Técnicos do Governo do Estado combatem doença provocada por fungos em pomares irrigados em Lagarto

Fusariose atinge principalmente espécies frutíferas

A assistência técnica aos agricultores nos perímetros irrigados do Governo do Estado complementa o fornecimento da irrigação. Em Lagarto, centro-sul sergipano, os técnicos agrícolas do perímetro Piauí têm dado toda orientação para combater a incidência da fusariose em pomares irrigados, principalmente de maracujá. A doença fúngica mata as plantas infectadas e tem alta capacidade de contaminação do solo e até de outras plantações.

A fusariose, ou murcha do maracujazeiro, é uma doença causada pelo fungo Fusarium oxysporum que impede o crescimento e atrofia as plantas, culminando até na sua morte súbita. Conforme explica o engenheiro agrônomo da Coderse, Fernando Andrade, a contaminação ocorre com o plantio de mudas contaminadas e também entre as plantas, por meio do contato entre as raízes.

“É uma das principais patogenicidades que acometem o maracujá, constituindo-se em uma doença de grande expressividade econômica que, caso não seja adequadamente combatida, poderá ser transmitida de um pomar para o outro. A fusariose ataca as raízes, com o micélio do fungo atuando nos vasos da planta, bloqueando o xilema e impedindo o fluxo normal de água, provocando a murcha e, posteriormente, a morte das plantas”, advertiu Fernando Andrade.

Produtor irrigante do perímetro Piauí, Weverton da Silva disse que, por conta da fusariose, perdeu cerca de 50, dos 700 pés de maracujá que plantou com a irrigação da Coderse. “A orientação dos meninos foi boa, graças a Deus. Eles vieram para verificar tudo certinho e me orientaram que arrancasse a planta que foi infectada e as outras próximas dela. Abri uma valinha onde tem os pés, joguei a cal e fiz a aplicação do fungicida”, disse.

Gerente do Piauí, Gildo Almeida informa que os técnicos agrícolas têm dado bastante atenção à fusariose, pela sua gravidade. A recomendação geral é de que ao fazer o tratamento sejam eliminadas as plantas infectadas e mais as cinco plantas sadias em volta da doente. “O técnico tem que indicar o defensivo para o produtor usar, como prevenção das plantas sadias e não deve ser feito um novo plantio na área em que foi identificada a doença”, observou.

O técnico da Coderse em Lagarto, Jackson Ribeiro, reforça que a doença se dissemina de uma planta para outra. “De urgência, tem que evitar a gradagem, arrancar a planta que está doente pela raiz e queimar, abrir um buraco de 20 cm, onde estava a planta e jogar cal dentro. Depois disso, usar um fungicida sistêmico para pulverizar, diluído em água, na planta toda [na parte sadia da lavoura]. Devem ser feitas três aplicações no intervalo de sete dias”, ensinou, observando ainda sobre a necessidade de limpar bem as ferramentas usadas com as plantas doentes, a fim de não infectar as sadias.

“Quanto mais a gente divulgar, melhor. Porque só assim os outros produtores vão começar a se prevenir. Já vão saber quando começar a atacar as plantinhas, para a gente conseguir frear essa doença e não dar tanto prejuízo para os produtores também. Sempre quando aparece algum problema, eu já procuro William e o Gildo, que dão uma assistência muito boa para a gente”, considerou o agricultor Weverton da Silva, se referindo à equipe da Coderse.

Ainda segundo Fernando Andrade, a doença não tem controle curativo, sendo recomendadas medidas preventivas para que ela não se dissemine e possa comprometer toda a plantação. “Para o caso de a doença já estar instalada, recomenda-se evitar o novo plantio na área infectada, mantendo-se a mesma em ‘pousio’”, acrescentou o agrônomo.

Perímetros irrigados do Governo de Sergipe geram polos de desenvolvimento agrário no estado

Suporte de abastecimento hídrico e assistência técnica são determinantes para a produção de diversas culturas, gerando emprego e renda

Quiabo é item mais produzido no perímetro Califórnia / Foto: Fernando Augusto

Para garantir subsistência e oportunidade a milhares de sergipanos, o Governo de Sergipe mantém por todo o estado perímetros irrigados públicos estaduais. Com eles, o Estado conduz o funcionamento do sistema de abastecimento de água bruta para irrigação. A política gera emprego e renda no campo, garante a permanência do trabalhador na zona rural e cria condições de trabalho, além de colaborar para a segurança alimentar e nutricional em todo o território estadual.

Atualmente, o Governo do Estado mantém seis perímetros irrigados públicos: Califórnia, em Canindé de São Francisco; Jabiberi, em Tobias Barreto; Jacarecica I, em Itabaiana; Jacarecica II, entre Malhador, Itabaiana e Riachuelo; Piauí, em Lagarto; e Poção da Ribeira, entre Areia Branca e Itabaiana. A gestão é executada por meio da Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri).

Histórico
Técnico agrícola atuante no perímetro Califórnia à época de sua inauguração, Edmilson Cordeiro recorda o início do projeto. “Por volta de 1986, houve a desapropriação de duas fazendas: Califórnia e Cuiabá. O nome do perímetro veio daí. Até hoje existem os setores Cuiabá e Califórnia, apesar de o local inteiro ter recebido um nome só. O perímetro foi inaugurado em 1987, e, hoje, é um dos sustentáculos econômicos da região”, narra.

São 1.360 hectares irrigados e 373 lotes agrícolas. À época da inauguração, se plantava apenas quiabo, milho e feijão-de-corda. Há cerca de 15 anos, a fruticultura foi iniciada, com a vinda de mudas de outros locais do Brasil. Hoje, destacam-se também as produções de acerola, goiaba, aipim, abóbora e hortaliças. A produção é destinada ao abastecimento local, a feiras e supermercados de Aracaju e Itabaiana, e também chega à Bahia e a Alagoas.

Já no perímetro Jabiberi são 220 hectares de área irrigável e 96 lotes agrícolas, onde predominam a produção de leite, com 650 vacas alimentadas com material forrageiro irrigado e 60 irrigantes. No Jacarecica II, são 820  hectares e 344 lotes, com destaque para as culturas da cana de açúcar, aipim, banana e batata-doce. No perímetro Piauí, 703 hectares e 421 unidades produtivas agrícolas são base para a produção de pimentas destinadas à indústria de molhos e conservas, batata-doce, amendoim, quiabo, milho verde, mandioca, aipim, maracujá e hortaliças. E no Poção da Ribeira, são 650 hectares e 466 unidades produtivas, onde o destaque é a produção de batata-doce, quiabo e hortaliças.

