Agricultura Regenerativa quer dobrar produção irrigada de batata-doce sergipana

Lotes dos perímetros públicos que trabalham com agricultura irrigada vão implementar campos demonstrativos de ‘Agricultura Regenerativa’ na cultura da batata-doce. A iniciativa é resultado de cooperação técnica assinada esta semana pelo Governo de Sergipe, por meio da Secretaria de Estado da Agricultura, e a Gterra Consultoria Agropecuária e Ambiental,  com coparticipação da Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse) e Empresa de Desenvolvimento Agropecuário (Emdagro). A empresa de consultoria cooperada fornecerá os insumos necessários para aplicação da técnica e todo assessoramento ao produtor. A previsão é que a produtividade da raiz dobre, a partir do método que equilibra a nutrição do solo para proteger a saúde da planta.

Utilizando insumos biológicos, a Agricultura Regenerativa também tem como benefício a diminuição do uso de defensivos químicos, o que diminui os riscos à saúde do agricultor que lida com a plantação e de todas as pessoas que consomem os alimentos. Além de reduzir os danos ao Meio Ambiente a partir da contaminação do solo e água. 

A Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro) também é coparticipante, com sua expertise em assistência técnica. A Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri) é o órgão ao qual as empresas públicas são vinculadas e coordena a parceria com a empresa privada.  “Não temos dúvidas de que essa integração entre nossas empresas públicas de assistência técnica com a Gterra consultora trará resultados importantes para ampliar a produção e produtividade da batata doce em Sergipe e consequentemente melhorar a renda para os produtores”, destaca o secretário da Agricultura, Zeca Ramos da Silva.

Para o diretor-presidente da Coderse, Paulo Sobral, a parceria vem em momento oportuno para os perímetros irrigados. “Nos lotes e propriedades em que nós entregamos água para irrigação e assistência técnica, a batata-doce é o alimento mais produzido, está presente nos cinco perímetros de vocação agrícola e em todo 2024, foram colhidas quase 19 mil toneladas da raiz. O importante desse projeto é  querer mostrar que é possível aumentar a produção, sem que seja necessário aumentar a área irrigada dedicada à batata. Algo que iria carecer de mais disponibilidade hídrica, sempre limitada em nosso estado”, frisa. 

Sergipe é o segundo maior produtor de batata-doce do Nordeste, conforme levantamento das safras de 2023, feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foram 67.049 toneladas colhidas naquele ano, só perdendo para o estado do Ceará (163.530). A produtividade, de 18 toneladas por hectare, é superior à média nacional (15), mas inferior a do Ceará (20,2). O engenheiro agrônomo Gilberto Bruno, gestor da Gterra, considera que, apesar de ser um produtor de batata-doce importante no Brasil, Sergipe tem baixa produtividade média por hectare. A ideia é aumentar, ao menos, dobrar a média produtiva no estado. 

“A partir de agora, vamos implantar quatro campos experimentais nos ferimentos irrigados da Coderse, para que possamos demonstrar aos produtores a Agricultura Regenerativa. Trazendo ganhos na segurança alimentar e no ganho de produtividade, refletindo no bem-estar dos irrigantes. O que se espera é que possamos demonstrar ao produtor, em dias de campo, em eventos demonstrativos, que é possível produzir utilizando uma menor quantidade de produtos químicos, defensivos químicos, aumentando a produtividade e trazendo qualidade ao produto”, conclui Gilberto Bruno.

Tecnologia da agricultura regenerativa aumenta produtividade da batata-doce

Método visa a fazer crescer a produção do tubérculo em todo o estado, mas sem que haja a necessidade do aumento de área de produção. Iniciativa será aplicada em perímetro irrigados
Apesar do solo argiloso, o cultivo da batata-doce nos perímetros irrigados de Canindé tem suas vantagens diante do solo rico, insolação prolongada e baixa incidência das doenças típicas de regiões mais úmidas // Foto: Perímetro Irrigado Califórnia

Sergipe é o segundo maior produtor de batata-doce do Nordeste, conforme levantamento das safras de 2023, feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foram 67.049 toneladas colhidas naquele ano, só perdendo para o estado do Ceará (163.530). A produtividade, de 18 toneladas por hectare, é superior à média nacional (15), mas inferior a do Ceará (20,2). Uma iniciativa para que a produtividade cresça ainda mais e aumente a produção da raiz tuberosa em Sergipe é a implantação de quatro campos demonstrativos de aplicação da tecnologia de agricultura regenerativa em perímetros irrigados estaduais, a partir de Termo de Cooperação com empresa de consultoria sergipana e o Governo do Estado.

