Perímetro irrigado de Canindé faz sua primeira colheita de uva em campo experimental

Videiras foram introduzidas via convênio de transferência de tecnologia entre a Embrapa e a Cohidro

Obtiveram sucesso os campos experimentais de uva implementados em Canindé de São Francisco, no Perímetro Irrigado Califórnia. Fruto do convênio de transferência de tecnologia da Embrapa Semiárido para a Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), administradora do polo irrigado onde dois campos tiveram as videiras implantadas há exatamente um ano. A partir de agora e durante um mês, os irrigantes fazem a primeira colheita em nível comercial, com coletas duas vezes por semana. A expectativa é de uma produção total de 8 toneladas nesta primeira safra. Será reflexo disso, a ampliação desses parreirais e adesão de novos viticultores.

Toda tecnologia estudada e implantada pela Embrapa em Petrolina-PE, foi trazida para quatro destes campos experimentais em Canindé, somando aos outros dois no Perímetro Irrigado Jacaré-Curituba, da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). Os produtores – escolhidos pelas duas companhias atendendo requisitos de conhecimento técnico e adoção da policultura, ou seja, cultivar a terra com mais de um tipo de plantação simultaneamente – receberam as mudas, os materiais para fazer os parreirais, o sistema de irrigação e os insumos que são utilizados na fertilização das plantas. Insumos estes que terão fornecimento mantido até completar os dois anos de abrangência do convênio, mesmo tempo em que dura a assistência dos técnicos agrícolas e engenheiros agrônomos da estatal de pesquisa.

O primeiro a colher as uvas foi o produtor irrigante do Califórnia Levi Alves Ribeiro, mais conhecido por Sidrack. Em seu parreiral foram 25 caixas de 20 quilos cada, retiradas nesta quarta-feira, 13. No início da semana, de alguns cachos precoces tirou outras 15, que vendeu para feirantes e mercados da cidade por valores entre R$ 50 e R$ 60, a caixa. “Vou colher duas vezes por semana, por um mês inteiro. Minha expectativa aqui é de colher 4 mil quilos nessa primeira, depois sobe para 7 mil, segundo os técnicos da Embrapa”, acredita. O que ele não vender aos vizinhos e visitantes, ele mesmo vai pôr nas próximas feiras de Itabaiana e de Canindé. “Recebi a visita de um empresário de Alagoas, que quer fazer suco de uva, me comprou duas caixas para experimentar e conversou comigo sobre eu fornecer a uva”.

Sidrack acredita no potencial da uva e quer expandir. Mas para ele, o maior problema de produzir frutas em Canindé é o escoamento da produção, que depende de atravessadores e não conta com indústrias de processamento. “Para ter uma ideia, nesta mesma área eu plantei maracujá antes. A produção foi boa, mas a dificuldade foi escoar, o mercado local não absorve. Quero reorganizar a cooperativa para promover a poupa de fruta, com o excedente que não vender. Vamos buscar recurso, buscar treinamento através do Sebrae e quem sabe em breve possamos pensar em produzir vinho”, aspira o produtor irrigante que acaba de se tornar presidente da cooperativa de produtores do Perímetro Califórnia.

Melhor renda

José Carlos Felizola é presidente da Cohidro e pensa que para melhorar a renda do agricultor, tem que agregar valor ao que saí das lavouras. “Incentivamos muito, em nossos seis perímetros irrigados, as experiências em plantações que não comuns na região. Esse aumento na variedade faz com que o mercado não refute um produto pela superprodução, como já ocorre em Canindé com o Quiabo. E o risco de mudar, como estão fazendo estes produtores de uva novatos, é mínimo, quando se tem o apoio técnico, nosso e da Embrapa, e a infraestrutura do Estado para fornecer irrigação. Outros campos experimentais estão sendo projetados em Canindé e em Lagarto isso já foi feito com a banana prata anã, a pera, a maçã e o caqui”, coloca o diretor, acrescendo que em Canindé, a empresa também apoiou doando o terreno da central de distribuição, que está sendo construída e vai facilitar o escoamento agrícola local.

Quem conhece bem as dificuldades ao vender o quiabo, é o outro agricultor irrigante, com os também meio hectares de uva, José Leidison dos Santos. Como Sidrack, ele recebeu 625 mudas de uva. A maioria da variedade Isabel, de mesa e para vinho, mas com uma parcela menor da Violeta, mais apropriada para sucos. “Vai deixar de plantar um produto desses, que sai por baixo uma caixa por R$ 40, para plantar o quiabo, que tem gente vendendo por R$13 o saco?”, questiona o produtor. “Se der certo, vamos tentar financiamento para aumentar. Pois se arranjar comprador, tem que ter mais. Botar mais um hectare”, acrescenta.

Manejo da uva

A fertirrigação é um sistema em que a água é enriquecida com todos os nutrientes necessários à planta e chega até ela na dosagem correta, através de mangueiras de gotejo. Tal sistema, empregado pela Embrapa nos campos experimentais, facilitou muito o trabalho de José Leidison. “Para mim está bom, trabalhei sozinho, não tive muito custo”, considera. Outra facilidade na operacionalização do parreiral é a poda feita por parcelas, com intervalo de sete dias uma da outra. Isso possibilita ter uva por quatro semanas e fracionar a mão de obra com a colheita que, por acaso, o agricultor fez nesta quinta-feira, 14.

Quem explica bem como é isso, é o técnico em agropecuária da Cohidro, Antônio Roberto Ramos (Beto). “Depois que poda, tem 95 a 100 dias para uma nova colheita. Assim, dá para ter três colheitas por ano. A poda feita para esta colheita foi entre os dias 29 de julho e 30 de agosto. Pelo escalonamento da poda de produção que foi feita, segundo o técnico da Embrapa, é para que tenha uva em ponto de colheita durante o mês de dezembro inteiro”, explica o técnico que vem acompanhando a introdução da cultura no Califórnia desde o começo. Acompanhando os técnicos da Embrapa nas visitas aos parreirais e vendo de perto o crescimento das plantas, hoje têm atuado como um suporte, da parte da estatal sergipana, na assistência técnica aos viticultores.

