Técnicos da Cohidro fazem acompanhamento de orgânicos do Perímetro Piauí

Dupla de técnicos da Gerência de Desenvolvimento Agrário da Cohidro (Gedea), nesta quarta-feira, 13, foi até o Perímetro Irrigado Piauí, fazer um acompanhamento dos produtores orgânicos que são irrigantes no polo irrigado.

Jonathas Bruno e Luís Roberto tinham por objetivo levantar a continuidade da produção sem agrotóxicos, listar o que cada agricultor tem produzido e de que forma esses alimentos estão sendo comercializados.

Com base nessas informações, a Gedea faz seu planejamento de atuação e elenca as necessidades que cada produtor tem.

Luís Roberto e o produtor Barbosinha – Foto: Jonathas Bruno
Produtor orgânico João Pacheco e Luís Roberto -Foto: Jonathas Bruno

Estande da Cohidro será uma das atrações da ExpoLagarto 2017

Plantas expostas no estande da Cohidro se inserem ao ambiente agropecuário da ExpoLagarto e são um mix de tudo que é plantado no Perímetro Piauí – Foto Ascom-Cohidro

Começa na próxima quarta-feira, 6, a edição 2017 da ExpoLagarto – Expofeira Agropecuária e Empresarial, no Parque de Exposições Nicolau Almeida em Lagarto, há 75 km da capital sergipana. A Exposição, que ocorre desde 1962, promete feira de animais, comercial, serviços governamentais, palestras, leilão, festival gastronômico, de cultura e tem como um dos focos principais a mostra da atividade agrícola da região. Por este motivo, a Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) estará presente com seu estante, como vem fazendo desde que inaugurou naquele município o Perímetro Irrigado Piauí, em 1987.

A Empresa expõe em espaço fixo que divide com a coirmã Emdagro (Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe), parceira que todo ano contribui com a realização de cursos, palestras e orientações técnicas, a agricultores e pecuaristas. Enquanto a Companhia Hídrica orienta e demonstra tudo o que é possível ser feito a partir da utilização da inovação tecnológica e da irrigação. Isso, tomando como exemplo aquilo que tem sido feito nos 421 lotes de agricultura familiar assistidos pela irrigação pública fornecida pelo Governo do Estado via Cohidro.

Gerente do Piauí, Gildo Almeida Lima disse que a equipe da Cohidro em Lagarto está envolvida para aprontar o estande na ExpoLagarto e que muitas atrações são esperadas. “Nos canteiros da frente do estande, que sempre chamam a atenção dos visitantes, estamos preparando variedades de hortaliças, plantas ornamentais e de ervas medicinais, tudo aquilo que é plantado nos lotes irrigados do perímetro. No lago-maquete da nossa barragem Dionísio Machado haverão espécies exóticas de peixes, o que a garotada mais gosta. Estamos preparando material explicativo para distribuição e teremos produtores, nossos, comercializando verduras, legumes e doces caseiros”, listou.

José Carlos Felizola, diretor-presidente da Cohidro, considera a exposição um momento impar para promover a agricultura na região. “É um ponto de encontro entre o agricultor, o pecuarista e as novidades da área rural. E para muita gente o trabalho de assistência técnica da Cohidro, infelizmente restrito à disponibilidade do pessoal técnico alocado nos perímetros irrigados, é novidade. Assim, os bons exempara plantar, é difundida e pode ser replicada, entre produtores do próprio perímetro e fora dele. Nesse quesito, o trabalho de perfuração de poços realizado por nós e empresas privadas similares, contribui significantemente”, avaliou.

Perímetro Irrigado Piauí

A infraestrutura hídrica da Cohidro, baseada na captação de água na Barragem Dionísio Machado e via duas estações de bombeamento, possibilita que sejam irrigados 703 hectares, subdivididos em 421 lotes e a agricultura possibilitada por este benefício, gera renda direta para 3.515 pessoas.

“Ano passado, foram quase 8 mil toneladas de alimentos produzidos no Piauí, o que gerou uma renda próxima a R$ 13 milhões, para estes produtores. A diversidade de produtos gerados é riquíssima, mas o tomate (1.430 toneladas em 2016), a mandioca (1.260) e o quiabo (1.098) foram os alimentos mais colhidos via à irrigação pública em Lagarto”, enumerou João Quintiliano da Fonseca Neto, diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrícola da Cohidro, setor da Empresa diretamente envolvido na administração dos seis perímetros do Governo do Estado.

ExpoLagarto
A organização do evento lista, como as atrações desta edição da ExpoLagarto as exposições, feiras e julgamentos das raças de bovinos, equinos, ovinos, caprinos. Exposição e feira empresarial da indústria, comércio e de serviços, de produtos e serviços agrícolas – destacando a Feira da Agricultura Familiar, do dia 7 a 10 – e de produtos e serviços do governo. Ciclo de palestras setoriais em parceria com os expositores. Festivais de música regional e exposição cultural.

Estudantes agroecólogos visitam perímetro irrigado estadual em Lagarto

Estudantes foram ao Perímetro Piaui constatar características socioeconômicas dos agricultores orgânicos – foto Fernando Augusto (Ascom/Cohidro)

Estudantes do curso superior tecnológico em Agroecologia, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe (IFS), estiveram quinta-feira, 20, no Perímetro Irrigado Piauí, em Lagarto. No polo de irrigação pública do Governo do Estado os acadêmicos pretendiam avaliar a situação socioeconômica dos agricultores irrigantes que passaram a plantar sem usar agrotóxicos. Tal conversão começou há cerca de 20 anos, por incentivo da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), que opera e administra o sistema.

