Governo do Estado propõe acordo de gestão para nova unidade do água doce em Poço Verde

Mais 300 famílias terão acesso a água potabilizada por dessalinizador no povoado Saco do Camisa

Além da parte física, é necessário construir uma boa relação entre os beneficiários de um sistema de abastecimento de água dessalinizada comunitário. No povoado Saco do Camisa, em Poço Verde, centro-sul sergipano, foi firmado nesta segunda-feira, 24, o primeiro alicerce com a reunião para iniciar o Acordo de Gestão Compartilhada e Participativa para esta que é uma das três novas unidades do Programa Água Doce (PAD) em Sergipe. Em breve, serão entregues pelo Governo do Estado dessalinizadores no Saco do Camisa, no assentamento Carlos Prestes, em Carira, e no povoado Bela Aurora, em Porto da Folha. Ampliando de 29 para 32 o número de sistemas em Sergipe.

No estado, o PAD é coordenado pela Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), por meio das suas empresas vinculadas. Uma delas, a Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), está à frente da construção desta que é a sétima unidade do programa em Poço Verde. Diretor de Infraestrutura Hídrica da Coderse, Ernan Sena quantifica a importância do início do acordo de gestão para a comunidade viabilizar o funcionamento do sistema de dessalinização em benefício das 300 famílias do Saco da Camisa.

“Eu acho que hoje é o dia mais importante, desde que conseguimos trazer para cá esse sistema novo de Água Doce. Vamos firmar um acordo para conseguir dar manutenção e ter água para sempre. Mas se não cuidarmos dessa água, ela acaba. Todo poço se não for cuidado seca. Se não tiver a devida manutenção, vai secar. O investimento será em vão, se não tomarmos cuidado. Hoje estamos aqui para construir isso, para que todos tenham consciência do que tem que fazer para ter água para toda vida”, destacou Ernan Sena.

Josefa Santana Santos, que nasceu no povoado Saco do Camisa, vive na comunidade com o marido e dois filhos. Ela conta que a chegada do Programa Água Doce em sua comunidade está sendo a concretização de um sonho. “É uma água muito limpa, maravilhosa, 100% tratada. E as águas que temos aqui das cisternas não são limpas, por conta das fezes e urina de animais, com gatos e lagartixa. Sempre foi meu sonho ter uma água de melhor qualidade. Ajuda muito, é de grande importância para todos nós”.

Conhecendo o PAD

O coordenador estadual do Programa em Sergipe, Vandesson Carvalho, expôs como funciona o sistema de dessalinização e tudo que ele pode proporcionar de benefício à comunidade. “Apresentamos o funcionamento do sistema de dessalinização e também construindo e debatendo um acordo de gestão compartilhada. A gestão vai envolver os governos Federal, Estadual e Municipal. Falamos das atribuições do gestor, do operador, para depois construir esse acordo. Não tem embasamento jurídico, mas é uma lei interna nossa que é usada em todos os estados, todas as comunidades têm esse acordo”, ressaltou. Ele informou que nas outras duas comunidades em que o PAD está sendo implantado ocorrerão as mesmas reuniões.

Secretária Municipal de Agricultura, Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Poço Verde, Imperatriz Rosário, afirmou ser grata pela oportunidade de participar do início do Acordo de Gestão Compartilhada e Participativa. “É uma alegria termos mais um poço do Programa Água Doce funcionando em nosso município. A comunidade é muito carente de água e todos os programas voltados à água são de grande importância para a população. Receber a equipe da Coderse é uma grande satisfação para a comunidade ter ciência da importância desse programa, organizar toda distribuição de água para que seja feita de maneira coletiva. É um marco importante para a Secretaria de Agricultura e para Poço Verde”.

Governo investe R$ 60 milhões na agricultura e produtores comemoram fortalecimento do setor em Sergipe

Cultura diversificada é característica da agricultura familiar no estado, que conta com assistência técnica prestada pela Emdagro para melhorar e aumentar a produção

Alface, rabanete, coentro, cebolinha, couve, rúcula, banana, mamão, coco e manga são alguns dos mais de 20 produtos agrícolas cultivados pelo agricultor José Adelson Fonseca, 48, e que chegam à mesa dos consumidores de várias regiões para enriquecer a alimentação dos sergipanos. Em Sergipe, a diversidade de culturas é ampla e, somente nos perímetros irrigados do Estado, há uma produção de 56 variedades agrícolas. Neste domingo, 28 de julho, quando é celebrado o Dia do Agricultor, o Governo de Sergipe destaca o apoio oferecido a estes trabalhadores responsáveis por dedicar a vida a plantar e colher alimentos que contribuem para a nutrição e saúde da população. São R$ 60 milhões investidos no setor da agricultura pela gestão estadual de 2023 até o momento. 

Do povoado Garangau, no município de Campo do Brito, no agreste sergipano, Adelson, mais conhecido como Delson, vem de família de agricultores e aprendeu desde cedo a tirar o melhor da terra e conviver harmonicamente com a natureza. Foi por isso que em seus terrenos escolheu investir exclusivamente na agricultura orgânica e para conseguir a certificação dos produtos, por meio do Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), contou com o auxílio da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro), que também auxilia Delson e outros produtores sergipanos a melhorar a produção, por meio da assistência técnica prestada pela vinculada da Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri) entre outras ações. 

