Produtores rurais irrigantes iniciam entregas para o Programa de Aquisição de Alimentos

Cohidro fornece irrigação e assistência técnica para agricultores participarem do programa, que beneficia população em situação de insegurança alimentar no estado

Durante toda manhã do dia 1º de julho, agricultores levavam suas entregas à sede da ASSAI [Foto: Fernando Augusto]
Já começaram as primeiras entregas para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) 2020, em Sergipe. Através da modalidade “Compra com Doação Simultânea”, o Governo Federal adquire alimentos de cooperativas ou associações de agricultores familiares e realiza a doação para pessoas atendidas por equipamentos da rede socioassistencial do estado. A Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) administra os perímetros irrigados onde produzem agricultores que participam do programa. A Associação dos Agricultores de Canindé de São Francisco (ASSAI), no Perímetro Califórnia, fez a primeira entrega deste ano, correspondente a 2.504 kgs de alimentos destinados a 316 famílias em situação de insegurança alimentar e nutricional de Canindé. Também participam do programa agricultores de Itabaiana e Lagarto.

Os 14 irrigantes do Perímetro Califórnia que também são associados à ASSAI serão remunerados em R$ 111.997,60 com a venda de alimentos para a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), gestora do PAA, durante nove meses. “Com a pandemia de coronavírus, as vendas ficaram difíceis. O programa só veio para ajudar. Primeiro, porque não precisamos de atravessador, a gente faz a venda diretamente. Além disso, o programa foi muito bom, pois conseguimos uma renda melhor”, contou José Teodoro, um dos produtores rurais que recebem a irrigação pública do perímetro mantido pelo Governo de Sergipe, através da Cohidro. “No primeiro dia, entreguei dez caixas de 30 kgs de goiaba, vendendo o quilo por R$ 2,10. É uma iniciativa boa, o Governo comprar alimentos para a população carente”, destacou Cícero Gouveia, também irrigante do Califórnia.

Ao total, o programa poderá investir mais de R$ 600 mil na compra de alimentos dos perímetros para a população em situação de insegurança alimentar. O gerente de Agronegócios da Cohidro, Sandro Prata, destaca que, além de Canindé, os irrigantes dos municípios de Itabaiana e Lagarto também farão a entrega de alimentos para equipamentos socioassistencias. “Os produtores do Perímetro Califórnia, em Canindé, farão entregas semanais ao Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), que fará a distribuição das quase 40 toneladas de alimentos. Em Itabaiana, a Associação dos Produtores Rurais da Comunidade Lagoa do Forno, do Perímetro da Ribeira, já está autorizada a entregar 22 toneladas de alimentos para 1.900 assistidos pelo Centro de Referência de Assistência Social (CRAS). Já em Lagarto, o Movimento Associativista do Brejo, do Perímetro Piauí, fará a entrega de 42 toneladas ao Centro Comunitário Sociocultural de Barra dos Coqueiros, que tem 1.530 atendidos”, listou.

A assistente social do CREAS de Canindé, Andressa Salvador, ressalta que as entregas beneficiam o público do Cadastro Único para Programas Sociais  (CadÚnico). “Através desse sistema a gente puxa o cadastro das famílias que estão em vulnerabilidade social e, consequentemente, sofrem insegurança alimentar e nutricional. Por lei, é aquela família que está em situação de pobreza ou extrema pobreza. Nessa pandemia, a condição dessas famílias piorou e, com certeza, elas se sentem gratas pela atuação do PAA. Chegou em boa hora aqui para o município”, considerou. Ela explica que a distribuição está ocorrendo sem aglomeração, por senhas, seguindo as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Outras duas associações formadas por irrigantes têm propostas remetidas à Conab para participar do programa. “Com as propostas aceitas, mais 38 produtores – oriundos da Associação de Produtores do Perímetro Irrigado Piauí (APPIP), em Lagarto, e da Cooperativa de Fomento e Comercialização do Perímetro Irrigado Califórnia (Coofrucal), em Canindé – serão remunerados em mais de R$ 280 mil para entregar cerca de 103 toneladas de alimentos, que serão doados a 3.400 pessoas atendidas pelos CRAS dos municípios de Santa Rosa de Lima, Simão Dias, Canindé e também para a Associação São Francisco de Assis, em Riachão do Dantas. Durante a pandemia, serão diretamente beneficiadas, aproximadamente, 1.800 famílias do campo e da cidade, entre agricultores que vendem sua produção rural e pessoas em situação de vulnerabilidade social que recebem os alimentos”, avaliou o presidente da Cohidro, Paulo Sobral.

