Perímetros irrigados do Governo de Sergipe garantem produção de amendoim durante todo o ano

Agricultores abastecidos pelo Perímetro Piauí, em Lagarto, estão no período de colheita e celebram bons rendimentos com o plantio

O amendoim é uma das culturas mais relevantes para a segurança alimentar em Sergipe, sendo um dos itens mais produzidos e consumidos no estado. Ao contrário do que acontece em outros estados do país, onde há maior produção e consumo em meses como maio e junho, em decorrência dos festejos juninos, em Sergipe, a produção é contínua, muito por conta da alta demanda. Para suprir essa necessidade, os perímetros irrigados administrados pelo Governo de Sergipe têm papel fundamental, tanto para o cultivo quanto para o apoio aos pequenos produtores que dependem dessa cultura. 

De janeiro a agosto deste ano, os perímetros de Jacarecica I (Itabaiana) e Piauí (Lagarto), por exemplo, colheram um total de 73,25 hectares de amendoim, 25,6% a mais que no mesmo período de 2024, produzindo 310 toneladas de vagens para cozimento, também 31% a mais, e a produção rendeu R$ 1.752.790 aos agricultores irrigantes, 27% maior que no mesmo recorte do ano anterior. 

No município de Lagarto, a produção continuada no Perímetro Irrigado Piauí, que existe desde 1987, tem sido essencial para os produtores. Para eles, sem esse abastecimento fornecido pelo governo, a produção ficaria comprometida, sobretudo do amendoim cozido, declarado patrimônio cultural e imaterial de Sergipe em 2021. 

No ano passado, nos cinco perímetros irrigados administrados pela Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), foram cultivados 169,4 hectares de amendoim, o que equivale a 794,6 toneladas de vagens para cozimento. A produção rendeu R$ 4.475.772,00 aos agricultores irrigantes, somente com esta leguminosa. 

O diretor de Irrigação da estatal, Júlio Leite, explica que o cultivo do amendoim é incentivado nos perímetros por oferecer um conjunto de benefícios que vão além da produção. “Como a produção sergipana é praticamente toda destinada ao amendoim cozido, nos perímetros há sempre produtores que cozinham a sua e a produção dos vizinhos, agregando valor ao produto, que já sai do perímetro pronto para o consumo, gerando mais renda para a agricultura irrigada. Outra vantagem é que o amendoim é uma ótima cultura de transição, fixando nutrientes e conservando a qualidade do solo para a próxima lavoura a ser plantada na mesma área”, enfatizou.

Bons rendimentos
Com a chegada do final do ano, produtores como Antônio Barbosa, de 22 anos, que administra com a família uma propriedade de 4,8 hectares, estão em período de colheita. “Tudo que tenho hoje, como carro e casa, eu tirei da roça. Aliás, minha família toda também construiu bens assim. Estamos no período da colheita para vender para a cidade porque os amendoins já estão maduros. Se fosse na época dos meus pais, quando não havia o perímetro, muito provavelmente a gente plantaria poucos dias antes do inverno e aguardaria a chuva”, declarou o produtor, que precisou contratar funcionários para ajudá-lo na colheita.

O lavrador lembrou, também, que antes do perímetro irrigado a população se restringia apenas às culturas de fumo e mandioca, em Lagarto, diferentemente do que ocorre hoje, quando uma mesma propriedade consegue trabalhar o ano inteiro com, pelo menos, cinco tipos de culturas diferentes. “Naquela época, além da cultura ser limitada, ainda tinha que esperar o tempo certo de plantar”, completou. 

Para implantar o perímetro irrigado, o Governo do Estado construiu a barragem, deu infraestrutura aos lotes, que é o ponto de água, e daí para frente o produtor assumiu a responsabilidade da produção, sempre com o apoio dos técnicos agrícolas da Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse). “O perímetro irrigado modificou a economia da cidade porque deu para introduzir mais culturas, que podem ser produzidas o ano inteiro”, acrescentou Antônio.

O lavrador Raimundo Lisboa, mais conhecido como Cacá, também reconhece a importância da estrutura para os produtores, que, segundo ele, possibilitou o envio de seus dois filhos à faculdade. “Com o que produzi aqui, hoje tenho um filho policial militar e outro dentista”. 

Variedades de culturas
Sua propriedade de 2,1 hectares está no período de replantio de amendoim. “Já colhemos e estamos plantando novamente, mas temos outras culturas aqui também, inclusive milho. Com o perímetro irrigado, não estou restrito a um tipo específico de cultura, posso plantar a qualquer momento ao longo do ano. Normalmente cultivo uma tarefa [0,33 hectares] aproximadamente de amendoim. Na última colheita tive 237 medidas [baldes de 12 litros], o que me rendeu cerca de R$ 2 mil de lucro. O amendoim leva três meses para ser colhido, então é possível plantar novamente. Ou seja, não há um longo intervalo. Não há necessidade de alternar a terra”, relatou o agricultor de 60 anos de idade, que atua na região desde a implantação do perímetro irrigado em Lagarto.

Francisco Saturnino dos Santos, o Chiquinho de Neusa, segue a mesma lógica de Raimundo: sua propriedade abastecida pelo perímetro irrigado lhe rendeu bens e investimentos para a família. Apesar dos 82 anos de idade e já estar aposentado, ele segue com a produção junto de dois, dos cinco filhos. “Minha propriedade mede 25 tarefas [7,5 hectares] e aqui tem de tudo. O amendoim são meus dois filhos que estão plantando, mas continuo trabalhando com eles. Inclusive, o nosso amendoim já está bom de colher”, pontuou o produtor, que afirma tirar, em média, R$ 5 mil de lucro por colheita.

O agricultor Aguinobaldo José do Nascimento, o Badinho, também vive do que produz, e prepara o filho de 23 anos de idade para dar sequência ao legado da família. “Tenho duas tarefas [0,6 hectares] de terra dentro do perímetro. Como o amendoim já está maduro, devo colher, no máximo, em 30 dias. É uma cultura muito fácil porque dentro de três meses ele já está maduro e aparece logo gente para comprar. O perímetro irrigado foi uma das melhores coisas para o produtor. Se não tivesse irrigação, não teríamos como plantar. Só poderíamos plantar para colher no inverno, no São João. Mas nós plantamos para colher o ano inteiro”, garantiu. 