Aprendizado

Não é só Beto que faz dos novos parreirais uma escola. Segundo a gerente do perímetro irrigado, Elieane de Moura Moraes, está sendo terreno fértil para o aprendizado dos estudantes técnicos em agropecuária. “Mandei, com os nossos técnicos Joaquim Ribeiro, Tito Reis e Edmilson Cordeiro, os nossos estagiários para ajudar na colheita. Aqui todo mundo trabalha. Para eles que estão acompanhando o plantio de uva desde o começo, quando os visitavam com os professores do Centro Estadual de Educação Profissional Dom José Brandão de Castro, é uma experiência enriquecedora e, provavelmente, serão eles mesmos que vão cuidar dessas videiras, se a atividade realmente se consolidar e crescer no futuro”.

Pera e maçã

Segundo o diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrícola da Cohidro, João Quintiliano da Fonseca Neto, já foi introduzido um campo experimental de pera no Perímetro Califórnia e em breve terá outro de maçã. “Nos dias 1 e 2 de novembro, no lote do agricultor irrigante João Fernandes dos Santos, foram plantadas 384 mudas, totalizando uma área de 0,19 hectares com uma variedade de pera já testada em Petrolina. O técnico agrícola da Embrapa, Guy Rodrigues, informou que por enquanto eles só dispõem de mudas de pera, mas em seguida será a vez da maçã em outro campo, assim que forem adquiridas. Da mesma forma com que foi as uvas, estes dois outros campos terão o mesmo tipo de assistência e custeio para o produtor. Sem custos, eles só contribuem com a mão de obra”, completa.

Canindé recebeu Dia de Campo da Cohidro sobre goiaba

A goiaba é o segundo produto mais colhido no Califórnia, perdendo somente para o quiabo – Foto Fernando Augusto (Ascom-Cohidro)

Dia de Campo em Canindé de São Francisco, há 213 Km de Aracaju, propôs aperfeiçoamento tecnológico na cultura da goiaba aos fruticultores, técnicos agropecuários e estudantes da região. O evento organizado pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) em seu Perímetro Irrigado Califórnia na última quinta-feira, 28 de setembro, reuniu cerca de 120 pessoas e teve como instrutor técnico e palestrante o Dr. José Egídio Flori, pesquisador da Embrapa Semiárido, de Petrolina-PE.

A recepção dos participantes, para cadastramento e café da manhã, foi na sede do perímetro irrigado, seguida de palestra teórica com o Dr. Egídio. Foi momento para o pesquisador expor a forma com que é feito o plantio e manejo da goiabeira nos projetos de irrigação de Petrolina-PE, contrapondo com as perguntas e explanações feitas pelos participantes. Na maioria eram agricultores irrigantes, mostrando a realidade encontrada no Califórnia, mas também teve ampla participação dos estudantes do curso técnico em Agropecuária do Centro Estadual de Educação Profissional Dom José Brandão de Castro, do município vizinho de Poço Redondo.

“A gente conseguiu absorver as deficiências que a goiabeira tem, que o nematoide consegue devastar uma produção. Observar também qual é a proposta que o agricultor tem para se manter, de acordo com o que os técnicos orientam e ele vai e segue. Com muitos aqui não fazem isso, muitas vezes a produção não chega de acordo com o que ele investe na propriedade. Conseguimos aprender, de maneira prática, que o objetivo maior é a produtividade, é o lucro e quando ele faz um investimento desse, ele quer o retorno. A gente vai conseguir aprimorar cada vez mais, com a aula que o professor Egídio está dando para a gente, muito boa né? A gente só têm à agradecer a oportunidade que a Drª. Eliane e Cohidro nos deu”, relatou José Geovani Santana, estudante do 4º módulo do técnico em Agropecuária do D. José Brandão de Castro.

Eliane de Moura Morais, gerente do perímetro, abraçou a sugestão da Diretoria de Irrigação para realizar um Dia de Campo sobre Goiaba e organizou com a sua equipe em Canindé tendo respaldo da direção da Cohidro, que lhe deu o suporte necessário. “Esse foi o primeiro de uma série de eventos, com a intenção de preparar o agricultor para produzir mais e melhor, tendo uma produção mais racional, uma coisa mais sistemática. Então, nós trouxemos um técnico para capacitar o produtor, para que ele obtenha um melhor resultado do seu esforço, de plantar e de organizar sua produção”, justificou ela, expondo a pretensão de outros dias de campo. Os próximos serão para falar das demais culturas de destaque no polo irrigado, como a acerola, o quiabo e também sobre a transferência de tecnologia do programa ‘Balde Cheio’ de produção de leite, atualmente ocorrendo entre duas unidades de irrigação pública do Governo do Estado: do Jabiberi, em Tobias Barreto, para o Califórnia.

Diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrícola da Cohidro, João Quintiliano da Fonseca Neto é responsável por coordenar a atuação da assistência técnica aos agricultores dos perímetros irrigados do Governo do Estado e administrados pela Companhia. “Estamos trazendo o conhecimento técnico aos produtores, aos nossos técnicos agrícolas e aos estudantes, daqui de Canindé São Francisco, sobre a goiaba. E o técnico que está aqui, é o Dr. Egídio, especialista em goiaba. Esclarecendo dúvidas, dando orientações técnicas sobre o plantio, sobre adubação, sobre tratos culturais e manejo da goiaba. Então, é de suma importância esse evento, que é o primeiro evento que estamos fazendo aqui, para melhorar a qualidade da assistência técnica e o apoio aos produtores”, considera.

José Egídio Flori, o especialista convidado, objetivou fazer uma ponte entre Canindé e a fruticultura de ponta, orientada pela Embrapa Semiárido em Pernambuco. “A gente vem trazer um pouco da tecnologia que é desenvolvida, principalmente em Petrolina e trazer também novidades. Como a variedade que está sendo testada em Petrolina que é a Cortibel, desenvolvida no Espirito Santo. Essa goiaba tem uma característica muito semelhante com a Paluma, plantada aqui, com a vantagem de durar mais depois de colhida. Então, a Paluma é uma goiaba muito perecível, você colhe hoje e amanhã está madura. Isso impede, por exemplo, abrir canais de exportação”, avalia o doutor em Agronomia.