O presidente da Associação ASSAI e irrigante do Perímetro Califórnia, Ozeias Beserra, considera o benefício mútuo, pois ajuda aos socialmente vulneráveis e também aos agricultores. “Nós estávamos sem conseguir escoar os produtos, porque diminuiu o fluxo de pessoas em feiras livres e a procura de alimentos na roça. Já estávamos perdendo alguns produtos sem conseguir vender. Os produtos que estão sendo entregues ao programa têm um preço bom e auxiliam a comunidade que não tem recursos para comprar alimentos”. O presidente da Coofrucal, Levi Ribeiro, acredita que sua cooperativa deve iniciar a entrega de produtos nos próximos 60 dias. “Negociamos uma pendência que tínhamos e nosso projeto está em andamento. A expectativa é positiva, os produtores estão engajados. Até mesmo porque, nessa fase de pandemia, a situação de alguns ficou mais difícil para escoar a produção”, avalia.

Projetos de irrigantes lideram ranking estadual e aguardam recurso do Programa de Aquisição de Alimentos

Quatro projetos de perímetros da Cohidro devem receber quase R$ 500 mil do governo Federal, através da Conab

Quatro projetos de perímetros da Cohidro devem receber quase R$ 500 mil do governo Federal, através da Conab [Foto: Ariel Carmo]
Dois projetos de agricultores irrigantes dos perímetros irrigados estaduais, apresentados ao Programa de Aquisição de Alimentos – PAA da Conab na modalidade ‘doação simultânea’, lideram o ranqueamento do programa federal em Sergipe. Ao todo, quatro propostas apresentadas pelos produtores assessorados pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e irrigação de Sergipe (Cohidro) estão entre os 13 melhores colocados, do total de 20 classificados em todo o estado. A partir da liberação do recurso pelo Governo Federal [na ordem de R$ 471.881,60], os 59 irrigantes desses quatro projetos, assistidos pela Cohidro, terão o compromisso de fazer a entrega, ao longo de um ano, de cerca de 150 toneladas de alimentos a entidades sergipanas que assistem a 6.590 pessoas em situação de insegurança alimentar.

Além de fornecer irrigação e assistência técnica rural, desde 2008 a Cohidro presta assessoramento às associações e cooperativas que reúnem centenas de agricultores dos perímetros. Em valores atualizados, cerca de R$ 13 milhões já foram pagos pelo PAA à produção agrícola dos irrigantes, que forneceram quase 4 mil toneladas de alimentos a 143.811 beneficiários. Segundo o gerente de Agronegócios da Cohidro, Sandro Prata, após serem cadastrados, os quatro novos projetos ficaram aptos a participar da presente edição programa e, agora, aguardam a liberação dos recursos federais para que seja feita a primeira entrega.

“Uma vez liberado pela Conab, o recurso fica em uma conta bancária da associação ou cooperativa e é desbloqueado assim que a entidade receptora informa a entrega, na quantidade e qualidade aprovadas no projeto. A expectativa é que sejam liberados ainda este ano, os recursos das propostas de Sergipe classificadas no ranqueamento”, explicou Sandro Prata. O técnico da Cohidro orientou as associações e cooperativas dos perímetros a montar projetos que atendessem o maior número de critérios possíveis e em seus percentuais máximos.

“Entre os critérios do ranqueamento, estão a participação de mulheres produtoras rurais, de assentados de projetos de reforma agrária e de comunidades tradicionais; o nível de vulnerabilidade do município receptor dos alimentos no Mapa de Insegurança Alimentar e Nutricional; e o valor da proposta de entrega de alimentos. Como os projetos inferiores a R$ 80 mil obtêm 10 pontos no ranking, os nossos projetos tiveram nota máxima”, acrescenta Sandro. Ainda segundo o técnico da Cohidro, são critérios de desempate o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), o menor valor per capita dos fornecedores e o envio das propostas de participação no sistema online do PAA.

