Tomaticultura na irrigação estadual do sertão cresceu 84% de janeiro a setembro  

Coderse atende 373 lotes em Canindé. Produção irrigada beneficia diretamente quase duas mil pessoas

Produção de tomate no Perímetro Irrigado Califórnia tem como vantagem a baixa incidência de pragas. Cultivo do tomate rasteiro, direto no solo, é o mais empregado – Foto Fernando Augusto – Ascom Coderse

Cultivado no semiárido de Canindé de São Francisco, no alto sertão sergipano, a produção de tomate no Perímetro Irrigado Califórnia totalizou 294,5 toneladas nos nove primeiros meses de 2023, o que representa um aumento de 84% em relação ao mesmo período do ano passado. Os agricultores que cultivam no local têm irrigação e assistência técnica fornecidas pelo Governo do Estado e, a cada ano, investem mais na produção.

Em 2023, esses irrigantes estão adotando novas tecnologias de irrigação e variedades mais adaptadas ao clima para aumentar a produtividade e valor de mercado. No comparativo, o valor desta colheita é 53,7% maior (R$ 744.128,96), acompanhando a área colhida de 6,65 hectares, que dobrou. Contudo, pela soma das áreas plantadas com o fruto em outubro (15 hectares), a estimativa é que a produção total deste ano se distancie ainda mais do resultado anterior, que chegou a 344,4 toneladas em 2022.

Segundo o técnico agrícola do Califórnia, Flamarion Déda, a equipe do perímetro orienta o cultivo de tomates híbridos pela sua adaptabilidade ao solo, ao clima, tolerância e resistência a pragas e doenças. “São altamente produtivos, com frutos que têm uniformidade, variando entre 180 e 220 gramas, podendo chegar até a 400 gramas por unidade. Os produtores já chegaram a colher 47 toneladas por hectar desse tomate, com uma irrigação por gotejamento, que minimiza o uso da água e diminui a incidência de pragas”, explicou.

Emprego e renda

De Ribeirópolis, Fábio Menezes produz tomate no Califórnia com irrigação fornecida pela Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri). “A gente decidiu vir aqui para Canindé devido aos custos de produção. Aqui tem água com abundância. Estamos na produção de tomate e também gerando emprego e renda”, contou o produtor.

Produção

Os técnicos agrícolas da Coderse que atendem o perímetro irrigado registraram, de janeiro a setembro de 2022, a colheita de 160,1 toneladas de tomate em uma área de 3,33 hectares e produção que teve o valor estimado em R$ 484.147,20. Já os mesmos resultados registrados neste ano foram 294,5 toneladas (+84%), 6,65 hectares (+100%) e R$ 744.128,96 (+53,7%), respectivamente.

“Investimos na regularidade do serviço de abastecimento de água no perímetro Califórnia, fazendo manutenção, recuperação de bombas, motores e tubulações com a meta de diminuir as interrupções no fornecimento, no menor tempo possível. Também distribuímos mangueiras de irrigação que fazem o produtor consumir menos água, uniformizando a distribuição em todo sistema”, explicou o diretor de Irrigação da Coderse, Júlio Leite.

Mais investimento

Ao investir em novas variedades de tomate, o produtor tem resultados na qualidade e no valor de mercado. Flamarion Déda conta que no lote irrigado do produtor irrigante Genilson Cunha, está sendo experimentada uma variedade que já demonstra suportar as altas temperaturas de Canindé, mantendo uma produtividade de 12 toneladas a cada mil pés plantados.

“Aqui está um híbrido que tem um tempo de prateleira muito bom, o que faz com que os produtores optem por esse tipo de tomate, para ser comercializado sem que haja dano e mantendo a qualidade do fruto com os padrões iniciais”, complementou Flamarion Déda.

Segundo o irrigante Genilson Cunha, a produção tem sido bem-sucedida, pois a irrigação e a assistência técnica da Coderse diminuem custos. “O custo aqui é menor. Tem muita água. Na mão de obra, é mais fácil de cuidar aqui. Não tem pragas”, avalia o produtor, que está colhendo um hectare de tomate.

[vídeo] Cohidro garante água e agricultor aposta no bom preço da abóbora no Alto Sertão

O programa  Sergipe Rural, Aperipê TV, foi até o Perímetro Irrigado Califórnia, em Canindé de São Francisco, mostrar que aumenta o número de irrigantes plantando abóbora, de olho na pouca oferta do fruto no mercado. Além da água para irrigação, a Cohidro fornece a orientação técnica necessária para estes agricultores passarem a adotar novas culturas em seus lotes. A produção de abóbora no perímetro, que já era o polo irrigado do Governo do Estado  que mais produzia o fruto, aumentou. No levantamento da Cohidro, empresa vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri), o primeiro semestre deste ano já demonstrou uma alta de 11,5% na área colhida (29ha) e de 28% na produção (521ton.) com relação ao mesmo período de 2020.

