agricultura familiar e segurança alimentar, os programas de compra institucional de alimentos têm campo fértil nos perímetros irrigados estaduais. Em 2025, irrigantes de Canindé de São Francisco, no alto sertão sergipano, estão entregando hortaliças para a merenda escolar. Eles também conquistaram o primeiro lugar no ranqueamento das propostas sergipanas ao Programa de Aquisição de Alimentos, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), na modalidade ‘compra com doação simultânea’.

Ao todo, foram selecionadas seis propostas ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) de agricultores assistidos pela Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri). Cinco desses projetos estão entre os dez mais bem ranqueados pela Conab. São 148 irrigantes que propõem entregar, durante um ano, 382 toneladas de alimentos para benefício de 21.500 pessoas em situação de insegurança alimentar.

Com as seis propostas sendo efetivadas pelo Governo Federal, os agricultores assistidos pela Coderse com irrigação, assistência técnica agrícola e assessoria na formação de documentos e elaboração das propostas vão receber, ao todo, R$ 2.219.359,00 de remuneração, pelo cultivo desses alimentos. Iniciados os pagamentos, os técnicos da companhia estadual voltam a atuar no apoio ao controle das entregas e na prestação de contas à Conab.

Pela Associação dos Agricultores de Canindé de São Francisco (ASSAI) –  instituição melhor ranqueada no grupo da ampla concorrência do PAA em Sergipe – o irrigante Ozéias Beserra aguarda o sinal verde para começar a entregar os tomates, pimentões, abóboras e abobrinhas que ele já está cultivando no Perímetro Irrigado Califórnia. “A expectativa está sendo enorme. Já estamos nos preparativos de produção e plantio, só aguardando o recurso [federal] chegar para a gente começar as atividades.  A gente já está com a semente, esperando para plantar o repolho também”, afirma.

Diretor de Irrigação da Coderse, Júlio Leite informa que outras três associações do perímetro irrigado de Lagarto, uma do perímetro de Itabaiana e uma cooperativa de irrigantes de Malhador, são assistidas pela empresa pública e estão ranqueadas para, também, participar do PAA da Conab em 2025. “Desde 2008, a Coderse apoia seus irrigantes a participar do PAA e nesse tempo eles entregaram quatro mil toneladas de produtos da irrigação, para pessoas em insegurança alimentar em Sergipe. É uma forma de escoar a produção por um preço justo, fixo e por um período programado. O irrigante consegue fazer o uso integral de sua propriedade e gera uma renda melhor do que fosse colocar os produtos direto no mercado”, pontua.

Merenda escolar 
Por meio da Cooperativa de Fomento Rural e Comercialização do Perímetro Irrigado Califórnia (Coofrucal), Ozéias Beserra já está entregando os tomates que ele cultiva para a merenda das redes estadual e municipal de ensino, via Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). “A gente plantou tomate há alguns anos atrás. Agora, estamos retornando, por conta da chamada pública, com o município e com o Estado. A importância da assistência técnica da Coderse é boa porque nos orienta, ajuda a gente a trabalhar com tomate, ajuda no controle de doenças e de pragas, a gente tem uma experiência muito boa. Também ela nos fornece a água de inverno a verão, a gente não tem problema com água, e precisa de bastante água para a cultura do tomate”, relata.

O agricultor irrigante toca o seu lote no perímetro Califórnia com a ajuda dos três irmãos e um trabalhador rural contratado. Sem contabilizar as plantinhas ainda em fase de mudas, protegidas na estufa para crescer, Ozéias Beserra tem três lavouras de tomate em fases diferentes de desenvolvimento. Desta forma, ele pode fazer mais de uma colheita semanal e entregar o fruto por um período prolongado, como exige o PNAE. “A quantidade de tomate que a gente está produzindo hoje é baixa, ainda, fica variando entre dois mil e três mil quilos por semana. A importância do PNAE é porque ele tem um preço estabilizado, nem sobe nem desce, estabiliza em um preço que é justo para o produtor, o que incentiva a gente a trabalhar com o PNAE. Se não fosse assim, eu não plantaria o tomate porque é um produto que oscila muito de preço,hora sobe demais, hora ele abaixa muito e, como é uma cultura que não aguenta tempo [de prateleira], está no ponto de encolher. Se você pegar uma fase que o preço esteja baixo, a venda não cobre os custos de produção”, justifica Ozéias. 