“Se não fosse a irrigação, aqui não teria nada. O perímetro foi um celeiro criado no semiárido para evitar o êxodo rural. Antes, o produtor tinha que ir para outros locais para procurar emprego. Por aqui só tínhamos pescador e vaqueiro, e precisamos transformá-los em agricultores. Eles tinham a agricultura de subsistência anual, nas chuvas de inverno. Mas, com a chegada do perímetro, melhorou bastante, porque começaram com a agricultura irrigada. E essa mudança de consciência veio com o Governo do Estado e a Cohidro, hoje Coderse”, conta Edmilson sobre o perímetro Califórnia, mencionando uma experiência que ocorreu de forma similar, guardadas as proporções, em todos os perímetros.

Assistência
Para que o produtor se adapte a novas culturas e saiba a melhor forma de manejo daquilo que planta, os técnicos agrícolas e engenheiros agrônomos da Coderse atuam em todos os perímetros irrigados prestando assistência técnica. Além de ajudar no controle de pragas e doenças, os profissionais auxiliam na correção de solo e na utilização dos equipamentos de irrigação. No perímetro Califórnia, por exemplo, são seis técnicos em atividade, cada um cuidando de um dos setores nos quais a área se divide.

“Para aumentar a produtividade de uma área, precisamos de um processo de análise de solo bem feito, de uma adubação de fundação bem feita e dos parcelamentos de adubação de cobertura posterior, além de uma variedade altamente produtiva. Também é preciso ter um manejo adequado”, explica o técnico em agropecuária da Coderse que atua no perímetro Califórnia, Luiz Roberto Rocha.

A inserção de tecnologias e a adoção de práticas sustentáveis também fazem parte do trabalho de assistência. É o caso do uso de fertilizantes e defensivos orgânicos, da rotação de culturas, da fertirrigação e da mudança de métodos de irrigação, como o gotejo, a aspersão e a microaspersão.

“Nosso objetivo é fazer com que o produtor melhore de vida. Ou seja, que ele diminua os custos de produção e aumente a produtividade, e que ele consiga vender o produto por um preço justo. Todos os produtores que acolheram nossas sugestões por aqui melhoraram suas condições de vida”, detalha Luiz Roberto.

Estrutura
O trabalho de assistência permite que o governo alcance o produtor do perímetro de forma integral, para além do abastecimento hídrico. E em se tratando da parte estrutural dos perímetros irrigados em Sergipe, diversos investimentos vêm sendo feitos para garantir a cobertura das propriedades e o bom funcionamento dos sistemas e suas instalações.

Ao longo do ano passado, 32 mil metros de mangueiras para irrigação localizada foram distribuídos nos perímetros. O trabalho do Governo de Sergipe, por meio da Coderse, também envolve a limpeza e recuperação de placas em canais, recuperação das estradas vicinais, limpeza e drenagem em lotes, assim como melhorias nas estruturas desses territórios.

“Cada perímetro conta com pessoal técnico para fazer reparos em tubulações, conexões e manutenção de bombas e motores elétricos. A Coderse também promove licitação para seleção de empresas especializadas na recuperação de bombas e motores, e regularmente realiza obras em estações de bombeamento, barragens, reservatórios, adutoras e canais de irrigação”, informa o diretor de Irrigação da Coderse, Júlio Leite.

Depoimentos

O apoio estrutural e técnico oferecido pelo Governo de Sergipe, por intermédio da Coderse, faz a diferença na vida dos produtores. É o caso de José Matos, que está há mais de 30 anos no perímetro Califórnia e acompanhou seu crescimento. Em seu lote, a cultura principal é o milho, embora também produza abóbora, quiabo e outras variedades. A produção do milho já tem destino certo: vai para Salvador, para uma fábrica de pamonha. E os restos culturais se transformam em silagem para alimentar o gado da região.

“Vi o progresso que a região teve com o perímetro. A vida da agricultura familiar é árdua. As pessoas chegam ao supermercado e não sabem o trajeto que a mercadoria percorreu até chegar ali e o que aconteceu para ela chegar à mesa, para ser consumida. Em algumas culturas, a gente precisa cuidar de 70 a 90 dias. Também há um cuidado específico do preparo do solo, o tempo de estrada, e tudo isso exige mão de obra. Sem contar os técnicos, que dão o sangue e têm toda a boa vontade”, afirma.

Windson Silva Aragão, gerente do lote de José Matos, complementa: “Se não fosse o governo trazer água para cá, não tinha nada. O mais importante é a água, que é barata, praticamente de graça. O preço cobrado é irrisório. E se não fosse o apoio dos técnicos, a gente também não andava”.

Brendo Eduardo Nunes de Araújo, o Dudu, tem 22 anos e é filho de José de Araújo Lima, conhecido como Sérgio de Bel. Juntos, pai e filho cuidam da propriedade de 14 tarefas no perímetro Califórnia, que produz milho, feijão e quiabo. Eles ressaltam a importância da parceria entre Governo de Sergipe e produtores.

“Desde criança que eu trabalho aqui com meu pai. Já cheguei a morar fora, mas sempre voltava para trabalhar. É o que eu sempre gostei, estou aqui de cinco da manhã a seis da tarde, todo dia. Os técnicos sempre estão por aqui, ajudando e monitorando para saber o quanto a gente está plantando, se a água está chegando certinho e se a gente está precisando de alguma coisa. Isso é em todo lugar. Nessa região, graças a Deus e ao governo, a gente é rico por isso: pela água, que muitas cidades vizinhas não têm e precisam. Pagamos pouco e usufruímos muito. Aqui, todo mundo vive do perímetro irrigado”, descreve Dudu.

Ivonaldo Lima Silva trabalha na produção de acerolas, e afirma ter nascido e se criado cuidando da terra. Mesmo tendo morado em outros estados, ele retornou a Canindé de São Francisco para seguir na lavoura. Ele recorda que o apoio da Coderse foi um diferencial para sua lida diária.

“O pessoal da Coderse deu a sugestão de mudar a irrigação tradicional para o microaspersor. Para a gente ficou melhor, porque nos livrou do peso. É mais sossegado. A produtividade também melhorou. Antigamente, a gente tinha que esperar uma hora de água pra depois mudar os canos. Agora, você molha três a quatro tarefas de uma vez só. A gente faz a programação com base no que os técnicos orientam”, lembra.

Destaques na produção
A atuação da Coderse nos perímetros irrigados, somada ao esforço incessante dos produtores e dos trabalhadores rurais, vem rendendo grandes resultados para a agricultura e a pecuária sergipanas. Nos cinco perímetros irrigados com vocação agrícola, foi registrado um quantitativo de 110.155 toneladas de alimentos produzidos em 2023, que ocuparam a área plantada de 4.971,55 hectares e tiveram um valor de produção estimado em R$ 205.167.139,88. No perímetro Jabiberi, com vocação à pecuária, 2.295.500 litros de leite foram produzidos, o equivalente a R$ 5.096.010,00.