 

A Professora e Doutora em Geografia, Carmem Lúcia Santos, ministra a disciplina de Sociologia Rural no curso de Agroecologia e por isso considerou importante seus alunos questionarem o que muda na vida do agricultor quando ele passa a cultivar alimentos orgânicos. “Nosso objetivo da visita é conhecer a realidade do Perímetro Irrigado Piauí, vivenciar os conhecimentos técnicos e científicos e confrontar com a realidade dos habitantes da localidade. É uma conciliação da aula teoria com a prática, através da observação dos sistemas produtivos, do diálogo, da conversa com os produtores. Se essas observações, esses sistemas produtivos, atendem as necessidades das comunidades rurais”, explicou.

 

A visita começou no escritório da Cohidro em Lagarto, há 69km de Aracaju. Conduzidos e orientados pelo técnico agrícola e o gerente do Perímetro Piauí, Marcos Emílio Almeida e Gildo Almeida Lima, respectivamente, os alunos conheceram a Estação de Bombeamento 02, que envia água para os lotes irrigados, a Farmácia Viva de Fitoterápicos e a Estação Meteorológica, todos anexos à sede do polo irrigado. De lá, foram conhecer a produção de Edmilson dos Santos, agricultor orgânico há quase 20 anos e integrante de OCS (Organização de Controle Social), grupo de produtores registrados no Ministério da Agricultura e autorizados à venda, direta ao consumidor, destes alimentos.

 

O estudante de Agroecologia do IFS, Ronaldo José dos Santos notou que mesmo tendo produtores do perímetro estabilizados na produção orgânica, não é a opção da maioria. “Embora a gente perceba que a porcentagem, levando em consideração ao número de famílias que produzem aqui no Perímetro, seja muito pequena. A gente acha importante, que se comece a produzir orgânicos para incentivar a produção local. A gente conversou agora com o produtor Edmilson, que embora teve perda nessa transição, ele não se arrepende e isso é importante no ponto de vista consciencial para a produção de orgânicos”, avaliou.

 

Diretor-presidente da Cohidro, José Carlos Felizola reconhece que não seja fácil abandonar a comodidade do plantio convencional, onde a indústria química oferece solução para todo e qualquer problema que venha ocorrer na lavoura. Mas os técnicos agrícolas e engenheiros agrônomos da Companhia, há tempos incentivam à conversão. “Eles ganham em qualidade de vida, tem mais saúde em parar de lidar e conviver com a aplicação de agrotóxicos. Isso para quem geralmente mora junto da lavoura, é fundamental. Ganha também o meio ambiente, solos e águas sem riscos contaminação. Do ponto de vista econômico, no mínimo o produto orgânico pode ser vendido 40% mais caro e isso é melhora da renda do agricultor”, considera.

 

Hidroponia

Outro tipo de mudança no método de cultivo, a exemplo do orgânico, é a hidroponia, que consiste na agricultura sem o uso de terra para plantar. Em uma estufa, o agricultor do Perímetro e também acadêmico em Agroecologia, Denisson Rosendo, produz cinco variedades alface: Crespa, Lisa, Roxa, Cacheadinha e Americana. A plantas são fixadas em canaletas, onde suas raízes ficam totalmente submersas em solução de água e nutrientes. Esse líquido circula todo um circuito fechado que nutri cada pé, até retornar ao reservatório e ser reaproveitado. Nessa estrutura, de oito metros por 10, ele colhe 950 pés de alface a cada 45 dias.

 

A estudante Larissa Michaelle, fez um comparativo das duas formas de conversão de método agrícola. Para ela, ambos os métodos tem pontos positivos para a realidade do agricultor. “Eu estou achando muito rica a experiência de estar aqui, de poder comparar, de poder vivenciar e o que mais me chamou atenção foi justamente esse cultivo (hidropônico) aqui. Porque a gente vê assim, é muito mais limpo, ele não tem lagarta, não tem a sujeira em si do solo, que já pode trazer alguns patógenos. Apesar de algumas pessoas ainda condenarem, é muito rico. Apesar de ele (Tal) estar usando também a parte agroecológica, a parte orgânica. Achei interessante ele tirar a semente da própria alface pra replantar, achei isso fantástico. Mas se fosse para escolher, optaria pra trabalhar com a da água”, concluiu.

 

Para o diretor de Irrigação da Cohidro, o Engenheiro Agrônomo João Quintiliano da Fonseca Neto, a hidroponia é um procedimento de vanguarda, que elimina o uso em excesso de agroquímicos. “A água que, no processo convencional, se perde infiltrada no solo ou evaporada pela exposição ao sol, nesse sistema é aproveitada inúmeras vezes, até ser consumida pela planta, o que corresponde a um aproveitamento quase que de 100%. Longe do solo, muitos patógenos – principalmente os fúngicos – não vão infectar e adoecer a planta e com isso evita-se o uso de agrotóxicos”, considerou.

 

PAA nos perímetros irrigados estaduais já beneficiou mais de 273 mil pessoas

Doação de alimentos in natura então são distribuídas para as famílias cadastradas pelo Cras – (Povoado Curituba – Canindé) Foto Fernando Augusto (Ascom/Cohidro)

Desde 2008, a Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e irrigação de Sergipe (Cohidro) incentiva e orienta os produtores irrigantes, assistidos nos perímetros irrigados do Governo do Estado, a participarem do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) da Conab, na modalidade ‘Doação Simultânea’. O resultado disso é que até agora foram 2.860 famílias de agricultores participando de projetos que geraram 7.230.627 quilos de alimentos doados in natura ou que serviram para o preparo de refeições, atendendo 259.552 pessoas em situação de insegurança alimentar. Cada projeto tem vigência de um ano de entregas periódicas e no total foram R$ 6.499.737,69 pagos a estes produtores.

