Irrigantes assistidos pela Cohidro em Canindé fazem primeira entrega ao PAA

Alimentos então são distribuídos para as famílias cadastradas pelo Cras e listadas no projeto

Aconteceu na última terça-feira (13), assim que foi liberado o repasse da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) uma semana antes, foi enfim realizada a primeira entrega de alimentos ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) promovida pela Associação dos Agricultores de Canindé de São Francisco (Assai). Foram 1.467 quilos de alimentos, produzidos nos lotes de 24 produtores irrigantes assistidos pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), no Perímetro Irrigado Califórnia. Ao todo 103 toneladas serão entregues ao Centro de Referência de Assistência Social (Cras) da prefeitura de Canindé para então serem doados a 2.300 pessoas quinzenalmente, durante um ano.

No município, há 213 quilômetros da capital Aracaju, esse foi também o primeiro projeto, proposto por agricultores ao PAA, que obteve sucesso. A Cohidro, vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), contribui com o assessoramento destes irrigantes para elaborar a proposta que será apresentada à Conab, na modalidade de “Doação Simultânea”, para que assim eles tenham sucesso no pleito. Mas antes disso a Companhia já auxilia o agricultor e tem a garantia de que ele pode atender continuamente essa demanda por alimentos que, por sua vez, serão plantados e colhidos sob a assistência técnica e irrigação pública oferecida pela mesma Empresa Pública.

Ao todo, o projeto da Assai envolve recursos da ordem de R$ 192.000 pagos aos 24 produtores proponentes em parcelas, conforme explica o gerente de Agronegócios da Cohidro, Sandro Luiz Prata. “Todo dinheiro fica depositado em uma conta em nome da associação, bloqueada, e que só tem liberação por parte da Conab assim que constatada a entrega e a partir da guia de recebimento emitida pela entidade receptora, a parcela referente àquela entrega é liberada para uma na segunda conta, de livre acesso da Associação, para então repassar aos agricultores. Se não houver confirmação de que a entrega foi feita, eles não recebem”, avisa. Ele ainda informa que R$ 1.319.339,00 é o valor dos quatro projetos do PAA que foram autorizados pela Conab no Estado em 2016.

Presidente da Assai, João Aureliano da Silva comemora a primeira entrega, que ocorreu como foi planejada. “Pensei que não ia chegar esse povo, mas está tudo bem. Eu me animei no dia da reunião (uma semana antes), ali que eu vi o pessoal disposto”, conta. Dos 24 agricultores, quem não entregou desta vez, o fará na próxima. “Para começo está ótimo. Os outros não entregaram porque também não está tendo produto, mas semana que vem tem outra entrega e os mesmos que botaram agora, quando for na próxima, colocam”, justifica o também agricultor. Ele está animado com a possibilidade de reunir mais produtores nos próximos projetos. “Deus ajude que quando esse terminar, venha outros, né? Outro maior ainda. O pessoal aqui está em duvida, porque acharam que não ia dar certo. Quando virem que está dando certo, todo muito vai se animar, se interessar”.

Já o diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrícola da Cohidro, João Quintiliano da Fonseca Neto, considera fundamental ao desenvolvimento da agricultora irrigada, o incentivo dado pelo Programa. “Eles produzem o ano todo, graças à água que oferecemos em seus lotes. Sem o PAA, sem o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), todo esse alimento acaba parando na mão do atravessador, que paga um valor bem abaixo do que é justo. Se existe esse método de venda garantida, com preço tabelado na assinatura do contrato e o valor acima da média de mercado, até os compradores particulares terão que se adaptar aos preços praticados pela Conab e a renda de quem produz, melhora, se torna mais justa”, acredita.

Edenizio Martins dos Santos é um desses produtores que se interessou pelos melhores preços oferecidos no PAA. “O interesse é de melhorar a vida da gente lá na roça. Durante esse tempo todo (mais de 20 anos) que eu moro aqui, nunca vendi um saco de quiabo neste preço, só na época de Cosme e Damião. Um preço que é, graças a Deus, razoável, bom, que dá para o cara trabalhar sossegado. Ai a gente vai tentar atingir outros objetivos maiores, de crescer mais, de botar novos produtos, para melhorar a situação da gente lá na roça, porque está muito difícil”, considera, acreditando que as obras que ocorrem no Califórnia, através do Proinveste, vão melhorar a capacidade de irrigar do produtor.