[vídeo] Maracujá irrigado em Canindé está acima da média de Sergipe

Plantação comercial de maracujá no Perímetro Irrigado Califórnia, em Canindé de São Francisco, está dando frutos com níveis de qualidade acima da média do estado, qualificando o produto até para a exportação. Essa novidade foi mostrada pelo programa Sergipe Rural, da Aperipê TV, do último sábado (20). Com 8 hectares plantados só com o fruto, a plantação já fornece o fruto para toda a região e se prepara aumentar produção e fornecer ao beneficiamento da indústria, gerando ainda mais postos de trabalho.

A Cohidro, que mantém este o perímetro do Governo de Sergipe , fornece água para o lote produtivo durante todo ano. Ao mesmo tempo em que presta assistência técnica usando exemplos bem-sucedidos, como o deste lote de maracujá, para incentivar outros produtores irrigantes à adoção de cultivos diferenciados, para aumentar a gama de produtos entregues ao mercado. Diversificação que evita a superprodução de determinados produtos, melhorando a renda do agricultor e a sua capacidade de geração de empregos no perímetro.

Macaxeira irrigada no sertão de Canindé tem qualidade e promove renda ao agricultor

Manejo da planta é econômico e simples: irrigação uma vez por semana e capinagem

Flamarion Déda e o agricultor Zé Antônio [Foto: Vieira Neto]
Macia ao cozinhar, ao ponto de derreter na boca. Assim é a macaxeira cultivada por José Teodoro, agricultor irrigante no Perímetro Irrigado Califórnia, em Canindé de São Francisco. Por conta da irrigação, as raízes tuberosas podem ser colhidas na metade do tempo que levaria na plantação em sistema de sequeiro. É essa precocidade que gera a maciez e diminui o tempo de espera para o Seu Zé Antônio, como é mais conhecido, ter o retorno do seu investimento na lavoura. Só na comercialização do aipim, o outro nome da planta, foram gerados quase R$ 2 milhões em renda aos produtores do perímetro Califórnia em 2020. Além das feiras do Alto Sertão, parte de Alagoas e dos muitos restaurantes daquela cidade turística, o produto também é adquirido por programas de compra da produção rural, para doação simultânea a pessoas em vulnerabilidade social ou para compor a merenda escolar.

No ano passado foram 3.224 toneladas da mandioca-mansa, como também é chamada, colhidas em uma área de 106 hectares (ha) no perímetro irrigado de Canindé. Zé Antônio é atendido com irrigação e assistência técnica fornecida pelo Governo do Estado através da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro). Em seu lote no Califórnia, a produção de macaxeira ocupa cerca de 2 ha. “O manejo é todo igual para todo o lote, sempre tem que jogar uma terrinha para não mostrar as raízes e molhar uma vez por semana, ou de 15 em 15, para ficar bem molhadinho e pronto, é o segredo. Adubação eu não uso, nem veneno. Se eu molhar muito, quando for arrancar ela fica azul, e molhando menos, eu só arranco boa, direto assim. Zelando para que os matos não cresçam juntos. Mas também tem que molhar, porque se secar demais o chão, ela cria como se fosse uma ‘vela’ no meio e não cozinha”.

A macaxeira está em qualquer dieta nutricional formulada a partir de produtos in natura e por isso, é muito aceita no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). “Tivemos irrigantes fornecendo macaxeira para os PAAs, o mantido pela Conab e o Estadual, organizado pela Seias (Secretaria de Estado da Inclusão e Assistência Social). São alimentos adquiridos com recursos públicos e por preços acima do valor de mercado, gerando mais renda ao produtor. Mas que ajudam bastante às famílias em situação de insegurança alimentar que recebem gratuitamente esses produtos, frescos e de alta qualidade nutricional. Outro programa que gera mais renda ao agricultor é o PNAE, igualmente garantindo a venda certa da produção por um período mais longo”, explicou a gerente do perímetro Califórnia, Eliane de Moraes.

“Eu vendo para os dois PAAs e, agora, vendo também para a merenda escolar, para as crianças daqui da região e por isso, tenho um capricho a mais. Eu só mando a boa”, garantiu Seu Zé Antônio. Contando com a água fornecida pela Cohidro, vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri), ele consegue oferecer um produto de alta qualidade e com um tempo de espera reduzido, permitindo a rotatividade e maior renda com o cultivo do lote. “O tempo de colheita certo é 6 meses e vou arrancando até uns 8 meses. Daí, com isso já acaba e eu já começo [a colheita] em outra, porque eu tenho cinco etapas de macaxeira, para sempre ir arrancando e não ficar velha. A diferença da que está com 6 meses, da com 8 meses, é que ela fica mais grossa ao passar do tempo”, explica o irrigante.

