Cohidro e engenheiros realizam projeto de automação dos perímetros de Itabaiana

Projeto do PAS é de troca de equipamentos de bombeamento para reduzir as perdas de água, o consumo elétrico e o uso de mão de obra, além do aumento da vida útil das máquinas e da segurança operacional.
EBs possuem maquinário defasado e que exige manutenção constante (foto Jacarecica I /Cohidro)

Tendo entrado em operação no mesmo ano de 1987, os perímetros irrigados da Ribeira e Jacarecica I, ambos implantados pelo Governo do estado em Itabaiana (SE) e até hoje administrados pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e irrigação de Sergipe (Cohidro), passaram quase 32 anos operando a partir de uma tecnologia acessível à época, da mesma forma que contavam com uma oferta de água e de energia elétrica menos concorrida com as necessidades do restante a sociedade. Hoje muita coisa mudou e tem sido necessária a substituição dos métodos empregados para irrigar o campo e de operacionalizar a água disposta ao agricultor, desde as bombas d’água até os aspersores.

A mudança já ocorre nos 592 lotes irrigados por estes dois perímetros, com a troca completa no sistema de irrigação que, além de ser automatizado, tem uma saída de água reduzida e regulada à só fornecer a quantidade necessária para a planta crescer, sem desperdícios. O que ainda é regulado por válvulas de controle de pressão em cada uma dessas unidades de produção, resolvendo outro problema que era o da distribuição de água de forma desigual, penalizando aqueles agricultores que tinham plantações mais distantes das estações de bombeamento (EBs).

Esta modernização foi proposta pelos engenheiros da Cohidro no momento em que foi elaborado o plano de ações do Programa Águas de Sergipe (PAS). Financiado pelo Banco Mundial, pretende diminuir o impacto ambiental e recuperar a degradação ocorrida nos mananciais da bacia do rio Sergipe e o que está sendo feito pela empresa corresponde a uma diminuição no consumo de água dos lotes irrigados de até 60%, enquanto que poderá ser reduzida em até 50% a eletricidade necessária para bombear a água de irrigação, desde o reservatório até os campos.

Mas no mesmo programa também foi proposta a contratação de empresa especializada para elaborar um projeto de automação das EBs dos perímetros compreendidos pelo PAS, que hoje operam com máquinas ultrapassadas, de forma manual e sem dispositivos que controlem o bombeamento adequado ao nível de consumo ou acusem distorções na rede de distribuição de água até os lotes, como o caso de vazamentos.

Início dos trabalhos
Os trabalhos para da elaboração de projeto de automação das EBs instaladas em Itabaiana (SE), iniciaram em reunião entre engenheiros da Cohidro e da empresa licitada, a TPF Engenharia, realizada no último dia 5, na sede da estatal em Aracaju (SE). O engenheiro elétrico da Cohidro Ricardo Luiz Lima disse que o encontro alinhou os pontos quanto ao projeto, definindo então as melhorias que são pretendidas.

“Este projeto definirá os equipamentos e conceitos a serem empregados nas três unidades de bombeamento e no escritório administrativo da Ribeira, e que atenderão aos requisitos do que há de mais atual e moderno no mercado industrial de automação e monitoramento à distância. O projeto contemplará a substituição de todos os equipamentos elétricos, mecânicos e hidráulicos, os quais estão em operação há mais de 30 anos e com vida útil esgotada, causando com isso muitas paradas para manutenções corretivas e emergenciais gerando, com isso, gastos excessivos e comprometendo a eficiência do sistema”, explica Ricardo Luiz.

Para o diretor-presidente da Cohidro, Carlos Fernandes de Melo Neto, as mudanças são urgentes e atendem às demandas da comunidade. “Um perímetro irrigado é a infraestrutura fornecida pelo Estado que compreende um reservatório de água de grande porte, as EBs e as adutoras que fazem chegar água até os hidrantes instalados em cada lote. Essa necessidade de diminuir o consumo dos perímetros se deu a partir de que o aumento do consumo humano nas áreas urbanas requereu a captação da água de nossas barragens, contrastando com os fatores climáticos e degradação ambiental que têm diminuindo a oferta das águas que fazem a recarga desses sistemas. Outro fator é o econômico, quando os recursos públicos empregados para fornecer o subsídio da irrigação ao agricultor têm que ser racionalizados, impactando menos no orçamento estadual cada vez mais enxuto para atender todas as áreas sociais”.

Através do projeto, as três EBs inclusas no plano passarão a funcionar por meio de um sistema automatizado. Um dos principais benefícios da substituição do sistema manual é a otimização do uso de energia. “Nós vimos que tem uns equipamentos bem obsoletos e a operação está manual, então nós estamos aqui juntamente com uma equipe multidisciplinar para tentar otimizar o uso da energia, trocar essas bombas e colocar bombas mais eficientes. Porque já vimos que o sistema parcelar já esta sendo trocado nos lotes, e a gente vai fazer a nossa parte, que é a de eficiência energética. O maior insumo que tem em um projeto desses é o custo de energia, esse que é o nosso objetivo” afirma o engenheiro civil Sérgio Luiz Fontes, da TPF Engenharia.

Ricardo Luiz, salienta a economia de energia, com o novo sistema de bombeamento que será implementado. “O projeto de automação visa à melhoria da eficiência no fornecimento de água e que trará uma economia de até 60% no consumo, eliminando as perdas e o desperdício que o atual sistema manual é incapaz de detectar de forma eficaz. Também trará uma maior eficiência no consumo de energia elétrica, pois os novos equipamentos a serem empregados funcionarão de acordo com a demanda de campo evitando que haja um funcionamento de 100% da capacidade operacional durante todo tempo de bombeamento. Com isso, haverá uma economia no consumo de energia que poderá chegar até 50% do que hoje se consome”.

Automatização
Automatizar o processo irá fazer com que o sistema opere de maneira remota através de um centro de operações (CO), que ficará situado no escritório do perímetro da Ribeira com todos os equipamentos necessários a operar as três EBs sem que para isso haja a necessidade da presença de funcionários nas unidades de bombeamento, mas este benefício não trará desligamento de pessoal. “O quadro (de funcionários) fica o mesmo, se você vai automatizar um processo é uma coisa que o homem não podia fazer, nós vamos tirar a pessoa do trabalho braçal e colocar ele numa função mais nobre. E com a automação você evita perdas você, por exemplo, detecta se uma bomba está vibrando antes dela dar problema então você vai lá e troca o rolamento dela senão ela vai quebrar. Isso, a longo prazo, é uma eficiência muito grande e baixa muito o custo do projeto, então isso viabiliza projetos de irrigação”, argumenta o engenheiro Sérgio Fontes.