Neste ano, quatro grupos de produtores de Lagarto, Itabaiana e Canindé de São Francisco, que ao todo somariam 207 agro-famílias, estavam mobilizados pela Cohidro e suas associações para apresentar propostas ao PAA, onde se comprometeriam em produzir mais 492.983 quilos de alimentos, que a partir das doações iriam chegar há 18.400 beneficiados e geraram a renda, a estes agricultores, de um total de R$ 1.567.000. Mas os cortes do Governo Federal sobre os programas sociais determinaram que em 2017 só fossem gastos com este Programa R$ 38.500.000 em todo Brasil e que Sergipe teria 1,98% deste montante, ou seja, R$ 762.300. Além disso, a Conab implantou nova metodologia de ‘ranqueamento’, em que projetos de valores e número de participantes menores, teriam mais chance de serem aceitos.

Assim, em um total redimensionamento das propostas à serem apresentadas, levando em conta tanto o teto aplicado ao Estado quando ao valor de cada proposta, todos projetos foram refeitos, conforme explica o gerente de Agronegócios da Cohidro, Sandro Luiz Prata. “Tivemos que diminuir todos fatores do que as associações e agricultores iria apresentar. Agora são três propostas onde 50 beneficiários fornecedores serão remunerados por um montante de R$ 375.000, para produzir quase 100 toneladas de alimentos à serem doados 5.700 pessoas carentes”, listou. Sobre o fato do valor ser praticamente 50% o teto de recursos para Sergipe, o técnico explica. “A Conab recebe propostas de outras associações além das que atendemos nos perímetros. Não havendo procura de outras associações, no futuro podemos replanejar as propostas dos nossos irrigantes”.

Para o diretor de Irrigação de Desenvolvimento Agrícola da Cohidro, João Quintiliano da Fonseca Neto, o PAA estava passando por um momento ímpar e se não houvessem os cortes no orçamento, este ano seria quando os produtores teriam melhor retorno financeiro. “A tabela da Conab para a compra dos produtos a serem doados nunca esteve tão a favor do agricultor. Por exemplo, pelo quilo da batata-doce e da macaxeira, que são a base da dieta sugerida nas refeições preparadas, está sendo pago R$ 2 e R$ 1,75, respectivamente. Infelizmente as doações serão menores e menos pessoas vão poder participar, mas o que for entregue, será bem pago. Isso representa no campo, maior poder de barganha ao produtor, que deixa de ficar totalmente dependente do preço dos atravessadores, com mais esta opção de escoamento de produção de forma mais justa”, avalia.

Diretor-presidente da Cohidro, José Carlos Felizola, reforça esta opinião de que o PAA favorece a renda do agricultor, mas considera importante que os recursos do Governo do Estado, para gerar produção agrícola via irrigação e assistência técnica, sirvam para doar alimentos para pessoas necessitadas. “É gratificante para nós, é bom para o Sergipe, que o dinheiro investido para manter nossa Empresa colabore, somado aos recursos da Conab, para o combate à fome no Estado. Em 9 anos, foram quase 260 mil pessoas assistidas só com as doações que saem de nossos perímetros. Por isso e também, para melhor remunerar os produtores que assistimos, damos total apoio à mobilização dos projetos nos perímetros”, afirma.

No PAA, a Cohidro orienta a confecção dos projetos propostos pelos agricultores que assiste nos seus perímetros irrigados e depois auxilia no processo de produção (via irrigação), colheita, controle de qualidade e conferência desses alimentos ao serem doados. Mas quem aceita as propostas e remunera os agricultores é a Conab. Como regra, a Companhia Federal tem nos conselhos de segurança alimentar-nutricional municipais e nos centros de referência de assistência social (Cras) das prefeituras, os órgãos de conferência da quantidade e da qualidade dos alimentos doados, para então fazer o pagamento diretamente ao grupo de agricultores que propôs o projeto, a cada vez que houver uma entrega.

Lagarto
Instalada no município e há 69km de Aracaju, a Associação dos Produtores do Perímetro Irrigado Piauí (APPIP), sob o novo teto e metodologia, propôs estregar à ‘Doação Simultânea’ 37.647 quilos de Alimentos. 18 agricultores irrigantes associados à APPIP, por um ano produzirão abobrinha, acerola, alface, batata-doce, cebolinha, coentro, couve, maracujá, milho verde, pimentão, quiabo e macaxeira, para entregar, a cada 15 dias, as doações que vão chegar a 1.900 pessoas carentes. Para tal, até o fim do projeto serão pagos R$ 125.000 ao grupo associado, em média R$ 6.944,44 por agricultor, distribuídos em parcelas menores, pagas após a conferência de cada entrega do produtor. A proposta sendo aceita pela Conab, será a sétima vez que a entidade fornece alimentos ao PAA.

