Governo de Sergipe participa do Canindé Agro Show e reforça apoio a setor no estado

Evento reúne produtores rurais, empresas, autoridades e especialistas para debater as tendências do setor agropecuário

Foto: Vieira Neto

Acontece entre 12 e 14 de setembro, em Canindé de São Francisco, a feira agropecuária Canindé Agro Show. O evento conta com apoio direto do Governo de Sergipe, por meio da Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri) e de suas vinculadas: Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Coderse) e Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro). 

A feira é realizada no Complexo Agropecuário Orlando Gomes de Andrade e reúne produtores rurais, pecuaristas, agricultores familiares, técnicos, pesquisadores, lideranças comunitárias e parceiros institucionais em torno de palestras, reuniões, exposições e comercialização de equipamentos agrícolas e insumos diversos. O evento dá destaque para o agronegócio na caprinovinocultura, equinocultura, bovinocultura, apicultura, piscicultura, produção agroecológica e práticas conservacionistas sustentáveis do bioma caatinga

Representante do Governo de Sergipe na iniciativa, o secretário de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca, Zeca da Silva, destacou o trabalho das empresas públicas de assistência técnica e o grande potencial produtivo da região. “É uma alegria muito grande poder representar o governador Fabio Mitidieri na abertura da Canindé Agro Show, mais um evento que engrandece a produção agropecuária de nosso estado de Sergipe. O município abriga o maior perímetro público administrado pelo governo que tem gerado empregos e renda para milhares de famílias. Para ter ideia, a produção anual, só no perímetro irrigado Califórnia, é de 32 mil toneladas, com valor de produção anual de R$ 58 milhões. Além de mostrar o grande potencial produtivo do município e região do alto sertão, é um momento de troca de experiência e reforço das parcerias. Parabenizamos todos os que fazem a gestão municipal por essa realização”, evidenciou o secretário.

Além da assistência direta a agricultores e público em geral, durante a feira será possível conhecer o trabalho desenvolvido pelo Governo do Estado em Canindé. A Emdagro, por exemplo, atua no município prestando apoio técnico a agricultores familiares, na confecção e regularização do Cadastro de Agricultor Familiar (CAF), desenvolvendo ações com programas como o Garantia Safra, Mão Amiga Leite, Sementes do Futuro – com a distribuição de sementes de milho e palma –, e ainda na área da regularização fundiária. A empresa também atua no setor da pecuária por meio do programa Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), voltada a bovinos na cidade, e disponibiliza vacinação contra Brucelose e Clostridiose, o que garante a sanidade do rebanho sergipano.

Durante a Canindé Agroshow, a Coderse também vai expor os resultados de suas ações no município, onde está localizado o maior dos seus seis perímetros irrigados, o Califórnia, que compreende uma área de 1.360 hectares. Na área, um total de 373 produtores agrícolas já colheram, desde janeiro, 18,4 mil toneladas de quiabo, goiaba, acerola, feijão-de-corda e outras hortaliças e frutas. Somente em 2025, a produção já injetou R$ 38,6 milhões na economia local.

A produção pecuária também é foco nas ações da Coderse em Canindé. Desde 2023, são 360 pequenas e médias barragens limpas, criadas ou ampliadas, beneficiando quase duas mil famílias com a água acumulada das chuvas, usada para abastecer o gado. Outro grande projeto do Governo do Estado, a Adutora do Leite, está em fase de implementação, e vai atender Canindé já em sua primeira etapa, beneficiando propriedades rurais de toda região, facilitando o acesso à água bruta captada no Rio São Francisco com as bombas da Coderse. Quando concluída, a previsão é ampliar os investimentos em tecnologia, qualidade genética dos rebanhos e a produção de leite do alto sertão, onde se concentra a maior bacia leiteira do estado.

Ater Pública sergipanas apresentam suas boas práticas na 40ª AGE da Asbraer

Emdagro e Coderse são as protagonistas das boas práticas apresentando regularização fundiária, pesquisa e o sucesso da Ater nos perímetros irrigados

Iniciando o segundo dia (31/07) da 40ª AGE da Asbraer, os anfitriões do evento apresentaram suas boas práticas na Ater, regularização fundiária, pesquisa agropecuária e ater para agricultura irrigada.

O presidente da Emdagro e vice-presidente nacional de Pesquisa, Gilson dos Anjos, informou que a Emdagro atua com assistência técnica e extensão rural, pesquisa, ação fundiária e defesa  animal e vegetal. A instituição possui, também, uma coordenadoria específica para tratar de agroecologia. Só em 2024, atendeu 26.900 agricultores familiares e emitiu mais de 56 mil CAFs. A pesquisa agropecuária da Emdagro, executou 1934 coletas de amostras de solo para orientação sobre a qualidade do solo aos agricultores. Além, disso possui o Programa Sementes do Futuro com doação de:

  • 517 toneladas de sementes de  milho;
  • 453 toneladas de sementes de arroz;
  • e mais de 6.000 toneladas de sementes de palma.

Segundo Gilson dos Anjos, Sergipe ocupa o 1º lugar em produtividade de grãos do Brasil, no ranking de 2024.

Visando o melhoramento genético, a Emdagro inseminou 1.054 bovinos, de leite e de corte, e 177 ovinos/caprinos. Além de promover a vacinação bovina de forma gratuita para quem tem até 30 cabeças.

Para não abandonar os agricultores nas entressafras foi criado o Mão amiga citricultura, cana de açucar e leite, além de mais de 47 mil cadastros no Garantia Safra. 

Para a defesa animal e vegetal, a ater sergipana possui o Programa de Controle de Agrotóxico, além de atuar com Sistema Integrado de Gestão de Agrotóxico, um software para rastreamento e controle do comércio e uso do agrotóxico no estado, além de realizar a fiscalização. A Emdagro faz, também, o monitoramento fitossanitário, além do Plano de Vigilância da Influenza Aviária executando coletas nos criatórios para prevenção. “A gente mantém vigilância total para não deixar propagar a gripe aviária”, afirmou dos Anjos.

O estado criou o Citricultura sustentável um programa criado para atuar com o grande forte do estado que é a produção de laranja. Com isso, buscam atuar em unidades demonstrativas que ajudem na diversificação de variedades de porta-enxertos e plantio direto, além da produção de borbulhas de citros e banco de produção de sementes para porta enxertos. Assim reduzir os custos da aquisição de mudas ao pequeno produtor.