Um dos destaques no estado é a batata-doce, que registrou aumento de produção de 80% entre 2022 e 2023. De um ano para o outro, o volume aumentou de 11.025 toneladas para 19.841. A raiz é produzida por todos os cinco perímetros com vocação agrícola. Já o tomate teve aumento de 160% na produção, saltando de 344 toneladas em 2022 para 849 em 2023. Produzem o fruto os irrigantes dos perímetros Califórnia e Piauí. Quanto ao feijão-de-corda, o crescimento na produção foi de 41%: de 686,2 toneladas em 2022 para 966,3 em 2023. A leguminosa é produzida nos perímetros Califórnia, Piauí e Jacarecica I e II.

No perímetro Jabiberi, onde predomina a pecuária de leite, a produção aumentou em 26%. Foram 1.826.478 em 2022 contra 2.295.500 litros em 2023. Já o milho verde teve aumento de 20% na produção. As 4.795 toneladas  produzidas em 2022 se converteram em 5.733 em 2023. Produzem o cereal irrigantes de todos os cinco perímetros com vocação agrícola. O amendoim aumentou a produção em 19%, indo de 815 toneladas em 2022 para 967 em 2023. A leguminosa, que cozida é Patrimônio Imaterial Sergipano, também é produzida em todos os cinco perímetros com vocação agrícola. Outro aumento considerável, de 23%, ocorreu na safra do mamão, que é produzido no perímetro Piauí. Em 2022, foram 141 toneladas, enquanto em 2023 foram 174.

“Juntos, os seis perímetros irrigados administrados pela Coderse injetaram em seus municípios, a partir da comercialização da produção irrigada, R$ 210.263.149,88 em 2023. Só no perímetro Jabiberi, o leite bruto, que rendeu mais de R$ 5 milhões, foi convertido em laticínios e gerou uma renda somada de R$ 11.384.838,00. Em Itabaiana, nos perímetros Poção da Ribeira e Jacarecica I, foram gerados R$ 64.229.486,25 para os 590 irrigantes. Em Areia Branca, Malhador e Riachuelo, gerou-se o equivalente a R$ 88.667.195,31.Já em Lagarto, o perímetro Piauí garantiu aos 421 irrigantes a renda de R$ 6.349.595,60. Em Canindé, a renda obtida com a venda de frutas, hortaliças, cereais e material forrageiro foi de R$ 45.920.862,72. Esses bons números refletem, para além de índices econômicos, o compromisso do Governo de Sergipe com a população do campo e com o desenvolvimento social do estado”, sublinha o diretor-presidente da Coderse, Paulo Sobral.

Produção de tomate irrigado aumentou 160% em perímetros de Sergipe

Nos perímetros irrigados de Canindé do São Francisco e Lagarto, os agricultores atendidos com o fornecimento de água de irrigação e assistência técnica agrícola produziram, em 2023, mais de 894 toneladas (t) de tomate

Balanço realizado pela Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse) revela boa produção de tomates nos perímetros públicos assistidos pelo Governo do Estado. A produção dá lucro ao agricultor e aumenta a oferta no mercado, beneficiando o consumidor. Nos perímetros irrigados de Canindé do São Francisco e Lagarto, os agricultores atendidos com o fornecimento de água de irrigação e assistência técnica agrícola produziram, em 2023, mais de 894 toneladas (t) de tomate. Superando em 160% a produção de 2022 (344t).

A área irrigada colhida nos municípios de Canindé de São Francisco e Lagarto foi de pouco mais de 20 hectares (ha) no último ano. Porém, a atividade agrícola dos irrigantes dos perímetros Califórnia e Piauí, realizada naquele período, deixou um saldo de quase nove hectares para ser colhida agora, em 2024.

Um desses agricultores que estão colhendo em janeiro, o tomate plantado no último ano, é Renilson Araújo. Ele tem uma propriedade rural que faz parte do perímetro Piauí, em Lagarto. O polo irrigado da Coderse, no centro-sul, produziu quase 130t de tomate em 2023, safra que rendeu aos agricultores o total acumulado de R$ 165.750,00 durante aquele ano. Em 0,33ha Renilson estima que vá colher, até o fim do mês de janeiro, aproximadamente 220 caixas (de 30kg) de tomate.

“A produção deu boa e rende um pouco também, para a gente que é agricultor. Temos o pessoal da Coderse, o Gildo Almeida [gerente do Piauí], que quando a gente precisa, vem aqui dar uma palavra ou ver a necessidade que precisa. Tivemos a expectativa de ser melhor, mas em questão do preço”, avalia Renilson Araújo, na torcida que o preço melhore nas semanas seguintes em que vai continuar colhendo.

Renilson obteve lucro, mesmo tendo iniciado a colheita do tomate na semana que o preço da caixa caiu de R$ 90,00, para R$ 40,00. Nesta realidade, ganha o produtor e o consumidor, com a tendência de encontrar o fruto mais barato no comércio varejista. Tem influência nisso o fato do fruto ter voltado a ser produzido pelos irrigantes do perímetro Piauí em 2023. No ano de 2022, os técnicos da Coderse não registraram colheitas de tomate.

“No perímetro Piauí, o custo de produção aumenta em relação ao alto sertão, por utilizar a tecnologia do mulching”, disse o gerente Gildo Almeida. “É uma lona plástica especial que protege o tomateiro e os frutos, do contato com o solo. Aqui tem mais umidade e por isso, se faz necessário o uso do mulching ou o estaqueamento. A lona tem a vantagem de concentrar a água de irrigação e os nutrientes junto à raiz das plantas; e evitar o nascimento de ervas daninhas que prejudicam o plantio”, ensina.

Por baixo dessa lona mulching, passam as mangueiras de gotejamento em que ainda funciona o sistema de fertirrigação, onde os fertilizantes são diluídos na água e chegam às plantas, com a pressão do sistema de irrigação. No perímetro Califórnia, em Canindé, a baixa umidade dos períodos sem chuva permite que os agricultores plantem os tomateiros direto no solo, sem a proteção de lonas ou do estaqueamento, que é uma forma de fazer a planta crescer na direção vertical, amarrada em varas de madeira.

Canindé
No perímetro Califórnia, em Canindé, a produção dos irrigantes em todo ano de 2023 alcançou quase 765t. Colheita que superou em 122% o ano anterior (2022). A safra foi calculada em um valor superior a R$ 1,5 milhão, repercutindo em renda para esses produtores rurais atendidos pela irrigação da Coderse.

Irrigação
Mesmo em Lagarto, que sofre menos influência da falta de umidade que Canindé, é indispensável dispor de água para o tomate. “A irrigação é tudo, sem a irrigação do perímetro não dava para plantar. Usamos a tecnologia do mulching, que ajuda muito, não precisa colocar vara. A gente faz a adubação, bota o mulching, planta e pronto. Daí, é só colocar a água e o adubo já vai direto. Utilizando vara fica mais difícil a mão de obra”, concluiu Renilson Araujo.