Outros investimentos do PAS
Diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrícola da Cohidro, João Quintiliano da Fonseca Neto, expõe que a elaboração do projeto de automação será com recursos financiados pelo Banco Mundial. “Além dessa ação, existem várias outras em andamento que visam recuperar a capacidade operacional dos perímetros, capacitar produtores, aquisição de equipamentos, reforma de prédios, segurança de barragens, dentre outras que somam investimentos da ordem de R$ 40 milhões nesses Perímetros e barragens”, informou, lembrando que as demais ações do PAS contemplam também o Perímetro Irrigado Jacarecica II, situado entre os municípios sergipanos de Malhador, Riachuelo e Areia Branca.

Funcionários têm palestra alusiva ao Dezembro Vermelho de prevenção às DSTs/AIDS

Nesta segunda-feira os funcionários da Cohidro na sede da empresa em Aracaju puderam participar de palestra alusiva à campanha Dezembro Vermelho, de prevenção às DSTs e AIDS. Proferiu a assistente social do Sesi Sergipe Maria José dos Santos. A atividade contou com a distribuição de brindes do Sesi Sergipe e material impresso educativo e ilustrado, usando linguagem popular para dar noções de prevenção e primeiros cuidados de saúde no caso do contágio de alguma doença sexualmente transmissível.

Preservativos foram distribuídos e posteriormente dispostos nos banheiros públicos da empresa, como forma de dar continuidade ao Dezembro Vermelho e fortalecer a consciência dos cuidados com a saúde durante o sexo. Ações que junto da palestra e convite de apoio do Sesi tiveram origem na Divisão de Saúde e Segurança do Trabalho da Cohidro (Dissa).
Jessica Morgana Oliveira Rodrigues é técnica em Segurança no Trabalho, assessora institucional da Dissa, atua na equipe que organiza os eventos das campanhas de conscientização “São palestras educativas que a gente visa trazer a prevenção porque nós trabalhamos com isso, para prevenir o funcionário, para esclarecer a ele. Então, mês a mês nós temos temas diferentes e cada tema visa isso, visa informar o funcionário para deixar ele prevenido, para que ele tenha conhecimento e no caso dessa atual, agora foi da DST/AIDS com essa intenção de que o funcionário ele fique atento para que ele saiba se prevenir que ele saiba como pode e quais os mecanismos ele tem para poder se prevenir com relação essas doenças”, disse.

“A gente desenvolve esse trabalho alertando ao trabalhador/indústria para a importância da prevenção em relação a sua saúde sexual. O Dezembro Vermelho é alusivo ao primeiro de dezembro que é o dia de alerta contra a AIDS e é um momento previsto nas recomendações legais para a indústria, e é um momento onde a empresa para pra dar atenção na importância da prevenção. São poucos minutinhos que funcionam tipo um alerta, um lembrete para que ele continue tendo as suas relações sexuais protegidas e alerte-se para a importância de manter a sua prevenção. A não prevenção, ela é menos econômica, ela é mais sofrível e a prevenção é uma coisa que se apresenta gratuitamente, tranquilamente para a indústria e para a pessoa que pratica”, convenciona Maria José do Sesi

Para a assistente social, o fato de a Cohidro ter um quadro de funcionários onde a predominância é masculina requer ainda mais atenção, pela menor importância que ‘eles’ dão à própria saúde em seu cotidiano. “Então é muito importante, principalmente para em relação além do HIV-AIDS outras DSTs também porque não é só AIDS, então tem o HPV, tem a Sífilis que Sergipe tem muitos casos e um homem precisa estar sensibilizado para se cuidar, porque o homem possui mais dificuldade de ir ao médico, o homem só vai ao médico quando ele está com os sinais e sintomas. Então, ele não tem o hábito culturalmente de procurar o sistema de saúde para poder fazer a sua prevenção. Então esse alerta é de grande importância, é fundamental. E a palavra é mesmo prevenção”, alerta.

Carlos Melo palestra sobre recursos hídricos na Unit

Palestra ocorreu no auditório Padre Melo, na Unit Farolândia

Diretor-presidente da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), Carlos Fernandes de Melo Neto, na tarde do dia 22 palestrou no I Simpósio Sergipano das Águas, organizado pela turma de graduandos do curso de Direito da Universidade Tiradentes (Unit), evento realizado na unidade Farolândia da instituição, em Aracaju (SE).

O gestor da companhia expôs um elaborado histórico das iniciativas governamentais em decorrência às agressões ao meio ambiente, que iniciaram lá em 1972 com a Convenção de Estocolmo (ONU), até findar nas mobilizações a fim de reverter à crise hídrica que acomete a maior parte dos municípios brasileiros e os programas público-ambientais em que a própria empresa atua, seja no fomento ao fornecimento de água potável nas regiões isoladas do estado, seja na adequação ambiental das reservas hídricas de múltiplo onde ela atua também atua.

Especificamente, Carlos Melo detalhou de que forma a Cohidro participa do Programa Águas de Sergipe (PAS), adequando barragens e modernizando irrigação para que ela passe a consumir menos da metade das reservas de água e de energia elétrica nos perímetros irrigados da Ribeira e Jacarecica I. E frisou também o Programa Água para Todos (AP), que em sua primeira fase levou água para 37 comunidade rurais através de sistemas de abastecimento singelos, abastecidos por poços tubulares e que atende hoje 6.339 pessoas.

“Dentro deste programa (PAS), a Cohidro tem algumas missões que já estão sendo implantadas, como reduzir o desperdício na irrigação, nós temos o grande entrava que são as perdas de água. Para isso estão sendo investidos recursos a ordem de R$ 15 milhões, para que o processo de irrigação seja aquele que vai gota a gota no pé da fruteira, ou de alface, e ela absorve somente o que ela necessita.  Com isso a gente vai reduzir a necessidade do volume de água disponível e ter uma reserva maior e quando chegar a seca, a gente uma possibilidade maior de garantir essa produção de alimento para a nossa sociedade”, palestrou Carlos Melo aos educandos.

Sobre o AP, o presidente informou que é um programa do Governo Federal que tem a finalidade de atingir, até o ano de 2020, a universalização do abastecimento de água para as populações urbanas, rurais e difusas, sendo a companhia estadual o órgão executor e fiscalizador. “Até hoje foram perfurados 3.863 poços pela Cohidro, nosso aquífero no estado de Sergipe é muito ruim, nós não temos água no subsolo em abundância. Quando se perfura, principalmente na região semiárida, não se encontra água, quando se encontra, essa água é salobra. É uma grande dificuldade de garantir essa água para quem não tem esse acesso por uma questão de distância. Hoje nós temos toda uma estrutura pronta de adutoras, para abastecer 100% da população, mas essas populações estão muito dispersas, nos pequenos aglomerados urbanos. Isso torna cada vez mais difícil levar água par esta população e para isso que serve este trabalho da Cohidro, que na segunda etapa serão mais 67 desses sistemas para Sergipe”, informa o gestor que também foi diretor-presidente da Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso).