Perímetro irrigado
A Coderse gerencia o perímetro irrigado em Lagarto fornecendo água e assistência técnica, que inclui suporte para a aplicação de novas tecnologias como fertirrigação e plasticultura. O perímetro produz uma grande variedade de culturas, como milho verde, abóbora e tomate, e tem como objetivo fortalecer a economia local e estadual, gerando emprego e renda para os agricultores. 

A produção agrícola no Perímetro Irrigado de Lagarto tem apresentado bons resultados. Em 2024, a produção total foi de 11 mil toneladas, um aumento significativo em relação ao ano anterior, impulsionada em parte pela melhora na infraestrutura do sistema, como a entrega de novas motobombas.

Atualmente, a Companhia administra seis perímetros: Califórnia (Canindé do São Francisco), Jabiberi (Tobias Barreto), Jacarecica I (ltabaiana), Jacarecica II (Malhador, Areia Branca e Riachuelo), Piauí (Lagarto) e Poção da Ribeira (Itabaiana).

Governo do Estado incentiva à diversificação de culturas agrícolas na irrigação pública

Com oferta de água durante todo ano, Coderse dinamiza atividade rural em seus perímetros

Valmir de Oliveira está cultivando abacateiros para diversificar a produção do seu lote irrigado no Jacarecica II // Foto: Fernando Augusto /Coderse

Aumentar o número de espécies e variedades frutíferas, e ampliar a área produtiva com o uso da irrigação localizada.  A partir do incentivo do Governo do Estado, essa foi a forma que o agricultor Valmir de Oliveira encontrou para diversificar a produção do seu lote, no Assentamento Marcelo Déda, e que também está inserindo no Perímetro Irrigado Jacarecica II, em Malhador, agreste central sergipano. Com as mudanças, o irrigante busca produzir por um período maior do ano, de olho no mercado e menos dependente de mão de obra extra.

Colaboraram com as mudanças que estão sendo feitas no lote de Valmir, o fornecimento de água permanente a assistência técnica da Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri) e que administra o Jacarecica II. Ele iniciou a ampliação da área irrigada, com novos pomares, mas precisou do apoio da empresa pública para completar os equipamentos necessários, como mangueiras e microaspersores.

“Estou trabalhando na busca de alternativas. No passado, tivemos até 2.250 pés da acerola ‘sertaneja’. Hoje a gente reduziu essa quantidade. Mas entramos com as variedades de acerola ‘okinawa’, que é de período frio, como também a variedade ‘junco’. Colocamos, abacate, sapota, goiaba, cana, coco e estamos pensando em diversificar mais ainda. Porque aí tem mercado, esporadicamente, durante todo o ano. Eu não tinha ainda o equipamento para a irrigação, não tinha o recurso, em épocas difíceis. E graças a Deus a Coderse liberou o material para pôr irrigação em outras partes aqui do sítio. Só foi possível ter essa diversidade por conta da irrigação”, pontuou o agricultor Valmir.

Coordenador Operacional na Diretoria de Irrigação da Coderse (Cope/Dirir), Roberto Marques Santos conta que, a partir das visitas de campo que faz no Jacarecica II, tanto soube da condição de Valmir de Oliveira como também foi motivado a ajudá-lo por outros irrigantes. “O senhor Valmir regava as frutas com um regador manual e aquilo ali me chamou a atenção. O nosso diretor (de irrigação, Júlio Leite) me colocou como prioridade que viesse até o lote e identificasse as necessidades dele para que pudesse melhorar a irrigação. À água, ele tinha acesso. Então Coderse ainda cedeu a ele todos os equipamentos necessários para ele fazer a irrigação de microaspeção, que é mais econômica e permite irrigar uma área maior”.

Diversificação

A acerola é originária das américas do sul e central, do clima tropical. Mas a variedade ‘okinawa’ é batizada com o nome da província japonesa onde foi desenvolvida e por isso, se adapta e produz em período frio do inverno sergipano. Com isso, Valmir de Oliveira tem agora um período maior com oferta do produto ao mercado. Tanto a ‘okinawa’ como a ‘junco’, também produzem frutos maiores, o que facilita a colheita. “É muito difícil hoje você encontrar a mão de obra para fazer a colheita de acerola. Tivemos algumas perdas e resolvemos começar a mudar para frutos maiores, que tem uma ‘cata’ mais rápida. Nisso se inclui o abacate, a sapota, entre outros que ainda virão”, avisa o agricultor.

Diretor de Irrigação da Coderse, Júlio Leite afirma que em todos os perímetros irrigados estaduais, um dos papeis da assistência técnica agrícola é incentivar a adoção de alternativas à monocultura, ou seja, que o irrigante não trabalhe só  com um tipo de cultivo. “Basta uma praga, uma doença, o mercado fazer o preço daquele produto despencar — ou  a debandada de mão de obra, que foi o caso do senhor Valmir — para que a atividade econômica daquele agricultor entre em dificuldades. Isso vale para a acerola, para o quiabo e outras culturas que atraem mais o produtor, por conta do bom preço de venda”, analisa. 

Filho de Valmir de Oliveira, Marcos Vinícius Freitas trabalha com o pai no lote no perímetro Jacarecica II. Ele exemplifica a dinâmica, de produzir e colher durante todo ano, que perímetros irrigados oferecem aos seus beneficiados. “Quando está em uma época de verão, geralmente a gente colhe a acerola ‘sertaneja’. Quando chega na época do inverno, já vai mudando, porque a sertaneja não produz com muita chuva. Aí troca para a acerola ‘okinawa’, entre outras: goiaba, a sapota, os cocos, os abacates que tem agora. E a gente vai fazendo essa diversificação, para se manter no mercado”, conclui agricultor.