Para a Cohidro, o evento foi considerado um sucesso. Diretor-presidente da Empresa, José Carlos Felizola diz ter acertado, ao dispor os meios para a realização do Dia de Campo. “Ajudamos bastante, mesmo sendo dentro das nossas possibilidades, para que o evento acontecesse. Com divulgação, infraestrutura, com a logística e não nos arrependemos. A equipe da Cohidro em Aracaju e em Canindé, chefiada por Drª. Eliane, está de parabéns. Faço votos de que este espírito colaborativo e de assistência especializada aos agricultores perdure, com novas atividades semelhantes”, afirma.

Aplicação prática
Depois da palestra ocorrida pela manhã, todos seguiram para o lote do produtor irrigante do Perímetro Califórnia Levi Alves Ribeiro, mais conhecido como Sidrack. Lá, o Dr. Egídio Flori explicou técnicas de poda, adubação e como identificar uma moléstia que ataca a raiz da planta, fazendo-a perder nutrientes e condenando a goiabeira. “Nós estamos aqui, numa área que você observa o ataque do Nematoide, essas plantas amareladas, de baixa produção, estão doentes. O manejo dessa doença é complicado, não há cura para ela. Para a convivência com essa doença, nós da Embrapa, trabalhamos um porta-enxerto para a raiz da goiaba”, anunciou.

O público que acompanhou o Dia de Campo até o fim, nesta segunda etapa foi dividido em dois grupos menores para facilitar a locomoção até os pomares e também para uma melhor explicação do especialista. Um deles foi o produtor José Bispo do Nascimento, popularmente conhecido como Zé Branco. Ele tem um pomar irrigado no Califórnia com 1.050 pés de goiaba e considerou satisfatória a participação no evento. “Achei boa a palestra. A pessoa tem que saber manejar a coisa, não é só chegar e plantar e deixar.Tem que saber da adubação, a vitamina boa, tem que tratar do plantio. Aprendi muita coisa, eu vi a palestra e achei bom. A gente aprende assim, vendo os outros, ninguém aprende por si só”, estabelece.

Laboratório
Independente do Dia de Campo, os professores do D. José Brandão de Castro e de outras instituições, utilizam das áreas plantadas no perímetro para aplicação de aulas práticas aos alunos, especialmente a de Sidrack. “A gente consegue observar aqui, dentro dessa propriedade, apenas o Nematoide, mas o restante das pragas ele está conseguindo combater, através da análise de solo que ele faz, através do controle de pragas que ele faz também, periodicamente, a poda adequadamente. Por a gente está aqui hoje, nesse momento, é de grande proveito. Para nós, o lucro é de conhecimento, o que a gente recebeu hoje é impagável”, complementou o estudante Geovani Santana, já conhecedor das características do lote irrigado.

Prorrogação

O Dia de Campo da quinta-feira, teve um prolongamento até amanhã de sexta. Dessa vez, só com os técnicos agrícolas da Cohidro recebendo orientações técnicas específicas do Dr. José Egídio. Esta ‘aula extra’ servirá para que esses servidores tenham um melhor preparo em orientar os agricultores irrigantes do perímetro no cultivo da goiaba, quando esses forem aplicar das novas tecnologias e manejos aprendidos no Dia de Campo.

Presenças
Participam ainda do evento e da mesa diretiva, o diretor Administrativo e Financeiro da Cohidro, Jorge Kleber Soares Lima; o secretário Municipal de Agricultura de Canindé, Rildo Joaquim Carvalho; a gestora da Emdagro em Canindé, Rita Selene Quixadá Bezerra; Roberto Ramos, representando os técnicos agrícolas da Cohidro, João Aureliano da Silva, presidente da Associação dos Agricultores de Canindé de São Francisco (Assai); servidores, agricultores irrigantes e outros representantes de associações de produtores.

Veja o álbum completo de fotos do Dia de Campo clicando aqui.

Primeira poda das uvas e início da produção de pera no Perímetro Califórnia

No Califórnia, já existe produção de cachos de uva perfeitos. Poda visa promover uma produção homogenia em dezembro – foto Andrea Santtos(Califórnia-Cohidro)

A poda estimula a videira na produção de novas brotações a partir de gemas dormentes, o que vem a gerar novos frutos. A expectativa é de que o manejo realizado nesta terça e quarta-feira, 29 e 30 de agosto, vá resultar na primeira colheita à nível comercial das uvas em dezembro, nos dois campos alocados em lotes de irrigantes do Perímetro Califórnia, unidade da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e irrigação de Sergipe (Cohidro) em Canindé de São Francisco. A Embrapa – Semiárido instalou quatro experimentos no município, via convênio de transferência de tecnologia, e já se prepara para trazer também a pera e a maçã, ao polo irrigado do Governo do Estado.

Uva já é uma cultura consolidada em Petrolina-PE – há 468km de Canindé que, por sua vez, fica distante 213km da capital sergipana – muito graças às pesquisas feitas pela unidade da Embrapa alocada no município pernambucano. De lá vieram engenheiros agrônomos, técnicos agrícolas, mudas e insumos, via convênio que ainda integra a Codevasf, administradora do Perímetro Irrigado Jacaré-Curituba. Este fica situado entre Canindé e Poço Redondo e é onde outros dois campos experimentais foram implantados, recebendo a mesma assistência que os do Califórnia, gerido pela Cohidro.

Todo custo, que inclui a assistência técnica da Embrapa, mudas, nutrientes utilizados na fertirrigação e o próprio sistema de irrigação, são custeados pelo convênio durante dois anos e o produtor rural só entra com o a área de plantio e a mão de obra. Um deles, do grupo assistido pela Cohidro, é Levi Alves Ribeiro (Sidrack), que plantou 684 mudas da variedade Isabel, em meio hectare.Terça-feira recebeu um técnico da Embrapa e quatro da companhia sergipana.“Essa é a hora de maior importância. É claro que toda condução e orientação da videira é de suma importância, porém, agora estamos iniciando a poda de produção”, valoriza.

