Orgânicos e meteorologia são foco de visita acadêmica na Cohidro em Lagarto

Alunos do sexto ano do Colégio Mundial, visitam o Perímetro Irrigado Piauí

Estudantes visitaram o Perímetro Irrigado Piauí, administrado pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) em Lagarto, no dia 19. O objetivo era conhecer o processo de cultivo de alimentos orgânicos dos agricultores irrigantes, e a estação meteorológica que auxilia nos trabalhos do pólo de irrigação. São alunos do sexto ano do Colégio Mundial, situado na sede mesmo Município, que foram presenciar na prática muito da teoria aprendida na sala de aula.

Acompanhados por duas professoras e coordenação, os alunos puderam conhecer como é a vida no campo e como alguns alimentos são produzidos. A ideia da visita partiu da professora de Geografia, Débora Rabelo. “Nós juntamos duas matérias, geografia e ciência e escolhemos a Cohidro porque sabemos do seu trabalho importante para a região de Lagarto e também por possuir uma estação meteorológica. Nossas crianças estão aprendendo sobre o clima, e com essa visita eles aprenderam como se usa o termômetro e outros tipos de ferramentas”, explicou a professora.

Hoje responsável pela aferição dos instrumentos da estação meteorológica, o Técnico em Agropecuária da Cohidro, Willian Domingos Silva, guiou a visita dos estudantes, explicando a finalidade de cada equipamento. “Aqui podemos medir a quantidade de chuva que caiu e determinar quando vai voltar a ser necessário irrigar as lavouras. Medindo a insolação, a radiação solar, podemos determinar a quantidade de água e o tempo em que ela deverá ser irrigada nas plantas. Assim como é medida também a taxa de evaporação, para determinar o quanto que será evaporado dessa água aplicada e vai precisar ser compensada, com mais tempo de irrigação ligada”, detalhou.

Segundo o aluno Marcos Wendell, a visita foi muito interessante. “Eu nunca tinha visto algo parecido, agora eu consigo saber como eles medem o clima”, conta o estudante. Pelo fato da maioria da turma ser da cidade urbana, muitos nunca tiveram um grande contato com a aérea rural, a aula alimentou o conhecimento dos alunos apresentando-lhes uma nova realidade, de que elementos compõe a sociedade.

Gilvanete Teixeira, gerente do Perímetro Piauí, comenta que são várias as solicitações de professores e instituições de ensino, para visitações à unidade da Cohidro em Lagarto. “O volume da produção agrícola, que aumenta a cada ano, e a grande variedade de culturas agrícolas que são inseridas nas lavouras dos irrigantes – principalmente quando é um plantio de tratos culturais usando métodos orgânicos – têm chamado muito a atenção da mídia e, consequentemente, da comunidade acadêmica”, defendeu.

Agricultura orgânica

Os estudantes visitaram também o lote irrigado orgânico de João Pacheco, lá eles tiveram contato com o cultivo de hortaliças e puderam conhecer todo o processo de produção agroecológica de alimentos, onde as crianças puderam entender as diferenças entre um produto cultivado com e sem defensivos agrícolas. “Elas nunca tiveram esse contato que estamos tendo agora nessa visita, então, muitos levarão o que aprenderam hoje pra sala de aula, por meio de debates e conversas do dia a dia.É importante mostrar para as crianças de hoje, novos lugares e diferentes formas de se trabalhar” conta a professora Debora.

Dos mais experientes produtores orgânicos do Piauí, João Pacheco garante a procedência dos seus produtos livres de agrotóxicos. Ele e outros 10 produtores formam um Organismo de Controle Social (OCS), que é autorizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), para a venda direta ao consumidor de produtos orgânicos. “Quem oferece na feira um produto orgânico sem ser, logo será descoberto. Eu não vejo problema nenhum em virem visitar minha horta, porque sei que estou trabalhando correto”, destacou.

Essa dedicação à produção orgânica de João Pacheco está rendendo frutos, tanto que recentemente ele investiu R$ 14 mil em enorme telado vermelho, anti-insetos e raios UV, que também retém o impacto da chuva sobre os canteiros, para implementar em sua horta. Outro empreendimento gerado pelo trabalho do produtor irrigante é a construção de um armazém, voltado à comercialização desses produtos orgânicos que cultiva em seu lote. Quem vai tomar conta do “comércio” são os filhos, segundo ele, pensando no futuro dos jovens, trabalhando junto da família.

Presidente da Cohidro, Mardoqueu Bodano diz conhecer várias estórias de sucesso através do trabalho nos perímetros irrigados, como a de Pacheco. Para ele, são exemplos que servem para estimular o trabalho dos servidores e gestores da Empresa. “Significa a ‘grande colheita’ do fruto de nosso trabalho, saber que surte resultado nosso empenho dentro da Companhia e que as políticas públicas, por nós aplicadas, têm resultado”, comentou, agradecendo também a visita dos alunos e professores, “reconhecimento que é outra prova de que estamos no caminho certo”, afirmou.

Mas o que orgulha João Pacheco é mostrar, às visitas, a área coberta por tela, medindo 70 por 30 metros. A grande estufa abriga as culturas que são mais vulneráveis à ação das pragas, como as variedades de Tomate Cereja e Tomate Francês, o Pimentão, o Jiló, a Berinjela, a Alface, a Cenoura, o Repolho e também o Coentro. “Se conseguir ter uma boa produção, sem ser estragado por nenhum inseto como promete fazer o produto, consigo compensar o investimento, economizando principalmente no custo da mão de obra”, justifica o produtor.

