Balde Cheio é levado a Canindé pela Cohidro

Programa produz leite em sistema de rotação de pastagens irrigadas
Produção de leite é principal atividade rural do Alto Sertão Sergipano – Foto Fernando Augusto (Ascom Cohidro)

Era junho de 2017, quando a gerência, técnicos agrícolas e agricultores irrigantes do Perímetro Irrigado Califórnia, em Canindé de São Francisco, foram até a unidade congênere do Jabiberi, em Tobias Barreto, conhecer o programa ‘Balde Cheio’ de produção de leite introduzido lá pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), empresa que administra ambos polos irrigados. Depois disso, vários passos foram dados para que a transferência de tecnologia do sistema se tornasse realidade. No Alto Sertão foi criado um projeto piloto para os 13 novos micro-pecuaristas repliquem e organizem seus próprios piquetes, pasto e melhorem seus rebanhos.

Idas periódicas do técnico agrícola da Cohidro, José Reis Coelho, para Canindé (Alto Sertão Sergipano, há 213 Km da Capital) têm promovido a inserção do programa no perímetro Califórnia. Ele trabalhou na implantação do ‘Balde cheio’ no perímetro de Tobias Barreto (Centro Sul Sergipano, 123 km de Aracaju) em 2010 e acompanhou todo seu desenvolvimento até hoje, quando os 45 pequenos pecuaristas do Jabiberi produzem juntos uma média diária de 3,7 mil litros de leite, 73% a mais do que era gerado no início do programa.

“Tenho ministrado aulas, com teoria e prática, para os técnicos, estagiários e produtores do perímetro Califórnia. A parte mais teórica com os técnicos e a prática, como instalar uma cerca elétrica, com os produtores e técnicos. Que fazem parte da metodologia do ‘Balde Cheio’”, revelou Coelho. O técnico também expõe que a Cohidro está custeando a unidade piloto e elaborando os projetos de irrigação para os demais irrigantes interessados. “Os agricultores participantes, inicialmente visitados, são 13. Com estes, ficou certo de iniciar a elaboração de projetos para os interessados e a implantação de nova área para um produtor com recursos próprios”.

O ‘Balde Cheio’ consiste na criação de gado de leite em pequenos piquetes, onde estão plantados uma área de capim suficiente para que aquele rebanho se alimente durante um dia. No dia seguinte, os animais deixam aquele setor já ‘pastado’ e seguem para o seguinte. Em um ciclo que dura, a depender do projeto, cerca de 24 dias, a pastagem recebe irrigação contínua e adubação para rebrotar e estar pronta para novamente receber as vacas após elas terem percorrido todas estas divisórias, geralmente divididas por cercas de somente um fio de arame eletrificado.

Diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrícola da Cohidro, João Quintiliano da Fonseca Neto também acompanha o ‘Balde Cheio’ desde o começo no perímetro de Tobias Barreto. “É um programa criado pela Embrapa Pecuária Sudeste. Fomos lá em São Carlos (SP) ver de perto como ele era feito, a forma de manejo, a melhor escolha para os rebanhos e de que forma poderíamos adaptá-lo à realidade do clima do Centro Sul Sergipano, onde fica o Jabiberi. Agora é um novo desafio que a gerência do Califórnia e a empresa, por solicitação dos pecuaristas, abraçou. Se trata de um clima mais quente, seco, com excelente luminosidade e aliados a irrigação o que favorecem ao projeto. A ideia também é de aproveitar a vocação desses produtores e melhorar sua condição de produzir em pequenas áreas, além de diversificar a produção no perímetro irrigado”, considerou.

Diversificação
Eliane de Moura Moraes é gerente do Califórnia é uma das incentivadoras para que o ‘Balde Cheio’ tenha chegado em Canindé. Segundo ela, a motivação é criar mais uma alternativa de renda a partir do uso da irrigação. “Há um ano abrigamos um projeto de transferência de tecnologia da Embrapa Semiárido (Pretrolina-PE), criando dois campos experimentais de uva que produziram comercialmente bem em dezembro e o mesmo está acontecendo com a pera agora. Com o ‘Balde Cheio’, o produtor vai diversificar, vai ter a parte agrícola e a parte pecuária. Assim, eles dispõem de oferta de produtos diferentes do quiabo e da goiaba, cultivos mais explorados aqui, ganhando outros espaços no mercado e de menos concorrência”, acredita.