Também do Perímetro Piauí, o Movimento Associativista do Brejo participa com proposta em que 16 produtores vão gerar 30.975 quilos de acerola, alface, batata-doce, cebolinha, coentro, couve, maracujá, pimentão, quiabo e macaxeira. Da mesma forma, outras 1.900 pessoas em situação de insegurança alimentar serão atendidas com as doações e os agricultores, remunerados, no total, também em R$ 125.000, uma média de R$ 7.812,50 por produtor. Esta será a terceira vez que a entidade representativa participa do PAA, se o projeto for aceito.

Itabaiana
Sendo composta por produtores irrigantes do Perímetro Irrigado da Ribeira, há 50km da capital, a Associação dos Produtores Rurais da Comunidade Lagoa do Forno já participou de outros três projetos com sucesso. Nessa nova proposta, 16 agricultores produzirão 30.270 quilos de alface, batata-doce, cebolinha, cenoura, coentro, couve, inhame, pepino, pimentão verde, quiabo, macaxeira, salsa, tomate e vagem. R$ 125.000 (R$ 7.812,50 por produtor) serão pagos para que sejam gerados os alimentos que servirão de doação para 1.900 pessoas.

Irrigantes de Lagarto investem no mamão havaí

Intervalo entre linhas de mamoeiros ainda permite o plantio de outras culturas de ciclos curtos e pequeno porte, como a batata-doce - Foto Fernando Augusto (Ascom Cohidro)
Intervalo entre linhas de mamoeiros ainda permite o plantio de outras culturas de ciclos curtos e pequeno porte, como a batata-doce – Foto Fernando Augusto (Ascom Cohidro)

Para dinamizar as culturas exploradas em seus lotes irrigados e incentivados pela demanda criada por novos pontos de comercialização para frutas frescas, como o novo Mercado Municipal de Lagarto, agricultores inseridos no Perímetro Irrigado Piauí investem no plantio do mamão havaí. A variedade precoce começa a produzir em menos de um ano de plantio e pode chegar há dois de colheita contínua. Para tanto, eles recebem o incentivo do governo do Estado, ao serem assistidos pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), no fornecimento de irrigação e assistência técnica agrícola.

Edilma Leal Fontes cuida da plantação de 0,5 hectare (ha) de mamão havaí em seu lote. Nele, ela conta que tem a ajuda da nora que faz a colheita, já que a iniciativa e investimento no plantio foi feito pelo filho, Adjan Leal Fontes. “As mudas foram plantadas em maio do ano passado e começamos a colher, agora (início de junho). Estamos entregando ao comprador à R$ 35 a caixa (30 quilos) do mamão. Foi meu filho que tinha vontade de plantar, eu só ajudo, pois ele trabalha fora”, explicou a agricultora de Lagarto, há 75 km de Aracaju.

A plantação no lote de Adilma é feita usando a microaspersão, que o filho dela tem intenção de melhorar, quando investir futuramente na fertirrigação. “Nesse sistema de irrigação, todo adubo, os nutrientes que a planta precisa, chega diluído na água, aumentando o nível de absorção e eliminando o desperdício da adubação de lance”, argumentou o técnico agrícola Willian Domingos da Cohidro, que assiste o setor do Perímetro Piauí onde está o lote.

A produtora, porém, relata que a maior dificuldade enfrentada no plantio, até a gora, é na classificação do produto, já que os compradores só aceitam aquela peça de mamão havaí de formação uniforme e simétrica, sem deformações e no tamanho padrão de mercado. “Você abre e o mamão é o mesmo. Só é diferente por fora mesmo, mas não querem levar. Do outro tipo de mamão, o redondo, eles pagam só R$ 20 a caixa, nesse, nem isso”, lamenta Edilma.

Willian explica que o manejo indicado aos produtores é de colocar, em cada cova, duas mudas de variedades diferentes, para não haver perda e que por isso pode haver diferenciação no formato dos frutos. “A intenção é de sempre priorizar o mamão havaí, só deixar o do tipo ‘redondo’ se não desenvolver a muda principal”, explica. O técnico ainda conta que o manejo indicado para a plantação de mamão é sempre usar a Calda Bordalesa para cicatrizar os pontos onde há ‘ferimentos’ no caule, seja no desbaste das primeiras folhas ou depois que arrancados os frutos. “Assim evita a proliferação de fungos, que podem até matar a planta”, completa.

Programas de aquisição de alimentos
Para o diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrícola da Cohidro, João Quintiliano da Fonseca Neto, uma forma de diminuir as perdas por conta do rigor da classificação de mercado aplicado às frutas, é fazer parte de projetos governamentais de compra da produção. Nesse aspecto, a Companhia é parceira dos produtores irrigantes dos perímetros estaduais, fornecendo irrigação e a assistência técnica necessária para quem vai precisar produzir o ano inteiro, mas também auxilia as entidades – associações e cooperativas de produtores – na regularização da documentação necessária e formulação de projetos, principalmente na proposta à ‘Doação Simultânea’ que é feita à Conab.

“No PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) da Conab, via ‘Doação Simultânea’ às entidades de assistência a grupos vulneráveis, e no Pnae (Programa Nacional Alimentação Escolar), gerido pelas prefeituras; o produto atende a uma classificação feita a partir de seu valor nutricional, em dietas estipuladas por nutricionistas. Como vai servir geralmente para o preparo direto de refeições não é, por obrigação, avaliado por padrões meramente estéticos e ainda mais de tamanho, já que tudo é comercializado a partir do seu peso. Claro, seja na feira ou nessas entregas, o produto sempre vai ter que atender às exigências sanitárias, tem que estar em estado de conservação apropriado ao consumo humano”, exemplifica João Fonseca.