Mediou a palestra, a advogada Letícia Maria Barbosa Nunes Lopes. Engajada nas causas ambientais e atenta ao mal zelo que vem sendo adotado na preservação dos recursos hídricos, ela disse ter ficado muito feliz em ter contribuído justo sobre o tema meio e água. “Apesar da lei Lei No 9.976 (de 3 de julho de 2000) prever a universalização e a proibição da poluição das águas, hoje em dia ainda há muita coisa sendo despejada na água, como resíduos agrícolas e industriais, e também grandes toneladas de esgotos sem ser tratado. Então, são importantes eventos como estes, para fazer esse alerta que precisamos sim nos preocuparmos com o meio ambiente como um todo: água, árvores…, não só para a gente como para as próximas gerações”, salienta.

Formanda em Direto, da turma que organizou o Simpósio, Jaine Feitosa Oliveira é uma futura advogada já aprovada no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e que também pensa no futuro, quando a questão é a preservação dos recursos hídricos do planeta. “Nada melhor que uma pessoa conhecedora do assunto que sabe dos problemas e que vai apresentar soluções para os problemas inerentes à água, a tudo isso, que é uma substância essencial na nossa vida. E nós precisamos contribuir, nós precisamos ajudar para que a água, ela seja bem limpa, que continue ainda muita água no mundo para que no futuro a gente não venha sofrer por conta da nossa própria desorganização da nossa própria, digamos, utilização da água”, disse a também cerimonialista do evento.

Carlos Melo concluiu a palestra deixando, como mensagem, o alerta de que tudo que pode ser feito hoje, para reverter a degradação ambiental, vai refletir na vida dos futuros cidadãos. “Compete a cada um de nós, zelar e promover as próprias mudanças comportamentais, de forma a melhorar a nossa convivência com o meio ambiente e assim garantir a sobrevivência das próximas gerações”.

 

UFS Campus do Sertão descobre agricultura irrigada do perímetro da Cohidro em Lagarto

Duas turmas de estudantes de Agronomia do Campus do Sertão visitaram o perímetro em pouco mais de um mês – Foto: Isabela Menezes (Ascom/Cohidro)

Duas visitas seguidas de diferentes turmas do curso de Engenharia Agronômica da Universidade Federal de Sergipe (UFS) Campus do Sertão, situado em Nossa Senhora da Glória (SE), ocorreram ao Perímetro Irrigado Piauí, unidade da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) em Lagarto (SE). Nos dias 16 de outubro e 27 de novembro, professores e alunos quiseram conhecer os métodos empregados para os cultivos irrigados, convencionais ou orgânicos e de que forma os técnicos agrícolas da empresa estadual acompanham e colaboram com essa produção agrícola.

O curso superior é considerado novo em Glória, iniciou em 2016, e em outubro 24 estudantes da primeira turma de Agronomia do campus, hoje em seu 4º ciclo, foram levados pelos professores-doutores da UFS Thiago Matos Andrade e Gustavo Hugo Ferreira de Oliveira até o perímetro Piauí. A viagem técnica faz parte do módulo de Sistemas Agrícolas II, onde eles estudam fruticultura e olericultura. Depois de conhecer a infraestrutura da Cohidro que envia água para os 421 lotes irrigados, a Estação de Bombeamento 02, os estudantes seguiram para a visita técnica ao campo. Começando na plantação de banana prata anã do irrigante Rosendo José dos Santos. O plantio se destaca pelo uso da microaspersão com fertirrigação, mais econômica e eficiente, levando o fertilizante diluído na água de irrigação até as plantas.

A estudante de Porto da Folha (SE) que faz Agronomia em Glória, Andreza de Paula Pereira, está no 4º ciclo de agronomia e foi à visita acadêmica confirmar aquilo que viu em sala de aula. “Então, a gente está vendo na prática as coisas que a gente já vê na teoria. A questão da produção da banana, toda a forma de plantio, da irrigação, da fertirrigação. São coisas que a gente já vê no nosso cotidiano, nas questões da teoria. Vimos que tem a questão da Sigatoka amarela (Mycosphaerella musicola) que a gente já tinha debatido muito em sala de aula. Então, é juntar o útil ao agradável”, avaliou.

“Essa turma pôde ver de perto como o seu Rosendo está tratando a Sigatoka sem contabilizar prejuízos na plantação. Dalí, eu e os técnicos Willians Domingos e Marcos Emílio Almeida, levamos eles para conhecer um lote com diferentes espécies de pimentas: malagueta, jalapeño e biquinho, todas elas são fornecidas para a indústria aqui mesmo em Lagarto. O passeio dos alunos terminou no lote de João Pacheco, produtor orgânico há mais de 15 anos. Mostrando para esses estudantes que no perímetro existe também essa preocupação com a saúde das pessoas e meio ambiente. O João Pacheco e mais 10 produtores são reconhecidos e inscritos no Ministério da Agricultura através da OCS (Organização de Controle Social), o que dá direito deles vender nas feiras e direto nos lotes, os produtos como orgânicos”, esclareceu Gildo Almeida Lima, gerente do perímetro Piauí.

Para o diretor-presidente da Cohidro, Carlos Fernandes de Melo Neto, a relação com os perímetros irrigados e a academia de Ciências Agrárias contribui muito com a formação desses futuros profissionais. “Fazendo essas visitas aos nossos perímetros, é possível de confrontar não só o que eles aprendem nos livros, mas também de ver muita coisa que eles não vão encontrar na agricultura convencional de sequeiro. Com a irrigação pública, garantida para esses produtores há 31 anos pelo Governo do Estado, praticamente é possível se plantar de tudo um e se qualifica em um laboratório vivo para o futuro agrônomo, inclusive para futuras incursões individuais que ele possa precisar fazer para concluir sua formação. As ‘porteiras’ desses perímetros estão sempre abertas para a comunidade acadêmica, onde já recebemos visitantes que vão desde o pré-escolar até os que fazem pós-graduação superior”, informa.

Thiago Matos, engenheiro agrônomo pela UFS e com título de mestrado e doutorado pela Universidade Federal de Lavras (MG), reforça que a visita acadêmica dá suporte ao conteúdo teórico que ele leciona em sala de aula. “A gente trata das culturas que são as hortaliças e uma parte da fruticultura, como a cultura de maracujá, ou coco, ou a banana. E como aqui a Cohidro tem essa representação com todas as culturas, nada melhor do que ver aquele conteúdo que ele está vendo lá em sala, para ter o contato propriamente com o campo”, argumenta o professor.