Barragem da irrigação pública estadual está em capacidade máxima e anima produtores de leite em Tobias Barreto

Bom nível dos equipamentos contribui para aumento da produção leiteira no estado

Barragem do Jabiberi tem capacidade de acumular 4.300.000m³ de água e verteu, no fim de outubro, pela segunda vez no ano / Foto: Dirir/Coderse

Durante as chuvas moderadas na última semana, a barragem do Perímetro Irrigado Jabiberi verteu pela segunda vez no ano e está em sua capacidade máxima. Mantido pelo Governo do Estado, em Tobias Barreto, município do centro-sul sergipano, o perímetro tem vocação à pecuária leiteira, a partir da irrigação, que gera alimento para o gado. De janeiro a outubro de 2025, foram produzidos mais de três milhões de litros de leite, número que já supera o resultado de todo o ano de 2024 (2.389.493 litros). A produção foi industrializada no próprio perímetro e gerou R$ 10,6 milhões para a comunidade.

Para os agricultores irrigantes assistidos e a Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), empresa vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri) e que administra o Jabiberi, a barragem cheia representa mais segurança para produzir com irrigação, até o próximo inverno. 

De acordo com o diretor de Irrigação da companhia, Júlio Leite, foi em 21 de maio que a barragem do perímetro Jabiberi verteu pela primeira vez no ano. “As outras quatro barragens para irrigação da Coderse também encheram na mesma época e hoje estão em um patamar próximo ao volume máximo, apresentando uma situação de estabilidade da irrigação, nos seis perímetros estaduais”, disse, ao observar que essa condição não desobriga a empresa do controle permanente ao desperdício de água. 

Ainda segundo ele, é constante o trabalho de acompanhamento, manutenção e reparo das redes de distribuição de água de irrigação nesses perímetros, em tubulações e canais. “Tanto quando é um reparo para retomar a distribuição, ou quando o vazamento não afeta a distribuição”, detalhou Júlio Leite, explicando, ainda, que as reservas são importantes para garantir que o produtor tenha água suficiente para produzir alimentos durante o ano inteiro. 

O diretor exemplifica os reparos recentes nas adutoras de 600 milímetros (mm) e 1.200 mm, do perímetro Jacarecica II, no início deste mês de outubro, com parada programada e concluídos antes do prazo. Também foi realizado conserto emergencial da adutora de 800 mm do perímetro Poção da Ribeira, em Itabaiana, no agreste central sergipano, nesta semana. “O reparo na Ribeira sanou o vazamento, contendo a perda de água, e restabeleceu a distribuição aos 466 irrigantes atendidos pela Coderse”, ressaltou Júlio Leite. 

Presidente da Associação dos Pequenos Criadores do Perímetro Irrigado de Jabiberi, João Sousa Santos trabalha com a produção de leite há seis anos, em um lote do perímetro, e conta com um rebanho de 12 animais em produção. Ele disse que, geralmente, no fim de outubro, o nível da água da barragem já estaria mais baixo. “Neste ano, graças a Deus, está vertendo a barragem. Isso dá tranquilidade para nós trabalharmos e fazer a irrigação dos lotes. É uma benção de Deus. É uma riqueza para nós. A gente depende da água da barragem para irrigar, para nascer capim para os animais”, detalhou João Sousa.

Vocação leiteira 

Diferente dos outros cinco perímetros estaduais, o Jabiberi tem quase a totalidade dos seus 76 lotes dedicada à formação de pastagens irrigadas, onde é adotado o sistema de rodízio de piquetes, ou produzindo material forrageiro de corte para alimentação do gado. A produção parcial deste ano, quando é convertida na fabricação de queijo, corresponde a mais de 321 toneladas do alimento que, ao ser comercializado, gera R$ 10,6 milhões de renda em Tobias Barreto.

A confiança do produtor nos serviços da Coderse contribuiu para o aumento da produção, e mais garantia de água para irrigar e a assistência técnica fizeram aumentar o tamanho do rebanho do Jabiberi. O número de animais saltou de 650 em 2024, para 1.100 vacas em lactação em 2025. Outro incentivo à produção de leite no perímetro neste ano foi a emissão do registro no Serviço de Inspeção Estadual (SIE) ao laticínio instalado no Jabiberi no início de 2025, que absorve praticamente toda a produção local. O documento emitido pelo Governo do Estado, por meio da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro), autoriza o laticínio Serra do Canine comercializar sua linha de produtos em todo território sergipano. Com o SIE, a empresa expandiu o mercado do laticínio e aumentou a demanda pelo leite dos irrigantes.

Irrigação pública estadual incentiva geração de renda nos programas de aquisição de alimentos

Em 2025 a Coderse assessorou seis propostas ao PAA em perímetros irrigados estaduais e cinco estão entre os 10 melhores ranqueados pela Conab
Ozéias Bezerra está entregando tomates para o PNAE e aguarda autorização da Conab para entregar este e outros produtos ao PAA // Foto: Fernando Augusto (Ascom Coderse)

Incentivo à agricultura familiar e segurança alimentar, os programas de compra institucional de alimentos têm campo fértil nos perímetros irrigados estaduais. Em 2025, irrigantes de Canindé de São Francisco, no alto sertão sergipano, estão entregando hortaliças para a merenda escolar. Eles também conquistaram o primeiro lugar no ranqueamento das propostas sergipanas ao Programa de Aquisição de Alimentos, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), na modalidade ‘compra com doação simultânea’.

Ao todo, foram selecionadas seis propostas ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) de agricultores assistidos pela Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri). Cinco desses projetos estão entre os dez mais bem ranqueados pela Conab. São 148 irrigantes que propõem entregar, durante um ano, 382 toneladas de alimentos para benefício de 21.500 pessoas em situação de insegurança alimentar.

Com as seis propostas sendo efetivadas pelo Governo Federal, os agricultores assistidos pela Coderse com irrigação, assistência técnica agrícola e assessoria na formação de documentos e elaboração das propostas vão receber, ao todo, R$ 2.219.359,00 de remuneração, pelo cultivo desses alimentos. Iniciados os pagamentos, os técnicos da companhia estadual voltam a atuar no apoio ao controle das entregas e na prestação de contas à Conab.