Cohidro recebe mais de R$ 11 milhões em investimentos e melhora vida dos produtores sergipanos

Implementados pelo Governo do Estado, projetos Califórnia, Jabiberi e Piauí, em Canindé, Tobias e Lagarto, respectivamente, recebem recursos do Proinveste para alavancar produção e oferecer qualidade de vida ao sergipano/ Fotos: Victor Ribeiro/ASN

No extremo oeste, Alto Sertão sergipano, município de Canindé do São Francisco, produtores rurais ganham representatividade e se desenvolvem econômica e socialmente por meio da plantação de frutas e hortaliças. Em outra ponta do estado, no Centro Sul, pequenos pecuaristas produzem milhares de litros de leite em Tobias Barreto e cultivam produtos diversos em Lagarto, muitas vezes de forma orgânica [sem uso de agrotóxicos]. Tudo isso é possível por conta dos perímetros irrigados Califórnia, Jabiberi e Piauí, respectivamente. As iniciativas foram implementadas pelo Governo do Estado e são administradas pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), que recebeu R$ 11 milhões do Proinveste para investimento nos perímetros, aquisição de novos equipamentos que irão auxiliar nos trabalhos de perfuração de poços, além de limpeza e manutenção de barragens e ações de infraestrutura da empresa. Com quase 30 anos de funcionamento, os perímetros recebem R$ 7 milhões para fomentar a produção sergipana e oferecer qualidade de vida ao sergipano.

A água é a alavanca que sustenta os perímetros. Por meio da irrigação, produtores como João Aureliano da Silva, do Califórnia, mudaram a perspectiva de vida. “Meu braço forte é o Estado, que nos traz a água. Antes da implementação do perímetro, era sofrido. Tínhamos que pegar água dos caminhões e de barragem e o trabalho era grande. Nem trator existia. Então nós usávamos arado de boi e na roça você via queimadas. Não havia outras soluções. Depois que o Califórnia começou foi uma maravilha. Nossa renda melhorou e quem sabe controlar o que ganha, não fica sem pão. A diferença do que eu recebia antes e agora é muito grande”, conta Aureliano, que também é o presidente da Associação dos Agricultores de Canindé de São Francisco (Assai).

Para o diretor-presidente da Cohidro, José Carlos Felizola Filho, o investimento do Estado em irrigação movimenta a economia dos municípios do interior e garante renda para os pequenos produtores sergipanos. “Investir na reestruturação da irrigação pública do Estado é cada vez mais contribuir com um saldo econômico mais positivo. Essa agricultura familiar, que atendemos nos perímetros, gera de riqueza R$ 112 milhões ao ano e pode passar a produzir ainda mais, com o incremento nas instalações e equipamentos, que resultará em melhoria no fornecimento de água”.

Em Sergipe, são 14 mil pessoas beneficiadas diretamente com irrigação. Só no ano passado, foram produzidos 119 mil toneladas de alimentos. Desse total, mais de 40.419 toneladas foram no projeto Califórnia, em Canindé de São Francisco. São 1.360 produtores que trabalham em 333 lotes, 2.788 hectares de área atendida com a irrigação que geram R$ 5 milhões mensais de renda para os trabalhadores rurais, dinheiro injetado na economia do município. O projeto atualmente atende a seis mil pessoas diretas e quatro mil indiretas. Dentre as culturas encontradas na localidade, estão as de goiaba, acerola, manga, maracujá, macaxeira, feijão de corda, milho, tomate, pimentão, alface, coentro, cebolinha e rúcula e hortaliças em geral.

De acordo com o gerente do Califórnia, Edmilson Cordeiro, o perímetro é responsável por gerar 35% da arrecadação do município. A movimentação econômica também foi comentada por Felizola, que destaca que o projeto proporciona geração de riqueza para a população carente. “Costumamos dizer que Canindé é outro município depois da instalação do Califórnia, pois a usina hidroelétrica gera muito dinheiro para poucos e o perímetro gera muita riqueza para a população de baixa renda. O Califórnia movimenta a economia local em termos de venda de insumos agrícolas, mercadorias e transporte de produtos. E o que a gente quer fazer é agregar valor a esses alimentos, de modo que, estamos incentivando a criação de um centro de distribuição no município, que depois tentaremos levar para outros locais”, afirmou o presidente da Cohidro.

O projeto Califórnia recebe investimento de R$ 4 milhões. O Governo do Estado promove reforma do prédio onde funciona a sede do perímetro, melhorias nos sete quilômetros de canais, sendo que os dois quilômetros mais críticos já estão praticamente concluídos, e destina 37 novas bombas apenas para a localidade. As intervenções pretendem regularizar a capacidade de fornecer água à agricultura e até ampliar a quantidade de terra irrigada, fazendo, por tabela, com que a produção e renda aumentem.

“O Califórnia ofereceu bastante qualidade de vida. Se não houvesse essa iniciativa, o produtor não estaria mais aqui, pois procuraria outra região para trabalhar. Aconteceria que não ia caber tanta gente na cidade, que tem em torno de 28.000 habitantes. Estou aqui desde quando fundaram o projeto e acompanho todo o desenvolvimento desses agricultores. Antes eles andavam em cima de um jegue. Hoje é uma moto, um carro. A qualidade de vida da família melhorou bastante. Por meio dessa assistência técnica, eles já aprenderam bastante a plantar, produzir e a colher em cima do sistema de irrigação. A equipe técnica da Cohidro desenvolve palestras, seminários, cursos e promove visitas individuais”, comenta o gerente do perímetro.