Na região sul de Sergipe o cacau é realidade. A Emdagro instalou unidades demonstrativas e capacitação de técnicos e produtores para ampliar o cultivo. A instituição está levando a cultura para o sertão, em Canindé de São Francisco após pesquisas e análises para cultivar o cacau em diversas regiões e climas.

Regularização Fundiária

Em Sergipe, a Emdagro atua na regularização fundiária por meio da Diretoria de Ações Fundiárias. A diretoria segue processos coesos para efetiva ação fundiária como o georreferenciamento, gestão da terra e atuam com três eixos:

  • terras devolutas do estado: pequenos e médios sem escritura.
  • assentamentos estaduais: áreas compradas com escritura
  • assentamentos do Crédito Fundiário: áreas compradas com créditos do governo.

O crédito fundiário não é de competência da Emdagro, no entanto, a instituição repassa todo acervo documental para a Seagri executar a regularização. O estado possui o Programa Minha Terra que visa a garantia de democratização do acesso às terras devolutas.

A Emdagro informatizou o acervo fundiário com metodologia de arquivamento para que qualquer municipio possa pesquisar os processos. Foram 60.000 mil processos digitalizados a custo zero, utilizando o corpo de equipe da própria instituição capacitando-os e executando força-tarefa. Com isso, todos podem ter acesso aos arquivos, sejam técnicos, governo ou produtores, gerando maior agilidade e transparência. Além disso, a Emdagro criou o Sistema de Emissão de Títulos de Regularização vinculado ao SIGA que puxa as informações preexistentes, criando autonomia para Emdagro. 

Pesquisa

Na Emdagro, a pesquisa está dentro da Diretoria de Ater e Pesquisa (Diraterp), gerida pela Coordenação de Pesquisa que está sempre em sintonia com a Coordenação de Agroecologia e com a Diretoria de Defesa Vegetal.

A instituição possui laboratórios de pesquisa localizada de forma estratégica próximo à universidade, além de instalações de campo para desenvolvimento de tecnologias na área de agroecologia.

As principais linhas de pesquisa são:

  • Fitossanidade (controle biológico e alternativo)

Na área do microorganismo e entomopatogênicos o foco maior é no citrus, uma das principais cadeias do estado, além da banana e oleiricultura. Foi desenvolvida uma unidade de produção on farm de bioinsumo, fornecendo acesso ao agricultor para que possa criar o seu bioinsumo dentro da fazenda (on farm). Para a capacitação foram feitos dias de campo.

Para esse desenvolvimento foi feito uma prospecção com coleta de solo para analisar o fungo. A intenção foi atuar com microorganismos nativos de Sergipe para criar o bioinsumo ideal.

O bioinsumo tem sido pauta de discussão no Congresso Nacional para sua regulamentação. É de fundamental importância para a produção agroecológica reduzindo o uso de agrotóxicos.

  • microbiologia do solo

Nessa linha de estudo, existe uma pesquisa em andamento para desenvolvimento de estimulantes que promovam fertilização e crescimento com menor uso de agentes químicos.

Nessa linha de pesquisa, o estudo em andamento visa a proteção solar e interagindo com a extensão e agricultores de forma a potencializar as áreas irrigadas.

Irrigação

Em Sergipe, a Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação (Coderse) é a instituição estatal de assistência técnica e extensão rural focada em irrigação e abastecimento. 

A Coderse atua promovendo a segurança hídrica rural com ações integradas para o abastecimento humano e produção agropecuária. Além disso, nos lugares onde o abastecimento de água não chega, a Coderse atua com perfuração de poços, tubulares profundos, instalação de sistemas de abastecimento, além de recuperação e manutenção. Além da irrigação, a Coderse atua também com saneamento rural, calçamento, aquisição e distribuição de máquinas de saneamento.

A instituição atua em programas como o Água Doce, fazendo a dessalinização de água para abastecimento em áreas do semiárido gerando água potável.

Existem 7 perímetros irrigados gerenciados pela Coderse, sendo maior parte atendendo a agricultura familiar.

Em 2024, a Coderse produziu mais de 600 mil toneladas de alimentos, gerando renda em torno de R$959,5 milhões. “Hoje o que se produz e o que gera de riqueza no perímetro irrigado é muito superior”, afirmou o presidente da Coderse, Paulo Henrique Sobral.

A Coderse também atua na dessedentação dos rebanhos, criando aguadas para armazenamento da água das chuvas para uso no período de estiagem, fortalecendo a permanência da agricultura familiar no campo. “É importante aumentar o armazenamento de água da chuva para ela não extravasar”, argumentou, Sobral.

O projeto atual do estado é levar a água do São Francisco para reservatórios no alto sertão sergipano para que os produtores do leite tenham mais produtividade e redução de custo.

Fonte: Asbraer

Sergipe sedia 40ª Reunião Extraordinária da Asbraer e se consolida como capital nacional da regularização fundiária e da pesquisa agropecuária

Evento reúne representantes dos 27 estados, Governo Federal, Anater e dirigentes das Empresas de Assistência Técnica e Extensão Rural de todo o país

Sergipe se transformou, entre os dias 30 de julho e 1º de agosto, no principal centro de discussões da assistência técnica, extensão rural, regularização fundiária e pesquisa agropecuária do Brasil. O motivo foi a realização da 40ª Reunião Extraordinária da Associação Brasileira das Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural (Asbraer), que congrega as 32 instituições públicas estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) e pesquisa agropecuária do país.

O evento, sediado pelo Governo de Sergipe por meio da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro) e da Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), reuniu lideranças de todos os estados brasileiros, técnicos, gestores, representantes do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater), em um momento estratégico de debate e articulação política.

A abertura oficial ocorreu na manhã de quarta-feira, 30, com a presença do presidente da Asbraer, Otávio Martins Maia, da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) de Minas Gerais; do vice-presidente de Ater da entidade, Rafael Gouveia, da Emater de Goiás; do presidente da Emdagro e vice-presidente nacional de Pesquisa Agropecuária da Asbraer, Gilson dos Anjos; e do presidente da Coderse, Paulo Henrique Sobral. Representantes de todas as regiões do país participaram do encontro, fortalecendo a unidade e a integração do sistema público de Ater e pesquisa agropecuária.