Diversificação
Diretor-presidente da Cohidro, José Carlos Felizola considera válido que os agricultores diversifiquem suas produções, avaliando tanto o surgimento de novos pontos de venda quanto à alternância na atividade rural para competir melhor no mercado. Para ele, ainda existe a importância de alternar o status de Sergipe de consumidor para produtor da fruta, deixando de contribuir só com 0,63% da produção nacional, mesmo o Brasil sendo o segundo maior produtor mundial de mamão.

“Não tem como todo mundo produzir a mesma coisa sempre, simplesmente por ser menos complicado ou uma tradição herdada de família. Assim chega a um ponto de ter que baixar o preço de venda para competir com tanto produto igual no mercado. O Governo do Estado, por um lado dá incentivo na irrigação, na assistência, mas contribui criando pontos de comercialização. Foi assim com o novo Mercado Municipal de Lagarto e em breve teremos duas novas ‘Ceasas’: em Itabaiana, obra do Proinveste, e em Canindé de São Francisco, construída em área da Cohidro. Então, vai aumentar a demanda por mamão e demais gêneros que hoje boa parte vêm de fora. Mais um motivo para investir nesse tipo de produção e gerar renda aqui dentro”, acredita Felizola.

Ampliando o plantio
Josenaldo Da Silva Leal também tem 0,5 ha plantados da variedade havaí no Perímetro Piauí, aonde já começou a colher há 6 meses. Incentivado pelos resultados obtidos, já iniciou nova área. “Acabei de fazer uma colheita desse lote que plantei há 12 meses e tem mais duas plantadas: uma parte iniciada faz 2 meses e a outra há 15 dias, totalizando mais 1 tarefa (0,33 ha) plantada de mamão. Ouvi dizer que era bom e decidi experimentar. Gostei e vou continuar plantando”, comemora o produtor que consegue vender sua produção por até R$ 40 a caixa, utilizando a fertirrigação por microaspersão.

Gerente do Perímetro Piauí, Gildo Almeida Lima informa que gradativamente a produção de mamão só tem aumentado e que os técnicos da Cohidro incentivam a adoção da cultura. “Hoje temos seis produtores irrigantes no Perímetro que aderiram a produção da fruta. Juntando cada uma destas plantações, totalizamos 2 ha plantados com mamão. A tendência é aumentar, conforme for o sucesso de cada produtor que já plantou”, analisa.

Governo do Estado amplia fornecimento de água para sergipanos na zona rural

Inve

Sistemas de abastecimento instalados em poços da Cohidro solucionaram carência por água potável em regiões fora do alcance redes de distribuição

stimentos realizados pelo Governo do Estado estão garantindo maior acesso à água no interior sergipano. Seja em comunidades rurais ainda sem fontes de abastecimento, ou em regiões afetadas pela seca e sem reservas hídricas para o gado, a Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), neste ano dispôs de R$ 2 milhões do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza (Funcep), para investir na compra de materiais de perfuração para 20 poços, instalação de quatro sistemas de abastecimento e a recuperação de 12 barragens de médio porte, beneficiando cerca de 20.000 pessoas em 22 municípios sergipanos.

São recursos oriundos do convênio entre o órgão e a Secretaria de Estado Inclusão e Assistência Social, do Trabalho e dos Direitos Humanos (Seidh). O trabalho nas barragens foi concluído e agora estes reservatórios estão acumulando água das chuvas de inverno, para uso no próximo período de estiagem nessas áreas onde, em 2016, foi decretado estado de emergência devido à seca e que atendem, principalmente, a dessentação animal, em rebanhos que são a geração de renda para 9.978 moradores da zona rural.

No último dia 9, o vice-governador Belivaldo Chagas, em Simão Dias assinou ordem de serviço para começo das obras que vão construir quatro sistemas de armazenamento e distribuição de água para consumo humano no Assentamento Maria Bonita e no Povoado Sítio Alto, naquele município, atendendo 217 pessoas. O mesmo vai acontecer nos povoados Saco Grande e Piabas, em Lagarto. Neste último, a infraestrutura vai poder também abastecer a comunidade vizinha de Candeal das Cajazeiras, totalizando o benefício para cerca de 800 pessoas no município.

“Quando a gente investe no campo, a gente tem a garantia de desenvolvimento do estado, afinal de contas, quando falamos dos pequenos agricultores, os agricultores da agricultura familiar, são eles que produzem os alimentos que levamos à mesa em nossas casas. Então é preciso que a gente dê condições de trabalho para eles. Quando trabalhamos em benefício do campo, também fazemos com que o município como um todo tenha desenvolvimento. Porque o que se produz lá gera uma cadeia produtiva e, além, de ajudar os agricultores, ajudamos a economia local e do estado”, disse Belivaldo, no ato em que distribuiu 28 mil quilos de sementes de feijão e milho, material forrageiro para pequenos criadores e a reforma do Terminal Rodoviário de Simão Dias.

Segundo o diretor de Infraestrutura e Mecanização Agrícola da Cohidro, Paulo Henrique Machado Sobral, a atuação da Empresa tem se adaptado à realidade de cada município, buscando parcerias, como esta na Seidh e com as prefeituras. “Nos dois sistemas de abastecimentos em Simão Dias, as obras incluem a implantação de tubulação que vai ampliar e interligar a uma rede pré-existente, permitindo com que a água chegue até as casas dos moradores desses povoados”, informou. Complementando que os recursos do Funcep ainda vieram por contribuir na perfuração de 20 poços comunitários em Poço Redondo, Lagarto, Simão Dias, Moita Bonita, Umbaúba, Neópolis, Rosário do Catete, Siriri, Santa Rosa de Lima, Aquidabã, Santa Luzia do Itanhy, Boquim, assistindo aproximadamente 10 mil pessoas.