Segunda turma de Agronomia
Já em novembro, novamente os professores trazem seus alunos ao perímetro Piauí. Desta vez os estudantes do 3º ciclo, segunda turma de Agronomia do Campus do Sertão, pela disciplina Sistemas Agrícolas I e com um grupo maior: 28 alunos. Durante estas duas passagens pelo polo irrigado, o doutor Thiago Matos instituía notas de pela participação dos acadêmicos, mas também avaliava a condução da agricultura adotada por agricultores irrigantes, técnicos agrícolas e de como se comportava a empresa para com esses públicos que assiste.

“Um trabalho bom, a gente está vendo a substituição do sistema de irrigação antigo que consumia mais água, por um sistema mais moderno, como no caso aqui do gotejamento, esses avanços. Essa forma própria da condução (seleção de plantas por touceira) também é uma tecnologia bem mais nova, mais recente, pude perceber que incrementa produção, então está sendo bem satisfatório. Os técnicos daqui estão de parabéns pelo trabalho e que continue assim”, considera o professor Thiago.

Esse segundo grupo vindo do campus de Glória pôde conhecer a produção de tomate feita pelo irrigante Gidelson Gonçalves, utilizando um sistema moderno de cobertura dos canteiros com lonas do tipo mulching. “A tecnologia não é nova no nosso perímetro irrigado de Lagarto e consiste em proteger os frutos do acesso ao solo, inibindo o aparecimento de doenças e pragas que afetam diretamente a qualidade do produto. Além disso, auxiliam na propagação dos raios solares em toda planta, através do reflexo feito pelo material plástico. A água de irrigação, fornecida à planta a partir de mangueiras de gotejo que passam por debaixo da lona, também é melhor aproveitada, pois sofre muito menos evaporação com essa cobertura, resultando em economia de água e de nutrientes que seguem até a planta pela fertirrigação”, argumentou o diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrícola da Cohidro, João Quintiliano da Fonseca Neto.

Aprendizado
O outro professor que acompanhou as turmas, Gustavo Hugo, é engenheiro agrônomo e doutor em melhoramento genético de plantas. Ele leciona os módulos Sistemas Agrícolas I e II, para as duas turmas de alunos visitantes. O assunto dado por ele cuida das hortaliças, frutos, a parte de fruticultura e grandes cultas também, como o milho e cana. “Acho que o maior objetivo nosso como tutores, professores da UFS é trazer a realidade do agricultor para os alunos e acredito que essa parceria com a Cohidro aqui de Lagarto, a gente pode dar essa vivência para os alunos, tanto do campo, como propriamente as dificuldades do agricultor no dia a dia. Eu acho que é isso, que a universidade tem que romper as barreiras e tirar os alunos daquela teoria, e partir para colocar eles na prática”, defende.

“Tanto a questão da organização do espaçamento das plantas, a de deixar o ‘mato’ para a reciclagem de nutrientes, do vapor de transpiração. Também a gente viu bastante a questão das folhas no chão, que isso é muito interessante, tanto para o olhar técnico para a conservação do solo, quanto para o agricultor, para potencializar o uso do que ele tem na área”, lista a estudante Andreza sobre o que aprendeu na visita à produção de bananas no perímetro. Na avaliação dela, os aspectos econômicos não passaram despercebidos. “Ele falou que é bem rentável, são híbridos e que apresentam potencialidade boa e falou do escoamento, que tem um bom escoamento. Essa é uma cadeia muito importante para a produção e faz parte da preocupação do curso também”.

Segundo seu professor, “vai ter um grande agregado de conhecimento. Desde a hora que chegamos, com uma recepção com a explicação de tudo que acontece no perímetro. Acho que isso eles vão levar para a vida profissional deles e uma volta futura, quem sabe, como profissional já nesse ramo, cuidando tanto da irrigação como a parte das hortaliças, orgânicos e fruticultura. Eles estão vendo, o produtor e técnicos aí dando esse conhecimento para eles discutir, vendo a realidade e finalizando como essa grande oportunidade de ver uma agricultura 100% orgânica na região”, conclui o professor Gustavo Hugo.

Agricultura orgânica
Thalisson Oliveira Vieira é outro aluno do 4º de Agronomia. Para ele, o ponto alto da visita foi no lote agroecológico do irrigante João Pacheco, há 15 produzindo com sucesso. “Tendo em vista que ele tem um acompanhamento técnico com o pessoal da Cohidro; tem um selo que certifica a idoneidade dele com relação ao produto orgânico que ele comercializa. Ele tem um sistema de compostagem, que é essencial no processo de produção. Ele evita trazer o máximo de insumos de fora, procura utilizar-se dos próprios insumos da propriedade para que ele consiga produzir e isso potencializa a sua margem de lucro também”, listou.

Para o estudante, o diferencial do agricultor orgânico não ficou só no campo agronômico, pois identificou que no lote irrigado de João Pacheco existe uma visão empresarial e de fidelização do cliente. “Ele tem até a própria quitanda de venda em sua propriedade, onde ele possibilita que os clientes venham colher em sua lavoura. Essa interação entre agricultor e consumidor é de extrema importância, visto que isso é uma atividade muito difundida dentro da agroecologia, que é o ciclo de confiança entre agricultor e consumidor. Isso é extremamente importante e é uma coisa que a gente vê cada vez menos dentro do cenário global dos sistemas de produção agrícola”, avaliou Thalisson, que estuda em Glória, mas é natural de Lagarto.

 

Programa Água para Todos em Indiaroba

Através do programa Água para Todos, a empresa atendeu 37 localidades rurais distribuídas em 18 municípios sergipanos. Água para mais de 6.300 pessoas, um investimento de mais de R$ 4,3 milhões.

Em Indiaroba, a Cohidro implantou sistemas simplificados de abastecimento nos assentamentos 05 de Janeiro, Sepé Tiaraju, 27 de Outubro e no Povoado Sítio Novo. Um investimento total de R$582.474,41.

Cruz dos Palmares tem sistema de abastecimento de água instalado pela Cohidro

Foto Ascom Cohidro

Ao todo, o programa já atendeu 6.339 pessoas no estado e agora o Governo de Sergipe parte para a segunda etapa, com mais 67 sistemas.

Mais uma das 37 comunidades assistidas pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), através do ‘Água para Todos’, é o Povoado Cruz dos Palmares, em Riachão do Dantas. As cerca de 100 pessoas que moram nesta povoação em uma área remota do estado 134 km distante de Aracaju e 44 km da sede municipal, agora dispõem de um poço perfurado pela empresa que mantém sete chafarizes para fornecer água de qualidade para o consumo humano.