O presidente em exercício da Cohidro, Jorge Kleber Soares Lima lembra que a produção de leite já é a principal atividade rural do Alto Sertão Sergipano. “Onde não há irrigação e todos os pecuaristas dependem só da chuva para plantar o alimento do gado, eles já despontam com alta produtividade, atendendo laticínios e pequenas fábricas de queijo na região. Contando com a irrigação que a empresa fornece e com o programa ‘Balde Cheio’, a chance desses produtores terem sucesso é muito maior. Principalmente porque vão criar gado de leite em áreas muito menores e com grande produção de forragens. O que na pecuária extensiva fica mais difícil, principalmente naquela região”, avaliou.

Geraldo Mariano de Souza é produtor irrigante no Califórnia e já criava gado de leite de forma extensiva, em área de sequeiro. Com poucos dias já vê diferença na produção de leite na unidade piloto do Balde Cheio implantada em parte de seu lote, utilizando 1 hectare do total de 4. “Sim, está aumentando, porque apartou duas vacas e as que ficaram está mantendo mais leite que as seis. Era 40 litros, hoje tiro 80 ao dia”. Ele agora está procurando financiamento para aumentar o rebanho que hoje é de 10 animais: cinco vacas dando leite, quatro “solteiras” e um boi. “Vou fazer um empréstimo, vou trazer umas melhores, que deem mais leite. Quero ver se fico com 15, porque se ficar com 10, quando tiver apartada, eu não vou ter nada. Quero comprar outras vacas e descartar essas, fazer um negócio direito e organizado”.

Projeto
A Cohidro já levou às reuniões com os produtores, agentes de crédito do Banco do Nordeste (BNB) para tratar do financiamento das novas unidades do ‘Balde Cheio’. Em 2010, no Jabiberi, o Banco do Brasil com intermediação do Sebrae, financiou o investimento em equipamentos de irrigação e formação dos rebanhos, naquele polo irrigado onde só era praticada a agricultura usando irrigação por inundação. Mas para captar os empréstimos, cada produtor vai ter de contar com um plano de ação que enumere em que e quanto irá gastar. O engenheiro agrônomo e mestre em Irrigação da Cohidro, Luiz Gonzaga Luna Reis, também tem ido periodicamente à Canindé fazer projetos para as novas unidades do programa e ensinar os colegas locais à fazê-los também.

“A minha intenção é deixá-los prontos, inclusive com auxílio de um GPS, para levantar as áreas de campo, determinar a vazão do manancial a ser usado para irrigação e em cima disso, fazer um projeto completo de irrigação. Além das capacitações aos técnicos e estagiários em Agropecuária, o engenheiro agrônomo vai à campo fazer testes com a vazão que a água da irrigação chega em cada lote e então planejar os sistemas. “Para fazer uma coisa coerente com o que está acontecendo em campo. Diante disso aí, eu faço o projeto com mais segurança, coerente com o que está acontecendo na prática, me baseando na especificação do fabricante do aspersor”, completou.

Aprendizado
Turmas de estudantes do curso técnico em Agropecuária do Centro Estadual de Educação Profissional (CEEP) ‘Dom José Brandão de Castro’, situado no município vizinho de Poço Redondo, tem feito seus estágios curriculares no perímetro Califórnia. A cada visita do agrônomo Luiz Gonzaga, ou do técnico José Coelho, é uma nova lição de aprendizagem. Geovani Santana e seus colegas se preparam para logo entrarem no mercado do trabalho levando na bagagem o conhecimento com o ‘Balde Cheio’ para aplicar tanto no polo irrigado quanto em outras fazendas com acesso à água para irrigação.