Pela Associação dos Agricultores de Canindé de São Francisco (ASSAI) –  instituição melhor ranqueada no grupo da ampla concorrência do PAA em Sergipe – o irrigante Ozéias Beserra aguarda o sinal verde para começar a entregar os tomates, pimentões, abóboras e abobrinhas que ele já está cultivando no Perímetro Irrigado Califórnia. “A expectativa está sendo enorme. Já estamos nos preparativos de produção e plantio, só aguardando o recurso [federal] chegar para a gente começar as atividades.  A gente já está com a semente, esperando para plantar o repolho também”, afirma.

Diretor de Irrigação da Coderse, Júlio Leite informa que outras três associações do perímetro irrigado de Lagarto, uma do perímetro de Itabaiana e uma cooperativa de irrigantes de Malhador, são assistidas pela empresa pública e estão ranqueadas para, também, participar do PAA da Conab em 2025. “Desde 2008, a Coderse apoia seus irrigantes a participar do PAA e nesse tempo eles entregaram quatro mil toneladas de produtos da irrigação, para pessoas em insegurança alimentar em Sergipe. É uma forma de escoar a produção por um preço justo, fixo e por um período programado. O irrigante consegue fazer o uso integral de sua propriedade e gera uma renda melhor do que fosse colocar os produtos direto no mercado”, pontua.

Merenda escolar 
Por meio da Cooperativa de Fomento Rural e Comercialização do Perímetro Irrigado Califórnia (Coofrucal), Ozéias Beserra já está entregando os tomates que ele cultiva para a merenda das redes estadual e municipal de ensino, via Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). “A gente plantou tomate há alguns anos atrás. Agora, estamos retornando, por conta da chamada pública, com o município e com o Estado. A importância da assistência técnica da Coderse é boa porque nos orienta, ajuda a gente a trabalhar com tomate, ajuda no controle de doenças e de pragas, a gente tem uma experiência muito boa. Também ela nos fornece a água de inverno a verão, a gente não tem problema com água, e precisa de bastante água para a cultura do tomate”, relata.

O agricultor irrigante toca o seu lote no perímetro Califórnia com a ajuda dos três irmãos e um trabalhador rural contratado. Sem contabilizar as plantinhas ainda em fase de mudas, protegidas na estufa para crescer, Ozéias Beserra tem três lavouras de tomate em fases diferentes de desenvolvimento. Desta forma, ele pode fazer mais de uma colheita semanal e entregar o fruto por um período prolongado, como exige o PNAE. “A quantidade de tomate que a gente está produzindo hoje é baixa, ainda, fica variando entre dois mil e três mil quilos por semana. A importância do PNAE é porque ele tem um preço estabilizado, nem sobe nem desce, estabiliza em um preço que é justo para o produtor, o que incentiva a gente a trabalhar com o PNAE. Se não fosse assim, eu não plantaria o tomate porque é um produto que oscila muito de preço,hora sobe demais, hora ele abaixa muito e, como é uma cultura que não aguenta tempo [de prateleira], está no ponto de encolher. Se você pegar uma fase que o preço esteja baixo, a venda não cobre os custos de produção”, justifica Ozéias. 

Agricultores de Lagarto produziram quase 11 mil toneladas de produtos agrícolas em 2024, 116,5% a mais que no ano anterior

A Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe atende, com água de irrigação e assistência técnica, 421 unidades produtivas no perímetro Piauí

Há 38 anos a Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse) administra o Perímetro Irrigado Piauí, em Lagarto, no centro-sul do estado. Nesta sexta-feira, 25, os agricultores irrigantes do perímetro e toda a população rural lagartense teve acesso aos serviços que a empresa oferece em sua sede, em Aracaju, inclusive relacionados a perfuração e instalação de poços tubulares, enquanto os demais lagartenses conheceram mais esse trabalho realizado na irrigação pública, segurança alimentar, infraestrutura hídrica e dessalinização. Isso porque o Governo do Estado transferiu, simbolicamente, a capital de Sergipe para a sede do município por um dia, na 46ª edição do ‘Sergipe é aqui’.

Vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), a Coderse atende, com água de irrigação e assistência técnica, 421 unidades produtivas no perímetro Piauí. Juntas, elas colheram quase 11 mil toneladas de produtos agrícolas em 2024, aumento de 116,5% em relação ao ano anterior (5.100T). Em lavouras que utilizaram 430 hectares de área irrigada. O valor total dessa produção anual foi de mais de R$ 7,5 milhões, revertidos em renda para os agricultores.

Helenilson Santos é produtor irrigante no perímetro Piauí. Planta milho, feijão-de-corda, amendoim e batata-doce. Animado com o preço de venda desta última, de R$ 3,00 o quilo da raiz, o agricultor pretende fazer um novo cultivo em breve, usando microaspersão na sua propriedade irrigada. Hoje ele aplica os tratos culturais do milho verde que vai colher no período junino.

“A expectativa é muito grande, em parceria com a Coderse e a Secretária de Agricultura do município. Tivemos um movimento, para fazer com que a produção pudesse crescer ainda mais. Vamos com alegria, força e fé para que este ano a gente bata o recorde, mais uma vez, de produção. Além da água, temos todo o apoio técnico do pessoal da Coderse, todo o apoio psicológico; eles nos incentivam. Estamos unidos no campo com a Coderse para melhorar a qualidade de vida do ser humano”, colocou. 

Entre 2023 e 2024, houve um investimento de mais de R$ 2 milhões, em recursos do Estado, na manutenção elétrica, mecânica ou substituição de motores e bombas e dos seis perímetros irrigados administrados pela Coderse. Diretor de Irrigação da Coderse, Júlio Leite considera a irrigação pública como essencial para a segurança alimentar dos sergipanos. “Há vários anos, a cesta básica registrada em Aracaju é a mais barata do país, e o que é produzido nos perímetros do Governo de Sergipe influencia na maioria dos produtos pesquisados. Com irrigação, se produz mais e com maior diversidade. São colheitas o ano inteiro e não há perda por conta da falta de chuvas”, pontuou.  