Para aumentar o nível de competitividade dos agricultores irrigantes, o Estado, por meio da Cohidro, firmou parceria com a Embrapa para implementar campos experimentais na região do Califórnia. O resultado desse trabalho é a produção de uva de mesa no sertão de Sergipe, trazendo a tecnologia que já é destaque em Petrolina, Pernambuco. Os produtores entram com a mão de obra e a terra e são acompanhados diretamente pela Instituição Federal. Eles vão lucrar com o parreiral e se transformar em multiplicadores das técnicas empregadas aos outros irrigantes.

Canindé também é destaque no perímetro pela preocupação com a agricultura orgânica. A Cohidro acompanha um grupo de produtores no processo de conversão agroecológica e na regularização deles em entidades junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Para essa produção, a empresa cedeu um lote à Associação de Produtores Orgânicos. Além de atividades de instrução realizadas pelos técnicos agrícolas, os alimentos orgânicos gerados estão sendo vendidos nas feiras semanais e no próprio local, que virou ponto de visitação.

E não só os orgânicos são destinados às feiras livres. Cidades de Sergipe, Alagoas, Bahia e Pernambuco, além de escolas de municípios diversos, recebem alimentos produzidos no local. Outro modo de venda de alimentos é apor meio da parceria com o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), do Governo Federal, por meio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que compra a produção para que seja repassada para instituições beneficentes doarem a pessoas em situação de insegurança alimentar ou no preparo de refeições. A proposta do perímetro de Canindé é fornecer 87 toneladas de alimentos.

Lagarto

O perímetro Piauí, em Lagarto, gerou, apenas no ano passado, 8.868 toneladas de alimentos, sendo 1.595 de tomate, 1.400 de mandioca e 1.116 de quiabo. Em valores atualizados pelo Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), foram gerados R$ 15 milhões com a comercialização dessa produção agrícola, que favoreceu em renda 3.515 pessoas diretamente beneficiadas.
Do Proinveste, o perímetro em Lagarto recebe R$ 762.400. Dentre os investimentos previstos para a localidade, há oito novas moto-bombas, equipamento composto de motor elétrico de 75CV e bomba centrífuga, que vão reequipar a Estação de Bombeamento (EB) 02, substituindo os aparelhos antigos, investimento de R$ 189.900. Todas as tubulações que vão servir estas máquinas já foram reformadas por outra demanda atendida pelo Proinveste.

Segundo o gerente do Piauí, Gildo Almeida, o perímetro atende a quase 400 produtores e são desenvolvidas 28 culturas, como batata, repolho, couve, pimenta, milho verde, amendoim, batata doce, alface, maçã, macaxeira, pimentão e maracujá. O projeto também incentiva a agricultura orgânica. Uma das pessoas que investe nisso é João Pacheco, que conta que já trabalhou por um tempo com agrotóxicos. “Parei porque não me fazia bem. Então fui atrás da produção orgânica e tenho de tudo um pouco. Além de vender aqui do lado da minha casa, também comercializo na feira em Lagarto. Se não fosse a ajuda do Estado, não estaria aqui”.

O Piauí, assim como o Califórnia, também destina a produção para feiras livres e mantém parceria com o PAA. A Associação dos Produtores do Perímetro Irrigado Piauí (APPIP) já entregou neste ano 84 toneladas de sua produção agrícola, gerada pela irrigação pública do Governo do Estado, a seis entidades socioassistenciais do município, que juntas atendem a 6.860 pessoas. Foram cinco entregas quinzenais desde abril e a APPIP vai continuar a entregar por mais nove meses, atingindo, ao final, total de 296 toneladas de alimentos doados.

“Para nós, a ajuda do perímetro é uma grandeza, pois além do governo estar contribuindo através do sistema de irrigação, temos a ajuda dos técnicos. Com isso começamos a produzir e há enriquecimento para a comunidade. Essa é uma forma de manter o homem no campo, que é a nossa preocupação. Vemos o desemprego no dia a dia e essa parceria com o governo faz com que o homem tenha segurança e não vá para a cidade”, destaca o presidente da APPIP, Antônio Amorim.

Tobias Barreto

Em Tobias Barreto, ao contrário dos outros dois projetos, o foco é a pecuária. Dos 74 lotes, 45 são para produção de leite. O destaque para o perímetro Jabiberi é que, por meio de associação criada pelos produtores, foi construído um laticínio que está em processo de legalização. O espaço adquire todo o leite do perímetro e processa, em média, entre dois e cinco mil litros por dia. A iniciativa foi possível porque o perímetro adotou o projeto ‘Balde Cheio’, que consiste na divisão dos lotes em piquetes menores, onde o gado pasta por um período e depois é manejado para outro, no qual o capim está maior. Enquanto as vacas se alimentam em um dos cercados, os outros estão recebendo água através da irrigação e adubação para novamente crescer e, no futuro, depois desse período de descanso e recuperação, a área recebe novamente os animais.