O secretário de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca, Zeca Ramos da Silva, destaca os incentivos do governo para fomentar a produção agrícola em Sergipe. E por entender a importância econômica e social dessa atividade para o estado é que o Governo de Sergipe tem fortalecido as iniciativas na área. “Só por meio da Secretaria de Estado da Agricultura e suas empresas vinculadas Emdagro e Coderse foram investidos R$ 60 milhões nesta gestão do governador Fábio Mitidieri de janeiro de 2023 a junho de 2024”, informa.

Entre as ações, cita o gestor, estão a entrega de sementes (milho, arroz e palma forrageira) e outros insumos; assistência técnica; tecnologias reprodutivas de animais e vegetais, o trabalho de vigilância sanitária; doação de máquinas e equipamentos; regularização fundiária e tantas outras ações.

Na plantação de Adelson, a variedade é grande, tem de tudo um pouquinho. Ele planta ora-pro-nóbis, alface, cebolinha, macaxeira, batata-doce, inhame. Para ele, a assistência técnica recebida da Emdagro é fundamental.  “Porque às vezes a gente tem a prática, mas o conhecimento sempre é bom. Os técnicos do governo nos ajudam com a análise de solo, orientação sobre o plantio, rotação de cultura, tudo isso, que é muito bom. Aqui sempre plantamos orgânicos, sem veneno, mas para ter a certificação orgânica a Emdagro nos orientou a criar uma Organização de Controle Social (OCS), porque é preciso ter o grupo, com mais de três pessoas, para ter o certificado”, informou.

Os produtos de Delson são vendidos na região, assim como na capital Aracaju. Somente de alface ele produz entre 2 mil a 3 mil pés por semana; já de coentro são de 3 mil a 4 mil pés. Para o agricultor, ver seus produtos chegarem a tantos sergipanos é motivo de orgulho. “Já começo ganhando por plantar um alimento saudável, comer bem, sem veneno, e saber que quem compra está se alimentando saudável, e é bom plantar e ver que não estou agredindo nem o ser humano e nem a natureza. Eu me sinto orgulhoso, porque quando a gente faz o que gosta, é gratificante. Para mim, lidar com a terra é tudo, é vida”, contou. 

Diversificação
O engenheiro agrônomo da Emdagro Adailton dos Santos explica que, na propriedade de Delson, se trabalha com a agroecologia e cultivo de orgânicos e nesses modelos de produção a diversidade de produtos é importante para ajudar o agricultor a ter sempre uma renda, o que também é uma das preocupações dos técnicos do Estado. Outra vantagem da diversidade de culturas é a ajuda no controle de pragas e doenças, já que não há utilização de agrotóxicos.  

“Nesse sentido a ação da Emdagro ajuda o agricultor a produzir mais, melhor e mais diversificado, para ter mais espaço no mercado. E, além de a Emdagro apoiar a organização desses produtores para obter o certificado pelo Mapa, a gente orienta sobre o melhor manejo, a melhor época, que produto plantar, para onde plantar e que época plantar. É um trabalho importantíssimo para dar solidez ao trabalho dos agricultores”, ressaltou.

O agricultor Sinval Araújo, 47, trabalha com a agricultura desde os 8 anos, quando ajudava seu pai na produção familiar. É da terra que ele tira o sustento da sua família, o que lhe deixa realizado. “Está aí a nossa alegria. Porque a gente sabe o que está manejando, a gente planta, vê nascer, vê crescer, botar o fruto e tira para mandar para a mesa do consumidor. Aqui planto couve, macaxeira, salsa, milho, tomate, repolho e muito mais. É bom demais, não queria outra profissão”, garantiu.  

Sinval também reconhece que o apoio da Emdagro foi essencial para a ampliação das vendas do que produz. “É importante por muitos motivos, porque, além de tudo, eles divulgam e incentivam a gente a saber que está no caminho certo para progredir cada vez mais”, acrescentou. 

Ações do governo
O apoio do Governo do Estado à atividade agrícola se dá principalmente a partir da assistência técnica, irrigação, doação de sementes e auxílio a créditos rurais, ações que fortalecem a agricultura no estado e valorizam o trabalho dos agricultores, especialmente aos da agricultura familiar.   

Adailton dos Santos reforça que a agricultura familiar é responsável por mais de 70% da alimentação da população. “É na pequena propriedade onde você vai encontrar a alimentação básica, é onde é produzido milho, feijão, as hortaliças. Então é importante demais o papel do agricultor para sociedade”.

Outra ação do Governo do Estado importante para a diversidade da alimentação em Sergipe, é a manutenção dos perímetros irrigados por meio da por meio da Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse). De acordo com a Seagri, a partir do fornecimento de água de irrigação nos perímetros mantidos pelo Estado, são produzidas variedades como abóbora, abobrinha, acerola, amendoim, banana maçã, banana da terra, banana prata, batata-doce, cana de açúcar, cenoura, couve-flor, fava, melão, pepino, feijão, milho, pêra, vagem e muitos outros. 