Segurança alimentar

A assessoria dos técnicos da Coderse refletiu positivamente para que 23 agricultores irrigantes do perímetro irrigado de Lagarto participassem do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), na modalidade ‘Compra com doação simultânea’, em 2024. Eles entregaram 83,2 toneladas de alimentos que beneficiaram quatro mil pessoas em situação de insegurança alimentar de General Maynard, no leste sergipano, durante dez meses, repercutindo em R$ 344.995,97 de renda para esses produtores pela comercialização dos alimentos.

“Em 2025, são 65 produtores, de três associações de irrigantes de Lagarto que fizeram proposta para Conab de entregar para o PAA mais de 180 toneladas de Produtos. Alimentos que podem beneficiar até dez mil pessoas carentes. Se forem aceitas as propostas, esses agricultores irão receber, no período de dez meses, quase R$ 975 mil pelo total das entregas de alimentos. Um grande incentivo para produzir usando a irrigação da Coderse”, avaliou o gerente do perímetro Piauí, Gildo Almeida.

Infraestrutura hídrica

Em 42 anos de atuação da empresa, são mais de 210 poços perfurados pela Coderse em Lagarto. Nas ações de bombeamento com limpeza e teste de vazão, instalação, recuperação e manutenção de poços, feitas pelas equipes da companhia estadual, foram investidos R$ 72.837,83 em recursos do Governo do Estado, beneficiando cerca de 7,3 mil lagartenses, entre 2023 e 2024. Diretor de Infraestrutura Hídrica da Coderse, Ernan Sena, conta que a novidade do setor são os três sistemas de dessalinização que o Governo do Estado vai entregar em breve.

“É um trabalho desenvolvido na região de semiárido, onde tem pouca oferta de água para população rural. Trouxemos para o ‘Sergipe é aqui’, para a população de Lagarto conhecer a maquete de uma unidade do Programa Água Doce, coordenado em Sergipe pela Seagri e executado com as suas empresas vinculadas. Por meio da Coderse, o programa está concluindo a construção de três novos sistemas de abastecimento em Porto da Folha, Poço Verde e Carira. A partir disso, Sergipe terá 32 sistemas de dessalinização e vai atender aproximadamente 6.400 famílias com água potável”, concluiu Ernan Sena.

Sementes do Futuro incentiva produção de milho em todos perímetros irrigados estaduais

Irrigante tem que ser da agricultura familiar e usa a semente até sem a chuva, contando com a irrigação pública.
Distribuição de sementes beneficiou irrigantes do Perímetro Irrigado Jacarecica II – Foto Fernando Augusto (Ascom Coderse)

Nos perímetros irrigados do Governo do Estado, as sementes de milho do Programa Sementes do Futuro estão chegando no momento de atender à grande demanda da colheita no período de festas juninas. A Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri) está distribuindo 206 toneladas de sementes. Sua vinculada, a Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), está encarregada de entregar 7,2 toneladas de sementes para beneficiar os agricultores e pequenos criadores em sua área de atuação na irrigação pública.

As sementes distribuídas nos seis perímetros irrigados administrados pela Coderse, nessas últimas duas semanas, estão chegando para quem vai fazer o plantio do milho verde comercializando nas festas de Santo Antônio, São João e São Pedro. Segundo o diretor de Irrigação da empresa pública, Júlio Leite, o benefício ajuda o produtor por um tempo mais prolongado.

“Com a água de irrigação que fornecemos, o produtor pode usar essa semente tratada e selecionada a qualquer tempo. Para além da demanda do milho verde, com o comércio das espigas durante todo ano, tem muito uso do milho, espigas e palhadas na ração animal. O irrigante pode comercializar esse milho com os criadores de gado de leite e de corte. Atividades presentes em todo o estado e que demandam material forrageiro aos perímetros irrigados”, confirma Júlio Leite.

Os pequenos pecuaristas do município de Tobias Barreto, no centro-sul sergipano, que fazem parte do Perímetro Irrigado Jabiberi, vão usar sementes de milho do programa Sementes do Futuro para compor suas reservas em grãos, silagem e rolão para alimentação do gado de leite no período de estiagem. Um reforço à alimentação dos animais, que têm o pasto e outras plantas forrageiras cultivados a partir da irrigação e assistência técnica agrícola do Governo do Estado. Em 2023, esses irrigantes do Jabiberi produziram 2.295.500 de litros de leite, que é a vocação do perímetro estadual.

Sementes do Futuro
As sementes das variedades de milho Cruzeta e Potiguar foram adquiridas pelo Governo do Estado por meio da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro), vinculada à Seagri, que também se encarrega da maior parte da distribuição. O investimento público estadual  é de R$ 3 milhões para beneficiar 20.600 famílias de 50 municípios sergipanos. O enquadramento do produtor na condição de agricultor familiar é condição para receber as sementes. A Coderse se encarregou de entregar as sementes nos seus perímetros irrigados.

Jacarecica II
No Perímetro Irrigado Jacarecica II, que compreende comunidades agrícolas de três municípios, também está ocorrendo a distribuição das sementes de milho do programa para a agricultura familiar. Marinete de Santos é agricultora em lote irrigado no Assentamento Santa Maria, em Riachuelo, na região da Grande Aracaju. Ela conta que o milho verde que vai plantar, junto da couve, macaxeira, batata-doce e feijão, é para o consumo da família e comercialização. Ao mesmo tempo, deixa claro que, com irrigação, pode plantar em qualquer época do ano.

“Esse milho ajuda muito, porque a gente planta, leva para a feira, vende para outras pessoas. É para vender e para comer. Já pensando no São João e São Pedro. Pode plantar agora ou mais para frente, pois mesmo não tendo chuva, tem a irrigação para ajudar”, garantiu a irrigante do Jacarecica II. O perímetro também compreende povoados de Areia Branca e Malhador, no agreste sergipano.

O irrigante José dos Santos, também do Assentamento Santa Maria, estava preparado para plantar o milho do Sementes do Futuro, já pensando até no mercado em que vai oferecer o seu produto na colheita. Ele parabenizou a Coderse e o Governo do Estado por estenderem o programa ao Jacarecica II.