Sidrack explica que, ao fazer esse manejo de estimulo à produção das videiras, uma parte do parreiral por semana, facilitará fazer colheitas em dias diferentes, podendo ofertar frutos frescos, ao comércio, por um por período maior. O lote “será dividido em quatro parcelas de poda. A primeira, que foi hoje e a cada sete dias outra. Quarta-feira próxima iremos podar outra parte. A ideia da poda em parcelas, é trabalhar a comercialização”, conclui ele que, junto de José Leidison dos Santos, foram selecionados pela Cohidro a receber os campos experimentais, pela dedicação aos seus cultivos anteriores e a excelente assimilação que têm às orientações técnicas.

Essa etapa da assistência aos produtores foi feita por intermédio do Técnico Agrícola Guy Rodrigues de Santana, da Embrapa de Petrolina. Ele reforça o uso do método que divide o lote em parcelas, explicando que outras ações precisarão ser feitas no parreiral até chegar a colheita. “Na poda de produção, a gente fez escalamento de poda, para que a gente possa colher o mês de dezembro inteiro. Então, essa poda de hoje, o objetivo é já colher frutos para daqui a 95 ou 100 dias, aproximadamente. Tem outros manejos, como a condução da rama. Mas previsível, só acompanhando mesmo a cultura, para ir monitorando ela”, condiciona ele que avaliou positivamente a atuação dos irrigantes donos dos parreirais em Canindé.

Diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrícola da Cohidro, João Quintiliano da Fonseca Neto orienta aos produtores dessas variedades frutíferas, exóticas à fruticultura da região, que é necessário estar aberto para orientação dos técnicos e agrônomos que fazem a assistência.“Há muitos procedimentos que dependem de uma avaliação profissional da situação da planta. Da poda à amarração dos ramos e orientação das gavinhas, adubação e período de irrigação. Para isso, os nossos técnicos estão sempre a postos, seja em Canindé, seja em Lagarto, onde existem campos experimentais de pera, caqui e maçã”, esclarece.

Pera e maçã
Técnico Agrícola do Califórnia, Roberto (Beto) Ramos está acompanhando o procedimento de transferência de tecnologia junto dos colegas de perímetro e esclarece que, até o momento, uma área foi preparada para receber mudas de pera em Canindé, mas é esperado a criação de campo experimental de maçã também. “Nós técnicos da Cohidro, juntamente com o técnico da Embrapa, estivemos no lote e ficou tudo certo para a implantação da referida cultura, com o casal de produtores Creusa e Charles Roberto. Serão 500 mudas plantadas, no espaçamento de 4 por 1,25 metros”, informou sobre o novo lote.

José Carlos Felizola, diretor-presidente da Cohidro, acha que todo empenho para ampliar a gama de produtos ofertados nos perímetros irrigados, é válida para promover a geração de renda do agricultor familiar. “Se ele oferecer o que a maioria não tem, ele se sobressai com melhores preços de mercado, vai disputar preço com o produto de outros estados, com baixo custo de frete e gerar renda. O melhor disso tudo ainda é que, embora poucos produtores tenham recebido subsídios para plantar essas frutas, os outros produtores, dentro do perímetro ou não, poderão ir ver e se espelhar nessas tecnologias para produzir também, sem se aventurar em algo que ninguém sabia, até agora, se dava certo na região”, defende.

Guy Rodrigues informou ainda que, por enquanto, a Embrapa – Semiárido só dispõe de mudas de pera para trazer para Canindé, mas em seguida será a vez da maçã, em outro campo, assim que forem adquiridas. “A primeira é a cultura da pera, que o produtor já está com o solo pronto. Eu creio que dentro de 30 dias, deva haver o plantio dela”, completa o técnico que nas visitas aos campos do Perímetro Califórnia, tem sido sempre acompanhado pelos colegas da Cohidro: Joaquim Ribeiro, Edmilson Cordeiro, Tito Reis e o próprio Beto. Eles aprendendo, na intenção de continuar dando assistência aos produtores irrigantes após os dois anos de vigência do convênio.

Perfil: Sidrack, mãos de agricultor e alma de empreendedor

Ele trabalha com a fertirrigação, adicionando o adubo ao sistema de distribuição de água para chegar às plantas

Agricultor irrigante do Perímetro Irrigado Califórnia, administrado pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), Levi Alves Ribeiro trabalha há 20 anos cultivando alimentos variados, em especial a goiaba, sua maior fonte de renda financeira. Casado com Lucia Vieira Ribeiro e pai de dois filhos, sendo eles Esdras Ribeiro, que é acadêmico no curso de Administração e Eloyr Vieira Santos Ribeira, a caçula da família. Vivem junto ao lote, situado no município de Canindé de São Francisco, 213km da capital.

‘Sidrack’ – apelido que adquiriu quando criança, pela semelhança com o famoso árbitro de futebol Sidrack Marinho – tem uma rotina árdua, que começa ás cinco da manhã e não tem hora para terminar. Ele afirma não se arrepender das escolhas que fez na vida, entre elas a agricultura, definida como a mais importante. Filho de agricultor, de quem seguiu os ensinamentos na produção de alimentos, ele se tornou dono do lote 04 do Califórnia, com 2,50 hectares (ha).

Apesar das dificuldades que todo agricultor enfrenta, principalmente para plantar no Sertão, em seu lote consolidou um pomar com 780 pés de goiabas, atividade que, segundo ele, “hoje é o que coloca comida na mesa da família”. Para isso, a Cohidro foi parceira fundamental no crescimento e fortalecimento da terra, principalmente no fornecimento de água e orientação técnica. Com a assistência da Empresa, a produção de hortaliças – das mudas até o alimento pronto para o consumo – também se estruturou e hoje a venda desses produtos na feira é outra das práticas que garante a renda familiar.