Josefa Santos de Andrade, agricultora que mora no Cruz dos Palmares há 20 anos, conta sobre a dificuldade que foi criar os nove filhos na localidade que não dispunha de água potável antes de chegar o sistema instalado pela Cohidro. “Tem um tanque aqui atrás dessa fazenda e um olho d’água pra cá. Essa daqui é barrenta e a outra, como é de olho d’água, era melhor, mas também era cheia de caramujo”, pondera. Há casos em que a presença dos moluscos do tipo aquático, também transmissor da esquistossomose, indica que aquela água esteja contaminada com esgoto.

No povoado, segundo o diretor de Infraestrutura e Mecanização Agrícola da Cohidro, Paulo Henrique Machado Sobral, a empresa perfurou um poço com 70 metros de profundidade e que dispõe de 2.393 litros por hora de vazão. Nele foi instalada uma bomba para levar a água ao reservatório que, por sua vez, redistribui em uma rede de mais de 2 km de extensão e sete chafarizes. “Em todos estes 37 poços do programa fizemos testes para identificar a potabilidade e ainda instalamos cloradores”, pontuou.

Segundo o diretor-presidente da Cohidro, Carlos Fernandes de Melo Neto, a primeira fase do programa em Sergipe foi bem sucedida. “O Ministério da Integração Nacional, fonte de recursos do ‘Água para Todos’, aprovou a execução da primeira fase do programa feita pela nossa empresa, onde os R$ 5.680.000 investidos promoveram o fornecimento de água potável para 6.339 pessoas na zona rural, onde as adutoras da Deso e SAAEs não conseguem chegar. Por isso, o órgão federal já garantiu recursos para a segunda fase, em que estamos fazendo o planejamento, onde serão mais 67 localidades como essas a serem atendidas”, anunciou.

Sobre a potabilidade e eficiência do serviço oferecido pelo sistema de abastecimento no Cruz dos Palmares, Dona Josefa garante que “a qualidade está boa e está chegando todos os dias sim”, informa. Ela mora ao lado do reservatório da comunidade, onde anexo existe um chafariz para que ela e os vizinhos façam a captação e levem para casa. “Uso mais para beber mesmo e cozinhar”, completa a agricultora.

 

Diretores da Cohidro visitam poços e localidades em Carira

Foto: Arquivo Pessoal

Toda diretoria executiva da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) estiveram ontem (2) percorrendo o município de Carira. Carlos Melo (Presidente), Diogo Machado (Administrativo e Financeiro), Paulo Sobral (Infraestrutura Hídrica) e João Fonseca (Irrigação), visitaram localidades em que estão sendo solicitados novos poços, ou então onde eles já existem, mas necessitam de instalação de sistemas de abastecimento.

E a primeira parada foi no Povoado Três Tanques, onde o problema que limita a viabilidade da maioria dos poços perfurados na região, a salinidade, foi superada com a instalação de um dessalinizador. Sobre um poço perfurado pela Cohidro, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Semarh) implantou ali um sistema de abastecimento de água que hoje atende os mais de 500 habitantes da localidade. A obra entregue à população em 2016 faz parte do Programa Água Doce, em que o Governo do Estado está implantado em Sergipe 33 destas unidades, com intuito de fornecer água doce para 2.757 pessoas.

“Essas unidades de abastecimento e dessalinização de água aparentemente são um investimento de valor não muito elevado, à época orçados em torno de R$ 130 mil cada, e podem ser um padrão à ser replicado nos demais poços que a Cohidro perfurou na região e que estão impedidos de funcionar justamente pelo excesso de salinidade, impróprio para o consumo humano. Principalmente pela tecnologia utilizada para o descarte dos rejeitos, dentro dos padrões ambientais adotados pela Semarh. Nossas equipes são aptas para este serviço e até colaboraram bastante na instalação desses sistemas do Água Doce, pela expertise que têm para pôr para funcionar bombas e tubulações”, considerou o diretor-presidente Carlos Melo.

 

 

 

Cohidro recebe demandas por infraestrutura hídrica de agricultores familiares e assentados

Todas as partes representadas saíram com o compromisso de a Cohidro examinar a resolutividade das demandas – Foto Fernando Augusto (Ascom Cohidro)

Produtores rurais e assentados da reforma agrária em diversos municípios sergipanos estiveram na sede da Cohidro nesta segunda-feira (30), reunidos com a diretoria da empresa. Acompanhados da secretária de Estado da Agricultura, Rose Rodrigues, do deputado federal João Daniel e de lideranças do MST e MCP, traziam demandas de infraestrutura hídrica em suas localidades, na perfuração e reativação de poços, e na manutenção e implantação de novos sistemas de abastecimento de água. O diretor-presidente Carlos Melo acolheu as reivindicações, garantido o envio de equipes da empresa para estudo da viabilidade para atendimento de caso a caso.

Secretária de Estado da Agricultura, do Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), Maria Rosilene Bezerra Rodrigues é titular do órgão onde a Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) é subsidiária e, portanto, fez o papel de intermediar o acesso destes agricultores familiares aos serviços que a empresa executa. “São demandas de assentamentos, comunidades rurais de todo o estado de Sergipe, principalmente ligada a questão da segurança hídrica para consumo humano, em povoados e assentamentos. Alguns com necessidade de perfuração de poços, outros devidamente já perfurados aguardando a questão da rede. Enfim todos mobilizados, aqui cobrando do governo do estado a previsão para solução dessas demandas”, justificou.

“Nos últimos anos, muito já foi feito pela Cohidro e pela Deso por estas localidades rurais de Sergipe mais distantes, mas o flagelo da falta d´água para homem do campo não dá trégua e temos sempre que fazer mais. É preciso, no entanto, entender que existem formações geológicas em nosso estado que, ou não dispõem de água para tirar do subsolo ou esta água é salina. Nesse último caso, um sistema de abastecimento tem necessidade de um dessalinizador e por isso, os recursos, os prazos, e a dificuldade técnica e de logística para a implementação são respectivamente maiores. Quando o caso é de um poço de boa vazão e de água doce já existente, as dificuldades são bem menores para a instalação de um sistema de distribuição”, considera o presidente Carlos Fernandes de Melo Neto. Ele informa que está em processo licitatório na empresa a compra de bombas e tubulações para estas finalidades.

Felipe Caetano é coordenador estadual do Movimento Camponês Popular (MCP) e expõe que a expectativa desses agricultores é bastante grande, para ver a empresa atender suas requisições. “Aqui têm um conjunto de associações de comunidades que vieram ter uma conversa com a Cohidro para dar segmento a perfuração de poços artesianos para atender as comunidades rurais, que têm uma demanda muito grande por água para consumo, e a perspectiva é que pelo menos essas comunidades tenham parte dessa demanda atendida para que possam ter água para consumir e para fazer sua própria produção de alimentos”.