Com relação à distribuição de sementes, o Estado ampliou o valor investido por meio do programa Sementes do Futuro em 2024, o que impulsiona culturas de destaque, como a do milho e do arroz. Neste ano, o Governo de Sergipe já distribuiu 206 toneladas de sementes de milho para 20.600 famílias de agricultores de 54 municípios, com investimentos de R$ 3 milhões. Em 2023 foram 115 toneladas e  R$ 1,5 milhão investido. Já de arroz foram 175 toneladas de sementes certificadas distribuídas para 1.375 rizicultores e R$ 2,28 milhões investidos neste ano, enquanto que, em 2023, foram 120 toneladas a partir de um investimento de R$ 900 mil. No primeiro semestre de 2024, o Governo de Sergipe totalizou investimentos da ordem de R$ 5,28 milhões na compra de sementes de milho e arroz.

O secretário Zeca Ramos da Silva ressalta que o milho reina como o grande destaque da agricultura sergipana, com mais de um milhão de toneladas produzidas ano passado, mas o gestor observa a importância de outras culturas. “Não podemos deixar de destacar que este setor é bem diversificado com culturas importantes como a laranja, o arroz, a batata-doce, coco, além das frutas e verduras produzidas nos perímetros irrigados”, disse.

Só nos cinco perímetros administrados pelo Estado foram produzidas 110 toneladas de produtos agrícolas, resultado em R$ 212 milhões comercializados pelos produtores em 2023. “Além disso, entre as políticas do Governo de Sergipe para a agricultura há vários incentivos fiscais por meio da Secretaria de Estado da Fazenda, a exemplo da redução do ICMS, como também investimento do Banese, disponibilizado para o Plano Safra 2023-2024, de R$ 150 milhões”, detalhou o secretário.

Concurso
Para reforçar o apoio aos agricultores sergipanos, o Governo do Estado ainda realizou o concurso da Emdagro, em 2023. O certame possibilitou a contratação de 55 novos servidores concursados: engenheiros agrônomos, médicos veterinários e técnicos agrícolas. O  técnico em agropecuária Raimundo Luciano Pereira foi um dos aprovados no concurso e já atua na empresa há três meses. Para ele, que veio de Brasília após ser convocado, a renovação do quadro da Emdagro gera bons resultados na agricultura sergipana. 

“A gente tem uma boa expectativa, para auxiliar a produção e poder trazer experiências de fora também, de outras culturas e outras formas de trabalhar. A gente chega para contribuir, com toda vontade, toda garra, há um grande benefício em renovar o quadro para trazer novas atualizações, juntando isso ao conhecimento do pessoal mais antigo. O interesse é somar e, com isso, o produtor quem ganha”, assegurou o técnico que é especialista em olericultura e fruticultura.

PRODUÇÃO IRRIGADA: Alta produtividade do Coentro abastece a região sergipana e parte da Bahia

[Foto: Fernando Augusto]

No Perímetro Irrigado Jacarecica I, em Itabaiana, o coentro vem sendo cultivado pelos agricultores da região com o auxílio da assistência técnica da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro). A produção do coentro abastece boa parte do estado de Sergipe e também da Bahia. Diariamente, só do Jacarecica I, são carregados mais de 3 caminhões de folhas e verduras, seguindo para o abastecimento de feiras e mercados da região, além da capital baiana, Salvador.

A folhosa, que é tempero essencial em toda cozinha nordestina, vem sendo cultivada por boa parte dos agricultores irrigantes que recebem água de irrigação e assistência técnica agrícola da Cohidro, administradora do perímetro. Podendo ser colhido 36 dias após a semeadura, o coentro permite dar até 10 safras em um ano. Ou seja, após a plantação da semente, o período da colheita é relativamente curto, se comparado a outras variações de folhas.

Separando o lote em várias partes, o produtor irrigante pode ter coentro para colher mais de uma vez por semana. Uma vantagem comercial para se fixar no mercado e garantir a geração de renda. Para Reginaldo Alves, produtor da região e que planta coentro há mais de 10 anos, o segredo é zelar. “Depois que você planta, tem épocas que é muito frio e precisa ter um cuidado maior com a aplicação de defensivos agrícolas para não queimar. E assim vai levando: plantar e tratar”, comenta o agricultor.

Todas as partes do centro podem ser utilizadas, desde a semente até os talos, passando – claro – pelas folhas. Talvez por essa razão, faça tanto sucesso, aliado à alta demanda, pois é bastante procurado e presente na mesa dos nordestinos. “As pessoas gostam muito do coentro e usam em tudo: peixe, carne, salada, sopa. Bota em tudo porque é muito bom”, diz o produtor.

De acordo com Simeão Santana, técnico agrícola da Cohidro, o coentro da região abastece todas as feiras e mercados do estado, e 50% do que é produzido viaja para a Bahia. “A forma como o trabalhador cultiva aqui parece que tem um segredo, com um toque final que é bem procurado na culinária e bem indicado o coentro”, conclui o técnico.

Última atualização: 22 de junho de 2020 13:09.

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