Em sua fala de abertura, o presidente da Emdagro, Gilson dos Anjos, deu as boas-vindas aos participantes e destacou os avanços da agropecuária sergipana por meio de políticas públicas implementadas com foco no pequeno produtor.

“É com grande alegria que recebemos esta 40ª Assembleia da Asbraer em Sergipe. É uma honra sediar um evento tão importante, com representantes de todo o país e parceiros estratégicos. Não tenho dúvida de que este é um espaço essencial para discutirmos políticas públicas urgentes para o fortalecimento da agricultura familiar”, afirmou Gilson.

Ele reforçou que o Governo de Sergipe tem feito sua parte para transformar a realidade do campo, com ações como a distribuição gratuita de sementes de arroz e milho por meio do programa Sementes do Futuro; a entrega de mais de 648 mil raquetes de palma forrageira para reservas alimentares do rebanho; a inseminação artificial gratuita em propriedades com até 50 vacas, com mais de mil matrizes já inseminadas; a vacinação contra brucelose, com mais de 5.900 bezerras imunizadas.

“Com políticas públicas eficazes, inovação e compromisso, estamos garantindo dignidade a quem vive da terra”, concluiu Gilson.

O recém-eleito presidente da Asbraer, Otávio Martins Maia, agradeceu a recepção e ressaltou a importância da assembleia como espaço de troca e mobilização. “Cada edição promove um intercâmbio de experiências e fortalece a articulação política em defesa da assistência técnica e da agricultura familiar. É urgente que o Governo Federal assuma maior protagonismo no financiamento dessas ações”, declarou Maia.

Ele alertou para a carência de pessoal nas instituições estaduais e a necessidade de garantir recursos para contratação, valorização e estruturação das equipes técnicas, que são responsáveis por transformar realidades no campo brasileiro.

A presidente do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), Alcineide Nascimento, também destacou a relevância do evento para o fortalecimento das entidades públicas de Ater. “A assembleia tem papel fundamental ao colocar em pauta a necessidade de ampliação dos investimentos. Sem uma extensão rural forte, não há como garantir o sucesso das políticas públicas no campo”, frisou.

Ela reforçou que a extensão rural é, em muitos casos, o único elo entre o agricultor e o Estado, sendo a responsável por garantir cidadania e desenvolvimento às comunidades rurais.

Representante do Governo Federal, o presidente da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater), Jefferson Coriteac, destacou o compromisso da agência em apoiar as entidades públicas de assistência técnica em todo o país. “É uma honra participar desta assembleia. Nosso papel é facilitar a transferência de recursos para as Emateres e empresas públicas estaduais, ampliando a capilaridade das ações no campo”, afirmou Coriteac.

O presidente da Anater também elogiou o trabalho da Emdagro e fez um chamado à mobilização. “Quero parabenizar o presidente Gilson pelo exemplo que é Sergipe. Reforço aqui um convite: façam essa força-tarefa junto ao MDA. Quanto mais articulação, mais recursos virão. A Anater está pronta para apoiar.”

Ele ainda destacou o papel do Instrumento Específico de Parceria (IEP) como ferramenta de formalização das demandas dos estados junto ao MDA, e conclamou as entidades a articularem continuamente com o ministério para garantir avanços concretos.

Agenda nacional

A 40ª Reunião Extraordinária da Asbraer está sendo marcada por intensos debates para a formação de uma agenda estratégica em prol da agricultura familiar com temas sobre: financiamento dos serviços públicos de Ater; Regularização fundiária e acesso à terra; Fortalecimento das OEPAs (Organizações Estaduais de Pesquisa Agropecuária); Inovação tecnológica no campo; Capacitação e valorização dos extensionistas rurais; Ampliação dos contratos com a Anater; Articulação com o MDA para liberação de recursos federais.

Gestão e inovação

Ao sediar o encontro, Sergipe reforça sua posição de destaque no cenário da agricultura familiar brasileira. Com políticas inovadoras e uma gestão comprometida com o campo, o Estado se apresenta como modelo de atuação integrada entre pesquisa, extensão, sanidade animal e produção sustentável.

A realização da 40ª Assembleia da Asbraer em Aracaju não apenas evidenciou a força das instituições públicas de Ater, como também colocou Sergipe no centro das decisões que moldarão o futuro do campo brasileiro. “Seguiremos firmes, fortalecendo a agricultura familiar e garantindo dignidade a quem vive da terra”, finalizou Gilson dos Anjos.

Programação

A programação foi iniciada com a reunião extraordinária da Asbraer que elegeu a nova diretora para o exercício 2025/207, sendo eleito Presidente Nacional Otávio Martins Maia, presidente da Emater do Estado de Minas Gerais, e o vice-presidente  Nacional de Ater da Asbraer, Rafael Gouveia, que é presidente da Emater de Goiás, seguido da abertura oficial da Conferência.

À tarde, o foco foi uma ampla discussão sobre Cadastro Nacional da Agricultura Familiar (CAF) e, encerrando o dia, o presidente da Anater, Jefferson Coriteac, conduziu um diálogo sobre os instrumentos específicos da agência com as entidades associadas da Asbraer.

Nesta quinta-feira (31), o Estado de Sergipe, por meio da Emdagro, apresenta suas experiências e ações estratégicas, a exemplo do panorama do Setor Agropecuário, a ser apresentado pelo presidente Gilson dos Anjos; das Ações Fundiárias, com Marcelo dos Santos, diretor de Ação Fundiária da Emdagro; das ações de Ater , com Jean Carlos Nascimento Ferreira, diretor de Ater e Pesquisa; da pesquisa agropecuária, por Marcelo da Costa Mendonça, coordenador de Pesquisa e Inovação Tecnológica. 

Temas estratégicos nacionais, como Alteração da Lei de Proteção de Cultivares (Lei 9.456/97), com Dra. Vânia Mota Cirino, do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná, e Isaac Sassi (Asbraer), segurança hídrica rural, com Paulo Henrique Sobral, presidente da Coderse; Congresso Nacional da Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Assistência Técnica, Extensão Rural e da Pesquisa, do setor Público Agrícola do Brasil, com José Cláudio Fidélis; Projeto de Lei do Sistema Unificado de Assistência Técnica e Extensão Rural (a definir); COP 30 e mudanças climáticas, com Joniel Abreu, Emater do Pará; apresentação do acordo de cooperação entre o INSS e a Emater de Rondônia, com Gilberto Waller Júnior (Instituto Nacional do Seguro Social) e Iracema da Costa Coelho e; um Panorama da plataforma Agronegociar, com Gustavo Reis, Basílio Rodrigues Júnior e Caio Rocha encerraram o dia.