Agricultores de Lagarto produziram quase 11 mil toneladas de produtos agrícolas em 2024, 116,5% a mais que no ano anterior

A Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe atende, com água de irrigação e assistência técnica, 421 unidades produtivas no perímetro Piauí

Há 38 anos a Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse) administra o Perímetro Irrigado Piauí, em Lagarto, no centro-sul do estado. Nesta sexta-feira, 25, os agricultores irrigantes do perímetro e toda a população rural lagartense teve acesso aos serviços que a empresa oferece em sua sede, em Aracaju, inclusive relacionados a perfuração e instalação de poços tubulares, enquanto os demais lagartenses conheceram mais esse trabalho realizado na irrigação pública, segurança alimentar, infraestrutura hídrica e dessalinização. Isso porque o Governo do Estado transferiu, simbolicamente, a capital de Sergipe para a sede do município por um dia, na 46ª edição do ‘Sergipe é aqui’.

Vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), a Coderse atende, com água de irrigação e assistência técnica, 421 unidades produtivas no perímetro Piauí. Juntas, elas colheram quase 11 mil toneladas de produtos agrícolas em 2024, aumento de 116,5% em relação ao ano anterior (5.100T). Em lavouras que utilizaram 430 hectares de área irrigada. O valor total dessa produção anual foi de mais de R$ 7,5 milhões, revertidos em renda para os agricultores.

Helenilson Santos é produtor irrigante no perímetro Piauí. Planta milho, feijão-de-corda, amendoim e batata-doce. Animado com o preço de venda desta última, de R$ 3,00 o quilo da raiz, o agricultor pretende fazer um novo cultivo em breve, usando microaspersão na sua propriedade irrigada. Hoje ele aplica os tratos culturais do milho verde que vai colher no período junino.

“A expectativa é muito grande, em parceria com a Coderse e a Secretária de Agricultura do município. Tivemos um movimento, para fazer com que a produção pudesse crescer ainda mais. Vamos com alegria, força e fé para que este ano a gente bata o recorde, mais uma vez, de produção. Além da água, temos todo o apoio técnico do pessoal da Coderse, todo o apoio psicológico; eles nos incentivam. Estamos unidos no campo com a Coderse para melhorar a qualidade de vida do ser humano”, colocou. 

Entre 2023 e 2024, houve um investimento de mais de R$ 2 milhões, em recursos do Estado, na manutenção elétrica, mecânica ou substituição de motores e bombas e dos seis perímetros irrigados administrados pela Coderse. Diretor de Irrigação da Coderse, Júlio Leite considera a irrigação pública como essencial para a segurança alimentar dos sergipanos. “Há vários anos, a cesta básica registrada em Aracaju é a mais barata do país, e o que é produzido nos perímetros do Governo de Sergipe influencia na maioria dos produtos pesquisados. Com irrigação, se produz mais e com maior diversidade. São colheitas o ano inteiro e não há perda por conta da falta de chuvas”, pontuou.  

Segurança alimentar

A assessoria dos técnicos da Coderse refletiu positivamente para que 23 agricultores irrigantes do perímetro irrigado de Lagarto participassem do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), na modalidade ‘Compra com doação simultânea’, em 2024. Eles entregaram 83,2 toneladas de alimentos que beneficiaram quatro mil pessoas em situação de insegurança alimentar de General Maynard, no leste sergipano, durante dez meses, repercutindo em R$ 344.995,97 de renda para esses produtores pela comercialização dos alimentos.