Na avaliação do presidente da Cohidro, Paulo Sobral, as propostas dos irrigantes têm, ainda, a vantagem estratégica de contar com a irrigação pública, que compensa os períodos de estiagem. “Esses agricultores podem produzir e colher alimentos o ano todo e, assim, conseguem atender o perfeitamente à obrigação de fornecer os alimentos em regime de ‘doação simultânea’ no período. É um projeto exemplar. Comemoramos muito o Governo Federal ter dado continuidade, porque beneficia o pequeno agricultor – que tem a garantia de compra de sua produção a preços justos e tabelados, sem interferência dos preços de mercado. Ao mesmo tempo, ajuda pessoas carentes e instituições beneficentes”, destacou.

Projetos
São de Canindé de São Francisco os dois projetos que lideram o ranqueamento do PAA/2019 em Sergipe. Pela proposta dos 16 agricultores que fazem parte Cooperativa de Fomento Rural e Comercialização do Perímetro Irrigado Califórnia – Coofrucal, o programa pagará R$ 127.988,90 pelo fornecimento de 44.190 kg de alimentos, que irão beneficiar 1.580 pessoas atendidas pelo Centro de Referência de Assistência Social – CRAS do município. Levi Ribeiro, presidente da Cofrucal, afirma que a cooperativa está a postos, aguardando apenas a liberação dos recursos. “Estamos preparados. Já participamos do PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) por três anos consecutivos e temos produção suficiente de macaxeira e inhame, por exemplo, que já poderíamos entregar hoje mesmo ao PAA. Os agricultores do projeto estão todos inscritos, com as certidões em dia, só esperando começar”.

Também do Perímetro Irrigado Califórnia, a Associação dos Agricultores de Canindé de São Francisco – ASSAI vai beneficiar 1.580 pessoas com a entrega de alimentos ao Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS de Canindé. No perímetro da Ribeira, em Itabaiana, a Associação dos Produtores Rurais da Comunidade Lagoa do Forno vai entregar alimentos para o consumo de 1.900 pessoas assistidas pelo Fundo Municipal de Assistência Social de Pedra Mole. Já no Perímetro Piauí, em Lagarto, o Movimento Associativista do Brejo entregará alimentos ao Centro Comunitário Sociocultural de Barra dos Coqueiros, que assiste a 1.530 pessoas.

PAA – Doação Simultânea
Na modalidade Compra com Doação Simultânea, o Programa de Aquisição de Alimentos promove a articulação entre a produção da agricultura familiar e as demandas locais de suplementação alimentar, além do desenvolvimento da economia local. Os produtos adquiridos dos agricultores familiares são doados às pessoas em insegurança alimentar, por meio da rede socioassistencial ou de equipamentos públicos de segurança alimentar, bem como da rede pública e filantrópica de ensino. O programa permite a aquisição de alimentos in natura ou processados e o fornecimento de produtos orgânicos é privilegiado, sendo possível incluir até 30% a mais do que o valor pago para o alimento convencional. Para participar da modalidade, os agricultores devem estar organizados em associações ou cooperativas, e possuir a Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP).

R$ 625mil do PAA foram contratados nos perímetros da Cohidro em 2017

Os alimentos, depois de entregues pelos produtores, são contabilizados e transportados até às entidades
Foto Fernando Augusto (Ascom/Cohidro)

Parte da produção agrícola gerada pela irrigação pública, fornecida pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) em 2017, teve a comercialização garantida via Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que é gerido e financiado pela Conab. Por intermédio dos técnicos da empresa estadual, na formulação das propostas de ‘doação simultânea’ e coberta pela irrigação pública que ela fornece, foram negociadas 184 toneladas de alimentos, entregues a 5.800 pessoas em situação de insegurança alimentar, atendidas pelo Centro de Referência de assistência Social (Cras) de Canindé de São Francisco e os pacientes do Hospital Maternidade São José, no município de Itabaiana.