“Para nosso conhecimento aqui em nossa região é de grande importância, porque nós trabalhamos em uma área de irrigação e nós, como estagiários, podemos nos inserir de acordo com o que nós aprendemos na nossa escola, no nosso curso, através dos técnicos da Cohidro. Nos adaptar melhor, conhecer os cálculos, formar um conhecimento maior em relação a implantação do processo de produção e de manejo de animais. Porque aqui faz parte do manejo, vai trabalhar com piquetes e esses piquetes, a gente vai fazer uma rotação de pastejo. E dentro dessa rotação é necessário que nós tenhamos um nível de irrigação melhor, que ele tenha uma vazão melhor para que os piquetes possam dar dentro do período de rotação e chegar ao seu nível de tamanho do capim”, explicou o agrotecnolando Geovani Santana.

 

Reunião e prática de campo aceleram implantação do Balde Cheio em Canindé

Quarta-feira, 21, em reunião no Perímetro Irrigado Califórnia agricultores irritantes, gerência do perímetro, técnicos da Cohidro e estagiários, debateram os passos seguintes para a implementação do programa Balde Cheio de produção de leite em Canindé de São Francisco.

Representou o Perímetro Irrigado Jabiberi, em Tobias Barreto, o técnico agrícola da Cohidro José Reis Coelho. Lá o Balde Cheio foi implantado com sucesso em 2010 e agora ocorre um processo de transferência de tecnologia para o Califórnia, a fim de propor mais um meio de geração de renda aos agricultores assistidos pela irrigação da Cohidro.

Na quinta-feira, os técnicos agrícolas da em Canindé, Antônio Roberto Ramos, José Coelho e Edmilson, realizaram atividades de campo desenvolvidas no lote  4SO, do Setor 06, do agricultor Everaldo Mariano. A intenção era a adaptação da pastagem iniciada pelo produtor, ao sistema de piquetes do Balde Cheio, com a instalação de cerca de arame eletrificada.

Perímetro irrigado de Canindé faz sua primeira colheita de uva em campo experimental

Videiras foram introduzidas via convênio de transferência de tecnologia entre a Embrapa e a Cohidro

Obtiveram sucesso os campos experimentais de uva implementados em Canindé de São Francisco, no Perímetro Irrigado Califórnia. Fruto do convênio de transferência de tecnologia da Embrapa Semiárido para a Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), administradora do polo irrigado onde dois campos tiveram as videiras implantadas há exatamente um ano. A partir de agora e durante um mês, os irrigantes fazem a primeira colheita em nível comercial, com coletas duas vezes por semana. A expectativa é de uma produção total de 8 toneladas nesta primeira safra. Será reflexo disso, a ampliação desses parreirais e adesão de novos viticultores.

Toda tecnologia estudada e implantada pela Embrapa em Petrolina-PE, foi trazida para quatro destes campos experimentais em Canindé, somando aos outros dois no Perímetro Irrigado Jacaré-Curituba, da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). Os produtores – escolhidos pelas duas companhias atendendo requisitos de conhecimento técnico e adoção da policultura, ou seja, cultivar a terra com mais de um tipo de plantação simultaneamente – receberam as mudas, os materiais para fazer os parreirais, o sistema de irrigação e os insumos que são utilizados na fertilização das plantas. Insumos estes que terão fornecimento mantido até completar os dois anos de abrangência do convênio, mesmo tempo em que dura a assistência dos técnicos agrícolas e engenheiros agrônomos da estatal de pesquisa.

O primeiro a colher as uvas foi o produtor irrigante do Califórnia Levi Alves Ribeiro, mais conhecido por Sidrack. Em seu parreiral foram 25 caixas de 20 quilos cada, retiradas nesta quarta-feira, 13. No início da semana, de alguns cachos precoces tirou outras 15, que vendeu para feirantes e mercados da cidade por valores entre R$ 50 e R$ 60, a caixa. “Vou colher duas vezes por semana, por um mês inteiro. Minha expectativa aqui é de colher 4 mil quilos nessa primeira, depois sobe para 7 mil, segundo os técnicos da Embrapa”, acredita. O que ele não vender aos vizinhos e visitantes, ele mesmo vai pôr nas próximas feiras de Itabaiana e de Canindé. “Recebi a visita de um empresário de Alagoas, que quer fazer suco de uva, me comprou duas caixas para experimentar e conversou comigo sobre eu fornecer a uva”.

