Produtores rurais participam de curso sobre uso de agrotóxicos em perímetros irrigados

As atividades têm o objetivo de preparar o produtor rural para lidar com agroquímicos, sem provocar danos ao meio ambiente ou riscos à própria saúde, à da sua família, e a dos consumidores dos alimentos

Agricultores dos municípios de Itabaiana, Areia Branca, Campo do Brito, Malhador e Riachuelo participaram de um treinamento intenso, voltado para o uso adequado de agrotóxicos. Realizadas desde a última quarta até esta sexta-feira (05), as atividades têm o objetivo de preparar o produtor rural para lidar com agroquímicos, sem provocar danos ao meio ambiente ou riscos à própria saúde, à da sua família, e a dos consumidores dos alimentos. Uma das atividades ocorreu no Perímetro Irrigado da Ribeira, administrado pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), dentro do Programa Águas de Sergipe.

Segundo a técnica da Cohidro, Teresinha Albuquerque, o curso surgiu de uma demanda identificada através de pesquisa realizada nos perímetros. “Isso nos alertou para a grande necessidade de levar mais conhecimento para os agricultores sobre a questão dos agrotóxicos, pois é um mercado que está sempre mudando e eles precisam de atualização. Os instrutores estão repassando os aprendizados na linguagem do agricultor. E depois faremos uma avaliação dos resultados”, explicou.

Nesta sexta-feira, o dia de campo aconteceu no assentamento de reforma agrária Mario Lago, inserido do Perímetro Irrigado Jacarecica II, em Riachuelo. Além de agricultores que não foram capacitados em outras edições do curso, também participaram os técnicos agrícolas da Companhia e da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro).

Responsável pelas capacitações, a consultora Paula Ismerim informou uma média de 150 participantes por dia de capacitação. “São 8h de aulas teóricas divididas em dois dias na semana, culminando com o dia de campo. Os técnicos visitaram aproximadamente 35 comunidades, lote por lote, mobilizando as inscrições para o curso. Foram feitas quase 1.600 inscrições, com participação de 80% das comunidades. Durante o curso sorteamos uma bicicleta por turma, e mais uma bicicleta a cada dia de campo”, revelou.

A agente comunitária de saúde do povoado Mangueira, Leia da Silva, foi uma das sorteadas com a bicicleta na quarta-feira. “Eu gostei muito do curso, porque vamos servir como multiplicadores do conhecimento para a população. O mais importante foi entender sobre os perigos dos agrotóxicos para a saúde das pessoas. Também pudemos nos aprofundar sobre as consequências do agrotóxico, que temos que fazer de tudo para diminuir, e que as pessoas têm necessidade de proteção quando for passar, com o uso adequado dos equipamentos de segurança”, contou Leia.

Agricultor irrigante do povoado Várzea das Cancelas há 20 anos, Luiz dos Santos trabalha com a esposa e o filho na lavoura produzindo batata-doce, amendoim e milho para comercializar em Itabaiana. Ele revela que aprendeu, no curso, que é preciso guardar os vasilhames dos agrotóxicos vazios para devolver à loja onde foi comprado. “Aprendi a usar a capa e todos os equipamentos necessários. Isso é muito importante e vamos começar a colocar em prática. Precisamos tomar cuidado e pensar mais em nossa saúde”, concluiu.

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O Dia Mundial do Meio Ambiente e o papel da Cohidro

No Dia Mundial do Meio Ambiente a Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), atuando diretamente no fornecimento de água para irrigação, assistência técnica agrícola e gerência das áreas territoriais abrangidas por estes serviços, os perímetros irrigados e distrito de irrigação, externa seu trabalho e preocupação com o tema. A empresa e seus funcionários incentivam a Agricultura Orgânica como método alternativo ao modelo convencional de agricultura, que é mais nocivo à natureza, ao mesmo tempo em que combatem o uso indiscriminado e irregular de agrotóxicos. E ainda orientam, fiscalizam e tomam as medidas legais se ocorrerem algum desrespeito às áreas de preservação permanente (APP), obrigatoriamente instituídas nesses polos de produção.