No total do ano, 59 desses produtores-fornecedores ao PAA, foram remunerados em R$ 472.000. Até hoje e só para agricultores irrigantes atendidos pela Cohidro, o PAA já pagou R$ 6.747.010,18 a 1.442 produtores. Isso equivale a 3.221.777 quilos de alimentos doados – in natura ou em forma de refeições preparadas – para 130.453 pessoas carentes. Vem desde 2008 esta participação dos perímetros irrigados da Cohidro no programa da Conab, de onde 35 projetos-propostas já obtiveram aprovação, 31 com as entregas e respectivos pagamentos concluídos.

Ainda em 2017, 64 agricultores irrigantes nos perímetros irrigados iniciaram a produção de alimentos para atender outros quatro projetos aprovados pela Conab. No primeiro trimestre do ano subsequente vão entregar mais 131 toneladas de alimentos a 7.200 pessoas carentes. Para tanto, os produtores serão remunerados em R$ 500.000.

Diretor-presidente da Cohidro, José Carlos Felizola acredita que o programa tem muita viabilidade nas áreas irrigadas assistidas pela empresa. “O PAA é um benefício de mão dupla. Beneficia o produtor, que tem venda e preço justo garantido até o final do contrato com a Conab. Por outro lado, há muitas famílias carentes cadastradas pelos Cras que podem receber esta ajuda nutricional. Sem falar dos hospitais, creches e asilos em todo estado, habilitados a receber estas doações. Nossos técnicos e gerentes de perímetros estão capacitados e dispostos a dar toda ajuda na formulação dos projetos e na assessoria na hora das entregas. Havendo recursos federais, podemos ampliar muito o quantitativo de alimentos, produzidos pela irrigação, para a doação. Com a vantagem que nossos agricultores têm, de poder fornecer durante todo ano”, defende.

Segundo Sandro Luiz Prata, gerente de Agronegócios da Cohidro, 2017 só não foi melhor, devido às mudanças na metodologia de aprovação dos projetos ao PAA e a diminuição de recursos para este projeto cunho social. “Embora nosso histórico mostre que temos capacidade de produzir muito alimento para entregar à ‘doação simultânea’, em 2017, Sergipe ficou só com 1,98%, dos R$ 38,5 milhões destinados ao programa em todo país. Foram R$ 762.300 para todo estado, incluído projetos de fora dos perímetros. Tínhamos quatro projetos para apresentar e três deles, no início da vigência das novas regras, não foram aprovados. Somente a proposta da Associação dos Produtores Rurais da Lagoa do Forno, do perímetro da Ribeira, obteve a aprovação, pois era de R$ 125 mil, pontuando no critério de valor do projeto”.

Na última hora

O gerente comenta que a dificuldade enfrentada pelas novas regras empregadas foi ainda pior que a redução dos recursos do PAA para Sergipe. Tanto é que outros projetos, além dos auxiliados pela Cohidro, fracassaram na aprovação. “Sabendo disso, auxiliamos nossos produtores, às pressas, proporem outros quatro projetos, que foram aprovados. São outros R$ 500 mil que entrarão na conta dos 64 agricultores proponentes, a partir de janeiro de 2018, quando começam a fazer entregas à doação”, anunciou Sandro Prata.

O diretor de Irrigação de Desenvolvimento Agrícola da Cohidro, João Quintiliano da Fonseca Neto, explica que estes projetos de 2017, que serão pagos em 2018, devem ser concluídos no primeiro trimestre, para serem trabalhadas outras propostas. “Já no início do ano, os nossos produtores irrigantes vão fazer novas propostas para disputarem o orçamento de 2018, que esperamos ser maior. Sandro, juntamente com os gerentes dos perímetros, há meses já vêm mobilizando os agricultores à regularização de suas documentações, para estarem aptos à fazerem novas propostas. Para eles é vantagem, produzirem o alimento com a certeza de que terão mercado e preço acima do praticado pelos atravessadores”, pontuou.

A proposta

Quem propõe o fornecimento de alimentos são os agricultores, a partir da pessoa jurídica de uma associação ou cooperativa. Todos devem ter Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP), ou seja, classificados como agricultores familiares. O valor a ser recebido em parcelas – depositada após cada uma das entregas – é diretamente proporcional à quantidade de alimentos a serem doados para um determinado número de beneficiados. O que estabelece a quantidade e variedade de alimentos a serem doados, atendendo cada um dos indivíduos assistidos, é determinado por uma dieta nutricional básica, que deve ser atendida durante a vigência do contrato.