“Chegou na hora certa. Esse milho eu vou plantar e adubar para vender em Riachuelo. Mas se precisar, eu vendo para Itabaiana”, finalizou José dos Santos, destacando que o milho é as espigas vão para o consumo humano, mas as palhas têm destino certo para a ração animal.

Mais de 60 toneladas de alimentos produzidos no perímetro irrigado de Lagarto serão doados

O Governo do Estado motiva agricultores a participar, pela venda por período fixo e preço tabelado. Mais 12 irrigantes de Malhador também vão participar do PAA municipal.

Por meio da doação simultânea, 60,8 toneladas de alimentos produzidos no Perímetro Irrigado Piauí, mantido pelo Governo do Estado em Lagarto, centro-sul sergipano, começaram a beneficiar 3.600 pessoas em insegurança alimentar de General Maynard, no leste do estado. Na quinta-feira, 4, foram distribuídas à população mais de 3 mil quilos de alimentos, na primeira das entregas quinzenais que vão ocorrer por 10 meses, via Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) da Conab.

Os 23 agricultores fornecedores, do perímetro Piauí, serão remunerados por um montante total de R$ 344.991,61 durante a vigência das entregas do grupo de produtos in natura composto por abóbora, acerola, alface, batata-doce, cebolinha, coentro, couve, laranja, mamão, maracujá, milho verde, pimentão, quiabo e macaxeira. Esta é a primeira das cinco propostas emitidas por associações de irrigantes dos perímetros estaduais, ainda em 2023, que começou a ser paga. Projetos que devem totalizar mais de 356 toneladas de alimentos doados para 19.800 pessoas em Sergipe, caso todas as propostas sejam contempladas pelo Governo Federal.

Josecleide Ferreira é uma das agricultoras irrigantes do perímetro Piauí que participa pela primeira vez da entrega ao PAA, fornecendo quiabo e macaxeira. Para ela, a irrigação fornecida pela Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse) é essencial.  “É a primeira vez que estou participando do projeto, estou gostando muito, não tenho o que reclamar. Incentiva a plantar mais, produzir mais, por causa do preço. A gente já planta, só que o valor era menor e isso aqui é bom. Aumenta a rentabilidade do lote. Sem a irrigação não teria como plantar, só no inverno. Irrigado, conseguimos produzir o ano todo”, justifica.

A Coderse, vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), presta assessoria na organização, credenciamento, formalização e composição das propostas enviadas à Conab. Complementando a assistência já dada a esses produtores que recebem água de irrigação e assistência técnica agrícola através dos perímetros irrigados da empresa sergipana. Segundo o diretor de Irrigação da Coderse, Júlio Leite, este incentivo melhora a rentabilidade dos agricultores assistidos, já que ele vende a um preço melhor que o do mercado e por um período fixo.

“Esta missão da Coderse vem desde 2008, quando começou a operar o PAA da Conab nos perímetros estaduais. Nesse período, já são mais de 150 mil benefícios, remunerando o produtor para produzir alimentos de qualidade ou beneficiando pessoas atendidas por instituições socioassistenciais. Os agricultores irrigantes foram remunerados em cerca de R$ 13 milhões pelo cultivo desses produtos, na soma de todas as propostas aceitas e com entregas concretizadas. Desse modo, foram entregues mais de 4 mil toneladas de alimentos produzidos na irrigação pública fornecida pelo Governo do Estado”, explica o diretor Júlio Leite sobre os resultados dos últimos 16 anos de programa.

General Maynard
Coordenadora do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) de General Maynard, Márcia Nascimento expõe que a parceria com os produtores do perímetro de Lagarto, garante uma alimentação de qualidade, com produtos agrícolas com boa procedência, às famílias assistidas pela instituição. “O objetivo maior é levar uma qualidade de vida e de alimentos para nossa comunidade, principalmente aos que estão em situação de vulnerabilidade e muitas vezes não tem acesso, pela situação financeira, de alimentos de boa qualidade e no quantitativo que dê para suprir a necessidade da família. O objetivo inicial é que sejam atendidas 800 famílias e a gente quer fazer um rodízio, para que todos tenham a mesma oportunidade”.

A dona de casa Ivaneide dos Santos vive com a filha em General Maynard. Ela elogiou a qualidade e diversidade dos produtos cultivados e entregues pelos irrigantes de Lagarto. “Ajuda em muitas coisas, porque para quem não trabalha, é uma ajuda boa. Achei ótimo [O PAA], porque ajuda a comunidade a ter uma dieta saudável”.

Ruthi Raquel dos Santos também é dona de casa em General Maynard e toma conta dos dois filhos, de um e dois anos. Sempre cultivando hábitos alimentares saudáveis em casa, comemorou a diversidade de produtos in natura oferecidos pelos irrigantes ao PAA. “Eu amei os produtos, são muito bons. Vai servir muito para mim e para os meus filhos, é bem saudável. Eu já não vou comprar esse mês. É costume meu, eu sempre gostei de comer bastante verdura, suco, frutas, o que é mais saudável. Meu pai é agricultor, daí ela me ensinou a comer verduras. Eu amei esse projeto, que serve para gente por vários anos”.

PAA Municipal
O município de General Maynard também realizou um Programa de Aquisição de Alimentos municipal, na modalidade ‘compra com doação simultânea’, que credenciou mais 12 produtores irrigantes atendidos pelo Governo do Estado em Malhador. Eles vão receber mais de R$ 130 mil, durante o período de seis meses, para produzir e entregar quinzenalmente um quantitativo de alimentos saudáveis que supram a dieta alimentar de mais 100 famílias em vulnerabilidade social atendidas pelo Cras.

“Junto com o pessoal da Coderse, fizemos um contato com o pessoal do Perímetro Irrigado Jacarecica II, para que eles fossem os fornecedores dos produtos agrícolas. Até porque, dentro do município, do território, a gente não tem essa facilidade. E a parceria com a Coderse foi importante, exatamente para ter acesso a esses produtores”, complementou a coordenadora Márcia Nascimento.