Perímetro irrigado do Governo do Estado fornece produtos para alimentação animal em Lagarto

Produção atende rebanhos extensivos ou intensivos também de fora do perímetro, quando ocorre a integração irrigado-sequeiro

Vacas de leite da propriedade que possui área irrigada - foto Mirely Rodrigues

Unidades produtivas do Perímetro Irrigado Piauí, mantido pelo Governo de Sergipe, em Lagarto, fornecem matéria prima para compor a ração animal dos próprios criatórios de gado de leite, de corte e equinos, e também de seus clientes. Em 2023, o perímetro administrado pela Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), produziu 713,5 toneladas de capim.

Durante o mesmo ano, também foram produzidas mais de 1,5 mil toneladas de milho verde na irrigação pública de Lagarto. Versátil, as folhas e talos do pé de milho, depois de colhidas as espigas, servem para compor a ração in natura ou para fazer silagem. Isso quando esses irrigantes não usam, inclusive, as espigas picadas nos silos, como forma de enriquecimento protéico desse alimento para o gado.

A Coderse — vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri) — fornece irrigação e assistência técnica às 421 unidades produtivas do perímetro Piauí. Em visita à área irrigada do Rancho São Francisco, o técnico agrícola da empresa, Jackson Ribeiro, conta que os produtores dão preferência ao BRS Capiaçu, variedade melhorada pela Embrapa, e ainda uma gramínea do gênero Cynodon.

“Ele está colhendo o Capiaçu com 50 dias. Quando a proteína bruta dele chega a até 10%. Enquanto que o capim Tifton chega a 17% ou 18% de proteína bruta. Este produtor produz a ração na propriedade. O consumo é retirado da terra. Mas ele e outros plantam o milho, fazem a silagem e fornecem ao gado. Diminuindo assim os custos de produção”, avaliou Jackson Ribeiro.

Gerente do Rancho São Francisco, Roberto Nascimento confirma que o Capiaçu irrigado diminui o custo da ração, que também é composta do milho de outros irrigantes. “É bem importante, se não fosse a Coderse aqui, a gente não tinha essa capineira. A silagem, a gente planta ou compra, mas o capim irrigado sai mais barato. Ele junta mais água e para a vaca de leite é o ideal”, observou. Na propriedade, segundo o gerente, o capim Cynodon também é usado na alimentação dos bovinos, principalmente na fase de crescimento dos bezerros.

Responsável pela alimentação do rebanho no rancho, Silvano Souza explica que são 130 vacas, 100 em lactação, que recebem três refeições por dia. “Às 10h e às 15h, são o Capiaçu e a silagem. A gente irriga o capim com o pessoal da Coderse e só cortamos o capim novo. Não deixamos crescer muito, porque não tem muita qualidade para a gente, para o gado de leite”, disse o funcionário, informando que a fazenda produz uma média de 2.200 litros de leite por dia.

Milho verde
De acordo com o gerente do perímetro Piauí, Gildo Almeida, muitos produtores pequenos do perímetro produzem milho verde para vender e o restante, a palha, fazem a silagem para alimentar o gado. “Fornecemos a água tanto ao grande quanto ao pequeno, abastecemos ambos. A palha serve tanto no confinamento de corte, quanto para produção de leite. No caso do Roberto, o gerente da propriedade, ele investiu muito na genética do rebanho e os pequenos já estão se espelhando e se organizando assim”, anunciou.

Gildo Almeida também observa que há propriedades sustentáveis, que plantam toda ração do rebanho a partir da irrigação, como também tem irrigante que comercializa esse material forrageiro para criadores fora do perímetro, vendendo capim, palhada e o próprio milho para silagem. “Essa relação de cooperação produtiva, dos perímetros com áreas não-irrigadas, é chamada de integração irrigado-sequeiro”, destacou.

Equinos
Roberto Nascimento expõe que o rancho tem um plantel de cerca de 20 equinos da raça ‘Quarto de Milha’, entre adultos e filhotes. São animais usados na venda de material genético e potros, em concursos e competições. Com o capim Cynodon irrigado é feito feno na própria propriedade, usado para alimentar os cavalos. “A plantação de Tifton é indicada para cavalo. Na propriedade tem uma parte de cavalos de vaquejada. Com 40 dias, corto o capim, daí, jogo o adubo, a irrigação do perímetro irrigado e, com 40 dias, está bom de cortar de novo”, conclui Roberto.

Abóbora cultivada em perímetros irrigados do Governo do Estado aumenta produção em Lagarto e abastece indústria de sementes em Canindé

Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe incentiva produção fornecendo água de irrigação e assistência técnica o ano todo

Produção de abóbora tem incentivo da irrigação fornecida nos perímetros do Governo do Estado em Canindé e Lagarto / Foto: Ascom/Coderse

Como reflexo do investimento do Governo de Sergipe na agricultura, o ano de 2023 foi encerrado com bons resultados no setor. Estima-se que, no ano passado, a colheita da abóbora nos perímetros irrigados da Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), tenha alcançado 801 toneladas. O resultado do perímetro Piauí, em Lagarto, no centro-sul do estado, chama atenção, pois lá foram colhidas 64,5 toneladas do alimento em 2023, enquanto em 2022 não houve registro de colheitas do fruto. 

Outro destaque de 2023 foi o perímetro Califórnia, em Canindé de São Francisco, no alto sertão sergipano, que no último ano ingressou em um novo patamar de produção, com lavouras de abóbora próprias para a produção de sementes de uso comercial. No município, uma lavoura de quase um hectare, irrigada pela Coderse vai fazer de Canindé um novo produtor de sementes de abóbora. A plantação recebeu atenção especial dos agricultores e dos técnicos agrícolas da empresa pública, pelo nível de exigência da indústria que vai comprar a produção.

De acordo com o presidente da Cooperativa de Fomento Rural e Comercialização do Perímetro Irrigado Califórnia (Coofrucal), Levi Ribeiro, a compra de insumos foi viabilizada por meio do fornecedor de sementes Agristar do Brasil e as análises de solo e preparo da terra foram financiados pela cooperativa, com posterior reembolso na colheita. Contudo, ele reforça que o apoio da Coderse no processo foi fundamental. “Toda a assistência técnica agrícola [para os irrigantes do Califórnia inseridos no projeto] continua sendo da Coderse”, informou o produtor.

O diretor de Irrigação da Coderse, Júlio Leite, comemora o resultado da parceria entre produtores irrigantes e a indústria de nível nacional. Ele informa que, além da abóbora, esses mesmos irrigantes de Canindé também começaram a produzir em 2023, para colherem em 2024, sementes de quiabo, berinjela, pimenta jalapeño e cebola. “O perímetro de Canindé continua sendo o principal produtor de abóbora irrigada entre os perímetros estaduais. Só ele totalizou 737,8 toneladas em 2023, mas agora também vai gerar sementes para iniciar as novas plantações em todo país, o que comprova o potencial produtivo do alto sertão, com a água fornecida pelo Governo do Estado”, justifica Júlio Leite.