Segundo o gerente do Jabiberi, José Reis Coelho, a produção de leite no perímetro em 2015 chegou a 3.679 litros/dia e 1.342.795 litros durante o ano. Em 2009, ano de início do ‘Balde Cheio’, eram 1.087 l/d e 396.755 l/a, respectivamente. Levando em consideração o preço médio atual do leite de R$ 1, ele conta que o perímetro consegue gerar mais de R$ 1,5 milhão em recursos. O produtor modelo da região é Pedro Vidal. Ele começou com 600 litros/mês e chegou a 6.500 l/mês, uma evolução alcançada em apenas dois anos. “A mudança em minha vida foi grande. Antes trabalhava em uma fazenda como empregado. Então fiquei sabendo do projeto ‘Balde Cheio’, acreditei e quis participar. A renda de casa melhorou quase 100%. Deixei de ser empregado para ter meu próprio canto com os animais, e gosto demais de trabalhar com isso”, conta Pedro.

O Governo do Estado investe em modernização no perímetro de Tobias Barreto, a exemplo de iniciativas como implementação de cercas elétricas. Além disso, o diretor-presidente da Cohidro comenta que a intenção é promover mais ações. “Temos muitos investimentos em infraestrutura para fazer em Tobias. Além da limpeza da barragem e perfuração de poços, colocaremos novas tomadas para a água chegar com melhor qualidade e rapidez no lote do produtor. Tem também a questão do calçamento, que está em fase de licitação e perto de ser concluída”, resume. O gerente do Jabiberi complementa que, além disso, haverá a implantação do projeto Dom Távora para construção de 74 reservatórios para cada um dos produtores, atingindo cerca de R$ 700 mil. No total, o perímetro tem R$ 1,2 milhão destinado pelo Proinveste.

Por meio desses investimentos, não só a comunidade do Jabiberi, como a região se desenvolve, de acordo com José Reis Coelho. Ele destaca que, de forma direta ou indireta, todos se beneficiam, seja com a contratação de mão de obra da circunvizinhança, ou na compra do leite produzido no perímetro, que é de qualidade.

Fonte: Agência Sergipe de Notícias

Cohidro e BNB levam evento de microfinanças verdes a Lagarto

As árvores foram o abrigo para o evento – Fotos: Ascom/Cohidro

Rende mais um fruto o acordo de cooperação firmado em janeiro, no qual a Cohidro (Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe) passou a fazer a assistência técnica rural (Ater) aos projetos de financiamento pelo Agroamigo, do Banco do Nordeste (BNB). A intenção agora é a de reunir os produtores dos perímetros irrigados para levar palestras de interesse desses públicos, tratando do aprimoramento dos tratos culturais, da captação de empréstimos, do empreendedorismo e da saúde do trabalhador.

Para tanto, os escritórios locais da Cohidro e BNB poderão contar com apoio de parceiros como o Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), Sindicato dos trabalhadores Rurais e Agricultores Familiares (Sintraf), profissionais liberais, associações de produtores e os organismos de controle social (OCS), constituídos por agricultores orgânicos, atendidos pela Companhia nos polos agrícolas.

Assim foi no primeiro desses encontros, ocorrido no último dia 17 em Lagarto, no Perímetro Irrigado Piauí. Batizado de “Microfinanças Verdes – Agricultura Familiar 2016”. Da parte do BNB, o evento teve por finalidade oferecer serviços financeiros voltados aos microempreendimentos rurais, mas que levem em consideração a preocupação ambiental, como é bem o caso da Agroecologia. Desta vez foi no lote do irrigante João Pacheco, experiente agricultor orgânico e que faz parte da OCS-Centro Sul. O evento era destinado aos 11 orgânicos desta entidade, mas também incluiu outros produtores interessados à conversão.

Como convidada da Cohidro, palestrou a farmacêutica Nuccia Farias Albuquerque, que tem 25 anos de experiência em projetos de implantação de farmácias vivas, empresas de alimentos, programas de boas práticas de fabricação e Legislação Sanitária. “Quis trazer para eles o conhecimento científico do que esse tipo de alimento pode causar para saúde. Investindo nos orgânicos, eles estão com o remédio vivo na mesa, só não sabem ainda manipular isso para tornar uma coisa gostosa e que atenda a nossa memória afetiva”, propôs a especialista que difunde a prática culinária só usando métodos de preparo naturais e ingredientes saudáveis.

Em seguida, do Cerest de Lagarto, palestrou a enfermeira do trabalho Adriana Lopes Santos Santana e o técnico em segurança do trabalho Jean Carlos Batista Barroso, falando sobre a promoção é prevenção da saúde do trabalhador no uso do agrotóxico. “Já que às vezes tem que usar, melhor que se proteja corretamente com o EPI (Equipamentos de Proteção Individual). Mas o que tem que priorizar é essa nova era dos que não usam. Os benefícios disso, à longo prazo, são muitos e o organismo humano agradece”, relatou a profissional de saúde, lamentando o quanto é difícil conscientizar o trabalhador rural dos malefícios pelo mau uso de agroquímicos.

Complementando o que foi dito pelos agentes do Cerest, falou o presidente do Sintraf de Lagarto, Ginaldo Correia de Andrade. Ele relata que na atividade rural, são muitos os casos de pessoas prejudicadas pelo uso incorreto dos pesticidas. “O número de pessoas que vão ao Sindicato pedindo ajuda para fazem o requerimento de Auxílio-doença é bem maior que os pedidos de aposentadoria”, argumentou.