“Em 2025, são 65 produtores, de três associações de irrigantes de Lagarto que fizeram proposta para Conab de entregar para o PAA mais de 180 toneladas de Produtos. Alimentos que podem beneficiar até dez mil pessoas carentes. Se forem aceitas as propostas, esses agricultores irão receber, no período de dez meses, quase R$ 975 mil pelo total das entregas de alimentos. Um grande incentivo para produzir usando a irrigação da Coderse”, avaliou o gerente do perímetro Piauí, Gildo Almeida.

Infraestrutura hídrica

Em 42 anos de atuação da empresa, são mais de 210 poços perfurados pela Coderse em Lagarto. Nas ações de bombeamento com limpeza e teste de vazão, instalação, recuperação e manutenção de poços, feitas pelas equipes da companhia estadual, foram investidos R$ 72.837,83 em recursos do Governo do Estado, beneficiando cerca de 7,3 mil lagartenses, entre 2023 e 2024. Diretor de Infraestrutura Hídrica da Coderse, Ernan Sena, conta que a novidade do setor são os três sistemas de dessalinização que o Governo do Estado vai entregar em breve.

“É um trabalho desenvolvido na região de semiárido, onde tem pouca oferta de água para população rural. Trouxemos para o ‘Sergipe é aqui’, para a população de Lagarto conhecer a maquete de uma unidade do Programa Água Doce, coordenado em Sergipe pela Seagri e executado com as suas empresas vinculadas. Por meio da Coderse, o programa está concluindo a construção de três novos sistemas de abastecimento em Porto da Folha, Poço Verde e Carira. A partir disso, Sergipe terá 32 sistemas de dessalinização e vai atender aproximadamente 6.400 famílias com água potável”, concluiu Ernan Sena.

Entrega simultânea de alimentos da irrigação pública em Lagarto tem incentivo do Governo do Estado

Irrigação e assistência técnica da Coderse contribui para o agricultor atender exigências dos programas

Em um só dia, agricultores irrigantes de Lagarto, centro sul sergipano, entregaram quase 2,5 toneladas de alimentos da Compra com Doação Simultânea (CDS) via Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Entregas que, na mesma quinta-feira, 18, foram colhidas, pesadas, transportadas e distribuídas às pessoas assistidas pelo Centro de Referência de Assistência Social de General Maynard, no leste sergipano.

O Irrigante do perímetro Piauí Antônio de Carvalho Neto destacou a satisfação de vender a produção em um programa que ajuda as pessoas. Ele produziu em sua unidade irrigada e entregou nesta etapa do PAA 100kg de quiabo, 80kg de pimentão, 60kg de acerola e 90kg de laranja pera. “Ajuda bastante, pois produzimos fora de época e podemos vender num melhor preço, de acordo com o projeto. É gratificante poder produzir e ajudar o próximo de maneira sustentável e boa, com mercadorias de alta qualidade do perímetro, como tem que vir”, considerou.

O agricultor Valmir Barbosa cultiva abóbora, milho verde, amendoim e mandioca em sua unidade produtiva irrigada. Ele confirma a importância de ter destino certo com preço justo. “Hoje, fiz entrega de 150kg de abóbora. O que ajuda é que tenho alguém certo para entregar e também com preço bem melhor que o do comércio. Meu sentimento é de alegria por poder ajudar, o trabalho passa a ser mais significativo”, considerou.

Sem agrotóxico
Para o agricultor Raimundo Batista Nascimento, a modalidade de compra com doação simultânea é boa para os produtores. “Não tenho o que reclamar e cada dia que passa as coisas melhoram para nós. Quero que tenham mais outros anos para a gente produzir e já entregar a produção. Temos o acompanhamento da Coderse, os técnicos são maravilhosos e nos ajudam muito. A força do nosso trabalho vem da união”, contou.

O irrigante entregou ao PAA, no dia 18, alface, couve, cebolinha e coentro, cultivados no sistema de produção agroecológica que Raimundo adotou há cerca de 15 anos. “Aqui também tem a ajuda do Governo do Estado, que vem com esses projetos através do Governo Federal e nossa responsabilidade é colocar mercadoria de boa qualidade. Não pode trazer nada ruim. Isso é muito bom e eu trabalho sem usar agrotóxico, tipo orgânico, que é bom e saudável”, complementa.