As 801 toneladas colhidas em 2023 pelos produtores irrigantes dos perímetros da Coderse em Canindé e Lagarto ocasionaram em um retorno financeiro superior a R$ 1 milhão. A produção ocupou uma área total de 45,5 hectares, mas vale ressaltar que, naquele ano, aproximadamente 10 hectares foram plantados com abóbora que serão colhidas somente no início de 2024.

Lagarto

Em Lagarto, um dos agricultores responsáveis pelo resultado positivo é Gildeon Dias, que planta abóbora há cerca de quatro anos, em propriedade rural atendida pelo perímetro Piauí. Ele já colheu o fruto na primeira semana de 2024. “Foi plantado no final de agosto, e tem o tempo médio para colheita de 120 dias. São quatro tarefas (1,3 hectares) irrigadas da abóbora jerimum. Só plantamos a abóbora uma vez por ano, pela facilidade de plantio e baixo custo da produção”, detalhou  o irrigante.

O gerente do perímetro irrigado Piauí, Gildo Almeida, chama atenção para o retorno financeiro obtido a partir da produção. “Em 2023, a produção de 64,5 toneladas gerou R$ 77,5 mil em renda para os irrigantes do perímetro Piauí e ocupou uma área total de 2 hectares. Mas para colher em 2024, o nosso perímetro já tem outros dois hectares plantados com abóbora. Se considerar que em 2022 não contabilizamos colheita de abóbora, serão dois anos seguidos de avanço na produção do fruto”, avaliou.

A lavoura de Gildeon rendeu 18 toneladas de abóbora. Dessas, 15 toneladas já foram vendidas para fora do estado pelo preço de R$ 3,40 o quilo, dando uma rentabilidade considerada muito boa ao produtor. “O preço não tem como prever, porque dependo muito da oferta e da procura que vai ter na época da colheita”, complementou o irrigante. Embora não seja para uso comercial, como em Canindé, Gildeon reserva as sementes de cerca de 30 abóboras para o replantio, a ser feito entre agosto e setembro.

Oferta de feijão-de-corda nos perímetros irrigados estaduais aumentou 41% nos nove primeiros meses de 2023

Irrigação pública traz competitividade ao produtor dos perímetros; feijoeiro dá grãos e é adubo de fixação de nitrogênio
Clovis Severino vende o feijão, cultivado com a irrigação da Coderse, para Bahia e Alagoas / Foto: Fernando Augusto – Ascom Coderse

De janeiro a setembro de 2023, a produção de feijão-de-corda nos perímetros irrigados do Governo do Estado alcançou as 805 toneladas, o que corresponde a um crescimento de 41% em relação ao mesmo período do ano anterior (570 toneladas). O aumento foi ainda mais significativo quando comparados os valores das produções; enquanto nos nove primeiros meses de 2022 foram aplicados R$ 1,6 milhões em investimentos, no mesmo período de 2023 esse número saltou para R$ 2,8 milhões, refletindo um crescimento de aproximadamente 71%. A alta foi impulsionada pelas produções dos perímetros Califórnia (714 toneladas), em Canindé de São Francisco, no alto sertão sergipano, e Piauí (36 toneladas), em Lagarto, no centro-sul do estado.

No mês de março, a produção na propriedade do agricultor Helenilson Santos já indicava que o ano seria promissor. Atendido pela Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), empresa vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), ele usa da irrigação do perímetro Piauí no verão, e no inverno chuvoso planta em área sem irrigação. O produtor ainda utiliza os pés de feijão que foram colhidos para adubar a terra nas lavouras seguintes.

“Ao ser misturado ao solo, os restos da cultura agem como adubo orgânico. Eu sempre planto [feijão-de-corda] com o intuito de fazer rotação de cultura, e também porque minha mãe vende na feira. A própria semente sou eu mesmo que produzo. Já deixo reservada e tenho colheita para o ano todo”, conta Helenilson. Em todo perímetro irrigado da Coderse, a área colhida até setembro foi de 12 hectares, e a renda gerada pela comercialização do produto foi de mais de R$ 203 mil.

De acordo com o diretor de Irrigação da Coderse, Júlio Leite, o ciclo produtivo nos perímetros irrigados é contínuo e integrado devido ao fornecimento de irrigação. “É um círculo virtuoso. Os restos culturais servem de adubo, no caso das leguminosas, como o feijão-de-corda, e vão servir de fixação de nitrogênio ao solo para a próxima lavoura, que logo vai ser plantada. Os restos da batata-doce tanto servem de semente, como podem ser utilizados como ração animal. Do mesmo modo que os do milho”, explica.

Competitividade 

Com a água fornecida pela Coderse no semiárido, os produtores do perímetro Califórnia têm preço competitivo para enviarem suas safras para estados vizinhos. Nos nove primeiros meses deste ano, os irrigantes já geraram mais de R$ 2,4 milhões de renda a partir da comercialização do feijão-de-corda. O valor médio do quilo comercializado em Canindé no período foi R$ 3,41, safra que ocupou área total de 119 hectares. O irrigante Clovis Severino conta que, em sua plantação irrigada de 0,33 hectare, começou a colher após dois meses de plantio, e que deve passar cerca de 45 dias catando as vagens. 

“É feijão-de-corda de vagem vermelha. É o preferido do povo aqui de Canindé. Vendo aqui na região, e mando também para Salvador/BA e para Alagoas. Minha esposa vende na feira, minha filha vende na banca e eu mando lá para a feira de Salvador. Graças a Deus, tenho essa via de ajuda”, relatou Clovis Severino.

Segundo o diretor Júlio Leite, o auxílio não se dá somente por meio da irrigação, mas também com apoio da equipe técnica da Coderse, que acompanha o andamento das produções. “Nossos técnicos agrícolas acompanham as lavouras irrigadas dos perímetros. Mensalmente, fazem o levantamento do que está ocupando as áreas das unidades produtivas. Com base na data de plantio e tempo que cada espécie leva para ser colhida, eles contabilizam a produção mensal de cada produto, área colhida, área plantada a ser colhida e o valor da produção, e também com base nos relatos das vendas que esses irrigantes fazem”, complementou.

Produção de batata-doce nos perímetros irrigados estaduais em 2023 já superou todo o ano de 2022

Polos de Itabaiana lideram a produção, com 11 mil toneladas; irrigação da Coderse facilita plantio em qualquer época do ano
Produção de batata doce no Perímetro Irrigado Jacarecica – Fernando Augusto – Ascom Coderse

A batata-doce representa uma boa alternativa de renda para o agricultor, e o momento tem sido favorável para o cultivo do tubérculo em Sergipe. Somente entre janeiro e julho de 2023, os cinco perímetros irrigados de vocação agrícola do Governo de Sergipe já produziram 13,56 mil toneladas, superando em 23,27% toda a produção do ano anterior, que foi de 11 mil toneladas.