A nova metodologia do PAA, que tanto dificultou à aprovação das propostas em 2017, funciona a partir de um ranque de pontos, dados para cada um dos critérios julgados, que podem obter uma nota entre 04 e 10. Os projetos melhor pontuados são aprovados, em decorrência dos que tiveram menos. Assim, recebem mais pontos os que tiverem o maior número de agricultores proponentes mulheres, os com mais assentados da reforma agrária ou pertencentes a comunidades tradicionais. Propostas em municípios de muito alta a média vulnerabilidade, segundo o mapa do Cadúnico, tem também uma pontuação gradual. Por fim, grupos de produtores que propuserem entregar 100% dos alimentos de origem orgânica, têm outros 10 pontos.

Já os critérios de valor e número de unidades receptoras do projeto, a proporção é inversa, ou seja, quanto maior o valor e a quantidade de entidades, menor ou nula será a pontuação. A partir da soma de cada um desses pontos obtidos, é que será feito o ranqueamento das propostas, aprovadas respeitando o teto de recursos para cada uma das unidades federativas.

PAA nos perímetros irrigados estaduais já beneficiou mais de 273 mil pessoas

Doação de alimentos in natura então são distribuídas para as famílias cadastradas pelo Cras – (Povoado Curituba – Canindé) Foto Fernando Augusto (Ascom/Cohidro)

Desde 2008, a Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e irrigação de Sergipe (Cohidro) incentiva e orienta os produtores irrigantes, assistidos nos perímetros irrigados do Governo do Estado, a participarem do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) da Conab, na modalidade ‘Doação Simultânea’. O resultado disso é que até agora foram 2.860 famílias de agricultores participando de projetos que geraram 7.230.627 quilos de alimentos doados in natura ou que serviram para o preparo de refeições, atendendo 259.552 pessoas em situação de insegurança alimentar. Cada projeto tem vigência de um ano de entregas periódicas e no total foram R$ 6.499.737,69 pagos a estes produtores.

Neste ano, quatro grupos de produtores de Lagarto, Itabaiana e Canindé de São Francisco, que ao todo somariam 207 agro-famílias, estavam mobilizados pela Cohidro e suas associações para apresentar propostas ao PAA, onde se comprometeriam em produzir mais 492.983 quilos de alimentos, que a partir das doações iriam chegar há 18.400 beneficiados e geraram a renda, a estes agricultores, de um total de R$ 1.567.000. Mas os cortes do Governo Federal sobre os programas sociais determinaram que em 2017 só fossem gastos com este Programa R$ 38.500.000 em todo Brasil e que Sergipe teria 1,98% deste montante, ou seja, R$ 762.300. Além disso, a Conab implantou nova metodologia de ‘ranqueamento’, em que projetos de valores e número de participantes menores, teriam mais chance de serem aceitos.

Assim, em um total redimensionamento das propostas à serem apresentadas, levando em conta tanto o teto aplicado ao Estado quando ao valor de cada proposta, todos projetos foram refeitos, conforme explica o gerente de Agronegócios da Cohidro, Sandro Luiz Prata. “Tivemos que diminuir todos fatores do que as associações e agricultores iria apresentar. Agora são três propostas onde 50 beneficiários fornecedores serão remunerados por um montante de R$ 375.000, para produzir quase 100 toneladas de alimentos à serem doados 5.700 pessoas carentes”, listou. Sobre o fato do valor ser praticamente 50% o teto de recursos para Sergipe, o técnico explica. “A Conab recebe propostas de outras associações além das que atendemos nos perímetros. Não havendo procura de outras associações, no futuro podemos replanejar as propostas dos nossos irrigantes”.

Para o diretor de Irrigação de Desenvolvimento Agrícola da Cohidro, João Quintiliano da Fonseca Neto, o PAA estava passando por um momento ímpar e se não houvessem os cortes no orçamento, este ano seria quando os produtores teriam melhor retorno financeiro. “A tabela da Conab para a compra dos produtos a serem doados nunca esteve tão a favor do agricultor. Por exemplo, pelo quilo da batata-doce e da macaxeira, que são a base da dieta sugerida nas refeições preparadas, está sendo pago R$ 2 e R$ 1,75, respectivamente. Infelizmente as doações serão menores e menos pessoas vão poder participar, mas o que for entregue, será bem pago. Isso representa no campo, maior poder de barganha ao produtor, que deixa de ficar totalmente dependente do preço dos atravessadores, com mais esta opção de escoamento de produção de forma mais justa”, avalia.