Segundo o técnico agrícola na Cohidro, Flamarion Déda, a macaxeira pode ser cultivada em todo o estado de Sergipe. “Não é diferente no perímetro Califórnia. Aqui, inúmeras variedades de macaxeira são cultivadas, destacando-se a precoce, que é em um ciclo em torno de 180 dias, e a tardia, que é em torno de 270 dias. O produtor geralmente dá preferência pela tardia, por ter uma durabilidade de prateleira maior. Mas tem alguns produtores que preferem a precoce, pela rapidez que se colhe o produto. Geralmente nós orientamos, após a retirada da raiz, para que se faça uma rotação de cultura com o feijão de corda, que é uma cultura economicamente viável, e que também contribui com a nitrogenação da área. Tendo em vista que a macaxeira é altamente extratora de nutrientes do solo em toda sua copa”, esclareceu.

Alta do milho também impulsiona preço da abóbora irrigada produzida no Sertão Sergipano

Irrigante em Canindé negocia quilo do fruto a R$ 1,50, mas espera ultrapassar os R$ 2,50. Produção da abóbora aumentou 28% no primeiro semestre, chegando a 521 toneladas.

[foto: Vieira Neto]
O preço atrativo na venda do milho, que é uma commodities, tem feito muito plantador tradicional de abóbora trocar sua lavoura para o plantio do cereal. De olho na demanda que se abre com a baixa na oferta do fruto, no Perímetro Irrigado Califórnia, em Canindé de São Francisco, aumenta o número de irrigantes plantando abóbora. Além da água para irrigação, a Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) fornece a orientação técnica necessária para estes agricultores passarem a adotar novas culturas em seus lotes.

Segundo a gerente do Califórnia, Eliane Moraes, a produção de abóbora no perímetro, que já era o polo irrigado do Governo do Estado que mais produzia o fruto, aumentou. No levantamento da Cohidro, empresa vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri), o primeiro semestre deste ano já demonstrou uma alta de 11,5% na área colhida (29ha) e de 28% na produção (521ton.) com relação ao mesmo período de 2020. “Em anos anteriores, a gente já tinha abóbora aqui no perímetro, mas neste ano o investimento dos irrigantes foi maior. Aqui a abóbora aumentou, quando outros municípios deixaram de produzir, por condições climáticas ou outros motivos particulares”, destacou Eliane Moraes.

O agricultor irrigante do Califórnia, Marcos Mota, foi aconselhado por um amigo, que é irrigante experiente na produção de abóbora, a apostar pela primeira vez no plantio do fruto. “É um desafio para gente. Ele disse que esse ano vai ser a época da abóbora. Que lá fora, na Bahia, neste ano, eles plantaram milho e iria ser bom o preço da abóbora. Com fé em Deus, vai dar uma ótima colheita, vai dar cerca de 50 toneladas”, torce o produtor.

Marcos Mota já tem o destino certo para mandar a sua abóbora plantada em 3,5ha, a ser colhida ainda neste mês, e faz previsão do preço de venda que deverá alcançar. “Vai para Salvador e Recife. Já tem os pontos de entrega e já é um ótimo preço, agora em R$ 1,50 o quilo, e estamos torcendo para chegar a mais de R$ 2,00. Estou apostando nisso, acima de R$ 2,50”, avalia o irrigante. Depois de colher a abóbora, ele pretende plantar quiabo na mesma área, para fazer a rotação de cultura agrícola necessária.

Técnico agrícola na Cohidro, Flamarion Déda reforça a importância da rotação de culturas. “É praticada para que o solo não fique susceptível as pragas e as doenças que são inerentes à cultura da abóbora. Então, é uma rotação de forma econômica, porque o quiabo vai atingir um preço bom também no mercado, e essa é uma prática também recomendada pelos técnicos da Cohidro aqui. Os produtores estão satisfeitos, principalmente aqueles que aceitaram e receberam as tecnologias e fazem os tratos fitossanitários orientados pelos técnicos da Cohidro”.

O técnico ainda recomendou o sistema utilizado pelo produtor Marcos Mota. “No verão aumenta a demanda por água, os lotes estão praticamente todos cultivados e neste caso aqui, a irrigação é microaspersão com micro rotor. Ele dá uma abrangência forte e também ajuda a economizar água em comparação aos aspersores, que dão a vazão bem maior e nos quais há um desperdício maior de água”, completa Flamarion Déda.

Última atualização: 3 de dezembro de 2021 19:46.

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