
Sempre às terças-feiras, os agricultores orgânicos que fazem parte da Organização de Controle Social do Centro-Sul Sergipano (OCS-CSS), em Lagarto, têm visitado seus parceiros que produzem no Perímetro Irrigado Piauí – da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) – na intenção de fazer um intercâmbio de conhecimentos e prestar ajuda mútua, em forma de mutirões. Mas na última, dia 7, eles partiram em grupo para conhecer e oferecer auxílio a outro associado, desta vez no Povoado Colônia Treze, no mesmo Município.
No Perímetro Irrigado, os cerca de 10 produtores orgânicos são assistidos pela Cohidro. Já no Treze, o outro integrante da OCS, Josevan Lisboa Batista, recebe a assistência técnica da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro). Ele e outros 15 agricultores também têm recebido apoio, do Governo de Sergipe e da Prefeitura de Lagarto, para comercializar produtos com aptidão agroecológica, a partir da criação de uma feira livre, que acontece toda quarta-feira no Povoado.
No Treze, Josevan tem uma lote de uma tarefa, junto a sua casa, em que planta frutíferas, como acerola e verduras, como o coentro e pimentão. E noutro lote, de pouco mais de uma hectare, tem cultivos de maior escala, como milho, feijão de corda e banana, sendo as duas áreas irrigadas pela água de um minante. Sobre a visita dos companheiros de OCS, ele considera ser ”muito importante que a gente aprenda mais, com relação ao espaçamento das plantas, por exemplo, são coisas que eu não sabia”, comentou o agricultor orgânico que tem certificação do Ministério da Agricultura (Mapa) para vender na feira criada pela Emdagro e Secretaria de Obras de Lagarto.
Paulo Alves, técnico agrícola da Emdagro, explica que a feira diferenciada do Treze começou em março como uma experiência, sempre as quartas-feiras, já que nos domingos acontece a feira tradicional. Mas em 15 de abril ficou como definitiva, das 16h às 21h e com 20 barracas. “Estão ocupando um espaço, com uma feira diferenciada, de produtos sem agrotóxicos. São 16 produtores em que estamos trabalhando o processo de conversão, começando pela troca por insumos orgânicos, como o pó de rocha e a torta de mamona. Também estamos auxiliando na parte administrativa, para que eles tenham uma maior variedade, com um escalonamento de produção, fazendo com que tenham sempre produtos a oferecer”.
A gerente do Perímetro Piauí, Gilvanete Teixeira, diz que a Cohidro motivou estes encontros, sempre às terças-feiras, para motivar os agricultores orgânicos a trabalharem mais unidos. “Assim eles se ajudam, colaboram um pouco cada um, pelo fortalecimento do grupo e ainda não desanimam facilmente se tiverem o incentivo do vizinho e colega de atividade. A idéia tanto deu certo que agora eles romperam os limites do Perímetro e estão buscando cooperar com os orgânicos de outros lugares, pensando sempre nesse fortalecimento da classe produtiva”, esclareceu.
Tomate Orgânico
Um dois produtores do Piauí, que visitaram Josevan, foi Delfino Batista. Experiente, o irrigante pela Cohidro avaliou a área do colega e deu sugestões. “A área dele é pequenininha, mas está andando bem. Sugeri que no plantio do tomate ele use arame, com uma vara sustentando de três em três pés. Isso diminui o custo da plantação e também a mão de obra. No mais, ele planta orgânicos do mesmo jeito que a gente faz lá no Perímetro”. Sobre o intercâmbio feito entre os agricultores, ele diz que “quase toda terça tem o encontro, ou o mutirão, onde estamos fazendo canteiros, limpando, preparando o solo, coisas assim”.
João Quintiliano da Fonseca Neto, Diretor de Irrigação da Cohidro, considera nesses encontros a efetivação de uma das funções da OCS. “Esse grupo, que é formalizado pelo Mapa, tem como objetivo não só reunir produtores orgânicos, eles são uma Organização de Controle Social, logo, são responsáveis por fiscalizar e acompanhar o que todos os membros fazem. Zelando, cada qual, pela qualidade dos alimentos orgânicos que produzem e também sempre atentos ao que o companheiro está fazendo, de forma que ninguém se desqualifique da produção agroecológica e com isso prejudique aos demais”.
Presidente da Cohidro, Mardoqueu Bodano estabelece que é o empenho dos técnicos da Empresa o responsável por esses agricultores irrigantes cheguem ao patamar de membros de uma OCS. “Eles não precisaram desembolsar altas quantias para que uma certificação particular viesse dar o aval da produção livre de agrotóxicos. O trabalho de acompanhamento da Companhia avaliza a produção junto ao Ministério e torna mais fácil o cadastro, que os autoriza à comercialização como orgânicos. Da mesma forma que nós seguimos eles de perto, eles precisam também avaliar se todos estão trabalhando de modo certo, merecendo ou não continuar no grupo”.
Alface
Não diferente de Delfino, João Pacheco é outro irrigante do Piauí que é referência na produção orgânica, somando mais de 15 anos nesta modalidade e sendo um dos mais ativos produtores da OCS-CSS, fornecendo verduras e legumes livres de agrotóxicos nas feiras da região de Lagarto. “Viemos no colega do Colônia Treze conhecer o trabalho dele, estamos dando umas dicas, com na alface, que ele está plantando muito junto, do jeito que a gente plantava antigamente. Mas para crescer bem, ele tem que intercalar, tem que dar mais espaço entre uma muda e outra, cerca de uns 30 centímetros de cada pé e 50 entre as fileiras”, recomendou.