Já nesta sexta-feira, 1º de agosto, a discussão girou em torno da Inovação, integração e campo, apresentação do sistema Solus para execução de crédito rural e um diálogo estratégico interno, voltado à integração das ações entre os estados.

Durante a tarde, está prevista uma visita técnica à propriedade do agricultor José Adelson Fonseca, no povoado Garangau, em Campo do Brito, no agreste sergipano, e à Cooperativa dos Produtores de Farinha de Mandioca do município.

Encerrando a Conferência, neste sábado, 2, a programação será um encontro técnico no município de Canindé de São Francisco, alto sertão de Sergipe, reunindo a equipe da Emdagro e todos os participantes da assembleia.

Crédito rural movimenta R$ 1,5 milhão no perímetro irrigado Califórnia

Técnicos da Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe atuam na formalização de produtores e na elaboração de propostas para que agricultores tenham acesso a crédito para investimento ou custeio de empreendimentos

Agricultores do município de Canindé de São Francisco têm recebido assistência técnica do Governo do Estado, por meio da Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse) – empresa vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri) – para elaboração de projetos e obtenção de crédito rural, junto ao Banco do Nordeste (BNB). Orientados por técnicos da companhia, que atuam na formalização dos produtores e na elaboração das propostas, os agricultores do perímetro irrigado Califórnia obtêm crédito para investimento ou custeio de empreendimentos, inclusive a compra de veículos para o escoamento da produção. O montante financiado pelos irrigantes até o momento chega a R$ 1,5 milhão só neste perímetro do sertão, com a realização de 54 projetos.

Conforme observa o técnico agrícola da Coderse, Luiz Roberto Vieira, a implantação do Pronaf B, no Califórnia, foi importante para resolver um problema latente no perímetro: a descapitalização da maioria dos pequenos agricultores. “Aqui, os grupos B e Variável, do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), foram determinantes e se encaixaram perfeitamente à necessidade dos agricultores. Hoje, eu posso dizer que é uma realidade, pois já temos 54 projetos aqui, sendo 39 aprovados e 15 em apreciação, pela equipe do agente financeiro”, disse ao destacar que o Pronaf serve para tudo no campo e, além da assistência técnica, também a água fornecida pelo governo é de suma importância para a produção agrícola.

Orlando Moura é produtor rural do perímetro e optou por um sistema de irrigação de microaspersão, para sua lavoura. Para isso, contratou um financiamento de R$ 12 mil e investiu na compra de microaspersores em 1,65 hectares. Já o filho construiu um curral, com outro financiamento em nome dele, dentro da mesma unidade produtiva familiar. “Esse projeto foi muito bom, economizou tanto no serviço, como na quantidade de água. Antes eu me aperreava para molhar uma área pequena, agora, estou despreocupado. Eu investi todo o montante na irrigação e não me arrependo”, afirmou.

Também para o produtor rural Glicério Caetano, obter o financiamento foi muito importante. “A gente aqui costuma trabalhar com o próprio recurso, que é muito pouco. Então, quando o Banco do Nordeste fez esse financiamento para a gente, foi, como diz o ditado: uma mão na roda, e todo mundo ficou satisfeito. No meu caso mesmo, plantei 200 mudas de goiaba. Se fosse para eu fazer com recursos próprios, até conseguiria, mas teria que ir arrastando um pouquinho, então isso me aliviou muito”, enfatizou.

Linha de crédito

O Pronaf B tem taxas de juros bem acessíveis e prazo para pagamento a depender da atividade, que pode ser de até três anos, com parcelas semestrais ou anuais para quitar o financiamento. O empréstimo pode ser renovado e, a depender do perfil do agricultor familiar, o financiamento tem juros subsidiados. “A Coderse identifica os irrigantes habilitados e com interesse no financiamento, que são assessorados quanto a documentação necessária para formalizar os projetos”, explica Luiz Roberto, da Coderse.

Sergipe produz repolho irrigado do centro-sul ao alto sertão

Vegetal tem boa demanda de mercado e funciona como opção de rotação de cultura que ajuda na saúde do solo
Em Canindé, produtor irrigante está obtendo sucesso ao produzir repolho na irrigação fornecida pelo Governo do Estado // Foto: Fernando Augusto (Ascom Coderse)

Aliados ao uso de tecnologia de irrigação e assistência técnica, agricultores de Canindé de São Francisco, no alto sertão sergipano, estão conseguindo produzir repolho no clima semiárido. A hortaliça se desenvolve melhor no clima frio e já chamava atenção quando era plantada, há alguns anos, na irrigação pública do centro-sul e no agreste do estado, onde o clima é mais úmido. São produtores de repolho atendidos pelo Governo do Estado em perímetros irrigados que produziram quase 74 toneladas, em 2024.

Em 2025, no perímetro Califórnia, administrado pela Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), em Canindé, o repolho foi plantado em abril e dependia unicamente da irrigação. Perto de sua colheita, no fim de junho, já era influenciado pela diminuição da temperatura do período chuvoso. Já no perímetro Piauí, em Lagarto, neste ano, a safra do repolho começou ainda mais cedo, com o plantio em março, para ser colhido em maio e com um aproveitamento ainda menor do período de frio, em Sergipe. 

Segundo o gerente do Piauí, Gildo Almeida, mesmo em dias de chuva, as bombas do perímetro irrigado voltam à funcionar em casos especiais, como o do repolho. “A gente fica atento, para oferecer a irrigação através da Coderse e dar o suporte que eles precisam, como parte do acompanhamento técnico. Pela estação meteorológica, lá no perímetro, sabemos, todos os dias, quantos milímetros choveu. Se for pouco e como o repolho requer mais água, a gente sempre fica em comunicação com o produtor e faz, da melhor forma, um abastecimento de água extra”, explica.