Sidrack acredita no potencial da uva e quer expandir. Mas para ele, o maior problema de produzir frutas em Canindé é o escoamento da produção, que depende de atravessadores e não conta com indústrias de processamento. “Para ter uma ideia, nesta mesma área eu plantei maracujá antes. A produção foi boa, mas a dificuldade foi escoar, o mercado local não absorve. Quero reorganizar a cooperativa para promover a poupa de fruta, com o excedente que não vender. Vamos buscar recurso, buscar treinamento através do Sebrae e quem sabe em breve possamos pensar em produzir vinho”, aspira o produtor irrigante que acaba de se tornar presidente da cooperativa de produtores do Perímetro Califórnia.

Melhor renda

José Carlos Felizola é presidente da Cohidro e pensa que para melhorar a renda do agricultor, tem que agregar valor ao que saí das lavouras. “Incentivamos muito, em nossos seis perímetros irrigados, as experiências em plantações que não comuns na região. Esse aumento na variedade faz com que o mercado não refute um produto pela superprodução, como já ocorre em Canindé com o Quiabo. E o risco de mudar, como estão fazendo estes produtores de uva novatos, é mínimo, quando se tem o apoio técnico, nosso e da Embrapa, e a infraestrutura do Estado para fornecer irrigação. Outros campos experimentais estão sendo projetados em Canindé e em Lagarto isso já foi feito com a banana prata anã, a pera, a maçã e o caqui”, coloca o diretor, acrescendo que em Canindé, a empresa também apoiou doando o terreno da central de distribuição, que está sendo construída e vai facilitar o escoamento agrícola local.

Quem conhece bem as dificuldades ao vender o quiabo, é o outro agricultor irrigante, com os também meio hectares de uva, José Leidison dos Santos. Como Sidrack, ele recebeu 625 mudas de uva. A maioria da variedade Isabel, de mesa e para vinho, mas com uma parcela menor da Violeta, mais apropriada para sucos. “Vai deixar de plantar um produto desses, que sai por baixo uma caixa por R$ 40, para plantar o quiabo, que tem gente vendendo por R$13 o saco?”, questiona o produtor. “Se der certo, vamos tentar financiamento para aumentar. Pois se arranjar comprador, tem que ter mais. Botar mais um hectare”, acrescenta.

Manejo da uva

A fertirrigação é um sistema em que a água é enriquecida com todos os nutrientes necessários à planta e chega até ela na dosagem correta, através de mangueiras de gotejo. Tal sistema, empregado pela Embrapa nos campos experimentais, facilitou muito o trabalho de José Leidison. “Para mim está bom, trabalhei sozinho, não tive muito custo”, considera. Outra facilidade na operacionalização do parreiral é a poda feita por parcelas, com intervalo de sete dias uma da outra. Isso possibilita ter uva por quatro semanas e fracionar a mão de obra com a colheita que, por acaso, o agricultor fez nesta quinta-feira, 14.

Quem explica bem como é isso, é o técnico em agropecuária da Cohidro, Antônio Roberto Ramos (Beto). “Depois que poda, tem 95 a 100 dias para uma nova colheita. Assim, dá para ter três colheitas por ano. A poda feita para esta colheita foi entre os dias 29 de julho e 30 de agosto. Pelo escalonamento da poda de produção que foi feita, segundo o técnico da Embrapa, é para que tenha uva em ponto de colheita durante o mês de dezembro inteiro”, explica o técnico que vem acompanhando a introdução da cultura no Califórnia desde o começo. Acompanhando os técnicos da Embrapa nas visitas aos parreirais e vendo de perto o crescimento das plantas, hoje têm atuado como um suporte, da parte da estatal sergipana, na assistência técnica aos viticultores.

Aprendizado

Não é só Beto que faz dos novos parreirais uma escola. Segundo a gerente do perímetro irrigado, Elieane de Moura Moraes, está sendo terreno fértil para o aprendizado dos estudantes técnicos em agropecuária. “Mandei, com os nossos técnicos Joaquim Ribeiro, Tito Reis e Edmilson Cordeiro, os nossos estagiários para ajudar na colheita. Aqui todo mundo trabalha. Para eles que estão acompanhando o plantio de uva desde o começo, quando os visitavam com os professores do Centro Estadual de Educação Profissional Dom José Brandão de Castro, é uma experiência enriquecedora e, provavelmente, serão eles mesmos que vão cuidar dessas videiras, se a atividade realmente se consolidar e crescer no futuro”.