Diretor-presidente da Cohidro, José Carlos Felizola, reforça esta opinião de que o PAA favorece a renda do agricultor, mas considera importante que os recursos do Governo do Estado, para gerar produção agrícola via irrigação e assistência técnica, sirvam para doar alimentos para pessoas necessitadas. “É gratificante para nós, é bom para o Sergipe, que o dinheiro investido para manter nossa Empresa colabore, somado aos recursos da Conab, para o combate à fome no Estado. Em 9 anos, foram quase 260 mil pessoas assistidas só com as doações que saem de nossos perímetros. Por isso e também, para melhor remunerar os produtores que assistimos, damos total apoio à mobilização dos projetos nos perímetros”, afirma.

No PAA, a Cohidro orienta a confecção dos projetos propostos pelos agricultores que assiste nos seus perímetros irrigados e depois auxilia no processo de produção (via irrigação), colheita, controle de qualidade e conferência desses alimentos ao serem doados. Mas quem aceita as propostas e remunera os agricultores é a Conab. Como regra, a Companhia Federal tem nos conselhos de segurança alimentar-nutricional municipais e nos centros de referência de assistência social (Cras) das prefeituras, os órgãos de conferência da quantidade e da qualidade dos alimentos doados, para então fazer o pagamento diretamente ao grupo de agricultores que propôs o projeto, a cada vez que houver uma entrega.

Lagarto
Instalada no município e há 69km de Aracaju, a Associação dos Produtores do Perímetro Irrigado Piauí (APPIP), sob o novo teto e metodologia, propôs estregar à ‘Doação Simultânea’ 37.647 quilos de Alimentos. 18 agricultores irrigantes associados à APPIP, por um ano produzirão abobrinha, acerola, alface, batata-doce, cebolinha, coentro, couve, maracujá, milho verde, pimentão, quiabo e macaxeira, para entregar, a cada 15 dias, as doações que vão chegar a 1.900 pessoas carentes. Para tal, até o fim do projeto serão pagos R$ 125.000 ao grupo associado, em média R$ 6.944,44 por agricultor, distribuídos em parcelas menores, pagas após a conferência de cada entrega do produtor. A proposta sendo aceita pela Conab, será a sétima vez que a entidade fornece alimentos ao PAA.

Também do Perímetro Piauí, o Movimento Associativista do Brejo participa com proposta em que 16 produtores vão gerar 30.975 quilos de acerola, alface, batata-doce, cebolinha, coentro, couve, maracujá, pimentão, quiabo e macaxeira. Da mesma forma, outras 1.900 pessoas em situação de insegurança alimentar serão atendidas com as doações e os agricultores, remunerados, no total, também em R$ 125.000, uma média de R$ 7.812,50 por produtor. Esta será a terceira vez que a entidade representativa participa do PAA, se o projeto for aceito.

Itabaiana
Sendo composta por produtores irrigantes do Perímetro Irrigado da Ribeira, há 50km da capital, a Associação dos Produtores Rurais da Comunidade Lagoa do Forno já participou de outros três projetos com sucesso. Nessa nova proposta, 16 agricultores produzirão 30.270 quilos de alface, batata-doce, cebolinha, cenoura, coentro, couve, inhame, pepino, pimentão verde, quiabo, macaxeira, salsa, tomate e vagem. R$ 125.000 (R$ 7.812,50 por produtor) serão pagos para que sejam gerados os alimentos que servirão de doação para 1.900 pessoas.

PAA: irrigação pública estadual produzirá alimentos para doar a 24 mil pessoas carentes em 2016

Na APPIP os agricultores entregam os produtos que são pesados, registrados e no mesmo dia são recolhidos pelas entidades beneficentes – Foto Ascom-Cohidro

A Superintendência da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) em Sergipe visitou associações de agricultores em Lagarto e Malhador. Eles tanto são irrigantes atendidos pela Cohidro (Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe), quanto vendem sua produção para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), na modalidade “doação simultânea”. Em reuniões e entrevistas, o Órgão Federal visou orientar fornecedores e receptores nesses dois projetos que permitem a doação de alimentos para mais de três mil famílias carentes.