Representou a Cohidro Maria Terezinha Albuquerque, técnica da Gerência de Desenvolvimento Agrário (Gedea) da Empresa. Ela faz parte da Comissão Estadual da Produção Orgânica, grupo formado por representantes das instituições governamentais e sociedade civil para a fiscalização dos orgânicos. “São três formas do agricultor regulamentar a produção orgânica: pagando por órgãos certificadores, a mais cara. Por entidades inscritas no Ministério da Agricultura, como as Opac’s (Organismo Participativo de Avaliação da Conformidade), onde agricultores e outros agentes da sociedade fazem controle da produção e ainda as OCS’s, formadas só por agricultores. Porém, nesta última só é permitida a venda direta ao consumidor”, explicou aos presentes.

Presidente da Cohidro, José Carlos Felizola Filho avalia como positiva as atividades desenvolvidas com parceiros que venham trazer mais conhecimento e benefícios aos produtores. “O BNB colabora bastante com o agricultor irrigante, pois não só fornece subsídios para a produção com suas linhas de crédito, é um banco público que se preocupa com o desenvolvimento do projeto e faz convênios com as empresas de assistência técnica rural, como a Cohidro, para garantir isso”, defendeu, comentando ainda que essa preocupação do Banco com a agricultura sustentável, só contribui com o trabalho da Companhia nos perímetros irrigados.

Banco do Nordeste
Encerraram o evento os agentes de microcredito do BNB, Cristiano Santana e Eraldo Nascimento da Silva, que avaliou como bastante produtivo o encontro. Para o Técnico, o produto que estão oferecendo vai além do financiamento. “A gente não financia dinheiro, a gente oferece transformação de vida”, persuadiu, ainda agradecendo a presença de todos os palestrantes, incluindo a gerente do Perímetro Piauí, Gilvanete Teixeira, co-organizadora do evento e todos os agricultores.

Outro aspecto explorado na palestra de Eraldo encaixa perfeitamente com a realidade do agricultor familiar e suas dificuldades encontradas por produzir. “O BNB está com uma política de financiar mais de uma atividade por vez, isso pensando no caso de se uma não der certo, a outra vai dar”, defendeu o Assessor de Microcrédito, informando ter hoje, a agência do Banco em Lagarto, 1.300 contratos com produtores rurais, incluindo os clientes de Riachão do Dantas e Salgado, o que justifica existirem os acordos de cooperação com as empresas de Ater, como a Cohidro.

Visita técnica à produção de Pimenta-do-reino anima irrigantes pela Cohidro

Luiz Barbosa, José Armando de Menezes, João Pacheco, gerente Gilvanete Teixeira, Hugo e Rivaldo França e Gidelson

Produtores do Perímetro Irrigado Piauí, em Lagarto, fizeram visita técnica em uma produção comercial de Pimenta-do-reino no município de Arauá, no dia 27 de janeiro. Organizado pelo escritório da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) no Pólo Agrícola, a viagem tem como objetivo a introdução da atividade também nos lotes dos produtores assistidos pela Empresa, assimilando as técnicas e conhecendo os insumos, em uma propriedade que fica no mesmo Estado e que já colhe bons resultados.

Gilvanete Teixeira, gerente do Perímetro Piauí, explica que esta não é a primeira vez que os agricultores estão tentando cultivar a Pimenta-do-reino no Pólo de Irrigação. “Noutra oportunidade, alguns desses agricultores foram até o Sul da Bahia visitar uma produção e até tivemos a visita de um dos produtores acostumados com o cultivo, que esteve em Lagarto para explicar melhor como era feito o cuidado com as mudas. Mas por não se atentarem, talvez, com o cuidado necessário com a aquisição de mudas com vendedores cadastrados, os primeiros pés plantados não foram muito bem sucedidos”, relatou.

A visita em Arauá ocorreu na propriedade do agricultor Hugo França. Para ele, a principal vantagem está no preço do produto para a venda no mercado. “Você vender um quilo de pimenta por R$ 30, é algo extraordinário né? Mas não pode tirar só isso como parâmetro, pois a vantagem, a meu ver, é de ser uma cultura que você pode colher e te dá o privilégio de poder armazená-la, ou seja, você não está exposto ao mercado. A fruta como a Laranja, a Manga, a Uva, o Mamão, você colhe e está obrigado a aceitar o preço que o mercado paga”, avaliou o produtor que possui três mil pés da planta em plena produção.

Experiente irrigante pela Cohidro e que esteve na visita às plantações de Pimenta-do-reino em Arauá, foi Gidelson Gonçalves dos Santos. Ele é produtor de pimenta, no Perímetro Piauí das variedades Malagueta, Jalapeño, Biquinho e hoje também aposta no novo cultivo. Ele considera o negócio vantajoso, mas em que o planejamento e a paciência devem prevalecer. “A variedade é bastante lucrativa, mas é um investimento a longo prazo. Leva 3 anos para começar a produzir e depois segue dando frutos por mais 10 anos”, constatou.

Presidente da Cohidro, Mardoqueu Bodano considera que esta busca por inovação nos cultivos, por parte dos produtores irrigantes, é o combustível necessário para que eles cresçam na atividade rural. “É preciso buscar alternativas ao mercado para prosperar, nem tão pouco devem se limitar à monocultura e ficar refém dos preços. Para nós, é gratificante saber o quanto variada pode ser a produção em um único projeto de irrigação, como é o caso do Piauí, sempre com novidades que geram mais renda para estas famílias agrícolas, para quem dedicamos nosso trabalho na Empresa”.