Califórnia, Piauí e Jacarecica I, em Itabaiana, no agreste sergipano, foram os três perímetros irrigados estaduais que produziram quase 74 toneladas de repolho, durante o ano de 2024. Eles fazem parte do conjunto de sete unidades em que a Coderse – vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri) – incentiva a agricultura irrigada no estado, oferecendo infraestrutura de armazenamento e distribuição de água bruta. 

Para o diretor de Irrigação da Coderse, Júlio Leite, o repolho é mais uma opção de produto da irrigação pública no mercado, para o produtor não ficar atrelado à insegurança da monocultura.  “O produtor tem mais segurança financeira, se sua renda vier da produção e comercialização de uma diversidade de produtos. Se ele oferecer só um produto, ele assume o risco de uma queda no valor de mercado e pode até ter prejuízo. Por isso a Coderse sugere variar a produção, com assistência técnica, estudo de mercado e principalmente, a água, para irrigar o ano todo”, analisa.

Manejo e comercialização
O produtor Genilson Cardoso, conhecido como Genilson do Quiabo, investe, pelo segundo ano, com sucesso, na produção de repolho, em Canindé, por ser uma planta de ciclo rápido para a rotação de culturas agrícolas. “Tem que mudar de cultura e eu optei pelo repolho, que, em 90 dias, já colhemos e plantamos outra cultura porque, se plantar só o repolho, a terra vai ficando fraca. Aqui eu já plantei tomate, milho, quiabo e agora repolho”, conta o irrigante do Perímetro Califórnia.

Genilson conta que não teve dificuldade com pragas e doenças no repolho, cultivado em Canindé. A comercialização da safra de 2025, com quase um hectare plantado, já estava negociada antes da colheita e desta vez atendeu a demanda do próprio estado. “Essa aqui vai para Itabaiana, mas eu já mandei para Recife, Caruaru, Salvador, Maceió e Aracaju. Foram dois caminhões de repolho”, destaca.

O produtor irrigante aconselha aos outros produtores rurais o plantio do repolho. “Se você quiser plantar, é uma cultura fácil de vender. Eu gosto de plantar, todo ano eu planto, mas tem que plantar no tempo frio porque, no verão, é difícil de tirar ele. No tempo de inverno é bom, ele não adoece muito”, aconselha.

Assistência técnica e irrigação
Mesmo experiente para plantar, Genilson do Quiabo tem o auxílio dos técnicos agrícolas da Coderse. “Eles sempre dão uma dica. A gente vai na prática e vai pedindo para eles, como é que a gente vai fazer para sair melhor. Nós não estudamos para isso, só sabemos mexer com a terra. Mas a importância da irrigação é tudo, a gente sobrevive dessa irrigação. Se não tiver irrigação aqui, o ‘cabra’ não tem emprego. Quem é agricultor tem que ter irrigação, para manter a família e manter os trabalhadores, também. Todo o tempo a gente tem roça aqui. É tirando uma roça e já plantando outra”, completa.

Irrigação pública estadual incentiva geração de renda nos programas de aquisição de alimentos

Em 2025 a Coderse assessorou seis propostas ao PAA em perímetros irrigados estaduais e cinco estão entre os 10 melhores ranqueados pela Conab
Ozéias Bezerra está entregando tomates para o PNAE e aguarda autorização da Conab para entregar este e outros produtos ao PAA // Foto: Fernando Augusto (Ascom Coderse)

Incentivo à agricultura familiar e segurança alimentar, os programas de compra institucional de alimentos têm campo fértil nos perímetros irrigados estaduais. Em 2025, irrigantes de Canindé de São Francisco, no alto sertão sergipano, estão entregando hortaliças para a merenda escolar. Eles também conquistaram o primeiro lugar no ranqueamento das propostas sergipanas ao Programa de Aquisição de Alimentos, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), na modalidade ‘compra com doação simultânea’.

Ao todo, foram selecionadas seis propostas ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) de agricultores assistidos pela Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri). Cinco desses projetos estão entre os dez mais bem ranqueados pela Conab. São 148 irrigantes que propõem entregar, durante um ano, 382 toneladas de alimentos para benefício de 21.500 pessoas em situação de insegurança alimentar.

Com as seis propostas sendo efetivadas pelo Governo Federal, os agricultores assistidos pela Coderse com irrigação, assistência técnica agrícola e assessoria na formação de documentos e elaboração das propostas vão receber, ao todo, R$ 2.219.359,00 de remuneração, pelo cultivo desses alimentos. Iniciados os pagamentos, os técnicos da companhia estadual voltam a atuar no apoio ao controle das entregas e na prestação de contas à Conab.

Pela Associação dos Agricultores de Canindé de São Francisco (ASSAI) –  instituição melhor ranqueada no grupo da ampla concorrência do PAA em Sergipe – o irrigante Ozéias Beserra aguarda o sinal verde para começar a entregar os tomates, pimentões, abóboras e abobrinhas que ele já está cultivando no Perímetro Irrigado Califórnia. “A expectativa está sendo enorme. Já estamos nos preparativos de produção e plantio, só aguardando o recurso [federal] chegar para a gente começar as atividades.  A gente já está com a semente, esperando para plantar o repolho também”, afirma.

Diretor de Irrigação da Coderse, Júlio Leite informa que outras três associações do perímetro irrigado de Lagarto, uma do perímetro de Itabaiana e uma cooperativa de irrigantes de Malhador, são assistidas pela empresa pública e estão ranqueadas para, também, participar do PAA da Conab em 2025. “Desde 2008, a Coderse apoia seus irrigantes a participar do PAA e nesse tempo eles entregaram quatro mil toneladas de produtos da irrigação, para pessoas em insegurança alimentar em Sergipe. É uma forma de escoar a produção por um preço justo, fixo e por um período programado. O irrigante consegue fazer o uso integral de sua propriedade e gera uma renda melhor do que fosse colocar os produtos direto no mercado”, pontua.

Merenda escolar 
Por meio da Cooperativa de Fomento Rural e Comercialização do Perímetro Irrigado Califórnia (Coofrucal), Ozéias Beserra já está entregando os tomates que ele cultiva para a merenda das redes estadual e municipal de ensino, via Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). “A gente plantou tomate há alguns anos atrás. Agora, estamos retornando, por conta da chamada pública, com o município e com o Estado. A importância da assistência técnica da Coderse é boa porque nos orienta, ajuda a gente a trabalhar com tomate, ajuda no controle de doenças e de pragas, a gente tem uma experiência muito boa. Também ela nos fornece a água de inverno a verão, a gente não tem problema com água, e precisa de bastante água para a cultura do tomate”, relata.