 Esses campos demonstrativos serão montados em lotes comercialmente produtivos e que já tenham afinidade com o cultivo da batata-doce irrigada. A Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), fez uma avaliação técnica e escolheu quatro produtores experientes no cultivo do vegetal em três perímetros irrigados de diferentes regiões do estado: Califórnia, em Canindé de São Francisco, alto sertão; Jacarecica I e Poção da Ribeira, em Itabaiana, no agreste, região onde se concentra a maior produção do estado.

 “São perímetros que fazem uma boa amostragem de como são os principais climas e tipos de solo explorados para a produção da batata-doce irrigada. A Seagri e suas vinculadas, Coderse e Emdagro, abraçaram a ideia de um parceiro da iniciativa privada de testar a tecnologia da agricultura regenerativa com foco na produtividade. Pensando em fazer crescer a produção da batata-doce em todo estado de  Sergipe, mas sem que seja necessário o aumento de área, substituindo as outras produções agropecuárias”, pontuou o presidente da Coderse, o engenheiro agrônomo Paulo Sobral.

Termo de Cooperação
A área experimental do cultivo é viabilizado pelo Termo de Cooperação  entre a Seagri, Coderse, Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro) e a GTerra Consultoria Agropecuária. O diretor da empresa privada sergipana, Gilberto Bruto Oliveira, esclarece que o projeto é baseado na demonstração das potencialidades da tecnologia da agricultura regenerativa no cultivo da batata-doce em Sergipe. Um conceito norte-americano, em que o equilíbrio da nutrição do solo consegue equilibrar a saúde da planta.

“O projeto tem como objetivo trazer para os perímetros irrigados, assistidos pela Coderse, técnicas agrícolas baseadas na reabilitação do solo e conservação dos sistemas produtivos e alimentares, como foco principal na regeneração, conservação do solo e segurança alimentar. É a utilização de práticas agrícolas sustentáveis com uma visão holística que, ao tempo em que promove a recuperação e a regeneração dos sistemas produtivos, estabelece novos patamares produtivos, trazendo renda para o irrigante”, detalhou Gilberto Bruto.

 O engenheiro agrônomo Gilberto Bruto informa que o agricultor que abrigar os campos demonstrativos não terá custos com os insumos necessários à introdução da agricultura regenerativa. Ele somente vai contribuir com a área e sua mão de obra. “São usados condicionadores de solo líquidos antes e durante o plantio. Depois há a utilização de produtos biológicos e químicos na plantação. O agricultor vai receber 100% dos produtos”, completa.

 Comparando técnica
Cada campo demonstrativo será implantado em uma área de cultivo do dobro do tamanho, onde metade terá a aplicação da agricultura regenerativa e a outra vai receber os tratos culturais que o agricultor, propositalmente escolhido por sua experiência no cultivo de batata-doce, está acostumado a fazer. Diante disso, será possível que bataticultores de todo o estado e profissionais do meio agrícola possam fazer um comparativo entre as duas técnicas. Irrigante do perímetro Califórnia, José Bernardino Neto hoje já dedica todo seu lote à plantação do tubérculo, de olho no mercado cada vez mais atrativo para quem produz.

“Estou pensando em expandir para outros mercados, além de Canindé. Tendo uma produção maior, é tocar o barco para frente, investir para ter resultado”, planjeou Bernardino Neto. O produtor está animado com a assistência que vai receber das empresas públicas e da consultoria privada para produzir mais em sua nova área já lavrada, comprometido em seguir as recomendações técnicas. “Vou fazer tudo. Com a ajuda, a gente faz tudo”. Sobre o tipo de batata-doce que vai usar para plantar no campo demonstrativo, Bernardino disse que será a mesma variedade que já produz: a ‘roxinha comprida’

Assistência técnica
Engenheiro agrônomo da Coderse, Paulo Feitosa considera que a aplicação da agricultura regenerativa é o desenvolvimento da cultura para obter melhor qualidade do produto. “Essa é a essência para aumentar a produtividade, promover uma nutrição vegetal com base na adubação da folha, na melhoria do solo. E, por consequência, você tem uma melhor qualidade do produto e produtividade da cultura”, avaliou. Para o especialista em irrigação, ao aumentar a produção, promove a melhoria para o produtor, que dificilmente conseguiria implantar a tecnologia sem essa assistência técnica e os insumos.

