Agricultores e técnicos da Cohidro contornam crise no plantio da batata-doce irrigada em Lagarto

Identificação de ramas contaminadas levou à experiência com o plantio de outras variedades sadias vindas de Itabaiana
Foto: Gabriel Freitas

A água em abundância para irrigar ano inteiro no Perímetro Irrigado Piauí, administrado pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe – Cohidro em Lagarto, somada à facilidade de plantio e colheita, e o baixo custo no manejo da batata-doce, garantiram o aumento gradual da produção até 2017, quando foram produzidas 1.115 toneladas ao longo do ano. Como o tubérculo era cultivado praticamente sem o uso de agrotóxicos, dois vírus transmitidos pelo Pulgão e pela Mosca Branca atingiram as lavouras, fazendo cair sua produtividade e levando muitos agricultores a abandonar o cultivo. Os que persistiram, contudo, trouxeram ramas-sementes de outras microrregiões sem casos de infestações, e estão conseguindo recuperar o lucro no plantio.

Os vírus do mosqueado plumoso e suave causam clorose irregular, em forma de mosaico nas folhas, provocando o atrofiamento da planta, por vezes acometida pelo nanismo, tendo afetado o seu tamanho e o número de raízes. “A gente não aproveitou nem 20% da safra passada, por causa do vírus. A rama não deu ‘fruto’ nenhum. A gente plantava, mas sem resultados. O prejuízo foi grande com a variedade ourinho. Por isso, agora investimos na batata-doce roxa e na italiana, que renderam muito mais. É a segunda vez que estou apostando nessa safra, mas a do ano passado foi perdida”, explicou o agricultor irrigante Gilvan Lima. Após 35 dias de plantio, sua lavoura de 0,33 hectares da variedade ourinho roxa está sadia. A anterior rendeu 200 sacas/ha.

Para técnico agrícola da Cohidro, Marcos Emílio, contudo, a solução encontrada pelos agricultores é paliativa, pois o reuso das ramas da batata-doce como semente para as próximas lavouras tende a proliferar a doença. “Os produtores plantavam aqui muita batata-doce e, nos anos anteriores, sempre rendia boas produções. Só que no ano passado houve uma queda muito grande. Verificamos que o problema está no material genético, na própria rama da batata. Então, esses dois vírus vão passando de um plantio para outro através da rama. Não precisa nem a Mosca Branca estar aqui, porque as ramas já estão infectadas”, explicou. Ele tem feito o trabalho de conscientização dos bataticultores, buscando sua colaboração para aplicar medidas eficazes para erradicar os vírus.

Marcos conta que, agora, quer fazer parcerias para a produção de mudas sadias, a partir do material genético de plantas sem o vírus. Ele cogita ainda, em último caso, fazer o processo de ‘limpeza do vírus’ nas amostras das batatas-doces que melhor se adaptam ao solo e clima de Lagarto, em um laboratório da Embrapa ou outra instituição. De acordo com ele, a produção de mudas seria feita em viveiro, sem o contato com as lavouras contaminadas, para que os plantios sejam recompostos com matrizes saudáveis. “Na agricultura, você deve planejar e acompanhar o que está acontecendo no campo, para conseguir almejar lucros. Não adianta pegar uma planta doente e colocar no campo. Vai gastar com adubação, perder tempo e não vai produzir nada. É preciso investir certo. Procurar o escritório da Cohidro e fazer o trabalho correto”, orienta o técnico.

Enquanto isso, os irrigantes que persistem com a batata-doce continuam apostando nas sementes trazidas de Itabaiana. Por lá, a produção é bem maior, e toda a lavoura deixa um excedente de ramas não aproveitadas no replantio, muitas vezes utilizadas como ração animal. Produzindo as duas variedades vindas da capital do Agreste, Gilvan afirma que não quer mais investir na variedade Ourinho, que anteriormente preferia por ter maior valor de mercado. “A roxa tem um sabor mais doce, bem docinho. Já a italiana não é doce. Vou continuar insistindo na produção dessas duas, porque o mercado pede. Mas a ourinho, eu não quero mais”, conclui.

 

[vídeo] Comercialização da batata-doce no perímetro Jacarecica I é destaque no Sergipe Rural

[icon icon=icon-facetime-video size=14px color=#000 ] O programa Sergipe Rural, que foi ao ar neste sábado (06) na Aperipê TV, mostrou que praticamente 100% dos agricultores irrigantes atendidos pela Cohidro no Perímetro Irrigado Jacarecica I, em Itabaiana, optam pelo cultivo da batata-doce. O bom preço obtido na venda, a rusticidade da planta e facilidade na colheita, facilitam muito ao produtor, mas a irrigação garante o cultivo do tubérculo mais de uma safra por ano.