Pera e maçã

Segundo o diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrícola da Cohidro, João Quintiliano da Fonseca Neto, já foi introduzido um campo experimental de pera no Perímetro Califórnia e em breve terá outro de maçã. “Nos dias 1 e 2 de novembro, no lote do agricultor irrigante João Fernandes dos Santos, foram plantadas 384 mudas, totalizando uma área de 0,19 hectares com uma variedade de pera já testada em Petrolina. O técnico agrícola da Embrapa, Guy Rodrigues, informou que por enquanto eles só dispõem de mudas de pera, mas em seguida será a vez da maçã em outro campo, assim que forem adquiridas. Da mesma forma com que foi as uvas, estes dois outros campos terão o mesmo tipo de assistência e custeio para o produtor. Sem custos, eles só contribuem com a mão de obra”, completa.

Convênio com a Embrapa introduz pera no perímetro da Cohidro em Canindé

O plantio envolveu a participação dos técnicos da Embrapa e Cohidro, além dos estudantes do curso técnico em Agropecuária do Centro Estadual de Educação Profissional Dom José Brandão de Castro, estagiando no Perímetro Irrigado Califórnia (Foto acervo Califórnia/Cohidro)

Ontem e hoje, 1 e 2, no Perímetro Irrigado Califórnia teve início o primeiro plantio de mudas de pera em Canindé do São Francisco. A novidade se deu a partir do convênio entre a Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) e Empresa Brasileira de Pesquisa Agrícola (Embrapa) Semiárido, que antes já trouxe mudas de Petrolina-PE e introduziu outros dois campos experimentais de uva. São variedades dos frutos melhorados e adaptados ao clima do sertão nordestino, a partir da fertirrigação por gotejo, que leva nutrientes e influi nas fases da planta, favorecendo a produção mesmo longe do seu habitat natural de clima temperado.

O técnico agrícola Guy Rodrigues de Santana, da Embrapa de Petrolina, foi quem trouxe e orientou o pessoal de campo do Califórnia deste novo campo de pera, no lote 4 NE-20, no setor 5 do perímetro, do irrigante Ozeas Beserra. Acompanhou tudo de perto o técnico da Cohidro Roberto Ramos (Beto), que ficará responsável pelo manejo da pera, orientar o produtor, demais técnicos e estagiários, quando não estiverem presentes os técnicos ou engenheiros agrônomos da Embrapa em Canindé.

No convênio, a Embrapa presta assistência técnica ao agricultor beneficiado e fornece os insumos necessários à adubação e manutenção das plantas pelo período de dois anos. No início, também incluí o fornecimento de estacas, sistemas de irrigação e as próprias mudas, vindas de viveiros do Sul do País. Em todos os três campos experimentais da Embrapa no perímetro da Cohidro em Canindé, o produtor só está, por enquanto contribuindo com a própria mão de obra, ou arcando o custo na contratação de terceiros.

Primeira poda das uvas e início da produção de pera no Perímetro Califórnia

No Califórnia, já existe produção de cachos de uva perfeitos. Poda visa promover uma produção homogenia em dezembro – foto Andrea Santtos(Califórnia-Cohidro)

A poda estimula a videira na produção de novas brotações a partir de gemas dormentes, o que vem a gerar novos frutos. A expectativa é de que o manejo realizado nesta terça e quarta-feira, 29 e 30 de agosto, vá resultar na primeira colheita à nível comercial das uvas em dezembro, nos dois campos alocados em lotes de irrigantes do Perímetro Califórnia, unidade da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e irrigação de Sergipe (Cohidro) em Canindé de São Francisco. A Embrapa – Semiárido instalou quatro experimentos no município, via convênio de transferência de tecnologia, e já se prepara para trazer também a pera e a maçã, ao polo irrigado do Governo do Estado.

Uva já é uma cultura consolidada em Petrolina-PE – há 468km de Canindé que, por sua vez, fica distante 213km da capital sergipana – muito graças às pesquisas feitas pela unidade da Embrapa alocada no município pernambucano. De lá vieram engenheiros agrônomos, técnicos agrícolas, mudas e insumos, via convênio que ainda integra a Codevasf, administradora do Perímetro Irrigado Jacaré-Curituba. Este fica situado entre Canindé e Poço Redondo e é onde outros dois campos experimentais foram implantados, recebendo a mesma assistência que os do Califórnia, gerido pela Cohidro.

