Pesquisa reforça importância da análise de solo em perímetro irrigado estadual no Alto Sertão

Administrado pela Coderse, Perímetro Irrigado Califórnia produziu quase 30 mil toneladas de alimentos em 2023
Engenheiros agrônomos do Prodema proferiram palestras para os agricultores do Perímetro Irrigado Califórnia // Foto: arquivo pessoal

Desde o início de setembro, agricultores do Perímetro Irrigado Califórnia, em Canindé de São Francisco, território do Alto Sertão sergipano, estão participando da pesquisa de dissertação de mestrado da engenheira agrônoma Carla Tamilys Vasconcelos, pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Na última sexta-feira, 20, mais produtores responderam a uma pesquisa e outros 20 fizeram a entrega de amostras de solo para análise no Laboratório de Solos do Departamento de Engenharia Agronômica da UFS. A adesão à prática da análise de solo nos lotes irrigados é uma meta da assistência técnica do Governo do Estado no local.

Esses 20 produtores já tinham participado da pesquisa e da palestra ‘Agricultura de sucesso: o básico bem feito’ no último dia 3, quando ganharam as análises de solo. Um deles foi Ozeias Beserra, agricultor irrigante e técnico agrícola. “Às vezes o produtor quer fazer a análise de solo, mas não sabe qual é o procedimento. Essa é minha experiência como produtor. Hoje como técnico sei o caminho a fazer. Essa doação ajudou bastante na economia para o produtor”, avaliou.

Na palestra, dois produtores ainda foram sorteados para receber avaliações da eficiência do sistema de irrigação dos seus lotes – uma avaliação individual que será dada por especialistas da UFS no início do mês de outubro. Todas as atividades compõem a dissertação de mestrado “Avaliação da Sustentabilidade do Perímetro Irrigado Califórnia”, da engenheira agrônoma Carla Tamilys Vasconcelos Araújo e são desenvolvidas pelo Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (Prodema) da UFS.

“Para a minha dissertação eu necessito aplicar questionários com os irrigantes e a palestra foi a maneira que encontrei para reunir o pessoal de uma vez só. Para pensar no tema, perguntei ao gerente do California qual a maior dificuldade atualmente que os produtores estavam passando. A palestra teve como objetivo mostrar os problemas nas plantas, causados por alguma deficiência de nutrientes e frisar como é importante fazer análise do solo”, pontuou Carla Tamilys.

A avaliação tem a co-realização da Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), empresa vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri) e administradora do Perímetro Califórnia. A palestra realizada no escritório da empresa em Canindé tratou dos temas ‘interpretação de análise de solo’ e ‘recomendações de adubação’.

“São temas de grande importância para o agricultor do perímetro irrigado e que se complementam. Nossos técnicos agrícolas sempre recomendam a análise de solo para fazer a adubação certa na hora de iniciar um novo plantio. Agindo assim, o agricultor maxibiliza os resultados que ele vai ter usando a irrigação que nós fornecemos através da infraestrutura do perímetro”, explicou o gerente do Califórnia, Anderson Rodrigues.

Equipe Prodema
Além de Carla Tamilys, a equipe que está à frente das atividades realizadas no perímetro de Canindé, conta com os engenheiros agrônomos Lucas Berenger Santana, Isabela Lima de Santana e a engenheira agrícola Ketylen Vieira. Todos do PRODEMA.

Perímetro Califórnia
O Califórnia atende 373 lotes com o fornecimento de água para irrigação ou dessedentação animal, que ocupam uma área irrigável de 1.360 hectares. Juntos esses produtores irrigantes produziram 29.706 toneladas de produtos agrícolas em 2023, o que rendeu quase R$ 46 milhões, beneficiando diretamente 1.863 pessoas. A irrigação e assistência técnica agrícola da Coderse permitem a produção de feijão-de-corda, milho verde, goiaba, quiabo, acerola, aipim, hortaliças, uva e outras cultivares agrícolas.

“Pretende-se com esse estudo avaliar a aplicação do índice de sustentabilidade no projeto público de irrigação Califórnia, e contribuir com a formulação de uma base para discussões futuras abordando o desenvolvimento sustentável em perímetros irrigados. Por fim, almeja-se produzir artigos e publicá-los em uma revista científica referência da área de ciências ambientais, para que o conteúdo atinja pesquisadores de todo mundo e motive a elaboração de trabalhos similares”, finalizou Carla Tamilys.

Produção de quiabo é a principal atividade do perímetro irrigado estadual de Canindé

Com irrigação do Governo do Estado, irrigantes produzem durante todo o ano, suprindo mercado interno e de estados vizinhos
Quiabo é o alimento mais produzido no perímetro Califórnia – Foto Fernando Augusto – Ascom Coderse

O quiabo é o alimento mais produzido no Perímetro Irrigado Califórnia, em Canindé de São Francisco, no alto sertão sergipano. Quando comparada à do ano passado, a produção do quiabo de janeiro a agosto de 2023 aumentou em 5%, e a área plantada, em 13%, o que demonstra que a produção anual deve ser ainda maior este ano.

O caruru de São Cosme e Damião, em setembro, e as moquecas da Semana Santa são oportunidades para que os irrigantes vendam um maior volume de produtos. Essa produção, em pleno semiárido, é possibilitada pela irrigação fornecida pelo Governo do Estado durante todos os meses do ano, permitindo que sempre haja colheita de quiabo no Califórnia. São carregamentos periódicos que seguem, em sua maior parte, para a capital baiana, Salvador, mas o estado de Alagoas e os demais municípios sergipanos também compram o vegetal produzido em Canindé.

Neste ano, os irrigantes do Califórnia já produziram 4.411 toneladas de quiabo até o mês de agosto, superando a produção de 2022 (4,2 mil toneladas). Gerente do perímetro irrigado, Anderson Rodrigues indica que os 333 lotes são atendidos pela Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri).

“Os agricultores do Califórnia recebem o abastecimento de água contínuo, de inverno a verão. A nossa equipe também dá assistência técnica ao produtor, na questão de adubação da planta, na colheita e na forma de irrigar. Neste período de agora e na Semana Santa é quando há maior demanda e saída do quiabo para Salvador”, apontou Anderson Rodrigues.

Um dos produtores que conseguiram enviar o quiabo para a capital baiana no dia de São Cosme e Damião foi o irrigante Abel Santana. Sua lavoura, de meio hectare, tem 60 dias com uma semente de variedade precoce, e já lhe permitiu colher quatro vezes em uma semana, totalizando dez sacas. “Eu sempre gosto de plantar em Cosme e Damião e na Semana Santa. A procura é maior. Não é sempre que eu tenho o quiabo. Às vezes eu planto em outras épocas, mas é muito difícil”, conta.

Diretor de irrigação da Coderse, Júlio Leite explica que o quiabo está presente em todos os cinco perímetros irrigados do Governo do Estado com vocação agrícola, do total de seis polos agrícolas administrados pela empresa pública.

“Em Itabaiana, Riachuelo, Malhador, Areia Branca e Lagarto, plantam o quiabo com a irrigação e a assistência técnica fornecida pela companhia, atendendo à demanda interna dos estados vizinhos, mas é em Canindé onde a produção do quiabo supera todas as outras culturas agrícolas; o plantio ocorre durante todo o ano”, detalhou Júlio Leite.

Última atualização: 26 de março de 2024 12:21.

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