Ele também viu na carência existente por fornecedores de mudas no Califórnia uma oportunidade e investiu na produção. O negócio deu tão certo que quis expandir. “Começamos a observar que o pessoal estava indo buscar mudas em Itabaiana, assim decidi produzir, no meu viveiro, mudas para vender aqui. Compensa financeiramente, tenho um viveiro de 7x26m, mas pretendo construir outro em breve, ainda maior, com 9 metros de largura”, admite Sidrack.

Partindo do conceito da diminuição dos custos com infraestrutura e mão de obra, Sidrack passou a apostar no tomate sem estaqueamento, baseado em variedades mais resistentes às pragas e uso de novas técnicas de produção. “Acho que até o pequeno produtor, tem que estar atento às novidades da tecnologia. Antes, aqui o cultivo era feito sem a irrigação por gotejamento ou fertirrigação, situação em que se tem um trabalho maior para suprir o que a planta requer”, justificou.

Diretor-presidente da Companhia que assiste Sidrack, José Carlos Felizola conta que “andando por todos os perímetros irrigados da Cohidro, é possível conhecer muitas histórias de conquista da autonomia de renda via o trabalho no campo, sob o benefício da irrigação pública do Governo do Estado. Mas há alguns, com Levi Ribeiro, que se sobressaem e viram referência, um exemplo para seguir, levando o trabalho de lidar com a terra além do simples ‘em se plantando tudo dá’. E se os fracassos devem ser usados de exemplo daquilo que não deve ser feito, os bem-sucedidos precisam ser destacados, como um ‘status quo’ para ser alcançado pelos demais”.

Mas quem pensa que o sucesso que o agricultor nessas empreitadas o acomodou, se engana. Agora, produzir alimentos orgânicos se tornou prioridade na vida de Sidrack. E isso se deu, ao ele perceber o aumento da procura de atravessadores. E tudo indica que esta conversão está iniciando em suas estufas, passando agora a produzir mudas para atender a demanda de clientes adeptos à produção sem uso de agrotóxicos.

Outra novidade no lote de Sidrack é o cultivo de uvas. Ele foi um dos dois produtores escolhidos a receber um campo experimental da transferência de tecnologia entre Embrapa e Cohidro. Neste, todo custo é arcado pelo convênio e o agricultor só entra com a terra, água e mão de obra. “Eu acho que é importante esse programa e através do Governo do Estado, é mais uma cultura nova. Com certeza estamos com uma boa expectativa. Temos assistência técnica, que é muito boa, muito responsável através da Cohidro e agora somando com o pessoal da Embrapa”.

O produtor considera que, havendo sucesso com as uvas, não terá dificuldade de escolar a produção. “O mercado é muito espaçoso. Só precisamos trabalhar, produzir e mercado a gente consegue”, confia o produtor que plantou, em 0,5ha, 684 mudas da variedade Isabel em dezembro do ano passado e já está colhendo, mas aguarda dar um ano, das videiras implantadas, para colher a primeira safra em nível comercial.

João Quintialiano da Fonseca Neto, diretor de Irrigação da Cohidro, acompanha de perto a implantação do projeto em Canindé, explicando o objetivo da Companhia. “A intenção não é só favorecer os agricultores diretamente contemplados, como o Sidrack. Se a experiência se mostrar produtiva em seu lote e no do seu colega (José Leidison dos Santos), é a chance de uma nova cultura ser abraçada pelos demais irrigantes e assim favorecer a agricultura local, que quanto mais diversificada, melhor será o preço final dos produtos, oriundos daquele Perímetro Irrigado”, considerou.

Reconhecimento

Professores do Centro Estadual de Educação Profissional Dom José Brandão de Castro, citado no município vizinho de Poço Redondo, já adotaram o lote irrigado de Levi Alves como um ‘laboratório vivo’, uma extensão da sala de aula onde seus alunos para aprender melhor a lidar com a terra e as plantas. O que sugere que Sidrack está no caminho certo e seu trabalho é considerado exemplar, principalmente pelo ‘mix’ de atividades diferentes que ele consegue cultivar dentro de uma mesma propriedade, o ideal e recomendável à Agricultura Familiar.

Para o diretor do Centro de Educação Profissional, Edjenaldo Ferreira dos Santos, o Perímetro Irrigado Califórnia tem muita atividade rural para ser mostrada para os alunos do Curso Técnico em Agropecuária da instituição, mas isso corre “especialmente o lote do senhor Levi Alves Ribeiro, que tem sido um parceiro do nosso Centro, devido a diversificação de culturas implantadas. Abre a possibilidade para o estudo de quase todos os cultivos e disciplinas da área agrícola, tais como: fruticultura, olericultura, irrigação e drenagem, topografia e outras disciplinas”, avalia.

Cohidro inicia plantio de uva em cooperação com a Embrapa

Pequenas mudas vão crescer, percorrer arames de sustentação e começar a dar frutos em cerca de 12 meses- Foto: Ascom/Cohidro

Foi retomado o plantio de uva adaptada ao clima Semiárido, no Perímetro Irrigado Califórnia, administrado pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), em Canindé de São Francisco. Um acordo de transferência de Tecnologia com a unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária de Petrolina-PE (Embrapa – Semiárido), vai propiciar o acompanhamento de quatro produtores irrigantes sergipanos, que irão cultivar campos experimentais das variedades cujo fruto será destinado para produção de suco e vinho, totalizando 2.700 pés, com a previsão de um ano para começar a primeira colheita.

Nesta quarta-feira, 7, chegaram a Canindé 2.400 mudas da variedade de uva BRS Isabel Precoce e 300 da BRS Violeta. Estas serão divididas entre os quatro campos experimentais de forma igual. Dois são produtores do Califórnia e outros dois pertencentes ao perímetro Jacaré-Curituba. Esses agricultores irão entrar com a área do lote para receber os parreirais e a mão de obra. O restante dos custos está incluso na cooperação técnica com a Embrapa, que entra com as mudas, sistema de irrigação, estaqueamento, adubos e insumos que serão utilizados para desenvolver a planta durante dois anos, tempo em que haverá também o acompanhamento dos técnicos e engenheiros agrônomos da empresa federal a estas plantações.