O agricultor irrigante toca o seu lote no perímetro Califórnia com a ajuda dos três irmãos e um trabalhador rural contratado. Sem contabilizar as plantinhas ainda em fase de mudas, protegidas na estufa para crescer, Ozéias Beserra tem três lavouras de tomate em fases diferentes de desenvolvimento. Desta forma, ele pode fazer mais de uma colheita semanal e entregar o fruto por um período prolongado, como exige o PNAE. “A quantidade de tomate que a gente está produzindo hoje é baixa, ainda, fica variando entre dois mil e três mil quilos por semana. A importância do PNAE é porque ele tem um preço estabilizado, nem sobe nem desce, estabiliza em um preço que é justo para o produtor, o que incentiva a gente a trabalhar com o PNAE. Se não fosse assim, eu não plantaria o tomate porque é um produto que oscila muito de preço,hora sobe demais, hora ele abaixa muito e, como é uma cultura que não aguenta tempo [de prateleira], está no ponto de encolher. Se você pegar uma fase que o preço esteja baixo, a venda não cobre os custos de produção”, justifica Ozéias. 

Produção agrícola cresce 11% nos perímetros irrigados administrados pelo Governo de Sergipe

Os seis perímetros movimentaram R$ 249 milhões em 2024, um aumento de R$ 37 milhões em relação a 2023

Sergipe, estado com forte vocação agrícola, tem colhido resultados expressivos graças aos investimentos do Governo do Estado na modernização e gestão dos perímetros irrigados. Em 2024, a produção nos seis perímetros administrados pela Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), alcançou 122.086 toneladas, um crescimento de 11% em relação ao ano anterior. Esse desempenho reforça a importância da irrigação no fortalecimento da agricultura familiar e no desenvolvimento regional.

Atualmente, Sergipe conta com seis perímetros irrigados públicos: Califórnia, em Canindé de São Francisco; Jabiberi, em Tobias Barreto; Jacarecica I, em Itabaiana; Jacarecica II, abrangendo Malhador, Itabaiana e Riachuelo; Piauí, em Lagarto; e Poção da Ribeira, entre Areia Branca e Itabaiana. Juntos, eles movimentaram R$ 249 milhões em 2024, um aumento de R$ 37 milhões em relação a 2023.

O Perímetro Jabiberi, em Tobias Barreto, por exemplo, destacou-se pela produção de 2.389.493 litros de leite, convertidos em 272 toneladas de derivados, um salto considerável comparado às 160 toneladas registradas em 2023.

Já no Perímetro Jacarecica I, localizado em Itabaiana, no agreste central, exemplifica o impacto dos investimentos em infraestrutura e gestão. Situado a 65 km de Aracaju, o perímetro abrange 398 hectares, sendo 248 hectares de área líquida irrigável. Ele é abastecido por uma barragem de pedra e concreto com capacidade para acumular 4.700.000 m³ de água. A água escoa por gravidade até uma estação de bombeamento, que distribui até 1.190 m³/h por meio de 20 km de tubulação.

Nos 124 lotes ativos do Jacarecica I, aproximadamente 1.200 pessoas trabalham direta ou indiretamente na produção. A batata-doce é o carro-chefe, seguida por amendoim e quiabo, além de hortaliças como coentro, alface e pepino. Com a modernização do sistema de irrigação, substituindo a aspersão convencional pela microaspersão, os agricultores notaram melhorias significativas.

De acordo com o gerente do perímetro, Oswaldo Nunes da Cruz, o novo sistema reduz o desperdício de água e energia, aumentando a eficiência e a produtividade. “Com a microaspersão, o produtor economiza tempo e recursos, além de garantir colheitas mais estáveis. É um avanço que facilita o trabalho e melhora os resultados”, destacou.

A irrigação permite que a produção ocorra durante todo o ano, inclusive no verão e em períodos de seca. José Carlos Santos Nascimento, produtor do Jacarecica I, cultiva batata-doce, amendoim, quiabo e coentro com a ajuda de sua família. Ele atribui o sucesso ao sistema de irrigação. “Sem essa infraestrutura, só poderíamos plantar no período de chuvas, que dura cerca de três meses. Hoje, conseguimos produzir o ano inteiro”, afirmou.

José Carlos também destacou o impacto econômico da agricultura familiar. “Produzimos alimentos saudáveis, geramos empregos e movimentamos a economia local. É fundamental para a região”, disse. Ele estima que sua produção cresceu 30% em 2024, com grande parte sendo vendida para atravessadores que distribuem os produtos em estados como São Paulo, Ceará e Alagoas.

Diversidade de culturas

Os perímetros irrigados em Sergipe abrangem uma ampla variedade de culturas, incluindo batata-doce, amendoim, milho, quiabo, hortaliças e frutas como melancia, goiaba e acerola. Segundo o técnico agrícola Simeão Santana, 14 culturas principais são produzidas no Jacarecica I, com destaque para batata-doce (22 toneladas por hectare), quiabo (9 toneladas por hectare) e amendoim (4,5 toneladas por hectare) em média.

O produtor do perímetro Jacarecica I Evanilson dos Santos Menezes, 45 anos, que herdou a propriedade do pai há dez anos, destacou o crescimento da produção. “Produzimos amendoim, batata-doce, milho, maxixe e quiabo. Este ano, aumentei a produção em 30%. O perímetro irrigado é uma riqueza, emprega muita gente e ajuda a movimentar a economia local”, declarou.

No lote de 2,3 hectares, Evanilson emprega dezenas de trabalhadores rurais na época do plantio e da colheita. Adeilma dos Santos é uma delas. Agricultora há 32 anos, ela reforçou o papel da agricultura para sua família. “Trabalhamos com batata-doce, quiabo e pimenta. É uma bênção de Deus, porque traz o pão para nossa mesa. O perímetro irrigado garante sempre uma colheita boa, e isso é fundamental para a nossa renda”, disse.