Todo custo, que inclui a assistência técnica da Embrapa, mudas, nutrientes utilizados na fertirrigação e o próprio sistema de irrigação, são custeados pelo convênio durante dois anos e o produtor rural só entra com o a área de plantio e a mão de obra. Um deles, do grupo assistido pela Cohidro, é Levi Alves Ribeiro (Sidrack), que plantou 684 mudas da variedade Isabel, em meio hectare.Terça-feira recebeu um técnico da Embrapa e quatro da companhia sergipana.“Essa é a hora de maior importância. É claro que toda condução e orientação da videira é de suma importância, porém, agora estamos iniciando a poda de produção”, valoriza.

Sidrack explica que, ao fazer esse manejo de estimulo à produção das videiras, uma parte do parreiral por semana, facilitará fazer colheitas em dias diferentes, podendo ofertar frutos frescos, ao comércio, por um por período maior. O lote “será dividido em quatro parcelas de poda. A primeira, que foi hoje e a cada sete dias outra. Quarta-feira próxima iremos podar outra parte. A ideia da poda em parcelas, é trabalhar a comercialização”, conclui ele que, junto de José Leidison dos Santos, foram selecionados pela Cohidro a receber os campos experimentais, pela dedicação aos seus cultivos anteriores e a excelente assimilação que têm às orientações técnicas.

Essa etapa da assistência aos produtores foi feita por intermédio do Técnico Agrícola Guy Rodrigues de Santana, da Embrapa de Petrolina. Ele reforça o uso do método que divide o lote em parcelas, explicando que outras ações precisarão ser feitas no parreiral até chegar a colheita. “Na poda de produção, a gente fez escalamento de poda, para que a gente possa colher o mês de dezembro inteiro. Então, essa poda de hoje, o objetivo é já colher frutos para daqui a 95 ou 100 dias, aproximadamente. Tem outros manejos, como a condução da rama. Mas previsível, só acompanhando mesmo a cultura, para ir monitorando ela”, condiciona ele que avaliou positivamente a atuação dos irrigantes donos dos parreirais em Canindé.

Diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrícola da Cohidro, João Quintiliano da Fonseca Neto orienta aos produtores dessas variedades frutíferas, exóticas à fruticultura da região, que é necessário estar aberto para orientação dos técnicos e agrônomos que fazem a assistência.“Há muitos procedimentos que dependem de uma avaliação profissional da situação da planta. Da poda à amarração dos ramos e orientação das gavinhas, adubação e período de irrigação. Para isso, os nossos técnicos estão sempre a postos, seja em Canindé, seja em Lagarto, onde existem campos experimentais de pera, caqui e maçã”, esclarece.

Pera e maçã
Técnico Agrícola do Califórnia, Roberto (Beto) Ramos está acompanhando o procedimento de transferência de tecnologia junto dos colegas de perímetro e esclarece que, até o momento, uma área foi preparada para receber mudas de pera em Canindé, mas é esperado a criação de campo experimental de maçã também. “Nós técnicos da Cohidro, juntamente com o técnico da Embrapa, estivemos no lote e ficou tudo certo para a implantação da referida cultura, com o casal de produtores Creusa e Charles Roberto. Serão 500 mudas plantadas, no espaçamento de 4 por 1,25 metros”, informou sobre o novo lote.

José Carlos Felizola, diretor-presidente da Cohidro, acha que todo empenho para ampliar a gama de produtos ofertados nos perímetros irrigados, é válida para promover a geração de renda do agricultor familiar. “Se ele oferecer o que a maioria não tem, ele se sobressai com melhores preços de mercado, vai disputar preço com o produto de outros estados, com baixo custo de frete e gerar renda. O melhor disso tudo ainda é que, embora poucos produtores tenham recebido subsídios para plantar essas frutas, os outros produtores, dentro do perímetro ou não, poderão ir ver e se espelhar nessas tecnologias para produzir também, sem se aventurar em algo que ninguém sabia, até agora, se dava certo na região”, defende.