Manoel de Rosinha busca solução para comunidades porto-folhenses onde até o abastecimento via carros-pipa é dificultado – Foto Fernando Augusto (Ascom Cohidro)

Ex-prefeito de Porto da Folha, Manoel Gomes De Freitas veio à reunião representando os moradores de três comunidades vizinhas do município e que compartilham as mesmas dificuldades, a da Serra dos Homens de Baixo, a de Cima e do Alto. “A demanda é perfuração de poços para atender essas três comunidades onde existe hoje um faixa de 400 famílias. E com a dificuldade de chegar um carro pipa, pelo o fato de ser alto, as estradas não dão condições. Então a viabilidade é a escavação de um poço artesiano de modo que venha a atender à necessidade daquelas famílias”, justifica.

José Ailton é representante do Movimento Sem Terra (MST), na reunião pleiteando ações da Cohidro para os assentados de três municípios do Sertão do São Francisco. “A necessidade lá é do poço artesiano do assentamento Maria Vitória, e no Apolônio Carvalho, em Gararu; em Itabi, no assentamento Seguidores de Canudos, lá no município de Graccho Cardoso, o (outro) assentamento Apolônio Carvalho. Aquele pessoal sofre muito com a questão da seca e não tem água, principalmente nesse período agora, eles compram água no caminhão pipa para abastecer aquele local, tanto a questão humana como a questão animal”, relatou.

Vereadora em Itabaianinha, Maria Evânia da Silva representou à população rural do município, acompanhando os representantes das associações de produtores rurais nas localidades onde existe a necessidade de ações de infraestrutura hídrica. “A demanda foi de poços artesianos, que a comunidade está sofrendo com relação a água. Então, foi uma reunião muito importante com o presidente da Cohidro, junto com o deputado João Daniel e a secretária de Estado Rose. E teve o Paulo Sobral, ele colocou nossas demandas para serem atendidas esse ano ainda”, salientou.

“Cada uma dessas demandas deve ser analisada separadamente, pois são realidades distintas e trabalhos distintos. Por isso, o que podemos garantir é o envio de nossas equipes que podem avaliar cada situação. Seja para locar, ou seja, determinar a viabilidade e o local exato onde se é possível perfurar um novo poço; ou então as equipes que fazem o bombeamento e limpeza dos poços perfurados e que ainda não receberam nenhuma infraestrutura. Da mesma forma que, no caso de sistemas já implantados e inoperantes, também podemos fazer a avaliação preliminar para reativa-los”, argumenta Paulo Henrique Machado Sobral, diretor de Infraestrutura Hídrica e Mecanização Agrícola da Cohidro.

 

Presidente da Cohidro se reúne com equipe de Canindé e conhece novos plantios

Diretores Carlos Melo (presidente), João Fonseca (Irrigação) e a gerente do Califórnia Eliane Moraes – Foto Fernando Augusto (Ascom-Cohidro)

Em uma primeira reunião técnica no maior perímetro irrigado administrado pela Cohidro, o diretor-presidente Carlos Melo ficou a par dos detalhes do funcionamento do Califórnia, em Canindé de São Francisco, na última quinta-feira, 26. Após encontro com a gerência local, corpo de técnicos agrícolas, setor administrativo e operacional do bombeamento, o presidente percorreu os lotes dos agricultores irrigantes atendidos pela empresa, acompanhado do diretor João Fonseca. O gestor já se reuniu com a equipe do Perímetro Irrigado Jabiberi, unidade congênere da empresa em Tobias Barreto e será agendado para ocorrer essa atividade nos demais perímetros.

 

Além de produtos tradicionalmente cultivados no perímetro da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) em Canindé, como o quiabo, a goiaba e o milho, Carlos Melo viu de perto os novos plantios de uva e o projeto piloto do programa Balde Cheio, instalados por meio da transferência de tecnologia. No primeiro caso, fruto do convênio com a Embrapa Semiárido de Petrolina-PE, já no segundo, um intercâmbio interno de saberes com o perímetro Jabiberi, onde o sistema de pastagem irrigada com rotação de piquetes foi implantado em 2010.

 

Na reunião, o presidente conheceu o cronograma de funcionamento do sistema de bombas do Califórnia e as complexidades que permeiam sua operação. “Fiquei sabendo que o bombeamento começa de madrugada, lingando a EB (estação de bombeamento) 100, levando 3 horas para encher o canal principal e o reservatório da EB-02 que, por sua vez, redistribui a água para outras cinco subestações antes de chegar à lavoura do agricultor. Isso já é bom, levando em conta que a tarifação de energia elétrica é menor durante a madrugada, mais queremos que o maior número de bombas possível passe a funcionar justamente nesse horário e então seja implantada a irrigação noturna, mais barata. O sistema estará disponível para irrigação durante o dia, mas quem optar pelo consumo extra de energia nesses horários, deverá arcar também com uma tarifação extra”, justifica Carlos Fernandes de Melo Neto.

 

João Quintiliano da Fonseca Neto, diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrícola da Cohidro, explica que a irrigação durante o dia pode ser substituída pela noturna, com um custo de energia elétrica cerca de 80% mais barata. “É muito mais uma questão cultural e de adequar a infraestrutura existente para atender os lotes irrigados de maneira que supra as necessidades hídricas dos cultivos. Para isso será necessário a mudança do sistema de irrigação de aspersão para microaspersão ou gotejamento, além de introduzir cultivos que se adequem aos novos sistemas de irrigação. Esses sistemas seriam automatizados para poder funcionar a noite, sem precisar da intervenção humana. Estamos implantando nos nossos perímetros irrigados em Itabaiana, onde a irrigação automatizada e noturna já vai ser adotada”, afirmou.

 

Na microaspersão ou no gotejamento, que são sistemas de irrigação localizada e fixa, a economia ocorre em diversos aspectos, pois o troca-troca dos sistemas móveis exige mão de obra extra e são perdidos 15% da água depositada nos tubos a todo o momento desencaixados, sem falar que a água lançada longe pelos grandes aspersores convencionais é perdida com a ação do vento, evaporação ou molhando áreas fora do plantio. Outra economia no sistema localizado está na possibilidade de usar a fertirrigação, em que os nutrientes necessários à planta seguem diluídos na água, diminuindo mão de obra e tempo extra para aplicar o adubo manualmente. Segundo as informações dos técnicos agrícolas da Cohidro alocados no perímetro de Canindé, o quiabo e a goiaba são as culturas mais presentes no perímetro e aceitam bem a técnica de adubação.