Com o fornecimento de água administrado pelo Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), os perímetros irrigados também contam com a assistência técnica oferecida pela empresa pública.

De acordo com informações da Coderse, devido ao baixo custo de produção e à curta duração do ciclo, que propicia um fluxo regular de capital e maior produtividade, o sistema de produção e beneficiamento da batata-doce em Sergipe envolve mais de 600 famílias nos perímetros irrigados.

Nas feiras livres e mercados públicos, a comercialização do produto ainda gera renda para mais famílias, conforme destaca o secretário de Estado da Agricultura, Zeca Ramos da Silva. “Nos sete primeiros meses de 2023, o valor de produção anual está estimado em R$ 25 milhões, 66,7% maior do que o de todo ano de 2022, que foi de R$ 15 milhões. Isso demonstra a importância social e econômica da cultura no estado”, detalha Zeca da Silva.

No Perímetro Irrigado Piauí, em Lagarto, no centro-sul do estado, Luciano Oliveira cultiva uma nova variedade de batata-doce, e compartilha seu entusiasmo com a produção. “A ourinho roxa é a que o pessoal mais está plantando agora. Com essa nova variedade, já na penúltima safra, superei a meta de produção de 120 quilos por tarefa”, comemorou o agricultor, que também produz amendoim e milho na irrigação pública. “É uma batata excelente e boa de lidar. Com água em abundância, fica favorável para nós, agricultores”, considerou.

Perímetros produtivos
A maior produção de batata-doce em Sergipe está nos perímetros irrigados administrados pela Coderse em Itabaiana, no agreste sergipano. Em 2023, de janeiro a julho, o Poção da Ribeira produziu 7,97 mil toneladas e o Jacarecica I, 2,88 mil toneladas.

O Perímetro Irrigado Jacarecica II também não fica para trás. Situada entre os municípios de Riachuelo, Malhador e Areia Branca, até julho deste ano, a região teve uma produção de 2,2 mil toneladas de batata-doce. É nele que a família de Allysson Junior da Silva tem um lote assistido pela Coderse. O que chama a atenção em sua plantação de batata-doce é a produtividade e a organização da lavoura, dividida em parcelas de plantio com idades diferentes.

“Cresci trabalhando com meu pai e, de uns três anos para cá, ele me deu esta área onde estou produzindo. Ele sempre gostou dessa excelência em qualidade, e eu tento seguir os passos dele”, conta Allysson Junior, e revela que um dos segredos do sucesso da família no plantio da batata é a adubação com esterco de gado.

O diretor de Irrigação da Coderse, Júlio Leite, observa que, atualmente, a batata-doce é o item de maior destaque quando somadas as produções dos perímetros (11 mil toneladas em 2022), e a tendência é que o saldo ainda seja superado este ano. “Os irrigantes contam com o trabalho da empresa para oferecer água e assistência. Com isso, apostam seu trabalho e recursos nos produtos que mais geram retorno. A própria rama da batata colhida vai servir no plantio da próxima lavoura. O produtor não tem custo com sementes. O ciclo produtivo, de três a quatro meses, também é rápido, se comparado ao inhame e à mandioca”, explicou Júlio César Leite.

Governo de Sergipe intensifica ações para garantir segurança das barragens sergipanas

Acompanhamento é feito por meio de monitoramento, fiscalização e operações preventivas

Governo de Sergipe intensifica ações para garantir segurança das barragens sergipanas – Barragem Jabiberi / Foto: Arquivo/ Semac

Toda vez que há uma alta precipitação pluviométrica, os reservatórios tendem a acumular um grande quantitativo de água. Quando estes alcançam sua capacidade máxima, há a possibilidade do processo de vertimento, que se dá quando o excesso de água acumulado é extravasado pela barragem. Esse processo é algo normal, realizado com a finalidade de conduzir a água de forma segura por meio de uma barreira, servindo como sistema de escape. O acompanhamento desse procedimento faz parte das ações desenvolvidas pelo Governo de Sergipe, no intuito de garantir a segurança das barragens e da população localizada às margens. Essas ações envolvem o monitoramento, como também a fiscalização, além de operações preventivas, seja no período de altas pluviométricas ou de estiagem.

Sergipe conta atualmente com os seguintes reservatórios: Três Barras, de responsabilidade do Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs), localizado no município de Graccho Cardoso; Sindicalista Jaime Umbelino de Souza, conhecido como Poxim, de responsabilidade da Deso, localizado no município de São Cristóvão; Governador João Alves Filho, localizado nos municípios de Campo do Brito e Itabaiana; Governador Dionísio Machado, de responsabilidade da Coderse, localizado no município de Lagarto; Jabiberi, de responsabilidade da Coderse, localizado em Tobias Barreto;  Jacarecica I, localizado no município de Itabaiana; Jacarecica II, de responsabilidade da Coderse, situado nos municípios de Areia Branca, Malhador e Riachuelo.

Na maior parte destes reservatórios, a água armazenada se destina ao atendimento das demandas do abastecimento público e de perímetros públicos irrigados. A gestão desses reservatórios é de responsabilidade dos empreendedores, o que significa que eles angariaram recursos para a construção dessas estruturas, como também é responsabilidade a operação, dados e segurança das barragens que estão nesses reservatórios.

Monitoramento
Já a Secretaria do Meio Ambiente e ações Climáticas (Semac) atua como órgão gestor dos recursos hídricos no estado, monitorando os recursos acumulados em reservatórios (lagos, lagoas, açudes), como também aqueles que estão em rios e poços. Desde 2018, a secretaria, por meio da Diretoria de Recursos Hídricos, em parceria com a Agência Nacional de águas e Saneamento Básico (ANA), tem conduzido o monitoramento do nível e do volume d’água dos reservatórios de Sergipe. A atividade é de extrema importância para a gestão de recursos hídricos, visto que permite a tomada de decisões relacionada aos aspectos da segurança das barragens e da segurança hídrica, por meio do estabelecimento de quatro estágios: normal, atenção, alerta e emergência.

O monitoramento se dá a partir da leitura diária do nível de água nas réguas (chamadas de estações limnimétricas) instaladas nos reservatórios, realizados por observatórios locais.  Os observadores inserem os valores lidos no sistema de Gerenciamento de Dados Hidrológicos (GDH), da ANA. No momento, está em fase de transição para um novo sistema, o HidroOberva, por meio do qual será possível inserir as leituras do nível d’água, a partir dos aparelhos celulares dos próprios observadores. Posteriormente, na Semac, as leituras desses níveis  inseridas no sistema são transformadas em volume, através das chamadas curvas “cotax área x volume” dos reservatórios. As informações resultantes são publicadas semanalmente no Boletim de Monitoramento do Volume dos Reservatórios.