Recepcionou também os produtores de Lagarto, na viagem à Arauá, o irmão do produtor de Pimenta-do-reino e técnico agrícola Rivaldo Lima França. Atuando como representante comercial de insumos agrícolas, foi ele quem trouxe a ideia do cultivo e aconselhou os visitantes. “Trabalho na área agrícola já há 30 anos, revendo ao Espírito Santo e Sul da Bahia, Juazeiro e Petrolina. Hoje, o ponto chave é ter acompanhamento técnico, não tem jeito não, não tem como fugir disso. E uma forma correta de começar é procurar um produtor de mudas e que tenha certificado e registro junto aos órgãos competentes, usar material de qualidade, tudo de boa procedência”, concluiu.

Diretor de Irrigação de Desenvolvimento Agrícola da Cohidro, João Quintiliano da Fonseca Neto parabeniza o empenho da equipe técnica da Cohidro em Lagarto, que tornou em realidade a aspiração dos agricultores irrigantes. “Eles vinham constantemente solicitar nosso apoio para fazer as viagens e agora estão acompanhando, in loco, que há mesmo viabilidade na Pimenta-do-reino em Sergipe. É uma cultura tardia, leva tempo para começar a produzir, mas em que o espaço entre as linhas pode ser aproveitado para consórcios de outras culturas perenes como a cebolinha, o feijão e o milho, aproveitando o mesmo sistema de irrigação”, analisou.

Cohidro presente no Encontro de Agricultores Orgânicos de Sergipe

A Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) esteve presente no Encontro de Agricultores Orgânicos de Sergipe, representada pelos seus irrigantes e técnicos. O Evento aconteceu nesta sexta-feira, 22, no Instituto Federal de Sergipe (IFS) no Campus de São Cristóvão. Com a cooperação do Sebrae e apoio da Cohidro, a Instituição reservou este dia para reunir e motivar a troca de experiências entre os produtores e fez parte da “III Semana de Agroecologia”, que desde o dia 20, vinha realizando palestras, debates, oficinas e minicursos, voltados aos acadêmicos, técnicos e agricultores.

Presidente da comissão organizadora da III Semana, a Professora Msc. Marisa Borin da Cunha revelou que o Encontro de Agricultores ocorreu dentro das expectativas de público e alcançou seus objetivos. “Dentre agricultores, técnicos e estudantes que também tiveram interesse de participar, foram cerca de 70 pessoas. A intenção era de que os produtores orgânicos tivessem espaço para expor suas experiências, suas conquistas e reivindicar – aos representantes dos órgãos públicos presentes – suas necessidades. Pela quantidade desses produtores que vieram dar seus relatos e o outro quantitativo que se dispus a fazer perguntas, acreditamos que conseguimos. Nos demais dias de evento, participaram das atividades outros 185 inscritos”.

Mardoqueu Bodano, presidente da Cohidro, considerou bastante produtiva a participação da Cohidro no evento realizado pelo IFS e Sebrae, garantindo que a Companhia está sempre disposta a colaborar e participar de eventos do setor agrícola. “Se buscam beneficiar e levar a experiência para o produtor orgânico e a agricultura familiar, estão caminhando para o mesmo rumo tomado por nós, que temos como principal foco contribuir com o pequeno produtor. Esta conversão do uso do agrotóxico na produção convencional, para o método agroecológico é uma briga já comprada por nós há algum tempo em nossos perímetros irrigados, onde frequentemente novos produtores aderem à ideia por meio do incentivo de nossos técnicos e agrônomos”.

PAIS

Pela manhã, o Encontro foi destinado a exposição de resultados e debate sobre o projeto de Produção de Alimentos Integrada e Sustentável (PAIS) do Sebrae, que forneceu os kits para a montagem de 300 unidades em todo Estado, 99 destes em cooperação com a Cohidro, nos lotes de produtores alocados nos seus perímetros irrigados. Maria Terezinha Albuquerque é quem coordena o Projeto na Companhia de Irrigação. “Baseado em sistema de produção agroecológico e voltado à agricultura familiar, o PAIS tem todos os requisitos para o cultivo de alimentos orgânicos e corresponde ao método adotado pela maioria dos produtores do gênero em Sergipe”, revelou.

José Raimundo Pereira de Matos é técnico agrícola da Cohidro no Perímetro Irrigado Piauí, em Lagarto e trouxe ao Evento os agricultores irrigantes Delfino Batista e João Pacheco, dois dos mais bem sucedidos produtores orgânicos que atuam nesta unidade da Companhia. “Aqui eles podem trocar conhecimento, as experiências que deram certo e que tem resultados diferentes de região para região no Estado. Em Lagarto, por exemplo, o que mais deu certo foi adaptar o PAIS para a produção de galinhas caipiras. Fomos os primeiros a receber os kits, como já fazem mais de quatro anos, as galinhas de postura originais já foram substituídas por estas raças mais rústicas e apresentaram bons resultados”.

Delfino Batista deu seu relato – no Encontro – de como se sucedeu essa adaptação do PAIS a sua realidade no Perímetro Piauí. “Crio perto de 100 galinhas caipiras, por isso eu e outros produtores tivemos que aumentar o galinheiro do PAIS, em alvenaria, para também evitar os roubos. Não é mais aquele galinheiro redondo rodeado pelos canteiros, mas segue o mesmo estilo: o adubo servindo para horta que depois ajuda a alimentar as galinhas”, conta o produtor que também integrou a plantação a criação de ovelhas. Um dos pioneiros, ele cultiva alimentos orgânicos e vende em feiras agroecológicas em Lagarto e na capital Aracaju, inclusive na sede da Cohidro.