Técnico Agrícola da Cohidro em Canindé, Edmilson Cordeiro relata que os quatro agricultores foram selecionados levando em conta a experiência com plantas frutíferas e a facilidade de assimilar as orientações técnicas. “Eles são produtores que aceitam bem nossas orientações e estão abertos ao uso, por exemplo, de novos sistemas de irrigação. Aliás, já usam a microaspersão em suas plantações de goiaba, a cultura mais praticada aqui, depois do quiabo”, conta, explicando que este método de rega é mais econômico que a aspersão convencional, assim como o sistema de gotejamento, o que será usado nas uvas.

Um desses produtores, o primeiro a receber 625 mudas das duas variedades, é José Leidison dos Santos. Ele explica que aceitou o desafio proposto pelos técnicos da Cohidro por que pretende mudar, sair do cultivo da goiaba, de olho na aceitação do mercado. “A plantação de goiaba é uma cultura que não está dando uma rentabilidade como em anos anteriores. Por isso vou investir na uva para gente saber e ver se tem um futuro melhor. Pelo que eu percebo nesses canais de TV aí, eu acho que tem futuro”, explica o fruticultor que dedicou meio hectare para a uva, preparado com adubação de esterco.

Segundo o diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrícola da Cohidro, João Quintiliano da Fonseca Neto, não é a primeira vez que o plantio de uva é inserido no Perímetro Califórnia. “Há 17 anos, o Governo do Estado tentou introduzir este cultivo no polo irrigado, mas nada comparado com o que hoje está sendo oferecido pela Embrapa. Eles estão treinando nossos técnicos agrícolas e produtores que já estiveram lá em Petrolina, vendo como a uva é produzida no clima semelhante ao de Canindé. Acreditamos no êxito principalmente, porque as novas variedades que estamos introduzindo no Califórnia são adaptadas e testadas pela Embrapa, sendo que uma delas é destinada ao consumo in natura ou na produção de sucos”.

Guy Rodrigues de Santana é o Técnico Agrícola da Embrapa que trouxe as mudas e vem acompanhando de perto os produtores na explicação das técnicas de manejo da uva. “Nossa intenção é de estar passando aqui constantemente, vindo para cá quando a plantação tiver sequência. Havendo necessidade a gente vem, orientando eles no dia a dia, como vai ocorrer a formação das mudas”. Para ele, as características de Petrolina e Canindé são bem parecidas. “Temos a mesma água de irrigação, que é a do Rio São Francisco. Um solo um pouco diferente, o nosso lá é muito arenoso e o solo aqui é bem argiloso. Mas a gente tem 90% de certeza que vai dar certo sim, a produção de uva aqui”.

Fertirrigação
Outro produtor que está apostando na uva é Levi Alves Ribeiro (Sidrack). Por um lado, ele tem vasta experiência no cultivo de frutas, como a goiaba. Do outro, já trabalha com a fertirrigação produzindo, com alto rendimento, o tomate. No sistema, os nutrientes necessários para a planta progredir são diluídos e dosados na própria água, sendo levados pela irrigação localizada, que usa mangueiras de gotejamento para que não haja desperdício dos fertilizantes. O método diminui o uso de mão de obra, que na forma convencional teria que lançar manualmente a adubação e ainda é mais eficiente, pois no meio líquido vai chegar mais de pressa às raízes.

Sidrack acredita que será muito benéfico aos produtores do Califórnia a inserção da uva. “Eu acho que é importante esse programa e através da Cohidro, do Governo do Estado, é mais uma cultura nova. Com certeza estamos com uma boa expectativa.Temos assistência técnica, que é muito boa, muito responsável através da Cohidro e agora somando com o pessoal da Embrapa”. Ele considera que, havendo sucesso em produzir o fruto, não terá dificuldade de escolar a produção. “O mercado é muito espaçoso. Só precisamos trabalhar, produzir e mercado a gente consegue”, confia o produtor que irá plantar 684 mudas da variedade Isabel, também em meio hectare.

A Cohidro, que é uma empresa pública subsidiária à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), presta o serviço de fornecimento contínuo de irrigação e assistência técnica para produtores rurais como Levi Ribeiro, neste em mais cinco perímetros irrigados em Sergipe. Para o presidente da Companhia, José Carlos Felizola Filho, também é papel da estatal introduzir novos modelos de plantação. “Se der tudo certo com a uva, dos quatro, multiplicaremos para muito mais parreirais. Outros produtores vão acreditar e investir na produção desse fruto que tem muito potencial. Diferente do quiabo, a uva pode ser processada e virar suco ou vinho, criando novas oportunidades de negócios para Canindé, atraindo investidores e desenvolvendo essa região carente de recursos, mas rica por poder contar com a água do São Francisco”.

Isabel e Violeta
Ambas são variedades criadas ou melhoradas pela Embrapa, a fim de adaptar o plantio às características dos microclimas brasileiros, tanto para suco quanto para vinhos. A BRS Violeta, mais recente, é tanto recomendada ao clima temperado do Sul do Brasil como para o clima tropical, do Nordeste. Com sua cor preto-azulada, é de alta produtividade, chegando a produzir dois cachos – pesando em torno de 150 gramas – por broto. A BRS Isabel Precoce, preta e com cachos pesando em média 110 gramas, tem tempo de produção mais reduzido e foi selecionada para regiões tropicais. Esta última, além da aplicação industrial, tem potencial também para o consumo in natura.

“Evolui as variedades e evolui também o manejo. A gente hoje tem um acompanhamento técnico mais consistente. Já se modernizou bem mais coisas, como a absorção dos nutrientes pela planta, disponibilidade de nutrientes através de fertirrigação e manejo da planta. Também esse manejo semanal, de estar amarrando, de estar conduzindo a planta e trabalhando ela no solo. E isso a gente faz diariamente. Isso tudo somado, aumentou a capacidade de colheita que em vez de ser dois anos, como era no passado, a gente consegue colher com 11 a 12 meses, quando se faz a primeira que poda”, concluiu o técnico Guy da Embrapa.