 “Quando você tem uma cultura bem colhida, bem produzida, ela tem mais resistência para algumas pragas ou doenças. Bem nutrida, ela fica mais imune. Mesmo que ela tenha alguma praga ou doença, ela tolera um pouco melhor e sem prejuízo para a produção. Estamos regenerando o solo para futuras produções e desenvolvimento de novas espécies de produção”, concluiu Paulo Feitosa.

Cohidro e irrigantes de Itabaiana querem implantar campos experimentais de agricultura regenerativa para batata-doce

Agricultores atendidos com irrigação pública pretendem visitar fazenda que usa a tecnologia apresentada por especialistas na Bahia

[foto: Fernando Augusto]
A ideia é implantar dois campos experimentais de agricultura regenerativa em lotes de produtores de batata-doce do Perímetro Irrigado Jacarecica I, mantido pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) em Itabaiana. A técnica, que busca a recuperação dos solos e das características perdidas pelo uso excessivo de agentes degradantes, possibilita a restauração de todo o sistema de produção de alimentos, e foi apresentada aos irrigantes no início do mês, por um especialista em microbiologia e melhoramento genético. Em encontro com agricultores, técnicos da Cohidro e do Sergipe Parque Tecnológico (SergipeTec), ele falou sobre a tecnologia, que utiliza insumos agrícolas à base de microrganismos, inoculantes, probióticos e ácido silícico.

Para saber mais e conhecer a aplicação in loco, os agricultores também querem fazer uma visita de campo a uma fazenda na Bahia, onde a técnica já foi testada nesse tipo de plantio. O engenheiro agrônomo Lúcio Argôlo explicou aos agricultores e técnicos como funciona a sua experiência em Teixeira de Freitas (BA), que elevou a produção de 13 para 30 toneladas por hectare. “O meio ambiente está muito degradado e, por isso, os próprios produtos químicos deixam de fazer efeito com o passar do tempo, porque a planta está sob estresse constante. Então, a gente recompõe toda essa fase de solo e a nutrição da planta em si de uma forma natural, e fazemos a diminuição desses químicos, com a utilização de produtos biológicos, trazendo maior sanidade a essa planta e maior eficiência, com menor custo”, explicou.

Isaias Costa, irrigante do perímetro Jacarecica I, informou que quer separar um espaço para o especialista testar o novo produto. “Eu gostei da demonstração; a palestra foi boa, só estou aguardando a convocação para a gente ir até essa fazenda e ver como funciona a coisa. Estou interessado. Quero ver se consigo fazer alguma coisa também pelo meu terreno, em um lugar pequeno. A expectativa aqui é produzir mais e diminuir custo, pois a gente gasta com coisas que nem precisa”, expôs o agricultor, que é assistido pela Cohidro com o fornecimento de água para irrigação e assistência técnica agrícola.

Segundo Fernando Andrade, engenheiro Agrônomo da Cohidro, tanto a empresa pública quanto os produtores aprovaram a tecnologia apresentada, pelos resultados alcançados no estado vizinho. “O trabalho é uma experiência desenvolvida junto a produtores de batata-doce de Teixeira de Freitas, com a utilização de bioinsumos, que vêm aumentando potencialmente a produção agrícola e a rentabilidade. Como consequência da reunião, foi abordada a realização de uma visita dos técnicos e produtores do perímetro ao município baiano, no sentido de conhecer os trabalhos lá desenvolvidos e, em seguida, disponibilizar área para a realização de experimento no perímetro de Itabaiana, para a consequente difusão e apropriação da tecnologia”, explicou.

Após assistir à apresentação do case da lavoura baiana onde já é aplicada a agricultura regenerativa, Dione Passos, também irrigante do perímetro Jacarecica I, passou a acreditar que, se tornando mais sadia, sua batata-doce terá maior valor agregado de venda. “Ele pode nos ajudar porque estamos correndo atrás de melhoria, que é o que o mercado exige. Então eu acredito que isso vai sim melhorar a nossa vida, o nosso planejamento, para obtermos uma mercadoria melhor. Ela estando mais bonita, melhora o preço de venda e, é claro, se torna melhor de vender, melhor de comércio”, avaliou o agricultor após o encontro, do qual também participou o gestor de Biotecnologia do SergipeTec, Alexandre Guimarães, que fez a aproximação entre os agricultores e a tecnologia da agricultura regenerativa, trazida ao estado pelo especialista.

Última atualização: 3 de novembro de 2022 10:20.

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