 

Balde Cheio 2.0

Grupo da Cohidro visitando o projeto piloto do Balde Cheio implantado por Everaldo Mariano – Foto Fernando Augusto (Ascom-Cohidro)

No Jabiberi – perímetro da Cohidro onde primeiro foi implantado o sistema de produção de leite, na época espelhando no projeto da Embrapa de São Carlos-SP – a irrigação ainda ocorre com aspersores convencionais e fixos, com as tubulações enterradas sob o pasto para o gado poder circular sem danificar a rede. Já o Balde Cheio implantado no perímetro Califórnia é mais moderno e econômico. O produtor Everaldo Mariano de Souza instalou microaspersores em toda área de pastagem dos 24 piquetes. Para evitar que as vacas danifiquem os pequenos dispositivos, ele montou toda uma estrutura de suporte em madeira e tubulações, que passa por sobre os campos e em altura suficiente para a livre circulação e o pastejo dos animais.

 

“A vocação do homem do campo sertanejo, desde muito tempo atrás, é a da pecuária de leite. Ele pode até aderir à agricultura modernizada pela irrigação, mas têm preferência por guardar um pedaço do lote para o seu gado de leite e assim complementar a sua renda e a subsistência da família com o leite e derivados. Sabendo que em Tobias Barreto a Cohidro já tinha um programa instalado e bem-sucedido, fomos lá conhecer e fizemos o acordo para trazer o técnico agrícola que participou de todo processo de implantação do Balde Cheio lá, o José Reis Coelho. Com isso, mensalmente ele está vindo a Canindé para fazer cursos com os nossos técnicos daqui e os agricultores, mostrando na prática como se monta e como funciona o sistema. Tudo aqui nesse lote de Everaldo”, contou Eliane de Moura Moraes, gerente do perímetro Califórnia.

 

Na época da implantação dos perímetros em Sergipe, 30 anos atrás, a concessão da irrigação aos lotes sempre foi condicionada à produção direta de alimentos, mas a pecuária extensiva, sempre ocupando grandes parcelas de terra, era proibida. Isso antes de aparecer sistemas intensivos como o Balde Cheio, onde 1 hectare de capim abriga 10 animais e pode atingir produtividade acima de 150 litros de leite diários. O campo é subdividido em 24 piquetes em que as vacas pastam a cada dia em um. Ao final do ciclo, o primeiro capinzal está recuperado pela irrigação diária e adubação, pronto para receber novamente os animais.

 

“A Cohidro autorizou a gente plantar esta área de capim. Eu fiz e graças a Deus melhorou minha renda, melhorou minha dificuldade de trabalhar com os bichinhos, que eu sempre gostei de ter uma vaca, mas não tinha onde botar. E hoje, a produção aumentou 100% e o meu trabalho diminuiu 50%. Vai dar certo, apostei e apostei numa coisa certa. Quem quiser investir numa coisa certa, pode investir no Balde Cheio?, garantiu o agricultor irrigante Everaldo Mariano.

 

Transferência de tecnologia

Os parreirais de uva que o presidente Carlos Melo pôde conhecer na quinta-feira também são novidade, já que foram implantados no Califórnia há um ano e meio. Ao completar 1 ano de plantio das mudas de uva, houve a primeira colheita e no final de abril, a segunda. A Embrapa forneceu todas as mudas de variedades precoces, equipamentos de irrigação, madeiramento, insumos usados na fertirrigação e treinamento, que segue até o final do ano pela assistência técnica garantida no convênio de transferência de tecnologia da empresa de pesquisa com a Cohidro. Em Canindé são três campos experimentais com uva e um quarto e mais recente com pera, onde a colheita deve ocorrer daqui dentre 12 a 18 meses.

 

“Fiquei muito satisfeito com o que vi hoje, da modernização dos sistemas visando a economia de água e de energia, e a busca pela introdução de culturas agrícolas que possam dar maior retorno financeiro ao agricultor e assim poder arcar, coletivamente, com o custeio da irrigação em seu lote. Do mesmo modo, foi interessante ver os irrigantes de Canindé, com auxílio dos nossos técnicos, participando de programas federais de aquisição de alimentos da Conab (doação simultânea) e do FNDE (alimentação escolar), com a garantia de preço e compra durante a vigência das chamadas públicas”, avaliou Carlos Melo.

 

Fertirrigação cresce em perímetro de Lagarto ao atender diversas culturas

Tomate, milho, amendoim, pimenta, repolho, mamão e quiabo aceitam bem a técnica. Orientação dos técnicos agrícolas da Cohidro viabiliza o uso de fertilizante diluído na água de irrigação.

 

Sistema de microaspersão fertirrigada foi aplicado à banana – Foto Fernando Augusto (Ascom Cohidro)

A fertirrigação é uma técnica de adubação aplicável à irrigação contínua e localizada, onde os nutrientes necessários ao crescimento das plantas seguem diluídos na canalização da água e são aplicados, geralmente através dos sistemas de irrigação por microaspersão ou gotejamento, diretamente ao solo para a absorção pelas raízes. Por obter melhor resultado e aproveitamento integral dos fertilizantes, além da diminuição de mão de obra para aplicar esses insumos, o método tem encontrado cada vez mais adeptos no Perímetro Irrigado Piauí, administrado pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e irrigação de Sergipe (Cohidro), em Lagarto.

Cresce também a variedade de cultivos agrícolas em que a fertirrigação tem encontrado aceitação. Onde antes era mais aceito pelo tomateiro, principalmente quando associado ao sistema de cultivo protegido por lonas ‘mulching’, passou a ajudar às plantações de milho, do amendoim, das bananeiras, do mamão Havaí e agora até está contribuindo com o crescimento dos tradicionais quiabeiros. Por ter uma apreciação culinária mais restrita ao Norte-Nordeste brasileiro e regiões da África, continente onde teve origem, até hoje o cultivo do quiabo pouco teve relevância no campo de desenvolvimento de tecnologias agrícolas, mas a planta tem se adaptado bem ao novo sistema adotado pelos agricultores irrigantes de Lagarto.

Para Carlos Melo, diretor-presidente da Cohidro, a tendência é de que a agricultura praticada nos perímetros de irrigação pública se aprimore por conta própria, a partir das garantias oferecidas pelo Estado ao produtor. “Podendo contar com a água certa e regular em seus lotes, uma garantia de que irão colher aquilo que plantarem em qualquer tempo, só resta ao agricultor investir em tecnologias que melhorem o rendimento produtivo de suas áreas agrícolas, trazendo mais retorno financeiro, revertido em qualidade de vida para as famílias que dali dependem para o sustento. Não podemos deixar de destacar o papel dos nossos técnicos, que incentivam o uso de novos conceitos e colaboram com o agricultor na aplicação dessas tecnologias”, observa.