Programa de Recuperação de Barragens

As reformas ocorreram nos povoados Alagadiço, em Frei Paulo; Serra da Guia e Queimadas, em Poço Redondo; Poço dos Bois, em Cedro de São João; Mancinha, em Carira; Montes Coelho, em Tobias Barreto; Aningas, em Nossa Senhora da Glória; Lagoa de Dentro, em Gararu. E também nos assentamentos Paulo Freire, em Porto da Folha; Francisco José dos Santos, em Poço Verde; João Pedro Teixeira, em Canindé do São Francisco e na sede do município de Nossa Senhora de Lourdes.

As barragens recuperadas pela Cohidro neste ano dão sequência às ações iniciadas em 2012, quando foi lançado o Programa de Recuperação de Barragens. Antes, foram mais 1.800 dessas aguadas recuperadas, incluindo barragens particulares de pequenos criadores de gado que assinaram termo de compromisso, de compartilhar a água com os vizinhos, para poder receber o benefício. Mas também, nestes quatro anos anteriores, ocorreram obras em 20 barragens de médio porte, iguais às 12 reformadas em 2017. José Carlos Felizola, diretor-presidente da Companhia, acredita que essa ação garante maior autonomia ao homem do campo, dando uma sobrevida à criação que é seu sustento.

“No Sertão, quando as chuvas vão embora, a água dos pequenos barreiros, que todo criador abre no lote, logo acaba. Essas barragens maiores e coletivas criam uma reserva emergencial de água para que o vaqueiro leve seu gado lá ou puxe água de carroça. Muitas vezes a assistência vai para longe, outro município e não muito raro esses reservatórios, que nós recuperamos, abastecem até regiões da Bahia, como nos foi revelado em Glória e Carira. Em outros casos, o uso da água é múltiplo, como em Cedro de São João, onde a Barragem do Algodão abastece as criações, casas, serve para pescar e atrai gente de longe, para o lazer”, assinalou Felizola.

Nas obras, o trabalho das máquinas consiste em limpar os sedimentos depositados no fundo das barragens, assoreadas pela erosão e pela terra trazida pelas enxurradas. Barreiras de proteção são reforçadas e também, quando é possível, há a retirada de terra para aumentar o leito do reservatório. O conjunto de ações sempre amplia e muitas vezes até dobra a capacidade de acúmulo, fazendo com que esses depósitos emergenciais água durem por um maior período assistindo o sertanejo.

Assentado no Paulo Freire desde 2001, José da Silva Pereira cria 80 cabeças de gado em seu lote e disse que todos na comunidade utilizam da barragem reformada pela Cohidro para a dessedentação animal. “Quando tem água aqui, é a fonte mais certa. Aqui é assim, quando está chovendo, todo mundo utiliza as barragens pequenas dos terrenos, né? Mas aí quando o verão pega, todo mundo vem para cá. Alguém de fora pega, mas é para gado também. Eu estou achando muito bom (a obra), aqui está aumentando muito a barragem e como vai encher agora, vai durar mais para secar, né? Um dos benefícios maiores que a gente está recebendo aqui, nesse período seco. Uma barragem grande, é muito viável aqui para gente”, afirmou.

 

Milho verde irrigado pela Cohidro vai colher mais de 4 milhões de espigas em junho

De agora em diante, todo dia é dia de colheita de milho verde, até chegar o dia de São Pedro. 

Irrigação permite plantar o milho em qualquer época do ano e fazer chegar ao mercado antes do período junino – Foto Fernando Augusto (Ascom/Cohidro)

Em dois dos principais perímetros de irrigação pública do Governo do Estado, a expectativa é a de colheita de 4.137.550 espigas em junho. Em Lagarto e Canindé de São Francisco a Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) garantiu água para a plantação de 124,7 hectares (ha), quase todos os 754 lotes assistidos pela empresa nesses locais reservaram uma parcela de terra para plantar milho, garantindo o produto antes mesmo da demanda dos festejos juninos. Essa oferta regulou os preços ao consumidor, que podem variar de R$ 40 à R$ 70 o cento, dependendo da quantidade, variedade e região, em que se compra.

Segundo o diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrícola da Cohidro, João Quintiliano da Fonseca Neto, esta produção nos demais perímetros de irrigação pública estadual só não foi maior devido à falta de chuvas em 2016. “A reposição de nossos reservatórios, que dispõe água para irrigar as barragens de cinco dos seis perímetros irrigados da Cohidro, não ocorreu no ano passado, devido à pouca chuva. O déficit hídrico repercutiu neste ano, em que tivemos que racionar água em Tobias Barreto e suspender em Itabaiana, nos perímetros Jacarecica I e da Ribeira (65km e 50km da capital). Nesses dois últimos, os produtores não puderam plantar milho verde pela incerteza de quando a chuva iria devolver a capacidade de irrigar regularmente. Salvo em Lagarto, em que as primeiras chuvas do ano foram suficientes para recuperar a barragem e em Canindé (213Km de Aracaju), que depende unicamente das águas do São Francisco para irrigar”, constatou João Fonseca.