Assistência do Estado
Das frentes de atuação que o Governo do Estado para beneficiar os produtores dos perímetros irrigados, três delas ficam bem evidentes quando eles optam por participar desses programas de compras governamentais. A primeira é a irrigação o ano todo, fornecida pela Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri). Para produzir continuamente durante a vigência dos contratos, em volume para atender a demanda e atendendo aos critérios de qualidade.

A segunda frente de atuação do governo é a assistência técnica agrícola no campo. Outra atuação é a assessoria da equipe ao produtor e associações para estarem quites com a documentação, na elaboração dos projetos-proposta de entrega de alimentos e na parte de prestação de contas com os órgãos contratantes.

“São 23 produtores e eles têm o limite de mais de R$ 340 mil para entregar alimentos durante 10 meses, em entregas quinzenais. Produtos que são destinados a pessoas em insegurança alimentar de General Maynard. A gente analisa se a documentação está correta e na elaboração das propostas. E isso é com todas as associações e cooperativas. Esta que está entregando e outra que aguarda a liberação de recursos da Conab”, explicou o gerente do Perímetro Irrigado Piauí, Gildo Almeida. Ele complementa que este projeto é para atender um montante de 60,8 toneladas de alimentos durante o período de vigência.

Produção de macaxeira da irrigação pública estadual para período junino cresceu 11%

A expectativa é que este mês sejam colhidos 21 hectares de macaxeira, com uma produção esperada de 375 toneladas

A macaxeira tem a procura elevada em junho por fazer parte de muitas receitas típicas dos festejos juninos Foto: Paulo Ricardo

No período junino a macaxeira é bastante procurada por ser matéria-prima de muitas receitas típicas. Nos perímetros irrigados estaduais de Sergipe, onde é possível plantar a raiz no período de estiagem para colher em junho, os agricultores investem para atender essa demanda que cresce a cada ano. A expectativa é que os irrigantes colham, em junho, 375 toneladas de macaxeira, 11% a mais que no mesmo período de 2023.

Nielson de Oliveira Miranda é um dos agricultores assistidos no Perímetro Irrigado Piauí, em Lagarto, no centro-sul sergipano, que investem no cultivo da macaxeira com foco no aumento da procura no mês de São João. Ele destaca que é um produto versátil, está na receita de doces, salgados e também é muito apreciado se preparado cozido ou frito. “Aqui fazemos bolo, puba, pé de moleque, malcasado, que vão para os restaurantes das cidades vizinhas. Com a irrigação aqui do perímetro, a gente planta fora de época e dá, com uma boa qualidade. Isso aqui é uma das riquezas que gera renda para minha família e emprego para outras pessoas”, relatou. 

A expectativa dos técnicos agrícolas da Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), que administra os perímetros irrigados, é que em junho sejam colhidos 21 hectares de macaxeira, produzindo 375 toneladas. Em 2023, foram colhidas 337 toneladas em uma área plantada de 18,5 hectares. O diretor-presidente da Coderse, Paulo Sobral, explica que a irrigação fornecida pelo Governo do Estado é essencial para os primeiros meses de desenvolvimento da macaxeira, colhida entre seis a nove meses.

“A produção da macaxeira é maior no perímetro irrigado Califórnia, em Canindé de São Francisco, com previsão de 240 toneladas durante o mês de junho. Por a incidência de chuva ser menor, o agricultor pode controlar a quantidade de água que a planta vai receber. Ele evita as perdas por excesso de umidade e pode garantir colheita de raízes precoces, com menos tempo de plantio e, por sua vez, mais macias”, explicou o presidente da Coderse, vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri).