Guy Rodrigues informou ainda que, por enquanto, a Embrapa – Semiárido só dispõe de mudas de pera para trazer para Canindé, mas em seguida será a vez da maçã, em outro campo, assim que forem adquiridas. “A primeira é a cultura da pera, que o produtor já está com o solo pronto. Eu creio que dentro de 30 dias, deva haver o plantio dela”, completa o técnico que nas visitas aos campos do Perímetro Califórnia, tem sido sempre acompanhado pelos colegas da Cohidro: Joaquim Ribeiro, Edmilson Cordeiro, Tito Reis e o próprio Beto. Eles aprendendo, na intenção de continuar dando assistência aos produtores irrigantes após os dois anos de vigência do convênio.

Cohidro inicia plantio de uva em cooperação com a Embrapa

Pequenas mudas vão crescer, percorrer arames de sustentação e começar a dar frutos em cerca de 12 meses- Foto: Ascom/Cohidro

Foi retomado o plantio de uva adaptada ao clima Semiárido, no Perímetro Irrigado Califórnia, administrado pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), em Canindé de São Francisco. Um acordo de transferência de Tecnologia com a unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária de Petrolina-PE (Embrapa – Semiárido), vai propiciar o acompanhamento de quatro produtores irrigantes sergipanos, que irão cultivar campos experimentais das variedades cujo fruto será destinado para produção de suco e vinho, totalizando 2.700 pés, com a previsão de um ano para começar a primeira colheita.

Nesta quarta-feira, 7, chegaram a Canindé 2.400 mudas da variedade de uva BRS Isabel Precoce e 300 da BRS Violeta. Estas serão divididas entre os quatro campos experimentais de forma igual. Dois são produtores do Califórnia e outros dois pertencentes ao perímetro Jacaré-Curituba. Esses agricultores irão entrar com a área do lote para receber os parreirais e a mão de obra. O restante dos custos está incluso na cooperação técnica com a Embrapa, que entra com as mudas, sistema de irrigação, estaqueamento, adubos e insumos que serão utilizados para desenvolver a planta durante dois anos, tempo em que haverá também o acompanhamento dos técnicos e engenheiros agrônomos da empresa federal a estas plantações.

Técnico Agrícola da Cohidro em Canindé, Edmilson Cordeiro relata que os quatro agricultores foram selecionados levando em conta a experiência com plantas frutíferas e a facilidade de assimilar as orientações técnicas. “Eles são produtores que aceitam bem nossas orientações e estão abertos ao uso, por exemplo, de novos sistemas de irrigação. Aliás, já usam a microaspersão em suas plantações de goiaba, a cultura mais praticada aqui, depois do quiabo”, conta, explicando que este método de rega é mais econômico que a aspersão convencional, assim como o sistema de gotejamento, o que será usado nas uvas.

Um desses produtores, o primeiro a receber 625 mudas das duas variedades, é José Leidison dos Santos. Ele explica que aceitou o desafio proposto pelos técnicos da Cohidro por que pretende mudar, sair do cultivo da goiaba, de olho na aceitação do mercado. “A plantação de goiaba é uma cultura que não está dando uma rentabilidade como em anos anteriores. Por isso vou investir na uva para gente saber e ver se tem um futuro melhor. Pelo que eu percebo nesses canais de TV aí, eu acho que tem futuro”, explica o fruticultor que dedicou meio hectare para a uva, preparado com adubação de esterco.

Segundo o diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrícola da Cohidro, João Quintiliano da Fonseca Neto, não é a primeira vez que o plantio de uva é inserido no Perímetro Califórnia. “Há 17 anos, o Governo do Estado tentou introduzir este cultivo no polo irrigado, mas nada comparado com o que hoje está sendo oferecido pela Embrapa. Eles estão treinando nossos técnicos agrícolas e produtores que já estiveram lá em Petrolina, vendo como a uva é produzida no clima semelhante ao de Canindé. Acreditamos no êxito principalmente, porque as novas variedades que estamos introduzindo no Califórnia são adaptadas e testadas pela Embrapa, sendo que uma delas é destinada ao consumo in natura ou na produção de sucos”.