O Proinveste garantiu R$ 7 milhões em investimentos nos perímetros da Cohidro, R$ 4 milhões somente para o Califórnia. Diretor-presidente da Cohidro, José Carlos Felizola Filho afirma que o quantitativo de obras vão “reinaugurar” o polo irrigado. “Já adquirimos e estamos montando as 37 novas bombas, para reabilitar as estações de bombeamento e garantir maior vazão com economia, já que são bombas novas e modernas. Reformas também já estão acontecendo nos canais de irrigação de concreto. O N1 teve seus pontos críticos restaurados, para evitar a perda de água em vazamentos, em breve o restante dele também será restaurado. Agora será a vez do C1, que terá a obra de cobertura reiniciada, a fim evitar a exposição da água à poluição da cidade, à evaporação e garantindo segurança aos habitantes de Canindé”.

Segurança alimentar

Jorge Gomes dos Santos é presidente do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional de Canindé e está acompanhando a entrega de alimentos na Assai. “A Cohidro, na verdade, foi mesmo a ponte entre o produtor e o Programa, como eles têm um conhecimento limitado, por si próprio, não teriam a iniciativa. Mas através da Associação, com o apoio da Conab e da Cohidro eles conseguem”, argumentou. Para ele, o principal diferencial desse projeto é a qualidade dos produtos entregues. “Muitas vezes as pessoas fornecem muitas coisas e que não são daqui da nossa região, aí traziam um feijão que já era dificultoso para cozinhar, mas com esse produto nosso aqui, é um produto saudável, uma coisa boa e interessante para socorrer algumas pessoas que realmente são assistidas pelo Cras. E Ajuda os dois lados, incentiva o produtor e vai para a mão daquele que realmente não tem condição”.

Alimento que tem a qualidade garantida, pelo zelo com que trabalha sua horta, é o da agricultura irrigante Maria Aparecida Nascimento Santana (Cida). Ela leva em conta a vantagem financeira, de fazer parte do PAA, onde tem venda certa do seu produto e por valor maior que o do mercado, mas ainda assim, para ela pesa o fato desse alimento produzido ser destinado à doação, para a alimentação de pessoas carentes. “Eu acho bom, porque a gente vai trabalhar sabendo que vamos vender a mercadoria mais em conta, pegar mais dinheiro e matar a fome das pessoas que estão mais precisadas e muitos de seus parentes”, considera ela que entrega coentro ao projeto.

Secretária Municipal de Bem-Estar Social de Canindé, Maria Leila dos Santos é a responsável pelo Cras e avalia o projeto em que a instituição foi favorecida. “Muito positivo, estamos fechando a nossa gestão com chave de ouro. É um projeto que a gente almejou, há dois anos que estamos tentando alcançar esse projeto e graças a Deus chegou. Então assim, a assistência social está de parabéns, a Cohidro, a Conab, a associação também, que abraçou o projeto. Com a vinda desse projeto, com a comercialização do produto deles, não vamos mais precisar de atravessador e com isso, a renda de Canindé aumenta, o consumo aumenta, então todo conjunto é positivo na vinda desse projeto, graças a Deus”.

Maria Aparecida Lisboa Lima mora no Povoado Curituba e vive só do que produz na roça que cuida, em outra localidade. Chegou encima da hora para poder levar para casa macaxeira, quiabo, goiaba, pimentão, acerola e coentro e não se arrependeu. “É uma benção, para a gente tem precisão, que não tem trabalho, aqui já é uma ajuda. Eu vim agora de São Bento e que Jesus abençoe todos e que dê saúde para trabalhar e ajudar os que mais precisam”, benzeu.

Última atualização: 24 de novembro de 2019 12:15.