OCS

Organização de Controle Social (OCS) é o instrumento criado, por Decreto Federal, que elimina a necessidade dos pequenos produtores orgânicos terem que arcar com os altos custos dos institutos de certificação orgânica. André Barretto Pereira é coordenador da Comissão de Produção Orgânica de Sergipe (CPOrg-SE) e chefe da Divisão de Política e Desenvolvimento Agropecuário do Mapa. Ele expos os dados de que já são 20 OCS em Sergipe, presentes em 16 municípios e compostas por 228 produtores orgânicos. A mais nova delas é a BIO5, formada por agricultores irrigantes da Cohidro no Perímetro Califórnia, em Canindé de São Francisco que já estão cadastrados no Mapa e recebem seus certificados na próxima quinta-feira, 28, em cerimônia na Secretaria de Agricultura do município, a partir das 9 horas.

Presidente da BIO5 e representando os agricultores orgânicos do Perímetro Califórnia, Marli Soares dos Santos Pereira reiterou, no Encontro, o apoio da Companhia de Irrigação para o surgimento da nova OCS em Canindé. “A Cohidro está sempre lá contribuindo com a gente, com a presença dos técnicos, como Tito Reis, Terezinha Albuquerque e a Drª. Sônia Loureiro. Não imaginava que existia esse apoio como o da Cohidro nos dando o ‘sombrite’ para construir nossas estufas, que todos nós já temos para produção de mudas e construídas por meio de mutirões entre produtores”, relatou.

III Semana de Agroecologia

Na quinta-feira, 21, 15 agricultores irrigantes, alocados no Califórnia, em Canindé participaram – dentro da “III Semana de Agroecologia” – do minicurso “Criação de Galinhas Caipiras”, ministrado pelo Professor Dr. Claudson Oliveira Brito, da UFS. O técnico agrícola da Cohidro, Tito Reis foi quem promoveu a vinda destes produtores, tanto neste dia como ao Encontro de Produtores na sexta-feira, quando também relatou um pouco da sua atuação para formação da OCS no Perímetro. “Atualmente auxiliamos os produtores da BIO5 à compra de alguns equipamentos para medir a acidez e condutividade elétrica do solo e da água de irrigação, para quando haver necessidade, ser feita a devida correção do PH por formas alternativas e agroecológicas”, expôs.

Aspoagre

Manuel Messias, conhecido como Seu Lelé, pratica a agricultura utilizando métodos agroecológicos desde 1985 em sua propriedade atendida pelo Perímetro Irrigado da Ribeira, em Areia Branca. Essa experiência contou muito para a formalização, em 2006, da Associação Dos Produtores Orgânicos do Agreste (Aspoagre), que reúne ainda produtores de Itabaiana e Malhador, instalados no Perímetro Jacarecica II, também da Cohidro. Para o agricultor, que por meio da Entidade tem sua produção orgânica garantida em instituto certificador, nunca é demais buscar experiências em encontros como o realizado pelo IFS.

Perímetro da Cohidro em Lagarto recebe III Feira de Trocas de Sementes Crioulas

Foi realizado nesta terça-feira, 15, no Perímetro Irrigado Piauí em Lagarto, a terceira edição, no Estado, da Feira de Trocas de Sementes Crioulas, organizada por pesquisadores e estudantes do Instituto Federal de Sergipe (IFS). O evento contou com a presença de irrigantes pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) do próprio município, além de agricultores visitantes de Boquim e São Cristóvão, todos eles provenientes da agricultura familiar e que cultivam usando técnicas agroecológicas de produção de alimentos. Também participaram do evento técnicos da Empresa, do Sebrae e da ONG Icoderus, envolvidos com o tema.

Como foco principal, a Feira de Trocas, tem a intenção de reunir estes agricultores familiares para que – além da interação e da troca de sementes crioulas entre eles – sejam ofertadas palestras e apresentações audiovisuais sobre a agroecologia e a importância do hábito de guardar as sementes, que para professora doutora Eliane Dalmora, do IFS, é um dos cernes da agricultura orgânica, pois evita o uso das sementes comerciais e propicia a diversificação de culturas no decorrer do ano.

“Dependendo do período do ano, há variedades de plantas diferentes para serem colhidas e com isso, o agricultor orgânico precisa diversificar suas culturas e assim sempre ter algo a colher e oferecer nas diferentes estações do ano. A troca de sementes orgânicas favorecem isso, propiciando esta variedade ao produtor”, comenta Drª. Eliane, coordenadora do “Sementes da Terra”, projeto que organiza a Feira de Trocas, frisando que os hábitos do consumidor também precisam se adaptar a outras alternativas alimentares que acompanhem essa diversificação.

Sementes crioulas

São consideradas “sementes crioulas” aquelas que não passam por processos industriais de beneficiamento, como a adição de pesticidas ou por algum tipo de modificação genética laboratorial, ou seja, aquela semente que sempre é guardada pelo agricultor depois que colhe, para ser usada na próxima plantação. Maria Terezinha Albuquerque, coordenadora do PAIS (Produção de Alimentos Integrada e Sustentável) na Cohidro, reafirma a importância da diversidade no cultivo orgânico e considera fundamental a realização destes encontros que tem o apoio da Companhia.