PAA e PNAE
No perímetro Irrigado Jacarecica II, entre os municípios de Areia Branca, Malhador e Riachuelo, em junho é esperado produzir 100 toneladas da raiz. Fora do São João e São Pedro, esses irrigantes têm demanda ainda maior ao participarem dos programas Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e de Aquisição de Alimentos (PAA). Fonte saudável de carboidratos, a macaxeira tem destaque ao compor as dietas alimentares da merenda ou das propostas de compra com doação simultânea. O produtor entrega por um período prolongado, com preço fixo e acima do valor de mercado. 

Agricultora do Jacarecica II, Tamara Santos Cruz faz parte da Cooperativa de Produção Prestação de Serviço Auto Consumo e Economia Solidária (Coopesa), em Malhador. “Minha rotina é limpar a roça de macaxeira, adubar. Quando vai arrancar, a gente vai cortar as manaíbas e eu descasco, ajudo a limpar e empacoto”, detalhou. Ao passar a trabalhar na cooperativa, que fornece produtos à rede estadual de educação, ela complementou a renda familiar. “Hoje está melhor, porque eu produzo e também coloco aqui, isso é bom”, concluiu.

Mais de 60 toneladas de alimentos produzidos no perímetro irrigado de Lagarto serão doados

O Governo do Estado motiva agricultores a participar, pela venda por período fixo e preço tabelado. Mais 12 irrigantes de Malhador também vão participar do PAA municipal.

Por meio da doação simultânea, 60,8 toneladas de alimentos produzidos no Perímetro Irrigado Piauí, mantido pelo Governo do Estado em Lagarto, centro-sul sergipano, começaram a beneficiar 3.600 pessoas em insegurança alimentar de General Maynard, no leste do estado. Na quinta-feira, 4, foram distribuídas à população mais de 3 mil quilos de alimentos, na primeira das entregas quinzenais que vão ocorrer por 10 meses, via Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) da Conab.

Os 23 agricultores fornecedores, do perímetro Piauí, serão remunerados por um montante total de R$ 344.991,61 durante a vigência das entregas do grupo de produtos in natura composto por abóbora, acerola, alface, batata-doce, cebolinha, coentro, couve, laranja, mamão, maracujá, milho verde, pimentão, quiabo e macaxeira. Esta é a primeira das cinco propostas emitidas por associações de irrigantes dos perímetros estaduais, ainda em 2023, que começou a ser paga. Projetos que devem totalizar mais de 356 toneladas de alimentos doados para 19.800 pessoas em Sergipe, caso todas as propostas sejam contempladas pelo Governo Federal.

Josecleide Ferreira é uma das agricultoras irrigantes do perímetro Piauí que participa pela primeira vez da entrega ao PAA, fornecendo quiabo e macaxeira. Para ela, a irrigação fornecida pela Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse) é essencial.  “É a primeira vez que estou participando do projeto, estou gostando muito, não tenho o que reclamar. Incentiva a plantar mais, produzir mais, por causa do preço. A gente já planta, só que o valor era menor e isso aqui é bom. Aumenta a rentabilidade do lote. Sem a irrigação não teria como plantar, só no inverno. Irrigado, conseguimos produzir o ano todo”, justifica.

A Coderse, vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), presta assessoria na organização, credenciamento, formalização e composição das propostas enviadas à Conab. Complementando a assistência já dada a esses produtores que recebem água de irrigação e assistência técnica agrícola através dos perímetros irrigados da empresa sergipana. Segundo o diretor de Irrigação da Coderse, Júlio Leite, este incentivo melhora a rentabilidade dos agricultores assistidos, já que ele vende a um preço melhor que o do mercado e por um período fixo.

“Esta missão da Coderse vem desde 2008, quando começou a operar o PAA da Conab nos perímetros estaduais. Nesse período, já são mais de 150 mil benefícios, remunerando o produtor para produzir alimentos de qualidade ou beneficiando pessoas atendidas por instituições socioassistenciais. Os agricultores irrigantes foram remunerados em cerca de R$ 13 milhões pelo cultivo desses produtos, na soma de todas as propostas aceitas e com entregas concretizadas. Desse modo, foram entregues mais de 4 mil toneladas de alimentos produzidos na irrigação pública fornecida pelo Governo do Estado”, explica o diretor Júlio Leite sobre os resultados dos últimos 16 anos de programa.