Segundo o técnico agrícola da Cohidro no perímetro Piauí, José Américo Alves, o segredo da fertirrigação funcionar em várias espécies vegetais está na dosagem, diferente para cada tipo de planta. “Aqui, o tomate recebe adubo foliar todo dia, já o amendoim ali, duas vezes na semana. Da mesma forma é a quantidade de água: no amendoim é uma mangueira de gotejamento que usa, no tomateiro são duas”, explicou ele, mostrando a diferença dos sistemas implantados em duas roças vizinhas no lote de Renilson de Jesus Araújo. O irrigante atendido pelo técnico plantou 0,33 hectares (ha) de tomate e a mesma área de amendoim com irrigação por gotejo.

Renilson de Jesus Araújo plantou duas áreas vizinhas, cada qual com uma tarefa, de amendoim e tomate com fertirrigação, via sistema de gotejo – Foto Fernando Augusto (Ascom Cohidro)

“Na fertirrigação compensa mais, aumenta a produção, dobrou a quantidade. Aspersor convencional judia a planta e não pega em todo setor da lavoura”, considera Renilson. Sua produção é escoada para compradores em atacado e seu lote tem bastante rotatividade de culturas para sempre ter oferta dos produtos mais procurados. “Vendo por terça (um balde de 12 litros), o amendoim já despencado. Deu 200 terças em uma semana só de colheita. Se tiver área irrigada, planto o ano todo. Aonde tem amendoim, depois vou plantar milho e em outra roça de milho, vou pôr o amendoim. No tomate deu ‘broca’ (Neoleucinodes elegantalis), senão dava 600 caixas em uma tarefa”.

O produtor rural Raimundo Carvalho é outro que, em suas roças, dá preferência ao cultivo do amendoim intercalando outras culturas. “Aqui plantamos 4,5 currais (0,24 ha) do amendoim. De vez em quando planto, aqui depois vai ser repolho, mas em outra roça de milho, vai tirar e então pôr o amendoim fertirrigado, que colhe com 75 dias”, informou o proprietário de lote irrigado também assistido pela Cohidro.

Diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrícola, o engenheiro agrônomo João Quintiliano da Fonseca Neto diz que o plantio do amendoim contribui com a renovação do solo, para aproveitamento em outras culturas. “Ajuda na manutenção do solo, na reposição de nutrientes, como o nitrogênio, muito necessário para o desenvolvimento de todo tipo de cultivo que depois venha ocupar aquela área. Mesmo havendo outras culturas capazes de fazer o mesmo trabalho de reposição, o amendoim sempre foi usado por ter boa produtividade em nosso clima, rusticidade e resistência à pragas e mercado certo em Sergipe, onde o amendoim cozido é patrimônio cultural. Agora percebemos mais esta vantagem, de ter excelentes resultados, com aumento de produtividade, utilizando a mesma fertirrigação que era antes adotada para outras culturas”, argumenta.

Banana

Não é só na horticultura que a fertirrigação encontra terreno. A aposta do agricultor irrigante Rosendo José dos Santos, com o plantio inicial de 2.000 pés de banana prata anã, teve bastante repercussão pelos bons resultados que já pôde obter na primeira safra, mas o sucesso muito se valeu do uso da fertirrigação. “Toda semana põe adubo. Adubou, selecionou os filhos (da bananeira), (a cultura) dura por tempo indeterminado. Deu problema de folha secando rápido, mas Marcos Emílio (Almeida, técnico Agrícola da Cohidro) orientou acrescentar fósforo na fertirrigação, mas põe também adubação de cobertura”, assinalou o produtor que vende os cachos para os feirantes da cidade de Lagarto e do Povoado Colônia do Treze, no mesmo município.

A primeira área de bananeira de Rosendo tem 1,3 ano desde que foi introduzida e já terminou sua primeira safra. Uma segunda área, perto de completar um ano de plantio, tem cachos carregados para colher a primeira produção. Nessa outra plantação o agricultor quis melhorar a fertirrigação usada na primeira, optando desta vez pelo sistema de gotejo, para ampliar a área coberta pela água. Somados, são quase 1 ha da variedade prata anã e o produtor ainda vai investir em um terceiro lote, com mais 0,33 ha da variedade pacovam. “Rendeu bem a primeira colheita. Mas teve que aumentar o número de microaspersores. Se cuidar certinho, dura muito tempo. Tiro a primeira, depois de 4 meses dá o outro cacho em outro pé, o filho (broto) substitui o pé mãe”, informou ele, que antes plantava batata-doce e macaxeira, mas agora não volta atrás na opção pela banana.

Embora obtenha resultados que surpreendam, utilizando a fertirrigação, o principal insumo para a planta ainda é a água. A bananeira requer, segundo Marcos Emílio Almeida, uma média pluviométrica anual de 1.600mm, índice de precipitação que a maioria dos municípios sergipanos não possui. “São basicamente 5mm ao dia e então a irrigação vai suprir este déficit hídrico que a planta requer. Dessa forma, a produção plena da banana no estado requer o uso de irrigação”, destacou. O técnico agrícola da Cohidro acompanhou, no ano passado, a introdução deste campo piloto de Rosendo José e agora presta toda a orientação ao agricultor, que quer aumentar o bananal em 30%, plantando a variedade pacovan.

Quiabo

Conforme informa o gerente do perímetro Piauí, Gildo Almeida Lima, o cultivo do quiabo no perímetro irrigado tem aumentado de tamanho a cada ano e agora encontra na fertirrigação mais um fator positivo para continuar o crescimento. “De 2016 para 2017 a área de cultivo cresceu em torno de 20%. Por levar entre 60 e 80 dias para começar a colher e permanecer produzindo colheitas semanais por até 3 meses, os produtores têm optado bastante pelo quiabo, que também tem boa procura nos mercados de Aracaju e Salvador. Por diminuir o número de pessoas contratadas para realizar os tratos culturais, a fertirrigação tem sido uma opção bastante adotada para estas e outras plantações no perímetro”, avalia.

Gildeon Dias dos Reis tem perto de 12 mil pés de quiabo plantados há 90 dias e em plena produção, com a expectativa de chegar às 60.000 unidades colhidas semanalmente. O produtor segue um elaborado cronograma de aplicação de fertirrigação, adubação sólida e ainda plantou em uma área onde antes havia 2 mil pés de pimenta que foram incorporados ao solo. “Com 11.000 pés, tirava 55.000 em toda lavoura. Se não adoecer, espera-se 3 meses de produção. Uso a fertirrigação da fórmula 18x18x18 (nitrogênio, fósforo e potássio) duas vezes em 15 dias e 10x20x20, após 40 dias. Com 60 dias, uma mão de esterco por pé e com 75 dias o 18x18x18 de novo, essas foram as adubações. O terreno está muito adubado e cresce muito. Vai dar 50.000 quiabos selecionados, com a colheita de três meses”, visualiza.

 

Última atualização: 29 de novembro de 2018 12:38.

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