José Carlos Felizola, diretor-presidente da Cohidro, considera o quadro positivo, já que a chuva veio em boa hora para recuperar as barragens e garantir a produção de milho verde. “A tradição seguida por quem não tem irrigação para produzir o ano inteiro, é a de plantar no São José para colher no São João e as chuvas deste ano chegaram na hora certa, permitindo que isso fosse possível acontecer. Mesmo se os nossos perímetros não tivessem recebido esta recarga d’água para irrigar e aumentar a oferta de milho em junho, foi também possível plantar sem precisar irrigação. Só não foi maior a produção de milho nos perímetros, por que a chuva demorou chegar ao Agreste, agravante que prejudicou os plantios dos nossos perímetros em Itabaiana”, lamentou.

A diferença entre depender só da chuva, que iniciou este ano farta, e de ter a irrigação, o agricultor irrigante do Perímetro Irrigado Piauí, José Roberto de Jesus, sabe bem. “Antes era mais complicado, porque não tinha irrigação e a gente esperava o período da chuva. Hoje, com a irrigação, a gente já pode plantar antes de São José, já vai molhando, tem água o suficiente, já facilita a colheita, mais”. As vantagens que o serviço oferecido pelo Governo do Estado promovem vão muito além de não precisar esperar a chover para plantar. “É, exatamente, não necessita tanto da chuva. Fica mais independente para o agricultor. Sempre melhora a produção, sempre dá espiga melhor. Fica bonito, não é?”, analisa o agricultor que plantou 2,64 ha de e antes mesmo de dar julho, estava colhendo milho verde em Lagarto.

Canindé
No Perímetro Irrigado Califórnia, o milho do período junino saiu da lavoura por até R$0,50 a espiga e neste ano foram plantados 90,775 ha pensando nos festejos, o que pode render, aproximadamente, a colheita de 2,95 milhões de espigas. Mesmo se não houver procura para todo este milho, ele pode vir a ser usado junto da palhada para a ração animal. José Leidison dos Santos é um dos agricultores irrigantes em Canindé que promove as três formas de comercializar o milho: a espiga, a palhada e o pé inteiro, para forragem. Para ele, essa flexibilidade garante mais segurança de plantar e ter certeza de que irá vender.

“O milho proporciona tudo, várias coisas. Nem penso no São João, que é só naquela época, a gente pensa no decorrer do ano inteiro, porque para a gente tanto faz a ração, quanto faz a espiga”, avalia Leidison. Mesmo assim, ele considera a venda da espiga mais vantajosa financeiramente, embora a forragem com a espiga junto tenha um valor de mercado diferente.“Tem, porque na hora que você for tirar a espiga, ela (a forragem) não tem peso, diminui bastante, mais o menos uns 50%.Se você quer uma ração com a espiga, você vai pagar ela no peso”.

Lagarto
Segundo o gerente do Piauí, Gildo Almeida Lima, já em março foram plantados 25,63 ha de milho, em abril, 8,30. Cada hectare produz de 20 a 25 toneladas e isso vai corresponder à 1.187.550 espigas colhidas. “De agora em diante, no perímetro da Cohidro de Lagarto, todo dia é dia de colheita, até chegar o dia de São Pedro. Aqui o preço varia de R$ 40 à R$ 50 o cento e sai a R$ 0,50 a unidade, no varejo”, informou. Ele disse que toda esta produção ainda gera, também em Lagarto, uma boa produção de ração animal. “25 toneladas de matéria fresca, palhada para ser utilizado com forragem”, acrescentou.

Raimundo Rocha de Araújo, adquiriu a produção de um lote de 0,66 ha, plantados com milho pronto para o consumo verde, no Perímetro Piauí. Pagou por ele R$ 3,5 mil e vai arcar com o custo de colheita e distribuição. Pagaria R$ 5 mil, se não houvesse um ataque de lagarta na plantação, já que sem isso, a área produziria 23.100 espigas, mas nessa lavoura colheu 17 mil sadias. “Vendo à R$45 o cento, para quem for revender e estou fazendo 7 espigas por R$5 no varejo”, informou.

Produtores assistidos pela Cohidro participam da Feira de Produtos Orgânicos

Dona Dicuri é quem comparece às feiras para vender os produtos gerados no lote familiar em Lagarto – foto Fernando Augusto (Ascom/Cohidro)

Casal de agricultores orgânicos, Josileide Martins de Carvalho Nascimento e Delfino Batista são assistidos pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) no Perímetro Irrigado Piauí, em Lagarto e foi convidado para comercializar seus alimentos, na primeira edição da Feira de Produtos Orgânicos, realizada no Parque da Sementeira, em Aracaju. A depender dos resultados, o evento tem pretensão de ser semanal, mas desta vez foi parte da edição 2017 da Semana do Alimento Orgânico, organizada pela Comissão de Produção Orgânica de Sergipe (CPOrg-SE) e Sebrae-SE, de 31 de maio à 4 de junho.

Lá no Perímetro Irrigado Piauí, 69km da Capital, os agricultores familiares trabalham em um lote de 4,2 hectares, que recebe água para irrigação do sistema de distribuição mantido pelo Governo do Estado, administrado pela Cohidro. Desde a fundação do polo agrícola, 30 anos atrás, que Delfino e Josileide (mais conhecida como Dona Dicuri), agricultam esta terra e há 7 decidiram optar para a conversão dos plantios ao método agroecológico. Esta mudança se deve, segundo eles, ao incentivo recebido nas visitas, reuniões, palestras e viagens técnicas promovidas pela assistência técnica rural, também oferecida pela Companhia.