Dentro dos perímetros irrigados da Cohidro atualmente estão em andamento, na etapa de entrega de alimentos, quatro projetos do PAA e existem outros dois analisados e em fase de homologação e pagamento pela Conab, na Superintendência Regional de Sergipe. Nestes já aprovados, são 18.260 pessoas em situação de insegurança alimentar recebendo, até o final do ano, um total de 648 toneladas (ton) de alimentos fornecidos por 171 produtores, remunerados com recursos federais em R$ 1.367.445,00 de forma parcelada, uma parte a cada entrega. Para tanto, 13 órgãos públicos ou entidades sem fins lucrativos intermediarão as doações nas comunidades que atendem em Lagarto, Areia Branca, Barra dos Coqueiros, Pedra Mole e Itabaiana.

Em Lagarto, o superintendente Estadual da Conab, Emanuel Carneiro, explicou que é função da Companhia fazer visitas aos projetos em andamento ou que ainda serão implantados. “Nós solicitamos essa reunião para que fosse discutido o PAA, na sua essência. Se funciona, quais são as atribuições dos produtores, quais são as obrigações do recebedor, toda a normativa para que o projeto possa transcorrer da melhor forma possível e atender os objetivos, que é justamente atender a comunidade carente que necessita de uma complementação da alimentação”, considerou.

Emanuel tem avaliado como muito boa a atuação dos agricultores dos perímetros irrigados no PAA. “O presidente (da Associação dos Produtores do Perímetro Irrigado Piauí – APPIP) é um parceiro nosso já há alguns anos, mas também a Cohidro é fundamental nesses projetos dos perímetros irrigados. Em Canindé do São Francisco, inclusive, nós já estamos analisando o projeto e vamos visitá-los ainda neste ano”, disse o superintendente, se referindo a proposta ao Programa feita por 24 irrigantes do Perímetro Califórnia, para fornecer 77 ton de alimentos. ”Eu acredito que nos próximos 30 dias esse projeto esteja já funcionando”.

O gerente de Agronegócios da Cohidro, Sandro Luiz Prata, expõe que nos dois projetos, propostos pelas associações dos Agricultores de Canindé de São Francisco (ASSAI) e dos Produtores Rurais da Comunidade Lagoa Do Forno, eles assumem fornecer quase 160 ton de alimentos para 5,8 mil pessoas em insegurança alimentar, assistidas pelos centros de referência de Assistência Social (CRAS) de Canindé, de Nossa Senhora das Dores e no Hospital e Maternidade São José, em Itabaiana. Neste último caso, as doações serão para o preparo de refeições aos pacientes.

“São 59 produtores irrigantes dos perímetros Califórnia e Ribeira inscritos em dois projetos aguardando homologação e o pagamento de R$ 472 mil (R$ 8 mil para cada), pela venda garantida de produção durante um ano. Dos aprovados, além da APPIP, temos outras duas associações de Itabaiana, no perímetro da Ribeira e mais a Astrapicica (Associação dos Trabalhares Rurais do Perímetro Irrigado Jacarecica II), em Malhador. Todos fazendo entrega para o PAA”, assinalou Sandro Prata.

Lagarto
“Esse projeto da APPIP, se comparado aos que nós temos em funcionamento, é o maior que a Conab tem hoje no Estado de Sergipe. Atendendo 69 produtores e várias entidades. A Cohidro é um parceiro importantíssimo nesse contexto, se não fosse a Cohidro aqui, não teríamos este êxito. Nós sabemos das dificuldades que o produtor tem, o agricultor não é comerciante, ele é agricultor, então ele necessita de apoio técnico e a Cohidro tem feito isso de uma forma excelente em todos os perímetros que ela atua”, relatou o superintendente Emanuel Carneiro. A Conab investe nesses agricultores do Perímetro Piauí R$ 551.450,00, para que produzam 296 ton de alimentos, doados para 6.860 pessoas assistidas por seis instituições socioassistenciais de Lagarto.