De acordo com a engenheira civil da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, Ana Paula Ávila Barbosa, a depender do estágio em que os reservatórios se encontram, os gestores poderão realizar ações específicas, tais como a diminuição do período diário de irrigação, suspensão temporária das outorgas de diário de uso de recursos hídricos destinados a usos não prioritários e racionamento da água para consumo humano. “A importância desse monitoramento é fundamental para o gestor público conhecer a quantidade de água que está acumulada. Então, esse monitoramento tem o aspecto para a segurança hídrica, no que diz respeito ao volume de água acumulada para o gestor tomar as decisões com mais precisão e segurança. A grande maioria dessas barragens serve tanto para irrigação como também para abastecimento humano. É interessante, por exemplo, havendo a possibilidade de período prologado de seca, para a adoção de algumas ações previamente, antes que o período se instale”, explicou a engenheira. 

Outra ação regular é relacionada à análise de dados, que envolve o monitoramento constante das informações coletadas nas barragens, como níveis de água, pressão, temperatura, entre outros parâmetros relevantes, para identificar possíveis anomalias.

Segurança
Além disso, o acompanhamento e fiscalização das barragens são medidas fundamentais para garantir a segurança dessas estruturas. Isso envolve a adoção de diversas ações por parte do Governo de Sergipe, como as inspeções regulares, realizadas periodicamente nas barragens para identificar possíveis problemas estruturais, erosões, infiltrações, desgastes, entre outros.

Para melhor coordenar essas ações, o Governo de Sergipe instituiu por meio do decreto nº 298 de 28 de abril de 2023, o Grupo de Trabalho para Estudos de Segurança de Barragens destinadas à acumulação de água. O GT é constituído por especialistas das secretarias de Estado do Meio Ambiente (Semac), Desenvolvimento Urbano e Infraestrutura (Sedurbi), da Superintendência Estadual de Proteção e Defesa Civil (Supdec), e das companhias de Saneamento de Sergipe (Deso) e de Desenvolvimento Regional (Coderse). O objetivo é promover a segurança das barragens existentes; e incrementar a articulação entre o órgão fiscalizador do Estado, o órgão estadual de Proteção e Defesa Civil e os empreendedores, para o desenvolvimento das ações da Política Nacional de Segurança de Barragens.

O grupo está sob a coordenação da Semac e da Sedubi. Com isso, rotineiramente é realizada uma série de reuniões para discutir uma agenda de visitas e medidas a serem adotadas. O intuito é estabelecer um Plano de Segurança de Barragens, com diretrizes e medidas para prevenir riscos e garantir a eficiência operacional, além de padronizar protocolo para situações de emergência.

De acordo com o geólogo da Semac, João Carlos Santos da Rocha, os órgãos estão trabalhando para padronizar as ações para que todos atuem de forma conjunta para promover a segurança dessas barragens. “A ideia é que cada empreendedor, a cada seis meses, ao menos, visite a barragem para fazer um Relatório de Inspeção de Segurança Regular, para garantir que ela está funcionando de acordo, e não tenha nenhum problema que possa prejudicar a segurança dessas estruturas”, declarou João Carlos.

Dessa forma, o Governo do Estado tem trabalhado com objetivo de estabelecer a implementação de ações de manutenção regular e preventiva, visando mitigar riscos e garantir a integridade das barragens. “Em períodos em que estamos passando com altas precipitações, quase todas as barragens estão vertendo. Então, a preocupação é que ela tem que ter uma quantidade de água que esteja passando pelo vertedor foi dimensionado pelo projeto. A gente costuma dizer que a barragem é uma obra viva, com o tempo, ela vai sofrendo muitas alterações e a gente tem que acompanhar essa estrutura, que é de responsabilidade dos empreendedores. Então eles têm que garantir a segurança dessas obras. A Semac fiscaliza para verificar se esses empreendedores estão cuidando dando bem dessas barragens”, frisou o geólogo.

João Carlos tranquiliza ainda a população em relação a qualquer risco de rompimento das barragens, destacando que elas estão sendo monitoradas regularmente e em plenas condições de segurança. “Não há risco. Por isso que a gente trabalha fazendo esse acompanhamento rotineiro, no intuito de garantir essa segurança. Esse monitoramento é muito importante porque as barragens estão muito próximas de núcleos habitacionais. Então esse cuidado é fundamental porque, além de ser uma obra em que que foram investidos milhões na estrutura, ela atende à população e perímetro irrigado. Então, essas ações envolvem dois aspectos importantes: a segurança hídrica e da estrutura da barragem”, pontuou o geólogo da Semac.

Fonte: Notícias do Governo

Irrigantes dos perímetros estaduais apresentam propostas ao programa de ‘Compra com doação simultânea’

Se aceitas as propostas, alimentos atenderão mais de 20 mil pessoas; produção com irrigação da Coderse combate insegurança alimentar e nutricional

Escolha dos alimentos a serem propostos nos projetos ao PAA supre as necessidades alimentares diárias de cada de cada pessoa beneficiada com a doação [foto Fernando Augusto – Ascom Coderse]

Agricultores de quatro perímetros irrigados estaduais apresentaram cinco propostas de fornecimento de alimentos à edição 2023 do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), promovido pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Se as propostas forem aceitas, esses irrigantes vão entregar à “Compra com doação simultânea” 378,8 toneladas de alimentos, que serão remunerados em mais de R$ 2 milhões e atenderão 20,2 mil pessoas em situação de insegurança alimentar, pelo período médio de 12 meses.

Ao todo, 137 agricultores são atendidos com água de irrigação, assistência técnica agrícola e assessoria para a formalização e preenchimento dos formulários on-line para transmissão desses projetos ao Governo Federal. Os alimentos frutos da irrigação beneficiam famílias na melhora da qualidade nutricional e incentivo aos hábitos saudáveis de alimentação.

O diretor de Irrigação da Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), Júlio Leite, informou que fizeram propostas para o PAA irrigantes dos perímetros irrigados de Canindé de São Francisco (22), Itabaiana (30), Lagarto (48) e Malhador (37).  

“As mais de duas mil unidades produtivas dos perímetros recebem água de irrigação e assistência técnica para produzir durante todo ano. Por isso, podem fazer a entrega de alimentos com qualidade e em quantidade que atendam às demandas do PAA e de outros programas de compra institucional. Desde 2008 os perímetros do Governo do Estado participam do programa e nele já foram entregues mais de quatro mil toneladas de alimentos”, expôs Júlio Leite.

No histórico, dos 14 anos de participação no PAA, promovido pela Conab, as entregas de alimentos gerados nos perímetros da Coderse promoveram mais de 150 mil benefícios. Por um lado, pessoas em vulnerabilidade social receberam os alimentos pelo período médio de um ano e em quantidades que atendem uma dieta alimentar diária. Do outro, os agricultores irrigantes foram remunerados em cerca de R$ 13 milhões pelo cultivo desses produtos, na soma de todas as propostas aceitas e com entregas concretizadas.