Governo de Sergipe publica edital para projeto da Adutora do Leite

Com aumento na oferta de água, produtores reduzem o custo de produção, podendo investir na qualidade da alimentação, genética e crescimento dos rebanhos
O governador do Estado, Fábio Mitidieri, assinou o aviso de licitação para os estudos e projeto da Adutora do Leite durante o Sealba Show – foto: Fernando Augusto (Ascom Coderse)

Prevista para percorrer mais de 100 quilômetros de extensão, a construção da Adutora do Leite vai levar água do Rio São Francisco até Nossa Senhora da Glória. O edital do processo licitatório para a elaboração dos estudos e projetos foi publicado na edição do Diário Oficial do Estado (DOE) desta terça-feira, 2, e viabiliza o início da obra. A adutora vai desenvolver principalmente a pecuária leiteira, com a meta de dobrar a produção anual para mais de 460 milhões de litros. Além de Glória, a nova adutora vai atender os municípios de Canindé de São Francisco, Poço Redondo e Monte Alegre de Sergipe, onde são criadas 140 mil cabeças de gado.

Serão aproximadamente R$ 250 milhões em investimentos públicos para assistir, com a dessedentação, um rebanho de mais de 204 mil animais de médio e grande porte, em quase 9,5 mil estabelecimentos agropecuários. Com a produção de leite sendo a principal atividade econômica da região do alto sertão sergipano, a expectativa do Governo do Estado é de que a Adutora do Leite melhore a qualidade de vida das 23 mil famílias dos municípios assistidos, com o aumento da geração de renda e abertura de novos postos de trabalho. Ainda de acordo com o governo, haverá uma nova rede de tubulações, composta por estações elevatórias e reservatórios, para o abastecimento de localidades rurais, em seu percurso.

Segundo o secretário de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca, Zeca Ramos da Silva, a expectativa de dobrar a produção de leite tem como base o aumento da oferta hídrica, que automaticamente vai fazer crescer o tamanho dos rebanhos. “A racionalização dos custos que o pecuarista hoje tem para ter acesso à água também vai repercutir em mais capacidade de investimento na qualidade da alimentação do gado de leite e na genética desses animais”, acrescenta o secretário. 

Licitação
O Aviso de Licitação da Concorrência Pública 01, publicado no DOE, é realizado pela Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), vinculada à Seagri, que vai contratar empresa especializada em engenharia para elaboração dos estudos e projeto da Adutora do Leite. O diretor-presidente da Coderse, Paulo Sobral, explica que a obra será dividida em três etapas de construção.

“O primeiro trecho a ser construído vai da Estação Elevatória de Água Bruta (EEAB) 100, que atende o Perímetro Irrigado Califórnia da Coderse, até Poço Redondo. Percurso em que é prevista a construção de uma segunda EEAB. No segundo trecho está prevista a construção da terceira EEAB e fará a água do São Francisco chegar ao povoado Santa Rosa do Ermírio, ainda em Poço Redondo. Terminando toda obra com o trecho que chega à sede municipal de Glória, com previsão da implantação de mais uma EEAB”, lista o presidente Paulo Sobral.

Reservatórios
O diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrícola da companhia estadual, Júlio Leite, acrescenta que o abastecimento dos criadores será feito por reservatórios estrategicamente construídos no percurso da Adutora do Leite. Segundo ele, os serviços de ‘estudos e projetos’, contratados em licitação iniciada pela Coderse, são para determinar qual o sistema é mais eficiente em levar e disponibilizar essa água bruta ao usuário final, em pontos de abastecimento acessíveis aos criadores.

“No primeiro trecho da Adutora do Leite, já em Poço Redondo, o Termo de Referência da licitação pública tem por estimativa a necessidade da construção de um grande reservatório e outros dois de médio porte. No segundo trecho, são previstos cinco reservatórios médios e um segundo grande. Já no terceiro e maior trecho da adutora, entre Monte Alegre e Glória, a previsão é de que sejam necessários dez reservatórios médios e novamente um de grande porte”, informou o diretor Júlio Leite.

Sementes produzidas na irrigação pública de Canindé começam a ser beneficiadas

No perímetro Califórnia, pimenta habanero tem sementes extraídas para indústria de insumos. No perímetro Piauí, fruto é cultivado para fábrica de molhos picantes
Processo mecanizado de extração das sementes da pimenta habanero – Foto Perímetro Irrigado Califórnia Coderse

Agricultores de Canindé de São Francisco, no alto sertão sergipano, estão beneficiando vegetais cultivados com a água de irrigação e assistência técnica fornecidas pelo Perímetro Irrigado Califórnia, para a produção de sementes. São 15 hectares de lavouras que passaram por um alto padrão de correção de solo e de controle da sanidade das plantas. Tudo para satisfazer o padrão de qualidade que a indústria de sementes exige.

A Cooperativa de Fomento Rural e Comercialização do Perímetro Irrigado Califórnia (Coofrucal) tem contrato para fornecer sementes à Agristar do Brasil e conta com a parceria da Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), que administra o perímetro Califórnia. Contribuem com a qualidade da produção de sementes, o corpo de técnicos agrícolas da empresa pública em Canindé, como reforça o presidente da Coofrucal, Levi Ribeiro.

“No Califórnia, tem quiabo, berinjela, pimentas, abóbora e pepino. Na última semana, iniciamos o processo de extração de pimenta [habanero orange] e nesta semana, iremos continuar esse processo de extração de pimenta, berinjela, e já também dando início à extração de semente de abóbora. Queremos agradecer muito o apoio do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Agricultura e da Coderse”, destacou o presidente Levi Ribeiro.

Gerente do Califórnia, Anderson Rodrigues lembra que o contato entre cooperados do perímetro e a indústria foi firmado em setembro. “A partir do final daquele mês, teve início a plantação mecanizada das áreas de quiabo para extração da semente. Tudo acompanhado de perto por nossos técnicos agrícolas e com a garantia de fornecimento de água de irrigação, através da estrutura da Coderse”, observou.