Batata-doce gera renda também no perímetro Jacarecica II

“Meu ganha-pão é dela, criei minha família toda com ela. Meu sustento é ela, a batata. Já tem destino, tem comprador certo para onde vai. Tem tudo certinho aqui já. Saiu, recebe”, garante o senhor Antônio dos Santos, agricultor irrigante do Perímetro Irrigado Jacarecica II. Ele e mais cerca de 80 produtores, que utilizam da irrigação pública do Governo do Estado através da Cohidro, tem como principal atividade a produção da batata-doce neste polo agrícola situado entre os municípios de Malhador, Riachuelo e Areia Branca.

Esta história de sucesso foi contada no programa Sergipe Rural, da Aperipê TV na edição do sábado passado, 02. Do alto de seus 40 anos lidando com a batata-doce, o seu Antônio tem autoridade ao eleger a variedade preferida para plantar e de encontrar mercado. “Essa roxa ai é mais ligeira, mais rápida para plantar, colher, lavar, ensacar, para tudo ela é mais rápida que a branca”, avalizou. Além do Jacarecica II, nos perímetros da Cohidro em Itabaiana e Lagarto, o tubérculo tem conquistado um espaço cada vez maior nas lavouras, pela versatilidade e demanda no mercado.

O programa, que sempre vai ao ar pelo canal 6 [da TV digital] aos sábados, 7h30; reprisa no domingo, 8h30 e na quarta-feira, 9h. E já pode ser conferido na integra em: https://youtu.be/QNun_87YB70

Batata-doce no Piauí e modernização da irrigação pública em Itabaiana

O programa Sergipe Rural deste sábado mostrou que os produtores irrigantes do Perímetro Irrigado Piauí, em Lagarto, optando cada vez mais pelo cultivo da batata-doce, pela facilidade e menor custo no cultivo e pelo mercado mais atrativo.

E o programa também foi até os perímetros da  Ribeira e Jacarecica I, mostrar o que muda na agricultura irrigada com a assinatura das ordens de serviço para modernização do sistema de irrigação deste polos de produção, feita pelo governador Jackson Barreto no último dia 9. Uma das ações do Programa Águas de Sergipe.

Evolução de campo de Batata-doce no Perímetro Piauí

Aos poucos, produção de batata-doce irrigada ganha cada vez mais espaço em Lagarto, no Perímetro Irrigado Piauí administrado pela Cohidro. Aqui a beleza da plantação no lote de Adelmo Bispo da Silva, há um mês de plantada e agora, 100 dias depois, pronta para a colheita.

Colheita da batata-doce começa em janeiro nos perímetros

Deste mês até maio tem produtor colhendo batata-doce nos perímetros irrigados da Ribeira e Jacarecica I,em Itabaiana, onde se concentra a maior parte da produção irrigada do tubérculo. Em 2017, foram quase 8.000 toneladas produzidas nos dois polos.

Queridinha dos nutricionistas, a batata-doce está presente em 10 entre 10 receitas de reorientação alimentar e isso favorece o agricultor, que obtêm melhores preços de venda do produto. Além disso, os tratos culturais da batata-doce são mais simples do que em outras culturas e a ausência de doenças que prejudiquem seu desenvolvimento, facilitam ainda mais o manejo do produto. São fatores incidem na redução do custo de produção, incluindo o de mão de obra, o que incentiva a preferência.

Perímetro Jacarecida I da Cohidro é líder na produção de Batata-doce

A Roxa-branca é das variedades mais comuns no Jacarecica I

De janeiro até maio, tem produtor colhendo Batata-doce no Jacarecica I, que é o perímetro irrigado que mais produz dentre os administrados pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro). Em 2015, foram quase quatro mil toneladas (ton) do alimento, ocupando 198 hectares (ha) dos 251 da área total irrigada. Localizado no município de Itabaiana, no Pólo Irrigado os agricultores agora se aproveitam da alta no preço para produzir mais o tubérculo, incrementando os tratos culturais e atingindo produtividades de até 34ton/ha.

Os tratos culturais da Batata-doce são mais simples do que em outras culturas e a ausência de doenças, que prejudiquem seu desenvolvimento, facilitam ainda mais o manejo do produto. Esses fatores incidem na redução do custo de produção, incluindo o de mão de obra, o que incentiva a preferencia de praticamente todos os 126 agricultores irrigantes do Jacarecica I pelo cultivo. Luiz Joaquim de Oliveira é um deles. Nascido na região, há 30 anos trabalha no seu lote de 2ha no Perímetro, onde cultiva as variedades Roxa-branca, a Branca e a Paulistinha.