O técnico da Diretoria de Irrigação da Coderse, Sandro Prata, informou que o prazo para a entrega das propostas à Conab terminou no dia 30 de junho. Para ele, a edição 2023 do PAA tem uma tabela de preços pagos pelos produtos bastante atrativa para o produtor. Sandro afirmou ainda que tem expectativa de que a Conab vá aceitar um número de propostas de associações maior do que já ocorreu em qualquer um dos anos anteriores.

“Estão sendo pesquisados os preços praticados na capital de cada estado. É uma remuneração com preços de mercado que melhora o escoamento dos produtores, garantindo preços justos, inibindo desta forma a ação dos atravessadores. Por ser uma comercialização periódica, geralmente quinzenal, e por um período fixo de meses, o agricultor pode planejar os plantios e colheitas, tendo ainda mais retorno ao investimento e trabalho na lavoura”, considerou Sandro Prata.

Canindé
Produtor irrigante do Perímetro Irrigado Califórnia, em Canindé, Ozeias Beserra participa da Associação dos Agricultores de Canindé de São Francisco (Assai). O grupo de 22 agricultores é autor de uma das propostas originadas nos perímetros e propôs a entrega de 78 toneladas de alimentos, a partir de remuneração total de R$ 555 mil. A ideia é fornecer alimentos pelo período de um ano e atender cinco mil pessoas assistidas pelo Centro de Referência Especializado de Assistência Social do município de Canindé. Segundo ele, a proposta contemplou alimentos que possam ser entregues do início ao fim do projeto.

“Colocamos justamente as culturas que a gente consegue produzir em qualquer época do ano, que é o quiabo, o milho, a alface, a berinjela. Daí também entram as frutas: acerola, goiaba, maracujá”, listou Ozeias Beserra. A preocupação do PAA é a oferta de produtos frescos, in natura, e com valor nutritivo agregado, possibilitando a adoção de hábitos alimentares saudáveis às famílias em situação de vulnerabilidade social atendidas.

Além da irrigação e a assistência técnica para produzir, os lotes recebem apoio para participar do PAA. “A Coderse nos ajuda com o projeto. O técnico Sandro Prata é quem faz o projeto. Se não fosse ele, a gente não conseguiria entregar a proposta, porque para fazer um projeto desse é complicado. E a empresa também disponibiliza um técnico para acompanhar e nos ajudar nas entregas”, completou Ozeias Beserra.

Agricultores dos perímetros irrigados devem colher quatro milhões de espigas de milho verde no período junino

O resultado da colheita é bom para o produtor, que melhora a renda familiar, e também para a população, que pode saborear os deliciosos pratos à base de milho verde
Secretário da Agricultura, Zeca da Silva, visita produção de milho em Canindé, ao lado do produtor José Marcos [Foto: Vieira Neto]

Não é exagero dizer que o milho verde é o grande protagonista das comidas típicas dos festejos juninos. E este ano não será diferente, com a expectativa de colheita de quatro milhões de espigas pelos agricultores dos perímetros irrigados mantidos pelo Governo do Estado de Sergipe. De acordo com a Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri) o resultado do plantio supera a produção do ano passado, que foi de 2,8 milhões de espigas.

O secretário da Agricultura, Zeca Ramos da Silva, pontuou que a expectativa de produção é feita pelos técnicos agrícolas da Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), empresa vinculada à Seagri que administra os perímetros públicos irrigados, nos perímetros de Canindé de São Francisco, Lagarto e Itabaiana. Neles, foram plantados 127,5 hectares dos lotes irrigados para a colheita de milho verde. “O levantamento da produção leva em conta as médias de produção nos três perímetros irrigados, que variam entre 26 mil a 40 mil espigas por hectare”, explica.

O agricultor já consegue colher os benefícios do resultado da produção em alta. Para José da Silva Andrade, irrigante do Perímetro Irrigado Piauí, em Lagarto, a vantagem de plantar milho verde é poder realizar a colheita fora de época, por um preço satisfatório. “Não são todos que conseguem ter isso. Nós conseguimos e para nós que somos produtores é muito bom”, comemora.

No perímetro Califórnia, em Canindé do São Francisco, o produtor José Marcos explica que a produção do milho irrigado tem colheita semanal com venda garantida para além das fronteiras estaduais. “O comércio do produto irrigado alavanca a economia do município e da região, e essa produção só é possível com a irrigação porque aqui no alto sertão temos longos períodos sem chuvas”, destacou.

Além de ingrediente essencial dos deliciosos pratos como canjica, pamonha, o milho é também usado para silagem, para alimentação de animais, ou, como resume o produtor do perímetro irrigado Piauí, no Povoado Brejo, Matheus Santos Jesus, “ele serve para tudo”. O produtor revela que, graças à boa irrigação, é possível plantar e colher o ano todo, sem depender da chuva. “A gente pode ter a colheita, render, agregar um valorzinho, porque tem épocas que só tem a gente e isso sempre é bom”, diz o agricultor.

Outros agricultores estão colhendo a roça de milho pela primeira vez este ano. Helenilson Santos, produtor irrigante do perímetro Irrigado Piauí, Lagarto, colheu recentemente sua primeira roça e já faz a contagem para a próxima colheita, em junho, de cerca de duas mil espigas. Santos tem planos de vender sua produção para comerciantes vizinhos, das quitandas de beira de rodovia. “Tirei as espigas verdes para o comércio local e agora estou fazendo o silo para vender para ração animal. Eu sempre vendo o milho verde e depois faço silo com a folhagem que fica ou passo o trator por cima das palhas, para correção e proteção do solo”, comenta o produtor. Segundo ele, os dois principais motivos do aumento da safra foram o tempo favorável e os insumos bem mais baratos em relação ao ano passado.

Para o diretor-presidente da Coderse, Paulo Sobral, o crescimento da produção de milho verde está diretamente relacionado ao aumento da demanda. “Nos perímetros irrigados, a água não está faltando para o irrigante plantar e colher até mais de uma vez antes de chegar o período junino. Para atender a demanda que cresceu. Tem uma extensa programação festiva na capital e no interior, do Governo do Estado, dos municípios e assim são muitos dias para comemorar os santos juninos, o que pede mais e mais milho verde”, analisou.

Mais uma vez, a produção de milho verde nos perímetros irrigados irá beneficiar famílias de produtores, e estará presente em abundância nas nossas festas juninas. “O resultado da colheita é bom para o produtor, que melhora a renda familiar, e também para a população, que pode saborear os deliciosos pratos à base de milho verde, como a canjica, pamonha, bolos ou mesmo o milho cozido ou assado”, finaliza Zeca.

Última atualização: 14 de julho de 2023 11:17.