Além do Jacarecica II, as capacitações do PAS estão acontecendo também nos perímetros irrigados Jacarecica I e Ribeira, que estão inseridos no município de Itabaiana

Na última semana, irrigantes dos municípios de Riachuelo, Malhador e Areia Branca participaram de uma série de cursos oferecidos para capacitá-los ao uso adequado de Agrotóxicos. Na bacia hidrográfica do rio Sergipe, a Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe – Cohidro mantém três perímetros irrigados. Foi no Jacarecica II que os agricultores participaram de dois Dias de Campo, concluindo a semana de atividades.
Integrante da comissão intersetorial do governo que vem acompanhando as capacitações, a técnica da Cohidro, Maria Teresinha Albuquerque, explica que o Programa Águas de Sergipe – PAS realiza recuperação ambiental nas áreas da bacia hidrográfica, e a exploração dos recursos naturais [terra e água] de forma responsável e sustentável – incluindo o uso racional dos agrotóxicos. “Eles tiveram, durante a capacitação, aulas teóricas e práticas, culminando com esse dia de campo”, disse. Contabilizando palestras e treinamentos práticos, o curso promove 12 horas-aula para cada produtor.
Além do Jacarecica II, as capacitações do PAS estão acontecendo também nos perímetros irrigados Jacarecica I e Ribeira, que estão inseridos no município de Itabaiana.
João Batista Santos Filho recebe irrigação da Cohidro em seu lote no assentamento Mario Lago, em Riachuelo. “Maravilhoso, viu. Bom, porque o pessoal é gente boa; tudo assim, ‘amigueiro’ e por isso estamos juntos aí”. Atraído pela receptividade dos capacitadores, o irrigante entende a importância de aprender a forma correta de utilizar os agroquímicos. “Tem muita gente que trabalha, mas não sabe o efeito que ele faz. O ‘cabra’ pensa que não, quer trabalhar de qualquer jeito. Tem que trabalhar capacitado, para saber trabalhar com agrotóxico, porque senão, morre”, alerta.
Instrutor no dia de campo, o técnico em segurança do trabalho Marcos Roberto dos Santos Nascimento explicou aos agricultores a maneira correta de utilizar os equipamentos de proteção individual (EPI) apropriados à manipulação e aplicação de agroquímicos. “A gente busca conscientizá-los sobre a importância do uso dos EPIs. Não só usar pela obrigatoriedade – pelo governo, pelo empregador -, e sim pela importância do uso. Tendo a consciência de que aquilo ali é para o bem do próprio trabalhador, para a própria saúde. A saúde dele tem que vir em primeiro lugar”, argumentou. Ele sugere que o investimento em um EPI, em torno de R$ 150, evitaria um custo ainda maior, descontado na saúde do agricultor.
Reação em cadeia e agroecologia
“É de suma importância para tudo, o uso correto dos agrotóxicos. Trazendo o bem para agente, que está na área. Sabendo a forma certa de usar, a gente acaba fazendo o bem para as outras pessoas”. O pensamento da jovem Pauliane Alves dos Santos leva em conta a cadeia de envolvidos na produção agrícola, desde quem está próximo ou trabalha na lavoura pulverizada, até para quem vai consumir aquele alimento. Se o agricultor, por exemplo, não respeitar o período de carência especificado pelo fabricante do defensivo agrícola e puser o alimento à venda antes, quem consumir poderá sofrer contaminação pelos agentes químicos tóxicos ainda não eliminados pela planta.
Pauliane é da Colônia Penha, também em Riachuelo – onde a irrigação do Cohidro chega através do perímetro Jacarecica II. “Meu pai aplica, mas agora vou saber orientar. Tive muita informação. Então o curso foi muito bom e muito produtivo. E vou levar para a minha base, para o meu terreno, para o meu pai e para o meu irmão, que também aplica”, concluiu a agricultora familiar. Os ensinamentos também alertam quanto à forma correta de aplicar o agrotóxico, levando em conta os horários e a incidência de chuvas. São situações que podem contaminar ar, água e solo, prejudicando o meio ambiente e quem ali vive.
O senhor Vicente de Andrade, agricultor também do Mario Lago, conta que – sem querer – tem praticado o método mais eficaz de combater todos os efeitos nocivos dos agrotóxicos, que é a não utilização. Ele vem substituindo produtos industrializados por receitas alternativas para combater pragas, doenças e plantas invasoras. Não nega que poderá vir a lançar mão ao uso dos produtos, mas afirma que agora que está capacitado, sabe que existem regras e restrições a serem respeitadas. “Estou achando ótimo. A Importância é grande, porque se a gente for trabalhar, já sabe. Eu já usei, mas hoje trabalho sem ele”, considera – argumentando que o uso dos agroquímicos incide em aumento da produção.
Águas de Sergipe
O programa Águas de Sergipe é resultante de um contrato firmado entre o Governo de Sergipe e o Banco Mundial no valor de US$ 117.125.000,00, sendo US$ 46.850.000,00 a contrapartida do Estado. O PAS tem como finalidade a melhoria da qualidade da água na bacia hidrográfica do rio Sergipe e a prática da exploração sustentável dos recursos naturais. Desse montante, US$ 8 milhões serão destinados à Cohidro para ações de modernização da infraestrutura dos perímetros irrigados, segurança de barragens, assistência técnica e capacitação aos produtores.