“É uma plantação isenta de pragas e doenças, o preço que agora está em alta e ela não é exigente em mão de obra, como em outras cultas. Nos tratos culturais, duas pessoas dão conta de minha área, só contrato mais quando é para a colheita. Não tem que pelejar com tóxico, como em outras culturas e isso ninguém quer mais fazer não”, justificou Luiz Joaquim. Sua plantação do tubérculo constantemente ocupa 1ha do seu lote. Quanto não está plantada a Batata-doce, tem Coentro, outra das preferências do Jacarecica I, Milho ou quiabo, todas como cultura de rotação.

Gerente do Perímetro, Osvaldo Nunez da Cruz considera Joaquim de Oliveira um dos mais bem-sucedidos produtores da Batata-doce no Jacarecica I. “Ele colhe entre 50 e 60 sacos, o que equivale a 2ton porcada tira de 0,08ha, alcançando uma produtividade de 24ton/ha. Ele, como os demais produtores, tanto escolheram essa planta pela maior facilidade para cultivar, mas também pelo mercado promissor. Tem bastante procura pelos feirantes e intermediários que chegam a pagar para o agricultor o preço de R$ 1,25 por quilo do produto”, considerou.

Alta produtividade

No lote do produtor irrigante José Benício de Mendonça são 1,5ha dedicados à Batata-doce, a produtividade da variedade Roxa-branca atingiu um patamar considerado acima da média, com a marca de 34ton/ha. Para o Técnico em Agropecuária da Cohidro, José Givaldo Oliveira, este resultado não poderia vir em momento melhor para o agricultor. Para ele, responsável pela assistência técnica nesta área do Jacarecia I, o momento é propício com a melhora no valor de venda e isso anima, aumenta a dedicação de quem cultiva a Batata-doce.

“O resultado da produção de José Benício superou as expectativas da região. O ótimo preço da Batata-doce no comércio faz com que as áreas dedicadas para o produto aumentem e os produtores passem a investir mais em insumos de melhor qualidade, com melhor adubação, melhores equipamentos de irrigação e mão de obra mais constante e qualificada”, comemorou o técnico José Givaldo. Ele explica ainda que as variedades mais comuns são a Roxa-branca e a Branca, justamente pela produtividade e pela precocidade, propiciando a colheita em três meses depois de plantada.

Mardoqueu Bodano, presidente da Cohidro, acompanha o cultivo da Batata-doce e informa que outros perímetros irrigados da Companhia como a Ribeira em Itabaiana, o Jacarecica II, em Malhador e Riachuelo e ainda o Piauí, em Lagarto, são grandes produtores do tubérculo e só têm aumentando sua produção, motivados pelo bom preço e oferta da irrigação. “É um produto considerado altamente nutritivo e podendo ser alimento para todo tipo de pessoa. É fonte de energia, minerais e vitaminas, por isso ultimamente está sendo muito requerido nas dietas para perda de peso e para quem frequenta academias de ginástica”, disse.

Batata-doce Ourinho

Catalogada por pesquisadores como uma variedade legitimamente sergipana, a Barata-doce Ourinho ocupa um patamar de destaque e é considerada de qualidade superior em comparação aos outros tipos cultivados. A Ourinho é preferida para aplicação em receitas culinárias em diversas partes do Brasil e até internacionais, devido sua coloração mais amarelada que as demais. Mas por ser de colheita mais tardia, quatro meses, ela acaba por ser preterida pelos agricultores. O que não é o caso do agricultor irrigante do Jacarecica I, José Hunaldo Oliveira de Goes, que na colheita, feita neste início do ano, teve boa rentabilidade com a cultivar.

Para o técnico José Givaldo a produção da Ourinho, por não ser comercial na região, superou as expectativas de produção na área de José Hunaldo. “Com um produto de ótima qualidade, o resultado foi ótimo para o Produtor, ainda mais com o ótimo preço praticado na hora de vender esta variedade. A produtividade de 25ton/ha, teve fruto no fato do Agricultor seguir corretamente as orientações técnicas, assim como adubação, manejo de irrigação e tratos culturais”, revelou o Servidor da Cohidro.

Diretor de irrigação de Desenvolvimento Agrícola da Cohidro, João Quintiliano da Fonseca Neto explica que foram colhidas, ato todo, 9.108 quilos de Batata-doce nos perímetros da Companhia em 2015. “As maiores produtividades do tubérculo são encontradas aonde existe irrigação e por isso é um dos cultivos mais escolhidos para utilizar da irrigação oferecida pelo Governo de Estado. Pela facilidade de plantio, pela reduzida utilização de insumos comerciais e de mão de obra, se torna um ótimo investimento, de baixo custo e de retorno rápido para o irrigante”, concluiu.

Última atualização: 6 de maio de 2021 19:00.