“O evento contribui para sensibilizar os agricultores familiares da importância de valorizar a diversidade de sementes crioulas que são produzidas e possibilita a troca de saberes, na perspectiva do fortalecimento e construção de uma agricultura familiar de base agroecológica. É preciso que os agricultores familiares se conscientizem e resgatem os hábitos de seus antepassados, como produzir, selecionar, armazenar, conservar e partilhar suas sementes, contribuindo para a preservação dos cultivos crioulos e para garantir a segurança alimentar”, considerou Terezinha, sublinhando que “o trabalho em parceria com IFS e o Sebrae vem propiciando, aos técnicos e irrigantes da Cohidro, mais conhecimento, mudanças de atitudes e também despertado novos desafios”.

Orgânicos de Lagarto

Agricultor irrigante pela Cohidro, João Pacheco já é veterano, em Lagarto, na agricultura orgânica. Ele faz parte da Organização de Controle Social do Centro Sul Sergipano (OCS-CSS) e conta que já cultiva o hábito de conservar e trocar sementes há algum tempo. “Eu tenho uma semente de feijão preto que inclusive já foi plantada lá no Perímetro (Califórnia) de Canindé de São Francisco e está se dando bem lá. Foi uma semente crioula que adquiri, na visita que fizemos a Embrapa de Petrolina (PE). O evento é bom, sempre que posso participo. Aprendo coisas novas e conhecendo pessoas de outros lugares”, relatou, satisfeito por participar da Feira de Trocas.

Técnico agrícola da Cohidro alocado no Perímetro Piauí, José Raimundo Pereira de Matos é o responsável pelo acompanhamento e registro dos agricultores orgânicos. Ele conta que na OCS-CSS, atuam 12 irrigantes de Lagarto que agora estão buscando novas formas de comercialização dos produtos agroecológicos. “Estamos tentando junto ao Ministério da Agricultura (MAPA), alterar a organização dos produtores orgânicos, de OCS, para o Sistema Participativo de Garantia (SPG), que vai permitir que eles vendam seus produtos também para empresas atacadistas e supermercados. Os produtores já foram recadastrados, receberam a visita dos técnicos do MAPA e estamos só aguardando o parecer de Brasília”, conta, explicando que a OCS só autoriza a venda direta ao consumidor final.

Pesquisa acadêmica

Também palestrou no evento a graduanda em Agroecologia do IFS, Dinamarta Ferreira. Ela fez seu trabalho de conclusão de curso (TCC) baseado na experiência com a agricultura orgânica dos irrigantes – pela Cohidro – em Lagarto e expôs no evento os resultados de suas pesquisas, orientadas pela Drª. Eliane Dalmora. “A intenção do meu trabalho de pesquisa é ver quais as possibilidades e limites, para estabelecer como está a produção orgânica no Estado, baseado na OCS de Lagarto. Avaliando de que forma é feito o manejo de orgânicos”, esclareceu, ressaltando que a organização de feiras de trocas de sementes também faz parte da proposta do seu estudo.

Mardoqueu Bodano, presidente da Cohidro, considera um grande avanço, para agricultura familiar, esta interação com o meio acadêmico. “As instituições de ensino, que vem por auxiliar o trabalho já realizado pelos órgãos estatais, trazem oxigênio novo ao extensionismo rural. Trabalho que tem que ser persistente e contínuo, em prol de orientar, da melhor maneira possível, nossos produtores. Deixo claro que os perímetros irrigados, administrados pela Companhia, estão sempre abertos a receber estudantes e pesquisadores que tenham, como nós, a intenção de somar esforços a uma produção de alimentos que seja, ao mesmo tempo, proveitosa ao agricultor e saudável para quem consome”.

Visitantes

Livia Feitoza, gestora do PAIS no Sebrae-SE, organizou grupos de agricultores agroecológicos de Boquim e também do Assentamento Quissamã, em São Cristóvão, para participar da Feira de Trocas em Lagarto. Ela conta que em Boquim, são 19 e do Quissamã, são 16 produtores que, tanto estão inseridos no PAIS, como também fazem parte de OCSs, que os certificam a comercialização de orgânicos.“Trouxemos esses produtores para participar da feira e conhecer outras variedades de sementes, trocar experiências com os agricultores daqui e além disso, eles estão colhendo algumas informações técnicas e isso é muito bom para eles”, relatou.

Maria Meire Rosa, ou Dona Mariazinha, como é mais conhecida, é uma das agricultoras orgânicas do Assentamento Quissamã que cultiva o hábito de guardar sementes e participou de todas as feiras de trocas que o IFS organizou. “É bom que a gente conhece outras pessoas e troca sementes, eu mesma trouxe sementes de quiabo, cenoura, rúcula, milho pipoca, coentro, melancia, melão e noni. Até o momento troquei por semente de ‘cravo de defunto’, girassol, ‘feijão de porco’, ‘fava esperança’, várias pimentas e de outro quiabo, diferente da variedade que eu trouxe”, comemora.

Também organizando a vinda do grupo de Boquim, participou da Feira o chefe do Departamento de Agricultura, da Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente, Eduardo Silva Santos. Ele explica que a Prefeitura dá suporte à agricultura familiar no Município. “Fazemos um acompanhamento técnico desde a produção até a comercialização que ocorre, por exemplo, na Feira da Agricultura Familiar, idealizada Secretaria de Estado da Inclusão Social (Seides) e organizada na cidade por nós”, conclui, informando que os agricultores assistidos também vendem para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

Última atualização: 6 de maio de 2021 18:10.

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