Participou da reunião, realizada na sede recreativa da APPIP no dia 12, a coordenadora do CRAS 1 de Lagarto, Marta Catarina Dantas de Almeida. Ela foi convidada pela Associação para divulgar aos produtores o trabalho que a entidade faz, falando “sobre o que é o papel do CRAS, de estar distribuindo os alimentos para as famílias. Vim passar para os agricultores mais uma força, um incentivo”, relata, confirmando a função social no PAA, ao justificar que as doações chegam sim até as pessoas. ”Falei da importância dos alimentos para essas famílias, do quanto está sendo bom para elas”.

O diretor de Irrigação de Desenvolvimento Agrário da Cohidro, João Quintiliano da Fonseca Neto, estabelece que além das pessoas que recebem o alimento, o produtor também se beneficia no PAA. “É um preço fixo por cada produto e que não varia com o mercado. Se um preço cair, o que é bastante recorrente, o produtor não leva prejuízo como acontece quando ele vende para os atravessadores. Isso facilita muito o planejamento das suas plantações, ele pode programar sua produção durante toda vigência do contrato com a Conab sabendo que receberá seu repasse, toda vez que fizer uma entrega à doação simultânea”, argumentou.

Josileide Martins de Carvalho Nascimento (Dona Dicuri) reconhece essa vantagem no PAA. Ela é agricultora irrigante no Perímetro Piauí e entrega coentro, couve e alface e diz que já contabilizou mais de 300 quilos de alimentos à doação, cerca de 40 por semana. “Essa é a primeira vez que participo e digo que compensa, vale apena”, contou. Na reunião com a Conab, considerou importante ter esse tipo de encontro. “É bom porque a gente fica sabendo mais ainda, ficou por dentro do assunto. Eu sei que está tudo certo, guardo os documentos numa pastinha, é bom ter o controle. O pagamento está indo bem, entrego numa semana e recebo na outra”, completou.

Para o presidente da APPIP, Antônio Cirilo Amorim (Toinho), a reunião serviu para melhorar o conhecimento que tinham do PAA e reforçar a importância do Programa. “A partir de agora todo mundo vai se organizar mais, vai procurar colocar mais produtos, produzir mais. É uma alegria muito grande receber o superintendente da Conab do Estado aqui na nossa Associação, pela primeira vez. Ele veio esclarecer nossas duvidas e nós ficamos agora tranquilos, todo mundo está consciente do seu papel”, avaliou, reforçando estarem recebendo os pagamentos corretamente, após cada entrega.

José Carlos Felizola Filho, diretor-presidente da Cohidro, considera que a cooperação dada pela Empresa, ao PAA, vá além do auxílio técnico para a elaboração dos projetos. “Para produzir com a variedade e quantidade de alimentos que esses agricultores se propõe à Conab e durante um ano, em Sergipe não há como plantar sem irrigação. A irrigação pública, oferecida pelo Governo do Estado, propicia essa garantia para esses pequenos produtores, de que eles podem assumir o compromisso com o Conab e com as entidades beneficentes que, por sua vez, poderão se comprometer com as pessoas que atendem, de que esse alimento vai chegar nas suas mesas”, relevou.

De Malhador para Areia Branca
Cerca de 750 famílias em situação de insegurança alimentar em Areia Branca estão recebendo alimentos doados pelo PAA. Doações que são produzidas por agricultores da Astrapicica, de Malhador. Eles são todos irrigantes do Perímetro Irrigado Jacarecica II e repassam os produtos para coleta realizada pelo CRAS do município vizinho. Raine Costa é coordenadora da entidade beneficente e acompanhou a Conab na visita feita à a Associação, no dia 15.

“O projeto é bastante organizado e vem beneficiando famílias carentes. Ele contribui bastante para essas pessoas que estão numa situação nutricional delicada. A gente que trabalha na Secretaria de Assistência Social conhece de perto a realidade dos habitantes de Areia Branca”, destacou, acrescentando que a doação é feita priorizando os mais necessitados. “Nós procuramos primeiro ir aos povoados, que tem uma maior necessidade. A gente entrega praticamente na porta de cada um e como a Associação nos repassa produtos de ótima qualidade, a população dá um bom retorno, eles estão bastante satisfeitos com o projeto”, reforçou Raine Costa.

Última atualização: 6 de maio de 2021 19:06.

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