General Maynard
Coordenadora do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) de General Maynard, Márcia Nascimento expõe que a parceria com os produtores do perímetro de Lagarto, garante uma alimentação de qualidade, com produtos agrícolas com boa procedência, às famílias assistidas pela instituição. “O objetivo maior é levar uma qualidade de vida e de alimentos para nossa comunidade, principalmente aos que estão em situação de vulnerabilidade e muitas vezes não tem acesso, pela situação financeira, de alimentos de boa qualidade e no quantitativo que dê para suprir a necessidade da família. O objetivo inicial é que sejam atendidas 800 famílias e a gente quer fazer um rodízio, para que todos tenham a mesma oportunidade”.

A dona de casa Ivaneide dos Santos vive com a filha em General Maynard. Ela elogiou a qualidade e diversidade dos produtos cultivados e entregues pelos irrigantes de Lagarto. “Ajuda em muitas coisas, porque para quem não trabalha, é uma ajuda boa. Achei ótimo [O PAA], porque ajuda a comunidade a ter uma dieta saudável”.

Ruthi Raquel dos Santos também é dona de casa em General Maynard e toma conta dos dois filhos, de um e dois anos. Sempre cultivando hábitos alimentares saudáveis em casa, comemorou a diversidade de produtos in natura oferecidos pelos irrigantes ao PAA. “Eu amei os produtos, são muito bons. Vai servir muito para mim e para os meus filhos, é bem saudável. Eu já não vou comprar esse mês. É costume meu, eu sempre gostei de comer bastante verdura, suco, frutas, o que é mais saudável. Meu pai é agricultor, daí ela me ensinou a comer verduras. Eu amei esse projeto, que serve para gente por vários anos”.

PAA Municipal
O município de General Maynard também realizou um Programa de Aquisição de Alimentos municipal, na modalidade ‘compra com doação simultânea’, que credenciou mais 12 produtores irrigantes atendidos pelo Governo do Estado em Malhador. Eles vão receber mais de R$ 130 mil, durante o período de seis meses, para produzir e entregar quinzenalmente um quantitativo de alimentos saudáveis que supram a dieta alimentar de mais 100 famílias em vulnerabilidade social atendidas pelo Cras.

“Junto com o pessoal da Coderse, fizemos um contato com o pessoal do Perímetro Irrigado Jacarecica II, para que eles fossem os fornecedores dos produtos agrícolas. Até porque, dentro do município, do território, a gente não tem essa facilidade. E a parceria com a Coderse foi importante, exatamente para ter acesso a esses produtores”, complementou a coordenadora Márcia Nascimento.

Irrigantes dos perímetros estaduais apresentam propostas ao programa de ‘Compra com doação simultânea’

Se aceitas as propostas, alimentos atenderão mais de 20 mil pessoas; produção com irrigação da Coderse combate insegurança alimentar e nutricional

Escolha dos alimentos a serem propostos nos projetos ao PAA supre as necessidades alimentares diárias de cada de cada pessoa beneficiada com a doação [foto Fernando Augusto – Ascom Coderse]

Agricultores de quatro perímetros irrigados estaduais apresentaram cinco propostas de fornecimento de alimentos à edição 2023 do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), promovido pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Se as propostas forem aceitas, esses irrigantes vão entregar à “Compra com doação simultânea” 378,8 toneladas de alimentos, que serão remunerados em mais de R$ 2 milhões e atenderão 20,2 mil pessoas em situação de insegurança alimentar, pelo período médio de 12 meses.

Ao todo, 137 agricultores são atendidos com água de irrigação, assistência técnica agrícola e assessoria para a formalização e preenchimento dos formulários on-line para transmissão desses projetos ao Governo Federal. Os alimentos frutos da irrigação beneficiam famílias na melhora da qualidade nutricional e incentivo aos hábitos saudáveis de alimentação.