Irrigante pela Cohidro aposta em tomate fertirrigado no Sertão Sergipano

O plantio irrigado ocupa uma área de 1,5 ha

Partindo do conceito de diminuição dos custos com infraestrutura e mão de obra, o produtor irrigante Levi Alves Ribeiro (o popular Sidrack), assistido pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) no Perímetro Irrigado Califórnia (Canindé de São Francisco), aposta na variedade de Tomate Ty 2006, que dispensa o uso de estaqueamento, é resistente ao Geminivírus e se adéqua ao sistema de fertirrigação, onde a adubação é levada até a planta por meio da irrigação por gotejamento. Na primeira de três áreas que pretende implantar, o Agricultor quer colher 3,6 mil caixas em 1,5 hectares.

O Geminivírus, transmitido pela Mosca Branca, praticamente dizimou o cultivo do Tomate no Vale do Rio São Francisco no início da década passada. Com o surgimento de variedades híbridas como a Ty 2006, associado ao manejo correto de espaçamento e correção de solo, o problema foi superado, despontando atualmente o Semiárido Baiano como grande produtor do fruto. Atrás desses resultados, Sidrack adequou a variedade a um sistema de fertirrigação amparado pela irrigação pública, fornecida pelo Governo do Estado através da Cohidro.

“Acho que até o pequeno produtor, tem que estar atento às novidades da tecnologia. Antes, aqui o cultivo era feito sem a irrigação por gotejamento e a fertirrigação, situação em que se tem um trabalho maior, para suprir o que a planta requer”, justificou Sidrack. No método de adubação que aderiu os nutrientes complementares à planta são transferidos por meio da água, que já é o meio de transporte dos elementos naturais fundamentais à sobrevivência vegetais, a citar o Hidrogênio, Oxigênio e sais minerais.

O trabalho começou a partir da análise de solo via laboratório, para depois reparar as deficiências que precisam ser corrigidas. “Além do esterco de gado, usado para adubar o solo, a partir da análise pudemos saber o quando era necessário repor de Nitrogênio, Potássio e Fósforo (NPK)”, complementou Sidrack. Paralelo a isso, o Agricultor desenvolveu o plantio das mudas de Tomate em sua estufa. Na instalação ele produz mudas de outras plantas que cultiva, mas também para comercialização, atendendo produtores do Califórnia e do Jacaré-Curituba, Perímetro Irrigado administrado pela Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e Parnaíba (Codevasf), em Canindé e Poço Redondo.

As mudas hoje com 28 dias de transplantadas da estufa-berçário, têm um acompanhamento frequente para suprir suas necessidades de fertilização e é onde entra a assistência fornecida pela Cohidro. O técnico agrícola da Empresa, Antônio Roberto Ramos (Beto), é o responsável por atender o setor do Perímetro Califórnia onde se encontra a nova plantação de tomates. “Nesse caso, oriento o Sidrack nas alterações que podem ser feitas na dosagem de cada um dos adubos usados para nutrição da planta, via irrigação por gotejamento. Dependendo do estágio em que se encontra, a idade e aspecto da planta, é necessário alterar a proporção do NPK adicionado à água”, considerou.

Utilizando canteiros com espaçamento de 2,5 metros entre eles, e de 0,60 entre uma planta e outra, a plantação é irrigada, na maior parte do terreno, por duas mangueiras microperfuradas em cada leira. Por ser um declive, na seção menos elevada da área, os canteiros são atendidos por só uma mangueira. “É uma forma de compensar a dispersão de água neste nível, pois na parte alta, onde há menos pressão, a água sai com menos força e poderia até não sair se na parte mais baixa tiver uma vazão maior, ou seja, se usarmos duas mangueiras também”, complementou o técnico Beto.

Uva fertirrigada
Gerente do Perímetro Califórnia, Edmilson Cordeiro disse não ser a primeiro cultivo via fertirrigação por gotejamento no Pólo de Irrigação, mas em poucos casos se mostraram ser tão eficazes como o de Levy Alves. “É um investimento bem estruturado o que Sidrack está fazendo e há até projetos bem mais elaborados para um futuro bem próximo, como é o caso do acordo transferência de tecnologia que está sendo firmado com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Semiário de Petrolina (PE), onde vai ser usado o mesmo sistema para o cultivo da Uva”, ressaltou.

Mardoqueu Bodano, presidente da Cohidro, esclarece que o convênio com a Embrapa foi propiciado via Emendas Parlamentares (EP) propostas pelo senador sergipano Antônio Carlos Valadares. “A primeira EP de Valadares, há dois anos, beneficiou o nosso Perímetro Piauí, em Lagarto, levando para lá campos experimentais de Maçã, Pera e Caqui, dois mil pés de cada uma. Nesta terceira empreitada, será trazido para o nosso Sertão o cultivo de Uva. Todos plantios já em estágio de produção comercial em Petrolina, que deram certo”, compartilhou sobre a inovação que chegará ao Califórnia ainda este ano.

Rotação de culturas
Beto esclarece o período produtivo dos tomates, que pode durar até 130 dias. “Por 20 dias, depois de plantadas em bandejas, as pequenas mudas ficam na estufa. Depois de transplantadas, elas vão demorar mais 80 dias no campo até começar o ciclo produtivo, que vai propiciar uma colheita por semana, que vai durar entre 25 e 30 dias”, esclareceu. Para depois disso, o Técnico da Cohidro orientou o Produtor introduzir um outro tipo de planta, de preferência uma leguminosa, como o feijão de corda, ou o milho, para repor nutrientes perdidos no solo e prevenir doenças. “Na rotação de culturas, você quebra o ciclo de algumas pragas que atacam só o tomate. Mudando a cultura, a praga perde a ação”, completou.

Diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrícola da Cohidro, João Quintiliano da Fonseca Neto, afirma que o sistema de irrigação por gotejamento é algo bem-vindo aos perímetros da Empresa. “Há culturas que se adaptam bem ao método e se desenvolvem evitando excesso de umidade, reduzindo a ação dos fungos, como é o caso do tomate. No mais, é um sistema de irrigação que proporciona economia de água, pois a água só cai no pé da planta, o que na fertirrigação trás enorme vantagem para seu desenvolvimento”, finalizou.