Hoje, a agro-família faz parte da uma Organização de Controle Social (OCS), grupo que após ser registrado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), passou a ter a autorização para comercialização de produtos orgânicos diretamente ao consumidor e permite que possam participar de feiras, como esta realizada no sábado, dia 3. Com eles, existem outros 10 produtores orgânicos no Perímetro Piauí, da mesma forma produzindo para atender o mercado local e acessando pontos de venda em Aracaju. Se for fixada como semanal, a feira do Parque da Sementeira se tornará mais uma alternativa de escoamento da produção destes estes irrigantes.

Segundo o chefe da Divisão de Política e Desenvolvimento Agropecuário na Superintendência Federal de Agricultura, André Barretto Pereira, que representa o Mapa na CPOrg-SE, “essa feira é realizada com pequenos produtores, que são cadastrados no Mapa. Esses agricultores, ao se cadastrarem, recebem uma declaração de produtor orgânico que permite que eles façam a venda de forma direta, em pequenas feiras ou através de entrega em domicilio de cestas de alimentos para o consumidor. É uma relação direta entre o vendedor e o consumidor, sem o atravessador, isso faz com que o preço do produto orgânico, que muitas pessoas acham que ele é mais caro que o convencional, reduza o seu valor do intermediário”, explica.

Enquanto Delfino e os filhos cultivam a terra em Lagarto, Dona Dicuri atua comercializando em Lagarto e também nas Feiras da Agricultura Familiar em Aracaju, como as realizadas nas sedes das secretarias de estado da Mulher, da Inclusão e Assistência Social, do Trabalho, dos Direitos Humanos e Juventude (Seidh) e de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh). “É muito bom quando a gente recebe o convite para participar da Feira, isso porque a Cohidro da assistência à nós, muito bom. Trabalhar com produtos sem agrotóxicos é bom demais, é tudo sadio e com o apoio da Cohidro, é ainda melhor”, considera a produtora.

Diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrícola da Cohidro, João Quintiliano da Fonseca Neto, reitera que que é uma das políticas da Empresa, o incentivo à produção de alimentos sem o uso de agrotóxicos, principalmente naqueles casos onde a lavoura é uma extensão da residência familiar. “Optando por não usar esse tipo de defensivos, utilizando técnicas alternativas de tratos culturais, ganha o agricultor e toda família que o ajuda na terra, pois não há riscos de contaminação. Seja ela diretamente ao manusear os produtos, ou da água e dos alimentos que eles consomem, sem falar de quem também venha adquirir e consumir da sua produção. Se torna um ciclo produtivo mais saudável”, defende.

José Carlos Felizola, diretor-presidente da Cohidro, concorda com a qualidade de vida que ganha quem decide produzir ou consumir os orgânicos. Mas acredita ainda que a agricultura orgânica tem um potencial ainda por ser explorado, podendo melhorar a rentabilidade das pequenas produções agrícolas. “O produto livre de agrotóxico tem uma valorização no mercado de 50% a até 100%, em relação aquele alimento cultivado no modo tradicional, com agrotóxicos. Esta escolha, pelo orgânico, qualifica o produto do pequeno produtor rural para competir com ‘qualidade’, contra a ‘quantidade‘ ofertada pelo grande fazendeiro”, argumenta.

Feira de Produtos Orgânicos
Luciana Oliveira Gonçalves hoje é coordenadora do CPOrg-SE e representante do Sebrae-SE na entidade que reúne membros de várias instituições públicas ou associativistas, à exemplo da Cohidro. Ela explica que a Feira faz parte da programação da Semana do Alimento Orgânico, que acontece todos os anos, sempre na última semana do mês de maio. No entanto, existe a possibilidade de que a Comissão a transforme em um evento fixo e periódico.

“Dependendo da resposta dos consumidores, do pessoal que venha aqui na feira hoje, a gente analisa as condições para poder manter essa feira aqui aos sábados. Ela tem o objetivo de estar trazendo esses produtos orgânicos, para que os consumidores tenham acesso, porque a gente sabe que tem uma certa dificuldade. E estar podendo beneficiar também, os agricultores que a gente sabe da dedicação deles, do trabalho árduo que eles vêm fazendo. Principalmente agora, nesse período de seca que teve uma grande dificuldade e a gente trouxe para cá, justamente para fazer essa interligação e dar acesso ao mercado, e eles poderem estar comercializando seus produtos”, relatou Luciana.

José Nilton de Souza é empresário e foi até a Feira do Produtos Orgânicos acompanhado da esposa, Dolores, para adquirir alimentos dos produtores-feirantes. Para ele, são vários os benefícios do consumo dos orgânicos, para o indivíduo e para a comunidade. “É de fundamental importância, porque além da gente consumir um produto de qualidade, faz muito bem a saúde e a saúde hoje é primordial, em qualquer situação, tanto na situação política, na situação ambiental. Só em viver livre de agrotóxicos, isso é de muita importância para nossa população. Estão de parabéns”, felicita ele, aos organizadores do evento, assim como os agricultores empenhados na produção desses alimentos.

Mandioca cultivada no Perímetro Piauí

O programa Sergipe Rural, da Aperipê TV, mostrou na edição deste sábado, produção de mandioca realizada dentro do Perímetro Irrigado Piauí, administrado pela Cohidro em Lagarto.

O produto é praticamente todo destinado às cerca de 20 casas de farinha existentes dentro do Perímetro, onde a farinha de mandioca e de tapioca são o resultado desta manufatura.

Última atualização: 6 de maio de 2021 18:57.

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