O diretor de Irrigação da Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), Júlio Leite, informou que fizeram propostas para o PAA irrigantes dos perímetros irrigados de Canindé de São Francisco (22), Itabaiana (30), Lagarto (48) e Malhador (37).  

“As mais de duas mil unidades produtivas dos perímetros recebem água de irrigação e assistência técnica para produzir durante todo ano. Por isso, podem fazer a entrega de alimentos com qualidade e em quantidade que atendam às demandas do PAA e de outros programas de compra institucional. Desde 2008 os perímetros do Governo do Estado participam do programa e nele já foram entregues mais de quatro mil toneladas de alimentos”, expôs Júlio Leite.

No histórico, dos 14 anos de participação no PAA, promovido pela Conab, as entregas de alimentos gerados nos perímetros da Coderse promoveram mais de 150 mil benefícios. Por um lado, pessoas em vulnerabilidade social receberam os alimentos pelo período médio de um ano e em quantidades que atendem uma dieta alimentar diária. Do outro, os agricultores irrigantes foram remunerados em cerca de R$ 13 milhões pelo cultivo desses produtos, na soma de todas as propostas aceitas e com entregas concretizadas.

O técnico da Diretoria de Irrigação da Coderse, Sandro Prata, informou que o prazo para a entrega das propostas à Conab terminou no dia 30 de junho. Para ele, a edição 2023 do PAA tem uma tabela de preços pagos pelos produtos bastante atrativa para o produtor. Sandro afirmou ainda que tem expectativa de que a Conab vá aceitar um número de propostas de associações maior do que já ocorreu em qualquer um dos anos anteriores.

“Estão sendo pesquisados os preços praticados na capital de cada estado. É uma remuneração com preços de mercado que melhora o escoamento dos produtores, garantindo preços justos, inibindo desta forma a ação dos atravessadores. Por ser uma comercialização periódica, geralmente quinzenal, e por um período fixo de meses, o agricultor pode planejar os plantios e colheitas, tendo ainda mais retorno ao investimento e trabalho na lavoura”, considerou Sandro Prata.

Canindé
Produtor irrigante do Perímetro Irrigado Califórnia, em Canindé, Ozeias Beserra participa da Associação dos Agricultores de Canindé de São Francisco (Assai). O grupo de 22 agricultores é autor de uma das propostas originadas nos perímetros e propôs a entrega de 78 toneladas de alimentos, a partir de remuneração total de R$ 555 mil. A ideia é fornecer alimentos pelo período de um ano e atender cinco mil pessoas assistidas pelo Centro de Referência Especializado de Assistência Social do município de Canindé. Segundo ele, a proposta contemplou alimentos que possam ser entregues do início ao fim do projeto.

“Colocamos justamente as culturas que a gente consegue produzir em qualquer época do ano, que é o quiabo, o milho, a alface, a berinjela. Daí também entram as frutas: acerola, goiaba, maracujá”, listou Ozeias Beserra. A preocupação do PAA é a oferta de produtos frescos, in natura, e com valor nutritivo agregado, possibilitando a adoção de hábitos alimentares saudáveis às famílias em situação de vulnerabilidade social atendidas.

Além da irrigação e a assistência técnica para produzir, os lotes recebem apoio para participar do PAA. “A Coderse nos ajuda com o projeto. O técnico Sandro Prata é quem faz o projeto. Se não fosse ele, a gente não conseguiria entregar a proposta, porque para fazer um projeto desse é complicado. E a empresa também disponibiliza um técnico para acompanhar e nos ajudar nas entregas”, completou Ozeias Beserra.