Governo impulsiona irrigação da produção de mudas em Canindé

Agricultores de Canindé de São Francisco, atendidos com a irrigação fornecida pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), no Perímetro Irrigado Califórnia, diversificam a atividade rural ao produzir mudas. Seus viveiros atendem as próprias hortas e pomares, mas o grosso da produção é comercializado com outros produtores, do próprio Perímetro e do Projeto de Irrigação Jacaré Curituba, gerido pela Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), neste município e no vizinho Poço Redondo.

Hoje, segundo o gerente do Perímetro Califórnia, Joaquim Ribeiro dos Santos, são 5 irrigantes que se dedicam a cuidar de viveiros para produção de mudas, mas a tendência é de que este número venha aumentar. “Outros agricultores também têm interesse em implementar estufas e viveiros afim de atender a crescente demanda que já é maior que a oferta. Tanto na fruticultura e na horticultura, o processo de plantio por meio de mudas garante um resultado melhorado, dando atenção especial à planta no período que ela exige mais cuidado e garante uma produtividade superior”.

Joaquim esclarece que a Companhia, além de fornecer a água que viabiliza o cultivo destas mudas, busca acompanhar este processo, fornecendo toda assistência agronômica e capacitando seus técnicos para atender estes produtores. “Enviamos técnicos do Perímetro para fazer treinamento sobre produção de mudas na Embrapa Semiárido, em Petrolina-PE, que é referência no cultivo de variedades frutíferas irrigadas no Sertão. Também foram várias visitas ao Perímetro Irrigado Piauí, também da Cohidro, em Lagarto, onde se destaca a horticultura orgânica”, explica.

Em todos os casos, são agricultores que cultivam alimentos, do plantio à colheita, em suas áreas irrigadas, mas que também se destinam à atividade de produção de mudas como um incremento à renda familiar. É o caso de Maria do Socorro Aragão Silva, que em seu lote produz quiabo, mas no viveiro que construiu, cultiva mudas frutíferas, de hortaliças, flores e plantas ornamentais. No caso das verduras, ela comercializa as plantas em bandejas de 180 ou 200 unidades.

“As alfaces eu vendo as 180 mudas, com 3 semanas de plantio e prontas para replantar em uma horta, por R$ 10. O pimentão, com 4 semanas, sai por R$ 15. Vendo aqui no Califórnia, no Jacaré Curituba e até gente de Paulo Afonso (BA) vem buscar. Vendo na cidade também plantas para jardins e pés de flores, como as mini-rosas”, contou Maria do Socorro, advertindo que este preço é sem a bandeja de isopor, que preferencialmente é devolvida e reaproveita para novamente usar na produção de mudas. Ela ainda explica que não usa qualquer tipo de defensivo químico no cultivo, mas que a germinação se dá no substrato terroso feito com esterco de gado, pó de coco e torta de mamona.

Mercado em expansão

Levi Alves Ribeiro, o popular Sidrack , é irrigante do Perímetro Irrigado da Cohidro, cultiva um pomar de goiaba e planta hortaliças. Para atender suas plantações, montou um viveiro, onde produz mudas de pimentão, tomate, pimenta de cheiro, couve, couve flor, pepino e maracujá.  “Cerca de 10% desta produção fica para minha horta, o restante são para atender encomendas. Destas, 30% vão para agricultores do Projeto Jacaré Curituba, mas a maioria fica com os daqui do Califórnia”, explicou.

O irrigante viu na carência existente por fornecedores de mudas no Perímetro Irrigado uma oportunidade e investiu na comercialização. O negócio deu tão certo que agora ele pretende expandir. “Começamos observar que o pessoal estava indo buscar mudas em Itabaiana, assim decidi produzir, no meu viveiro, mudas para vender aqui. Compensa financeiramente, tenho um viveiro de 7x26m, mas pretendo construir outro em breve, ainda maior, com 9 metros de largura”, admite Sidrack.

Produção orgânica

A preocupação com a qualidade das mudas que serão comercializadas é constante entre os produtores e todos buscam, cada vez mais, fornecer matrizes que foram cultivadas com técnicas livre de agrotóxicos. “Só aplico o fertilizante foliar de baixa toxidade – faixa verde – e uso um substrato comercial, mas quero produzir o meu, orgânico. Já procuramos a Cohidro, que está fornecendo toda orientação para isso”, finalizou Levi Alves, que tem a intenção de se tornar um horticultor orgânico.

O diretor de Irrigação da Cohidro, João Quintiliano Fonseca, explica que tanto para produzir mudas, como para fornecer alimentos totalmente orgânicos, o irrigante tem como opção a Organização de Controle Social (OCS).  “Todos os irrigantes podem optar pela formalização de uma associação de produtores agroecológicos. Desde que se mobilizem e assumam o compromisso de não usar agroquímicos, seguindo técnicas de cultivo orgânico. A Companhia presta todo suporte aos interessados e incentiva, sempre que possível, o agricultor a optar por essa conversão, mas quem vai atestar a autenticidade do caráter orgânico da OCS, assim como fiscalizar sua produção, é o Ministério da Agricultura”.

Um passo à frente está a irrigante do Perímetro Califórnia, Maria Aparecida Nascimento Santana. Cida produz seu próprio substrato terroso para cultivar as mudas, que suprem sua própria horta e também fornece para outros produtores do Perímetro. Embora não tenha certificação orgânica ou faça parte de uma OCS, a horticultora aplica técnicas agroecológicas que servem de referência na sua região.

“O pessoal da Cohidro me ensinou como produzir hortaliças de forma orgânica e sempre me acompanham. Quando tenho alguma dúvida eu vou lá e tiro com eles. Sempre recebo visita de escolas para conhecer minha produção, onde não uso agrotóxicos”, conta a irrigante Cida, que além de comercializar as mudas produzidas em seu viveiro, também vende verduras e legumes diretamente no seu lote e em feiras livres.

Última atualização: 6 de maio de 2021 18:10.

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