O diretor de Irrigação da Coderse, Júlio Leite, considera a produção de sementes como um avanço no agronegócio praticado pelos irrigantes de Canindé. “Os irrigantes têm a liberdade de praticar a venda da produção irrigada, da forma que for mais vantajosa para eles, sem interferência da Coderse. Mas quando surge uma oportunidade como essa, de melhorar a rentabilidade em cada hectare plantado, a gente apoia, orienta o plantio diferenciado e dá o respaldo com a irrigação. Sem dúvida, um grande negócio para esses produtores”, pontuou.

Pimenta habanero
Essa variedade de pimenta é uma das que mais apresenta nível de ardência. Depois de cultivados na irrigação do perímetro Califórnia, os frutos da habanero já passaram pelo processo de extração de sementes, feito pela cooperativa de Canindé. As sementes do vegetal têm mercado em outro perímetro irrigado da Coderse, o Piauí, em Lagarto, no centro-sul sergipano. Lá, essa pimenta é cultivada e colhida pelos produtores irrigantes, e fornecida à indústria local de molhos picantes.

Projeção de crescimento
Levi Ribeiro anuncia que a parceria com a indústria e Coderse, ainda tem potencial de crescer mais em 2024. “Nós temos uma projeção maior, que é plantarmos 52 hectares. Então, o projeto está consolidado, os produtores estão muito animados e confiantes que vai dar certo. Já deu certo”, comemora o presidente da cooperativa.

Abóbora cultivada em perímetros irrigados do Governo do Estado aumenta produção em Lagarto e abastece indústria de sementes em Canindé

Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe incentiva produção fornecendo água de irrigação e assistência técnica o ano todo

Produção de abóbora tem incentivo da irrigação fornecida nos perímetros do Governo do Estado em Canindé e Lagarto / Foto: Ascom/Coderse

Como reflexo do investimento do Governo de Sergipe na agricultura, o ano de 2023 foi encerrado com bons resultados no setor. Estima-se que, no ano passado, a colheita da abóbora nos perímetros irrigados da Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), tenha alcançado 801 toneladas. O resultado do perímetro Piauí, em Lagarto, no centro-sul do estado, chama atenção, pois lá foram colhidas 64,5 toneladas do alimento em 2023, enquanto em 2022 não houve registro de colheitas do fruto. 

Outro destaque de 2023 foi o perímetro Califórnia, em Canindé de São Francisco, no alto sertão sergipano, que no último ano ingressou em um novo patamar de produção, com lavouras de abóbora próprias para a produção de sementes de uso comercial. No município, uma lavoura de quase um hectare, irrigada pela Coderse vai fazer de Canindé um novo produtor de sementes de abóbora. A plantação recebeu atenção especial dos agricultores e dos técnicos agrícolas da empresa pública, pelo nível de exigência da indústria que vai comprar a produção.

De acordo com o presidente da Cooperativa de Fomento Rural e Comercialização do Perímetro Irrigado Califórnia (Coofrucal), Levi Ribeiro, a compra de insumos foi viabilizada por meio do fornecedor de sementes Agristar do Brasil e as análises de solo e preparo da terra foram financiados pela cooperativa, com posterior reembolso na colheita. Contudo, ele reforça que o apoio da Coderse no processo foi fundamental. “Toda a assistência técnica agrícola [para os irrigantes do Califórnia inseridos no projeto] continua sendo da Coderse”, informou o produtor.

O diretor de Irrigação da Coderse, Júlio Leite, comemora o resultado da parceria entre produtores irrigantes e a indústria de nível nacional. Ele informa que, além da abóbora, esses mesmos irrigantes de Canindé também começaram a produzir em 2023, para colherem em 2024, sementes de quiabo, berinjela, pimenta jalapeño e cebola. “O perímetro de Canindé continua sendo o principal produtor de abóbora irrigada entre os perímetros estaduais. Só ele totalizou 737,8 toneladas em 2023, mas agora também vai gerar sementes para iniciar as novas plantações em todo país, o que comprova o potencial produtivo do alto sertão, com a água fornecida pelo Governo do Estado”, justifica Júlio Leite.

As 801 toneladas colhidas em 2023 pelos produtores irrigantes dos perímetros da Coderse em Canindé e Lagarto ocasionaram em um retorno financeiro superior a R$ 1 milhão. A produção ocupou uma área total de 45,5 hectares, mas vale ressaltar que, naquele ano, aproximadamente 10 hectares foram plantados com abóbora que serão colhidas somente no início de 2024.

Lagarto

Em Lagarto, um dos agricultores responsáveis pelo resultado positivo é Gildeon Dias, que planta abóbora há cerca de quatro anos, em propriedade rural atendida pelo perímetro Piauí. Ele já colheu o fruto na primeira semana de 2024. “Foi plantado no final de agosto, e tem o tempo médio para colheita de 120 dias. São quatro tarefas (1,3 hectares) irrigadas da abóbora jerimum. Só plantamos a abóbora uma vez por ano, pela facilidade de plantio e baixo custo da produção”, detalhou  o irrigante.

O gerente do perímetro irrigado Piauí, Gildo Almeida, chama atenção para o retorno financeiro obtido a partir da produção. “Em 2023, a produção de 64,5 toneladas gerou R$ 77,5 mil em renda para os irrigantes do perímetro Piauí e ocupou uma área total de 2 hectares. Mas para colher em 2024, o nosso perímetro já tem outros dois hectares plantados com abóbora. Se considerar que em 2022 não contabilizamos colheita de abóbora, serão dois anos seguidos de avanço na produção do fruto”, avaliou.

A lavoura de Gildeon rendeu 18 toneladas de abóbora. Dessas, 15 toneladas já foram vendidas para fora do estado pelo preço de R$ 3,40 o quilo, dando uma rentabilidade considerada muito boa ao produtor. “O preço não tem como prever, porque dependo muito da oferta e da procura que vai ter na época da colheita”, complementou o irrigante. Embora não seja para uso comercial, como em Canindé, Gildeon reserva as sementes de cerca de 30 abóboras para o replantio, a ser feito entre agosto e setembro.

Última atualização: 2 de fevereiro de 2024 21:03.

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