A produção é majoritariamente comercializada em Sergipe, com cerca de 70% destinada a Aracaju. O restante abastece feiras livres locais e mercados de estados vizinhos, como a Bahia. Para o técnico agrícola da Coderse, o suporte técnico e os avanços tecnológicos são fundamentais para o crescimento sustentável. “A agricultura aqui não só garante a segurança alimentar como gera emprego e renda, fortalecendo a economia local e estadual”, afirmou.

Perímetros irrigados

De acordo com a equipe técnica da Coderse, os investimentos do Governo de Sergipe, como o fornecimento de água de irrigação e a assistência técnica gratuita, têm impulsionado o desenvolvimento sustentável nos perímetros irrigados. Com mais de 50 tipos de produtos agrícolas cultivados, o modelo é um exemplo de eficiência e competitividade no mercado nacional.

Para a companhia, além de garantir a regularidade da produção, mesmo em períodos de estiagem, os perímetros promovem a fixação de famílias no campo e contribuem para a segurança alimentar. Os resultados de 2024 reforçam que, com investimentos estratégicos, a agricultura de Sergipe continuará a prosperar nos próximos anos.

Governo do Estado vistoria trajeto da Adutora do Leite no alto sertão sergipano

Rede de abastecimento levará água para pecuária leiteira. Previsão é crescer investimentos em tecnologia, qualidade de rebanhos e produção em dobro

O Governo de Sergipe, por meio da Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), esteve presente nesta quinta-feira, 28, no alto sertão sergipano, percorrendo o trajeto que será beneficiado pela Adutora do Leite. 

Com uma extensão de 108 km, a rede de abastecimento levará água para dessedentação animal em cinco municípios, graças a um investimento de R$ 250 milhões. A obra atenderá a população rural de Canindé de São Francisco, Poço Redondo, Porto da Folha, Monte Alegre de Sergipe e Nossa Senhora da Glória, reforçando o compromisso estadual com o desenvolvimento da região.

A Adutora do Leite fornecerá água para aproximadamente 265 mil animais, sendo 180 mil somente bovinos. A região é uma das maiores bacias leiteiras do Nordeste e a dessedentação animal é uma reivindicação antiga dos produtores. A expectativa é que a produção leiteira dos cinco municípios dobre com a finalização da obra.

Márcio Pereira, morador da zona rural de Glória, conta que a população depende dos caminhões-pipa ou da chuva para conseguir água para o gado. Quando não, já que a prioridade é o abastecimento humano, o criador tem que comprar a água. “Ajuda muito, assim chegar água, né? Se chegar a adutora aqui vai ajudar muito o sertanejo”, acredita.

Para o secretário da Seagri, Zeca Ramos da Silva, a construção da adutora será um marco da atual gestão estadual.  “Percorremos o trajeto da Adutora do Leite, verificando os melhores acessos para atender à população, aos produtores dessa bacia leiteira. Nessa terra árida do alto sertão sergipano, estamos iniciando um dos maiores projetos da gestão do governador Fábio Mitidieri, conduzido pela Seagri, e que trará a solução definitiva para a dessedentação animal em um longo trajeto. A maior obra dos últimos tempos para o sertão sergipano”, anunciou o secretário.

A Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), vinculada à Seagri, é a instituição pública executora da obra. Segundo o diretor-presidente, Paulo Sobral, uma equipe de arquitetos, engenheiros civis e mecânicos da Coderse está coordenando e fiscalizando o trabalho da empresa licitada para a elaboração dos estudos e projetos para a construção da adutora. Ao mesmo tempo em que a empresa pública iniciou o processo de obtenção das licenças necessárias à obra. 

“A visita teve início em Nossa Senhora da Glória, ponto final dos 108 km da Adutora do Leite, onde será instalado um grande reservatório. De lá, seguimos até o povoado de Santa Rosa do Ermírio, percorrendo estradas vicinais por onde a tubulação será implantada. Acompanhados pelos engenheiros da Encibra Engenharia, visitamos os locais por onde a rede passará e identificamos os pontos estratégicos para a construção dos reservatórios de água bruta, projetados para reduzir a distância entre os produtores rurais e o acesso à água. A engenharia da Coderse acompanha de perto o andamento do projeto junto à empresa contratada, enquanto adota, paralelamente, outras medidas técnicas e legais necessárias para viabilizar o início das obras, após a conclusão do projeto”, explicou Paulo Sobral.

Perímetros irrigados estaduais preveem alta de 25% na produção do feijão-de-corda em 2024

Produção irrigada da leguminosa, em pequenas áreas da agricultura familiar, é beneficiada e vendida por feirantes

Nos perímetros públicos de irrigação mantidos pelo Governo do Estado a produção de feijão-de-corda em 2024 deve aumentar quase 25%. A expectativa dos técnicos agrícolas da Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), no Califórnia, em Canindé de São Francisco, alto sertão sergipano; Jacarecica II, polo agrícola entre Areia Branca, Malhador e Riachuelo; e Piauí, em Lagarto, no centro-sul; é que a produção some 962,6 toneladas da leguminosa, quantidade superior às 772 toneladas produzidas nesses três perímetros em 2023.

Os agricultores irrigantes atendidos pela companhia, vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), produzem o grão em qualquer época do ano, a partir do fornecimento de água de irrigação e assistência técnica oferecida em cinco perímetros de vocação agrícola. Bastante procurado para o preparo de pratos regionais, o feijão-de-corda sergipano, seja verde ou seco, tem mercado também em estados vizinhos, como Bahia e Alagoas, além de Sergipe.

“A gente leva para feira [de Canindé], para Aracaju, Salvador. Agora está tendo mercado e a gente planta o ano todo aqui, quase que tem [feijão-de-corda] direto. E sai daqui com preço”, avaliou o produtor irrigante do Califórnia, Manoel Otávio Tolentino. O agricultor, que tem 32 anos de perímetro irrigado, também planta goiaba, acerola, milho, mandioca e quiabo em seus 4 hectares do lote. O perímetro de Canindé tem a maior expectativa de alta na produção do produto para este ano, 36%, assim como a maior produção prevista para 2024, 870 toneladas.