Guy Rodrigues de Santana é o Técnico Agrícola da Embrapa que trouxe as mudas e vem acompanhando de perto os produtores na explicação das técnicas de manejo da uva. “Nossa intenção é de estar passando aqui constantemente, vindo para cá quando a plantação tiver sequência. Havendo necessidade a gente vem, orientando eles no dia a dia, como vai ocorrer a formação das mudas”. Para ele, as características de Petrolina e Canindé são bem parecidas. “Temos a mesma água de irrigação, que é a do Rio São Francisco. Um solo um pouco diferente, o nosso lá é muito arenoso e o solo aqui é bem argiloso. Mas a gente tem 90% de certeza que vai dar certo sim, a produção de uva aqui”.

Fertirrigação
Outro produtor que está apostando na uva é Levi Alves Ribeiro (Sidrack). Por um lado, ele tem vasta experiência no cultivo de frutas, como a goiaba. Do outro, já trabalha com a fertirrigação produzindo, com alto rendimento, o tomate. No sistema, os nutrientes necessários para a planta progredir são diluídos e dosados na própria água, sendo levados pela irrigação localizada, que usa mangueiras de gotejamento para que não haja desperdício dos fertilizantes. O método diminui o uso de mão de obra, que na forma convencional teria que lançar manualmente a adubação e ainda é mais eficiente, pois no meio líquido vai chegar mais de pressa às raízes.

Sidrack acredita que será muito benéfico aos produtores do Califórnia a inserção da uva. “Eu acho que é importante esse programa e através da Cohidro, do Governo do Estado, é mais uma cultura nova. Com certeza estamos com uma boa expectativa.Temos assistência técnica, que é muito boa, muito responsável através da Cohidro e agora somando com o pessoal da Embrapa”. Ele considera que, havendo sucesso em produzir o fruto, não terá dificuldade de escolar a produção. “O mercado é muito espaçoso. Só precisamos trabalhar, produzir e mercado a gente consegue”, confia o produtor que irá plantar 684 mudas da variedade Isabel, também em meio hectare.

A Cohidro, que é uma empresa pública subsidiária à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), presta o serviço de fornecimento contínuo de irrigação e assistência técnica para produtores rurais como Levi Ribeiro, neste em mais cinco perímetros irrigados em Sergipe. Para o presidente da Companhia, José Carlos Felizola Filho, também é papel da estatal introduzir novos modelos de plantação. “Se der tudo certo com a uva, dos quatro, multiplicaremos para muito mais parreirais. Outros produtores vão acreditar e investir na produção desse fruto que tem muito potencial. Diferente do quiabo, a uva pode ser processada e virar suco ou vinho, criando novas oportunidades de negócios para Canindé, atraindo investidores e desenvolvendo essa região carente de recursos, mas rica por poder contar com a água do São Francisco”.

Isabel e Violeta
Ambas são variedades criadas ou melhoradas pela Embrapa, a fim de adaptar o plantio às características dos microclimas brasileiros, tanto para suco quanto para vinhos. A BRS Violeta, mais recente, é tanto recomendada ao clima temperado do Sul do Brasil como para o clima tropical, do Nordeste. Com sua cor preto-azulada, é de alta produtividade, chegando a produzir dois cachos – pesando em torno de 150 gramas – por broto. A BRS Isabel Precoce, preta e com cachos pesando em média 110 gramas, tem tempo de produção mais reduzido e foi selecionada para regiões tropicais. Esta última, além da aplicação industrial, tem potencial também para o consumo in natura.

“Evolui as variedades e evolui também o manejo. A gente hoje tem um acompanhamento técnico mais consistente. Já se modernizou bem mais coisas, como a absorção dos nutrientes pela planta, disponibilidade de nutrientes através de fertirrigação e manejo da planta. Também esse manejo semanal, de estar amarrando, de estar conduzindo a planta e trabalhando ela no solo. E isso a gente faz diariamente. Isso tudo somado, aumentou a capacidade de colheita que em vez de ser dois anos, como era no passado, a gente consegue colher com 11 a 12 meses, quando se faz a primeira que poda”, concluiu o técnico Guy da Embrapa.

Última atualização: 8 de junho de 2020 16:03.

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