Agricultores familiares precisam estar formalizados para participar do Alimenta Brasil

Cohidro orienta produtores dos perímetros irrigados na preparação para o envio de propostas de entrega de alimentos ao programa

Foto: arquivo pessoal

Agricultores familiares de todo o país estão na expectativa para que o Governo Federal abra o prazo para o recebimento de propostas para o Programa Alimenta Brasil (PAB). No final de julho, a Medida Provisória 1130/22 autorizou a liberação de R$ 500 milhões para o programa, que atua na aquisição de alimentos da Agricultura Familiar. Em Sergipe, a equipe da assistência técnica que atua nos perímetros irrigados estaduais presta assessoria às associações e cooperativas de irrigantes, para que estejam formalizadas e aptas à participação no PAB; e também no envio e execução das propostas.

A Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) calcula que, em 14 anos, os perímetros irrigados estaduais movimentaram mais de R$ 10,6 milhões através dos quase 1.700 projetos aprovados, somando a entrega de 4,2 mil toneladas de alimentos produzidos por agricultores irrigantes ao PAB (antes chamado Programa de Aquisição de Alimentos – PAA). Na modalidade ‘Compra com Doação Simultânea’, o programa realiza a doação dos alimentos adquiridos a entidades que atendem pessoas socialmente vulneráveis. O quantitativo é suficiente para alimentar, pelo período médio de um ano, 155.701 pessoas em situação de insegurança alimentar.

O técnico da Diretoria de Irrigação da Cohidro, Sandro Prata, explica que tanto o agricultor quanto as entidades representativas, que farão as propostas, precisam estar formalizadas. “Primeiro o produtor precisa atualizar a DAP (Declaração de Aptidão ao Pronaf) para a pessoa física junto à Emdagro (Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe). Este documento atesta a condição de agricultor familiar, que é necessária para participar do Alimenta Brasil. A partir dessa DAP individual, as associações e cooperativas emitem a DAP de pessoa jurídica. Também é necessário que estas instituições façam o cadastro institucional e de seus integrantes no Sican (Sistema de Cadastro Nacional de Produtores Rurais, Público do Programa Alimenta Brasil, Cooperativas, Associações e demais agentes), para que na hora de enviar as propostas, por este mesmo sistema, elas serem reconhecidas”, explica.

Andressa Moraes é tesoureira da Associação Comunitária e Produtiva dos Moradores do Povoado Fazenda Grande e Adjacências, que está atualizando sua documentação para participar do PAB. “Estamos encaminhando toda a documentação após a DAP jurídica ter sido aprovada, para que a gente possa participar do Alimenta Brasil. A Cohidro tem nos ajudado muito, com orientação a respeito de como fazer a Declaração de Aptidão, fazendo o acompanhamento técnico aqui junto aos produtores. É muito importante ter esse acompanhamento, e o gerente está sempre à disposição para nos ajudar”, relata.

Irrigante do perímetro Piauí, Elvis Barbosa está fazendo a DAP pela primeira vez, também com o auxílio da Cohidro. “A palestra sobre a formalização da DAP foi muito boa, porque tivemos muita informação. O pessoal foi bem minucioso, passou a documentação necessária que a gente precisa. Foi bem detalhado. Essa regularização de documentos vai me ajudar a abrir muitos caminhos até o financiamento de minha produção”, pontua o produtor. Para ele, participar do Alimenta Brasil “é uma oportunidade para fazer um bom escoamento da produção, pois o preço é bem melhor do que o da região”.

Em reunião realizada em agosto, agentes de crédito do Banco do Nordeste apresentaram a linha de crédito rural ‘Agroamigo’ aos produtores do Perímetro Irrigado Piauí, em Lagarto. Durante o encontro, os técnicos da Cohidro expuseram os benefícios de ter a DAP, que também é necessária ao cadastro deste tipo de financiamento para a Agricultura Familiar. “Falamos sobre a DAP jurídica e sobre a importância dos produtores participarem da associação, porque alguns deles ainda não sabiam. Os incentivamos a participar, porque segundo o Governo Federal, está para sair este dinheiro para comprar produtos da agricultura familiar através da Conab”, destacou o gerente do perímetro Piauí, Gildo Almeida.

Última atualização: 7 de novembro de 2022 18:45.

Acessar o conteúdo