Água e assistência

Também do Califórnia, o agricultor irrigante José dos Santos, mais conhecido como Duda, cultiva feijão-de-corda durante um período do ano, mas nas outras épocas está sempre com lavouras de maracujá, macaxeira, pimenta-de-cheiro, acerola e outros. Segundo o produtor, o Governo do Estado contribui para a diversidade e continuidade dos cultivos. “A Coderse fornece uma água de qualidade para nós e os técnicos que nos dão assistência estão de parabéns. Está tudo na mão de Deus e eles estão trabalhando certo, ajudando o produtor”.

Duda está com uma área de 0,33 hectares preparada para plantar em outubro e outra, do mesmo tamanho, em novembro. Com isso, ele tem um período prolongado de colheita entre os meses de dezembro deste ano e janeiro do próximo. “O feijão-de-corda vende por aqui também, na feira livre em Canindé e o que sobra, eu mando para Aracaju. Tanto verde quanto maduro têm uma aceitação boa. Eu vou plantar duas roças porque eu gosto de fazer um rodízio, para ter uma escala quando começar a colher”, informou.

Técnico agrícola da Coderse em Canindé, Luiz Roberto Vieira confia que a expectativa de aumento de produção será valorizada pelo bom momento do mercado para o produto. “Há a aceitação do produto no mercado e um preço convidativo, saindo entre R$ 100,00 e R$ 120,00 o saco”, revela. Conforme o profissional da Companhia, os técnicos contribuem para essa realidade positiva com a assistência criteriosa. “É preciso, por exemplo, adubação e um trato cultural bem calibrado e com assistência sanitária mais incisiva”, completou.

Feijão verde

O feijão-de-corda dos perímetros é quase sempre colhido em um estágio de maturação anterior à fase do grão seco, também utilizado para alimentação e próprio para replantio como semente. Esse ‘feijão verde’ praticamente só é comercializado em feiras livres. É quando entram em cena as tradicionais feirantes que debulham as vagens enquanto ocorre a feira e aos olhos do cliente. O produto é próprio para ser cozido no próprio caldo, refogado com carnes ou em saladas frias.

Pesquisa reforça importância da análise de solo em perímetro irrigado estadual no Alto Sertão

Administrado pela Coderse, Perímetro Irrigado Califórnia produziu quase 30 mil toneladas de alimentos em 2023
Engenheiros agrônomos do Prodema proferiram palestras para os agricultores do Perímetro Irrigado Califórnia // Foto: arquivo pessoal

Desde o início de setembro, agricultores do Perímetro Irrigado Califórnia, em Canindé de São Francisco, território do Alto Sertão sergipano, estão participando da pesquisa de dissertação de mestrado da engenheira agrônoma Carla Tamilys Vasconcelos, pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Na última sexta-feira, 20, mais produtores responderam a uma pesquisa e outros 20 fizeram a entrega de amostras de solo para análise no Laboratório de Solos do Departamento de Engenharia Agronômica da UFS. A adesão à prática da análise de solo nos lotes irrigados é uma meta da assistência técnica do Governo do Estado no local.

Esses 20 produtores já tinham participado da pesquisa e da palestra ‘Agricultura de sucesso: o básico bem feito’ no último dia 3, quando ganharam as análises de solo. Um deles foi Ozeias Beserra, agricultor irrigante e técnico agrícola. “Às vezes o produtor quer fazer a análise de solo, mas não sabe qual é o procedimento. Essa é minha experiência como produtor. Hoje como técnico sei o caminho a fazer. Essa doação ajudou bastante na economia para o produtor”, avaliou.

Na palestra, dois produtores ainda foram sorteados para receber avaliações da eficiência do sistema de irrigação dos seus lotes – uma avaliação individual que será dada por especialistas da UFS no início do mês de outubro. Todas as atividades compõem a dissertação de mestrado “Avaliação da Sustentabilidade do Perímetro Irrigado Califórnia”, da engenheira agrônoma Carla Tamilys Vasconcelos Araújo e são desenvolvidas pelo Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (Prodema) da UFS.

“Para a minha dissertação eu necessito aplicar questionários com os irrigantes e a palestra foi a maneira que encontrei para reunir o pessoal de uma vez só. Para pensar no tema, perguntei ao gerente do California qual a maior dificuldade atualmente que os produtores estavam passando. A palestra teve como objetivo mostrar os problemas nas plantas, causados por alguma deficiência de nutrientes e frisar como é importante fazer análise do solo”, pontuou Carla Tamilys.

A avaliação tem a co-realização da Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), empresa vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri) e administradora do Perímetro Califórnia. A palestra realizada no escritório da empresa em Canindé tratou dos temas ‘interpretação de análise de solo’ e ‘recomendações de adubação’.

“São temas de grande importância para o agricultor do perímetro irrigado e que se complementam. Nossos técnicos agrícolas sempre recomendam a análise de solo para fazer a adubação certa na hora de iniciar um novo plantio. Agindo assim, o agricultor maxibiliza os resultados que ele vai ter usando a irrigação que nós fornecemos através da infraestrutura do perímetro”, explicou o gerente do Califórnia, Anderson Rodrigues.

Equipe Prodema
Além de Carla Tamilys, a equipe que está à frente das atividades realizadas no perímetro de Canindé, conta com os engenheiros agrônomos Lucas Berenger Santana, Isabela Lima de Santana e a engenheira agrícola Ketylen Vieira. Todos do PRODEMA.

Perímetro Califórnia
O Califórnia atende 373 lotes com o fornecimento de água para irrigação ou dessedentação animal, que ocupam uma área irrigável de 1.360 hectares. Juntos esses produtores irrigantes produziram 29.706 toneladas de produtos agrícolas em 2023, o que rendeu quase R$ 46 milhões, beneficiando diretamente 1.863 pessoas. A irrigação e assistência técnica agrícola da Coderse permitem a produção de feijão-de-corda, milho verde, goiaba, quiabo, acerola, aipim, hortaliças, uva e outras cultivares agrícolas.

“Pretende-se com esse estudo avaliar a aplicação do índice de sustentabilidade no projeto público de irrigação Califórnia, e contribuir com a formulação de uma base para discussões futuras abordando o desenvolvimento sustentável em perímetros irrigados. Por fim, almeja-se produzir artigos e publicá-los em uma revista científica referência da área de ciências ambientais, para que o conteúdo atinja pesquisadores de todo mundo e motive a elaboração de trabalhos similares”, finalizou Carla Tamilys.

Última atualização: 31 de outubro de 2024 09:39.

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