A preocupação que a empresa tem em mostrar e incentivar a Agricultura Orgânica, como alternativa para os agricultores que assiste em seus perímetros irrigados, já ocorre há mais de 18 anos. Isso é desempenhado no acompanhamento diário dos técnicos agrícolas e engenheiros agrônomos, na promoção de atividades educativas, capacitações e prestando auxílio para que esses produtores tenham acesso aos mecanismos de regularização na comercialização destes alimentos livres de agrotóxicos. Exemplo disso as chamadas organizações de controle social (OCS), regidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e que permitem ao produtor ‘associado’, vender os alimentos que produz, diretamente ao consumidor, sob a designação de orgânicos.

Ponto de partida
A Agricultura Orgânica é um sistema que evita os riscos com a contaminação do ser humano, dos animais, do solo e da água por agrotóxicos, pois elimina o seu uso. Tem um manejo em que se permite a convivência das plantações com espécies de plantas e bichos que surgem naturalmente e que aumentam a diversidade genética nessas lavouras, agregando nutrientes ao solo e defendendo a produção de interferências externas. Esta linha de trabalho agroecológica acaba sendo um meio regulador de todos os outros pontos sensíveis, se tratando da relação agricultura e meio ambiente, e por este motivo serve de ponto de partida na lista de medidas ambientais da empresa.

Agrotóxico
Para o controle do uso de agrotóxicos em seus perímetros, a Cohidro executa ações de conscientização, treinamento e controle de emissão do Receituário Agronômico, com o apoio e fiscalização da parceira Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro). E nisso ainda se acresce a preocupação com o indivíduo que manuseia estes produtos, onde a atuação também abrange a obrigatoriedade do uso do EPI (equipamento de proteção individual) e da realização de exames de sangue para detectar possíveis contaminações, nesses trabalhadores rurais.

Do ponto de vista do meio ambiente, o agrotóxico oferece riscos de contaminação quando aplicado nas lavouras de maneira diferente do que é especificado nas normas regulamentares e recomendações do fabricante. O mesmo risco de contaminação também ocorre quando não se faz o descarte correto das embalagens desses produtos, sendo que hoje é obrigação e lei que todo comerciante receba de volta as embalagens vaziadas do produto que vendeu, para que então a empresa as encaminhe para o descarte correto.

Cartilhas educativas
A Cohidro publicou simultaneamente duas cartilhas educativas. A de ‘Racionalização do Uso de Agrotóxicos’ explica o método correto de aplicação e destaca os produtos comerciais com menor grau de toxidade para combater um determinado tipo de doença ou praga. Já a cartilha ‘Produtos Alternativos para o Controle de Pragas e doenças na Agricultura’ oferece receitas utilizando ingredientes não-tóxicos, com aceitação na Agricultura Orgânica, para também combater as enfermidades das plantas e até dos animais. Ambas publicações têm versões online para baixar no site da Cohidro, sendo que a última também passou recentemente por uma reedição, digital e impressa.

APPs
Nos perímetros irrigados a Cohidro preserva, fiscaliza, e até busca as sanções legais para aqueles que desrespeitarem as APPs, reservadas nestes polos de irrigação. São espaços de preservação natural para se desenvolver a biodiversidade, onde é terminantemente proibido caçar, desmatar, plantar ou construir. Dessa forma, a empresa possibilita que exista a exploração responsável da terra e água, podendo conviver homem e natureza no mesmo ambiente.

Atualmente, através do Programa Águas de Sergipe, os perímetros irrigados da Ribeira, Jacarecica I e Jacarecica II estão recebendo investimentos geridos pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh), que visam a adequação e recuperação ambiental da bacia do Rio Sergipe, onde estão inseridos estes polos produtivos. Além de ações que vão racionalizar o uso dos recursos hídricos, tornando a irrigação fornecida pela Cohidro mais eficiente, existe o trabalho paralelo de reflorestamento das matas ciliares dos cursos d’água e reservatórios. Na última quinta-feira (7), no Açude da Marcela em Itabaiana, o Governo do Estado fez o plantio inaugural das 600 mil mudas que reflorestarão as áreas degradas, nestas barragens e também na do Rio Poxim, em São Cristóvão.

Preocupação mundial
No dia 5 de junho é comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente, pois nesta data, em 1972, iniciou a Conferências das Nações Unidas sobre o ambiente humano, em Estocolmo. O que ficou marcando como a primeira vez em que todas as nações do planeta demonstraram a preocupação com o tema.

Última atualização: 6 de maio de 2021 19:06.

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